As cotas nos EUA (que é um país onde elas são defensáveis) foram feitas para contrabalancear o racismo concreto e palpável que os negros sofriam de verdade, o tempo todo*. Não lembro de nada dizendo que as cotas existiram para compensar a escravidão terminada em 1865. Só aqui no Brasil que tem essa baboseira de cotas para pagar a escravidão de 1888 e "racismo difuso".
Não é "baboseira"; o resultado da escravidão é o de gente que herdou a riqueza do trabalho de outros, e de outros que não herdaram nada. É ridículo tentar negar isso, vergonhoso.
E há como especificar as pessoas e quantificar o valor que cada uma herdou, com elevado grau de precisão?
Se não for possível, então o que sobra é apenas um discurso ideológico em torno das palavras 'indenização' e 'reparação', usadas como espantalhos.
Não há nenhuma culpa objetiva nem dos atuais indivíduos-cidadãos 'brancos' e nem da atual sociedade brasileira.
Não há como, ou, é no mínimo dificílimo e extremamente difuso, a quantificação do que seria a devida reparação e de quem "deveria". Mas os antepassados não realmente "deveriam", a "dívida" é algo metafórica, ou, apenas não literalmente reparação no sentido exato de leis que determinem reparações contemporâneas ou apenas menos defasadas.
Mas o termo "reparação" não tem como único possível significado aquilo que esse tipo de lei determinar -- e eu considero isso um espantalho, não o uso da palavra, que não tem apenas esse significado, para expressar a situação da dívida (não "culpa"*) da sociedade pelo trabalho escravo e sua seqüela. Até porque simplesmente não são essas as políticas implementadas, mas as de cotas (que podem ser questionadas independentemente de sua motivação), que nunca ouvi serem forma estabelecida de reparação legal.
*Eu acho simplesmente nojento o discurso que tenta imputar culpa nas gerações atuais, e fala de raças como se fossem "meta-indivíduos", feitos dos coletivos dos indivíduos ao longo das gerações.
"não é racismo quando um negro se insurge contra um branco", "A reação de um negro de não querer conviver com um branco, eu acho uma reação natural. Quem foi açoitado a vida inteira não tem obrigação de gostar de quem o açoitou” -- Matilde Ribeiro, titular da Secretaria Especial de Política da Promoção da Igualdade Racial no governo Lula
A disparidade da situação, escolhida não por acaso, mas para dramatizar mesmo, acaba obscurecendo isso.
O bom da análise formal é que despe a questão de apelos emocionais ou ideológicos, tornando-a mais clara.
Basicamente, é errado fazer mal a alguém devido a supostos crimes de seus ancestrais. Isso é tido como ponto pacífico por pelo menos 95% das pessoas no mundo civilizado.
Inclusive uns 95% dos defensores de cotas, pelo menos.
Para quem as políticas não são análogas a matar bebês por vingança, mas uma forma (questionável) do governo de tentar melhorar as chances daqueles com as piores chances (por um dado histórico). Mesmo quando você chega no cerne da comparação, o indivíduo branco perdendo a vaga para um negro (ou índio, ou branco pobre) com nota inferior... a distância disso de ser um bebê morto brutalmente é tanta que... só nos resta:
*foto postagem*
Já é bem sabido que fotos-respostas são proibidas fora da área de papo furado. Cartão amarelo.
Bem, isso não é exatamente uma foto-resposta, mas mais uma ilustração mais bem-humorada de "isso causa um sentimento de vergonha alheia", ao fim de uma resposta textual, mas OK, cartão então.
Exato. Moderação do CC é que é problemática.
Deixem isso pra lá. Foi algo "gratuito", bem intencionado, não exatamente divergindo do tópico ou fugindo da discussão, mas desnecessário. Argumentavelmente não é exatamente uma foto resposta, está mais para um "emoticon gigante", mas pessoalmente não tenho interesse em "questionar" isso como anulação de cartão e etc, só vou evitar de fazer o mesmo. Mesmo emoticons de verdade eu já não costumo usar, análogos não vão fazer falta.