Também não é um requerimento absoluto. Diferentemente do que o cara do texto que eu linkei disse, eles teoricamente poderiam comercializar com pessoas de fora da comunidade, mas uma vez feito isso, os recursos serem administrados de forma comunista. Seria a coisa mais inteligente a fazerem, já que geralmente é mais caro comprar coisas já produzidas pela indústria capitalista do que erguer toda a estrutura de produção para quase qualquer escala que seja.
A natureza em si, a produção inicial, é inerentemente "não-comunista", não somos autotróficos.
Mas dentro de uma sociedade comunista não haveria propriedade privada ou capital, logo, a palavra comércio não faria parte do dicionário. Seria um grupo autônomo e independente de qualquer agrupamento exterior.
Como disse, isso seria desnecessário, e um erro.
Digamos que Fulano, Beltrano e Ciclano sejam ideologicamente comunistas, vivendo em um país que tem um mercado relativamente livre. Fulano é advogado, Beltrano é alfaiate, e Ciclano é eletricista, e está desempregado. Eles no entanto querem viver comunisticamente.
O que melhor fazem é, não todos virarem agricultores, coisas com que nenhum tem experiência alguma, mas cada um continuar trabalhando em sua área de especialização, e ter o produto disso (das trocas com o restante da sociedade) dividido entre eles, de cada um de acordo com sua possibilidade, para cada um, de acordo com sua necessidade.
No cenário de "comunismo fundamentalista", eles estariam praticamente se suicidando, abdicando do relativo conforto que têm com suas profissões e rendas que lhes permitem o próprio sustento. E talvez o sustento do Ciclano, mesmo momentaneamente sem renda, num comunismo pragmático.
Acaba que aí encontramos o problema, a própria existência de outra sociedade não-comunista, faz com que os comunistas afirmem certo terreno como deles (comunistas), logo, propriedade. Ou seja, comunismo só poderá existir se todos forem.
Não, isso é evidenciado falso por cada família já comumente agir de maneira comunista. Se os bebês precisassem trabalhar para se sustentar, a humanidade não existiria. As famílias comumente vivem em diversas organizações onde uns provêem para os outros, conforme as possibilidades e necessidades, e os outros eventualmente vão ajudando como podem, até formarem outra famílias também. O fato do mercado "lá fora" da família não ser comunista não obriga a família a ser "capitalista".
Para as pessoas serem comunistas, basta se organizarem e dividirem o produto do seu trabalho, de acordo com suas possibilidades e necessidades. Quase invariavelmente, as pessoas já são livres para fazer isso. Não conheço impedimento para que qualquer grupo de N pessoas em que cada um diga "sou comunista", declare que tudo aquilo que possui agora é de todos do grupo, e que tudo que vier a ganhar será também do grupo. Talvez possam até estabelecer a coisa de forma contratual, ainda que, conforme disse antes, tal contrato não deverá poder passar por cima dos direitos constitucionais das pessoas. Não poderá haver escravidão. A pessoa deverá poder deixar a sociedade comunista, ainda que talvez sob alguma indenização/multa razoável.
Mas fico encabulado um mundo desta maneira. Imagine 7 bilhoes de pessoas cooperando? É simplesmente inimaginável. Mas se acontecesse, seria lindo!
Raramente as pessoas cooperam de forma "comunista" ainda em números consideravelmente menores, mesmo tendo liberdade para isso. Geralmente acaba no nível de núcleo familiar.
A cooperação mais comumente se dará na forma de trocas voluntárias, que podem ser mais reservadas, e pessoalmente controladas, assim cada pessoa reduz o risco de perder aquilo que trabalhou para produzir.
Pessoas que têm esperanças de ver sete bilhões de pessoas agindo assim estão então dramaticamente fora de foco com o mundo real. Deveriam se reunir e se organizar para viver dessa maneira em números menores, crescendo gradualmente, na medida em que mostram que é possível, que todos vivem melhor, que não existe exploração e abusos, só cooperação e solidariedade.
A natureza em si, a produção inicial, é inerentemente "não-comunista", não somos autotróficos.
Talvez a mentalidade atual é "não-comunista" e somos muito pouco desenvolvidos para acreditarmos que os seres humanos podem chegar a esse ponto de solidariedade e humanidade (desculpe a rima).
Quis dizer que a natureza não "dá de acordo com a possibilidade, de acordo com a necessidade". É alheia as nossas necessidades, e precisamos criar ferramentas e trabalhar para explorar a natureza para nosso sustento da melhor maneira possível. O que inclui preservar a natureza consideravelmente, para "sustento sustentável". As cadeias de produção já existentes já dão conta disso, produzem o necessário para o sustento das pessoas de forma muito eficiente. Você tem mais facilidade de conseguir seu sustento fazendo quase "qualquer outra coisa" além de produzir pessoalmente os alimentos que vai consumir. Não tem nada a ver com a mentalidade das pessoas, até aí, é só a natureza da produção de alimentos.
Quanto a mentalidade, parece que o natural é as pessoas serem mais seletivamente, cuidadosamente, solidárias e humanas, a fim de que não lhes passem a perna. Ainda assim, as pessoas comumente participam de ações filantrópicas, por mais que possam ser insuficientes para dar conta dos problemas de todas as pessoas.
Nativos indígenas consideravam inimaginável não viver em uma sociedade capitalista, já que a natureza deles já era a cooperação.
Eu acho que isso provavelmente é uma noção romântica sobre os índios e não uma afirmação antropologicamente embasada.
Os índios se dividiam e se dividem em um monte de tribos, não raramente inimigas violentas. Palpiaria que terem evoluído ao mesmo nível ou estado os sistemas de trocas voluntárias não se deve a serem inerentemente pacifistas (mais provavelmente os conflitos tribais atrasaram), mas por tecnologia mais primitiva de produção, principalmente.
O capitalismo é inerentemente colaborativo, e ajuda a correr barreiras étnicas/nacionalistas como essas.
Esse padrão inspirou o jornalista Thomas Friedman a formular "teorias" jocosas da "paz dos arcos dourados" e sua "atualização", a "teoria Dell", de que países que tenham ambos lanchonetes McDonalds, ou, na atualização, países que participam de uma cadeia de suprimentos de uma empresa como a Dell, não deverão entrar em guerra.
https://en.wikipedia.org/wiki/Capitalist_peace Resta esperar, enquanto isso, disseminaremos a ideia, se é que concordam que o comunismo seria uma melhor forma de se viver.
Como disse antes, as pessoas são livres, na maioria dos países com considerável liberdade de mercado, para se organizar e viver de forma comunista, como imensas famílias extendidas, dividindo tudo o que tem entre si, conforme avaliarem ser a melhor forma de organizar isso.
Aparentemente a maior parte das pessoas não se vê tão naturalmente inclinada a fazer isso, preferindo elas mesmas administrarem pessoalmente o produto do próprio trabalho.