É ainda muito distante alguns ou muitos dos mais pobres conseguirem (trabalhando, geralmente) o suficiente para comprar smartphone e outras necessidades básicas, e políticas de renda mínima em escala global.
É até meio bizarro mencionar isso como tendo algum nexo quando esses smartphones têm muitas vezes em algum ponto das cadeias de produção, crianças escravas (ainda que por isso estejam ganhando "já" algo como um dólar por dia).
O que talvez se dê em parte pelos compradores mais ricos não estarem dispostos a pagar mais o suficiente para sustentar melhores condições de trabalho na produção (evidenciando a distância, mesmo destes, do cenário de abundância absoluta), ainda que talvez uns argumentem que há algo meio análogo a uma "mais valia" aí no meio, e com esse mesmo dinheiro pago, já se pudesse dar melhores condições de vida a todos na cadeia de produção.
E o número de pessoas com celular deve ainda ser menor do que o de pessoas que vivem com menos de um dólar por dia. Curiosamente acesso a celular pode ser comum até em áreas ainda sem saneamento básico ou mesmo fontes de água limpa. O desenvolvimento não se dá de forma muito "linear".
Embora a tendência geral seja de melhora em longo prazo, acho que uma hipotética transição para isso eria muito longa e bem complicada, possivelmente antes veriámos alguns tropeços preocupantes, se estes não atuarem recorrentemente, indefiindamente, como um impedimento a se alcançar esse cenário.
Acho (tenho a impressão) que conflitos por recursos estão em ascenção. Nessa linha de pensamento parece ser comum tomar como exemplo os estados de bem-estar-social de IDH mais elevado, que, acho, ainda não provêem renda mínima para todos habitantes. E eles também parecem ser relativamente fechados à imigração, exceto de refugiados. Essas bordas fechadas possibilitam uma concentração de riquezas que talvez facilite essas divagações sobre futuros de abundância absoluta universal.
Acho que além desse futuro fantasiado depender de uma evolução universal das instituições em todos os países, possivelmente também deve requerer (ou, ter como "ótimo", para maior velocidade e menos tropeços) um certo sincretismo econômico que não deve ser muito popular. Como protecionismo zero e alta liberdade econômica em geral, mas também impostos "brutalmente" progressivos, que gradualmente extinguissem os "1%", 5%, 10%, até um nível em que apesar de desiguais, as pessoas ainda se enxergassem dentro do mesmo universo, não em realidades absolutamente distintas.
O que acho que deve diferir radicalmente do que têm como receita alguns dos cornucopianistas. Não sei se é o pensamento do Peter Joseph de verdade, mas o forista que o homenageia com seu nick acha positivo desemprego e concentração de renda com o encarecimento artificial da mão de obra, achando que isso irá aumentar a demanda por robôs...