Tópico: 70% dos brasileiros não leram nenhum livro em 2014

[Terráqueo]

Não tenho certeza se são necessariamente livros que definem o desenvolvimento intelectual de uma pessoa, talvez revistas, canais de TV, sites que acessa possam valer também, será?

Me lembro que, quando bem criança, eu lia alguns livros pequenos sobre dinossauros (acho que deviam ter, se muito, 14 páginas) que se vendiam na escola, também costumava ler os livros da escola de minha irmã que é três anos mais velha, mas só lia mesmo a área de ciências, um que gostei muito é o "Origem e História da Vida", apesar de que, em alguns conceitos, hoje ele esteja obsoleto.
Eu até gostava dos livros que eram passados no ensino fundamental 2, e outros que ganhei, como uns chamados "Mini Larousse", e algumas poucas revistas que li.
Há uns 3 ou 4 anos, comecei a ler as revistas "Mundo Estranho" e "Superinteressante", mas graças à Terráqueo , parei de ler aquelas coisas. Há poucos meses, ou anos, li algumas histórias de Sherlock Holmes, alguns livros de Júlio Verne, além de "Moby Dick" e "A Guerra dos Mundos", e um livrinho de Física Moderna.

[Sergiomgbr]

É fods. Quando você lê livros compulsivamente é como se não tivesse lido nenhum ou ao menos a maioria. Eu li trocentos livros mas parece que não passaram de dezenas. Acaba que parece que mente humana replica em aquisição de informações aquilo que o sistema fisiológico faz com alimentos em geral, como é com as classes de alimentos da pirâmide alimentar, uns livros corresponderiam aos alimentos reguladores, outros seriam como os energéticos e outros como os construtores. Claro, no final disso tudo uma vez digeridos, o inevitável é que a grande maioria de tudo que é lido também acabará virando mera bossa.

[Brienne of Tarth]

Sério, você leu "O presidente negro" e não acha que o céu é azul o ML era racista?

Sério, Dr. mesmo após ler essa obra e outras, abstrair "racismo" das obras dele é trazer a realidade dele para nossa época, o sentimento de desconforto quando se fazem comentários de cunho eugênico é recente e deriva das ideologias nazistas e similares, e boa parte desse sentimento é derivado, por sua vez, dos preconceitos religiosos, os quais condenam a ciência pelos experimentos de melhoria genética.

Condenar ML como racista em detrimento de sua obra, a qual apesar de pertencer ao século passado ainda encanta a muitos, como tem feito a doutrinação PTista, é desconsiderar sua contribuição ao nosso país já tão carente de recursos.

[Barata Tenno]

O ML era racista, ponto. Não tem como negar isso, podemos relativizar sobre o contexto onde ele estava inserido, debater sobre como separar a obra do autor, estudar sobre como expor suas obras a crianças explicando co contexto da época, mas negar que ele era racista é brigar com a realidade.

[Sergiomgbr]

Ontem passou um desenho dos Simpsons em que o Homer pede um aumento pro sr. Burns e este propõe que o ele ganhe um extra bancando seu bobo pessoal, dai o sr. Burns manda o Homer jogar um pudim no Lenny ao que é atendido então o sr. Burns ri, mas quando o Homer acerta pudim no Carl(negro) ele o repreende e vai socorrê-lo.

Não é que o Monteiro é(foi) ou não um racista mas sim que ele precisa sê-lo. É preciso que haja um revisionismo cultural até na letra morta na mínima hipótese de que "subir numa árvore igual uma macaca de cal"  não seja equivalente a "subir numa árvore igual uma macaca de carvão", ou "Deus te amaldiçoou te pretejando"(quando tanta gente fala impunemente da bondade de "Deus" ao deixar existir tantas doenças) não seja o reconhecimento de uma condição social de outrem e sim, algo ofensivo.

[Sr. Alguém]

 Para se ter uma idéia do racismo contido em "O Presidente Negro" basta reparar que nem os editores estadunidenses da década de 20 quiseram publicá-lo. Acharam-no ofensivo à dignidade norte americana. Ah, e o livro também é deveras machista, já que a "culpa" pela eleição do candidato negro é das mulheres sufragistas, que resolveram lançar uma candidata e dividiram os votos dos brancos.

http://pt.wikipedia.org/wiki/O_Presidente_Negro

[Buckaroo Banzai]

Esse artigo da wikipédia está bem confuso.

Os americanos não quererem publicar não significa que fosse por ser racista demais, pode antes disso ser por não achassem que fossem querer ler.

Não duvido que o livro ou ML sejam mesmo racistas, mas não me parece bem claro que essa extinção dos negros por bomba-genética é exatamente colocada como "final feliz". Distopias de ficção científica não são necessariamente escritas por misantropos que querem que a humanidade se destrua. Em uma resenha de outro lugar, era dito inclusive que o indivíduo mais heróico do livro era justamente o presidente negro. Talvez haja mais nuances aí do que as pessoas pré-julgam.

Mesmo nessa questão de "machismo", outra pessoa poderia talvez ter fraseado essa mesma situação sobre a segregação desses votos não em termos de "culpa", mas simplesmente como sendo uma crítica à "segregação espontânea" das pessoas em movimentos/ideologias.

Mas sim, pode bem ser extremamente racista e tudo mais. Apenas ainda não li e não vi trechos que deixassem isso claro. Fica ainda me parecendo que pode estar acontecendo algo como falar-se que Jonathan Swift realmente defendia o canibalismo dos pobres (transformados em salsichas) como solução para a sociedade.

[Donatello]

Não tenho certeza se são necessariamente livros que definem o desenvolvimento intelectual de uma pessoa, talvez revistas, canais de TV, sites que acessa possam valer também, será?

A única das sete artes que considero indispensável (indispensável para mim, entenda-se, isto é: que eu não dispenso) é a música. E sim, você está certo, lê-se menos inclusive porque obviamente se assiste mais filmes, mais séries, joga-se mais games... e tudo isto pode ser equivalente a ler (inclusive quando se pensa em ler coisa que preste).

Quanto a Lobato ser racista eu não estou apto a dizer porque nunca passei de assistir as duas versões do Sítio pra TV, me parece que enxergá-lo como racista seja mesmo mais uma das manipulações do discurso vitimista pseudoigualitário de sempre, sempre ouvi o discurso mas nunca me foram apontadas as evidências. O perfil da galera que defende o ponto de que era (neste tópico inclusive) e da galera que defende que não (neste tópico inclusive) aumenta a minha desconfiança de que não passe de mais um dos infinitos mimimizismos pseudoigualitários. Deu vontade de lê-lo, sobretudo os tais livros sérios.

[Sr. Alguém]

Os americanos não quererem publicar não significa que fosse por ser racista demais, pode antes disso ser por não achassem que fossem querer ler.

É o próprio Lobato que afirma isso:

Meu romance não encontra editor. Falhou a Tupy Company. Acham-no ofensivo à dignidade americana, visto admitir que depois de tanto séculos de progresso moral possa este povo, coletivamente, cometer a sangue frio o belo crime que sugeri. Errei vindo cá tão verde. Devia ter vindo no tempo em que eles linchavam os negros. Os originais estão com o Isaac Goldberg para ver se há arranjo. Adeus, Tupy Company!

[Buckaroo Banzai]

Ele tem registro/relato de algum livro que foi recusado apenas porque não acharam que era bom o bastante, que venderia?

[Lorentz]

Ele tem registro/relato de algum livro que foi recusado apenas porque não acharam que era bom o bastante, que venderia?

O Batalha do Apocalipse do Eduardo Spohr foi recusado algumas vezes. Ele conta no Nerdcast que os editores não acreditavam que um livro de fantasia feito por brasileiro poderia vender. Aí ele ganhou um concurso cultural e o prêmio foi 2000 cópias do livro vencedor. Ele anunciou no Nerdcast e parece que em 24 horas se esgotaram. Daí imprimiram mais uns 3000 por conta própria e em uma semana acabou.

Com este case de sucesso, apresentaram o livro para uma editora, mostrando que vende, e aí sim apostaram no livro. Quando publicaram, ficou como a ficção mais vendida por alguns meses no Brasil.

[Buckaroo Banzai]

Eu tinha em mente registros pré-reencarnatórios de Lobato.

Mais idealmente ainda seriam as cartas de rejeição de fato.

Sem saber do teor da rejeição diretamente de quem rejeitou, tudo que temos é a resposta que o autor imaginou para si, ou para os outros.




E antes do relato dizer que o livro é "racista demais", seria opinião dos editores que rejeitaram que os americanos é que nunca viriam a ser tão racistas como os do livro.

[Donatello]

Ontem passou um desenho dos Simpsons em que o Homer pede um aumento pro sr. Burns e este propõe que o ele ganhe um extra bancando seu bobo pessoal, dai o sr. Burns manda o Homer jogar um pudim no Lenny ao que é atendido então o sr. Burns ri, mas quando o Homer acerta pudim no Carl(negro) ele o repreende e vai socorrê-lo.

Não é que o Monteiro é(foi) ou não um racista mas sim que ele precisa sê-lo. É preciso que haja um revisionismo cultural até na letra morta na mínima hipótese de que "subir numa árvore igual uma macaca de cal"  não seja equivalente a "subir numa árvore igual uma macaca de carvão", ou "Deus te amaldiçoou te pretejando"(quando tanta gente fala impunemente da bondade de "Deus" ao deixar existir tantas doenças) não seja o reconhecimento de uma condição social de outrem e sim, algo ofensivo.

Eu vi este episódio¹ e não achei graça nenhuma, é claro que o que você e os autores do desenho feito pela fascista, nazista e sionista judia safada FOX (bando de raposas velhas, o nome vem bem a calhar) pretendem é fazer piada com o nosso mimimizismo de vitimazinha buébuébuá mas o que nem você nem os autores da piada percebem é que o Homer realmente tava sendo racista porque o pudim era de leite e leite é branco então na verdade ao tacar o pudim ele tava querendo embranquecer as pessoas... é claro que no primeiro caso o patrão riu porque uma vez que o Lenny já era branco ficou parecendo que o ato do Homer era só um desperdício da deliciosa iguaria, mas ao atingir em cheio o Carl veio a tona o intento do Homer, algo que poderia ser fraseado como "vou te dar um banho de pudim de leite pra ver se conserta um pouco dessa sua negritude, seu urubu sem asas!!11!1!!!!!". Deste modo a FOX sionista e fascista acaba sem querer denunciando o próprio racismo que pretende defender e defendendo o próprio vitimis... digo, igualitarismo que visa combater.

¹ Assistiu foi porra nenhuma.

Obs.: foi mal, Buck, você brinca disso melhor

[Buckaroo Banzai]

Essa parte do episódio foi engraçada. Não sei se o intuito da piada era ser meramente aleatório, o chefe absoluto da empresa solidarizar-se com um empregado específico de um cargo bem mais baixo, enquanto não se importa com outro, ou, talvez mais provavelmente, uma forma de dizer, "você é louco? Fazer isso com um negro! Vão chamar o desenho de racista".

Uma vez vi um texto que falava que os Simpsons é racista contra indianos. O Apu ter oito filhos (apesar de serem gêmeos óctoplos), algo mais ainda com o Apu, e, uma vez que eles viajaram, tinha um dono de mercadinho também indiano, muito parecido com ele, que os vendeu fogos de artifício ilegais. "Sempre pode contar com um indiano para te vender fogos de artifício ilegais".

Mas como disse o Louis CK, o "racismo" contra os white-trash passou despercebido. Aqueles caipiras tem uma genealogia que vai até os limites da endogamia, têm uns 30 filhos, teve uma vez que a mulher já tinha dado a luz mas mantinha o bebê ligado ao cordão umbilical, funcional...


Diga-se de passagem, por que o dr. Hibbert, NEGRO, é o único que tem sobrancelhas?

[Südenbauer]

Ah, esqueci: não dá para ler o livro de papel no escuro, mas já passei quase 2 horas lendo no e-reader quando faltou luz.

Essa frase soou engraçada, é como se tu dissesse que livros não eram lidos à noite antes da invenção da lâmpada.

Eu venho de uma cidade bem pequena, onde cai a energia elétrica com bastante frequência no verão, então lia bastante à luz-de-vela. Tem um certo charme de ler assim. Mas, claro, é muito mais imprático comparado com a leitura com lâmpada.

A propósito, muito bons teus comentários sobre e-reader. Tô considerando de comprar um.

[Südenbauer]

Alguns foristas já observaram, realmente é bem questionável esse critério de quantidade de livros lidos. A pessoa que eu conhecia que mais lia era uma colega minha no Ensino Médio, que devia ler uns três livros por semana. Mas eram todos de qualidade baixíssima, aqueles romances que livrarias de esquina vendem, vários livrinhos de auto-ajuda superficiais.

Acho que essa coisa de "ler livro" meio supervalorizada. Como alguns já observaram, nos últimos anos a gente tem contato com mídias diversas onde também ficamos mais informados/cultos.

Uma coisa que eu comento com meus amigos também é a qualidade da leitura em si, isto é, a pessoa sabe COMO ler? Quero dizer, ela consegue se concentrar, interpretar, abstrair o conteúdo e reter algo daquela leitura consigo? Existem livros que requerem um tempo maior para ler, seja pela quantidade de páginas (ex; Anna Karenina), seja pelo próprio conteúdo mais técnico que existe que tu faça um estudo daquilo que se lê. Nesse segundo caso, não adianta só passar os olhos pelas letras, há que tomar nota, interromper a leitura para pesquisar sobre algum trecho específico. Uma vez demorei dois meses para ler um livro de arquitetura, basicamente por dois motivos: 1. não sou arquiteto, então haviam várias especificidades da área que me exigiam estudar mais sobre aquilo para entender melhor e 2. como era um livro sobre arquitetura de uma determinada época, precisava pesquisar sobre alguns eventos históricos específicos daquele período.

É como ver um filme, existe uma diferença entre só ligar a televisão e ficar com os olhos olhando em sua direção passivamente e realmente imergir no enredo, ter uma experiência com o filme. Lembro que era bem frequente meus avós só pereberem que já haviam assistido aquele filme quando este estava chegando ao final.

A propósito, ano passado só li um livro fora da minha área. Mas em contrapartida, devo ter lido mais de 5.000 páginas de livros técnicos, apostilas e artigos relacionados à área em que estou trabalhando e realizando minha pós-graduação.

[Buckaroo Banzai]

Mesmo ler só livros "porcarias" já é muito bom, se são melhor escritos do que mensagens do facebook.


Outra coisa parecida com essa outra linha, ainda exercitada mesmo em livros ruins, é a habilidade de foco, concentração. Faz um bocado de tempo que não leio livro nenhum, parei o último no começo porque toda hora ficava fazendo digressões mentais nem necessariamente ligadas com o livro.

Só fico pior que isso quando começar a escrever mensagens aqui, e de repente postar antes mesmo de terminar de escr

[Lorentz]

Ah, esqueci: não dá para ler o livro de papel no escuro, mas já passei quase 2 horas lendo no e-reader quando faltou luz.

Essa frase soou engraçada, é como se tu dissesse que livros não eram lidos à noite antes da invenção da lâmpada.

Eu venho de uma cidade bem pequena, onde cai a energia elétrica com bastante frequência no verão, então lia bastante à luz-de-vela. Tem um certo charme de ler assim. Mas, claro, é muito mais imprático comparado com a leitura com lâmpada.

A propósito, muito bons teus comentários sobre e-reader. Tô considerando de comprar um.

Eu tenho um celular de 5 polegadas.

Eu li um livro no meu celular no formato epub, e como ele ajusta a página ao tamanho do aparelho, você sempre tem letras grandes na tela. Tão grandes quando a de um livro de papel. Peguei pra ler enquanto esperava um ônibus e foi uma leitura muito agradável.

Além disso estou lendo quadrinhos nele, colocando o aparelho na horizontal e rolando cada página de cima pra baixo e o tamanho não está incomodando.

Então pra quem quer experimentar não precisa nem comprar um kindle. Um celular com tela razoável ou um tablet simples funcionam muito bem.

O kindle seria ideal para quem é leitor ávido e gosta de ler em casa ou vai à faculdade, visto que não é prático carregar o aparelho a todo momento.

Então para quem está desconfiado da experiência de ler livros digitais, fica o desafio de ler um livro no celular para avaliar a experiência. Eu perdi totalmente o preconceito.

Para quem tem Android, o aplicativo mais indicado é o Google Play Books. O formato deve ser .epub. Nunca leiam PDF porque ele tem páginas de tamanho fixo, e ficarão minúsculas no aparelho.

[Südenbauer]

Legal, tenho um Android de 5 polegadas. Já vi que ele vêm com Frankenstein na biblioteca, vou experimentar de ler nas pequenas brechas do dia.

A princípio parece tranquilo mesmo.