Autor Tópico: Bolsonaro  (Lida 74935 vezes)

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Offline Pedro Reis

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Re:Bolsonaro
« Resposta #2475 Online: 27 de Outubro de 2018, 21:13:32 »
^Antes de ser candidato.

Depois de ser candidato:



Político é político, não adianta. E os eleitores sempre tem memória curta.

Não duvido o Bolsonaro fazer merda no governo, aí chegar em 2022 e elegerem o PT mais uma vez.

Essa é a prova de que viado é capaz de qualquer coisa pra chamar atenção.

Offline Cinzu

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Re:Bolsonaro
« Resposta #2476 Online: 27 de Outubro de 2018, 22:37:53 »
O cara tá recebendo altos apoios e visibilidade na página no facebook... Fazendo sucesso na internet.

Ele é maquiador, e tá se aproveitando da onda pra se promover. Agenda deve tar lotada.

Não me surpreende daqui uns dias sair candidato a alguma coisa.
"Não é possível convencer um crente de coisa alguma, pois suas crenças não se baseiam em evidências; baseiam-se numa profunda necessidade de acreditar"

Offline Entropia

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Re:Bolsonaro
« Resposta #2477 Online: 27 de Outubro de 2018, 23:52:25 »
Realmente impressionante a quantidade de Bolsominions na internet. Sao maioria extremamente barulhenta.

A conclusão dessas eleicoes é que democracia é sempre um caminho, mesmo que lento, ao autoritarismo e ao populismo.

Imposto é roubo.


Offline Sergiomgbr

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Re:Bolsonaro
« Resposta #2479 Online: 27 de Outubro de 2018, 23:55:36 »
Realmente impressionante a quantidade de Bolsominions na internet. Sao maioria extremamente barulhenta.

A conclusão dessas eleicoes é que democracia é sempre um caminho, mesmo que lento, ao autoritarismo e ao populismo.

Imposto é roubo.
Entendi. Anarcocapitalismo = fita de Moebius = cominismo.
Até onde eu sei eu não sei.

Offline JJ

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Re:Bolsonaro
« Resposta #2480 Online: 30 de Outubro de 2018, 08:23:52 »
BOLSONARO É ASSUSTADOR, DIZ FILÓSOFO AMERICANO, ESPECIALISTA EM FASCISMO


O filósofo americano Jason Stanley, professor da Universidade de Yale, afirma que o candidato a presidência Jair Bolsonaro usa táticas fascistas como Donald Trump e que a única diferença entre os dois é que o brasileiro é mais adepto à violência; especialista em 'fascismo', o filósofo diz que a única realidade que o fascista vê é a sua própria e que o que melhor caracteriza o fascismo é sua oposição à justiça e à verdade


4 DE OUTUBRO DE 2018 ÀS 08:23 // INSCREVA-SE NA TV 247 Youtube


247 - O filósofo americano Jason Stanley, professor da Universidade de Yale, afirma que o candidato a presidência Jair Bolsonaro usa táticas fascistas como Donald Trump e que a única diferença entre os dois é que o brasileiro é mais adepto à violência. Especialista em 'fascismo', o filósofo diz que a única realidade que o fascista vê é a sua própria e que o que melhor caracteriza o fascismo é sua oposição à justiça e à verdade.



Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, Jason Stanley comenta ponto a ponto sobre o 'DNA' do fascismo e sobre como esse sentimento tem aflorado mundo afora como resposta a crises de identidade, da economia e da própria política.


Sobre a relação do fascismo com a propaganda, ele diz: "acho que Platão, em 'A República', está respondendo a algo similar ao fascismo quando diz que é "tudo se trata de poder". O fascismo moderno envolve outros elementos, como nacionalismo, mas o cerne ainda é aquele a que Platão se refere, a noção de que tudo é poder e forçaA verdade e o conhecimento são fraquezas".


Stanley propõe, então, uma definição de fascismo: "é uma ideologia baseada no poder que coloca o poder como oposto à verdade e à justiça. É uma ideologia baseada em hierarquia, onde um grupo racial é dominante, melhor que outro. Poder e lealdade são os ingredientes principais. Qualquer um que não seja devotado ao líder, que não seja um dos apoiadores, é criminoso. Trata ainda de machismo e dominação. E o líder do país deve ser a pessoa que vai resolver todos os problemas sozinho. A democracia é uma fraqueza. Líderes fascistas gostam de se vangloriar sobre sua força ao falar de violência contra adversários políticos".



E traça algumas características do movimento também associado ao nazismo: "é duramente patriarcal —os nazistas foram o governo mais antifeminista do século 20; as mulheres arianas não deveriam trabalhar, deveriam ficar em casa e ter filhos. Fascistas também são sempre contra os gays, pois a homossexualidade representa grande ameaça à masculinidade. E há essa retórica machista violenta, a representação de que o outro se opõe às políticas da lei e da ordem. É a justiça vigilante. O adversário e o inimigo são perseguidos, caçados".



Sobre táticas fascistas, o filósofo diz: "todo fascista tem um discurso anticorrupção. Os nazistas tinham campanha anticorrupção, Benito Mussolini [1883-1945] tinha campanhas anticorrupção. Quando o país tem muita corrupção, fica muito suscetível a políticos fascistas. O político fascista diz que, se a corrupção é uma tradição, ele vai combater aquilo. Ele pode até acabar amealhando dinheiro, mas com ele não é corrupção. Um país que teve uma presidente acusada de corrupção pode abrir caminho para uma campanha efetiva: um político fascista poderia dizer que ter uma presidente mulher leva à corrupção. Mesmo sem qualquer evidência. Donald Trump não teve problema em se declarar como o candidato anticorrupção, foi sua tática.


Tipicamente, o que eles fazem é dizer que a corrupção política se deve à corrupção da ordem, aos progressistas, ao ganho de poder das mulheres. Bolsonaro diz que você não é um policial se não matar ninguém, por exemplo. Mas a lei e a ordem não são justiça vigilante. E os apoiadores fazerem justiça com as próprias mãos e perseguirem adversários é o oposto a lei e ordem. As coisas significam o oposto na propaganda fascista. As notícias viram "notícias falsas", [Adolf] Hitler [1889-1945] costumava dizer que a imprensa passava do limite".


O filósofo ainda comenta o que representa para o Brasil ter um candidato com essas características extremistas na cena eleitoral de turno: "o Bolsonaro é assustador porque ele é abertamente antidemocrático. Fala abertamente em prender e matar os adversários. Políticos fascistas geram pânico ao falar sobre estrangeiros destruindo a força do país. Bolsonaro faz tudo isso. Por que pensar que alguém assim abriria mão do poder? Fascistas nunca abrem mão do poder. Eles veem a democracia como fraqueza. Se eles dizem que serão líderes duros e vitalícios, por que você vai votar nele? Por que ele não faria o que diz? Parece, para mim, que ele está dizendo isso. Ele está dizendo que se chegar ao poder, vai ficar no poder, mesmo usando a violência. Ele está sendo explicitamente antidemocrático".


Jason Stanley escaneia Bolsonaro e frevela porque ele é uma das expressões mais fascistas de toda a história: "ele é contra gays e fala de minorias como preguiçosos. Ele fala em matar os adversários políticos? Se apresenta como o cara durão, que vai chegar e matar os criminosos sem tribunal? Ele fala que mulheres não deveriam ser líderes políticas, deveriam ficar em casa? Ele elogia ditadores, como Trump faz? Elogia ditadores passados no Brasil? Ele fala de militares, como ele é o verdadeiro Brasil, como os esquerdistas estão arruinando o país e como ele vai fazer algo sobre isso? Essas são as características".



https://www.brasil247.com/pt/247/midiatech/371032/Bolsonaro-%C3%A9-assustador-diz-fil%C3%B3sofo-americano-especialista-em-fascismo.htm


« Última modificação: 30 de Outubro de 2018, 08:52:04 por JJ »

Offline JJ

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Re:Bolsonaro
« Resposta #2481 Online: 30 de Outubro de 2018, 08:43:56 »

Olavo de Carvalho, o “ideólogo de Bolsonaro”, contra o professor Haddad


Olavo critica o pós-modernismo, o multiculturalismo e o politicamente correto porque ele é seu maior praticante, no sentido corrompido do termo. É assim que opera um fake thinker, um falso pensador caçador de patos: não é só falta de rigor ou pirotecnia retórica, é a corrupção como irresponsabilidade intelectual.



Publicado em 15/10/2018 // 83 comentários



Por Christian Ingo Lenz Dunker.
Todos os regimes, piores ou melhores, têm o seu ideólogo. Em geral ele não é alguém muito respeitado em sua área ou situa-se perifericamente em relação aos seus pares. Sua função é dupla: justificar as arbitrariedades de quem ele se aproveita para criar projeção e traduzir as mensagens do líder de modo a criar vantagens estratégicas para seus adeptos no exercício do pequeno poder cotidiano. Em geral, o ideólogo não se forma nas fileiras no partido ou nas ideias diretas de seu mestre, mas se aproveita da flutuação de seus pontos de vista para encaixar uma afinidade de circunstâncias. Isso é possível porque a função do ideólogo é sobretudo suspender ou desestabilizar os sistemas que garantem a legitimidade e a autoridade que atribuímos a certas formas de saber.


Por exemplo: o saber jurídico da República de Weimar foi neutralizado por um ideólogo como Roland Freisler, durante a ascensão do nazismo1; o saber universitário americano foi controlado por um ideólogo como Joseph McCarthy, no início da guerra fria; o saber artístico e intelectual soviético foi destroçado por Andrei Jdanov, durante a ascensão do stalinismo. Todos eles eram pensadores medíocres, mas que sabiam usar uma oscilação de tom que os permitia fazer alusões impressivas ao lado de palavras chulas gerando um efeito de autenticidade. Podiam ser também eruditos e especialistas em apenas uma área, mas que transferiam sua autoridade para problemas nos quais não eram realmente estudiosos.

Bolsonaro possui alguém que se comporta dessa maneira e que age conforme os requisitos para o cargo – tanto que foi devidamente reconhecido pelo filho do deputado pelos serviços prestados à candidatura do pai. Olavo de Carvalho possui uma longa ficha de desmascaramentos e refutações marcada pelo exercício continuado da improbidade filosófica. O fato de que ele não tem nenhuma formação regular, como uma graduação em ciências humanas, nem mestrado nem doutorado, não deveria ser um empecilho, afinal existiram muitos bons pensadores que vieram de fora do sistema universitário ou permaneceram em sua periferia. É por isso que o fato de que seus primeiros trabalhos foram sobre astrologia2, que ele tenha sido militante comunista e adepto da seita islâmica Tariqa, que hoje viva refugiado nos Estados Unidos, não o desabonam, mas criam os traços ideais para representar o papel de alguém antissistema, independente e fora da academia. Ele tem o que parece ser suficiente para que acreditemos nele: passagens pelas grandes redações de jornais e revistas, a partir da qual criou-se um grupo de pessoas que gostam de suas ideias. Isso confere uma vantagem grande ao personagem, pois ele poderá desfazer de saberes eruditos, complexos e sempre em controvérsia relativa, como a ciência e a filosofia profissional, representando a sabedoria do homem comum, confirmando seus preconceitos e transferindo convicção e autoridade para aquilo que as pessoas já pensam.

Um ideólogo alimenta-se de oposições, controvérsias e ofensas porque isso cria inimigos necessários para manter uma crença viva, instala uma solidariedade composta pelo ódio e aproveita-se do sentimento de inferioridade intelectual que habita muitas pessoas. Qualquer ataque à sua obra apenas confirma sua situação de pária e injustiçado intelectual e apenas aumenta a aura de perseguido, com a qual se afiniza com as massas. O truque do piques funciona assim: para influenciar meus adeptos uso palavras difíceis, citações e títulos extravagantes ou valho-me da participação em eventos semi-científicos como o Congresso Brasil Paralelo, que contou com mais de sessenta influentes participantes, entre eles nomes como Ronaldo Caiado, Onyx Lorenzoni e Gilmar Mendes que explanaram sobre a realidade do Brasil pelo ponto de vista liberal-conservador3. Repare que a palavra chave é influência, ainda que esta venha pela associação com a notabilidade suspeita do rol elencado. A ideia aqui é que você pode tornar-se sábio por contágio, como se a cultura e o pensamento funcionassem ao modo da revista Caras. Toda vez que alguém acusar a inconsistência de suas ideias, recorra à sua pessoa, ou à do seu crítico. Toda a vez que se aponta a inconsistência de sua pessoa, recorra às suas obscuras ideias incompreendidas. Se nenhuma das duas anteriores der certo, apele para palavrões. “Cu”, “buceta” e “cagada” são expressões recorrentes de nosso autor para exprimir seus conceitos e qualificar seus adversários4.

Mas então como mostrar que Olavo de Carvalho é um fake thinker? Qualquer crítica desse tipo será neutralizada pelo argumento de que eu mesmo sou um professor titular da USP, esse antro de esquerdistas incultos e comprados pelo sistema petista. Se digo o que digo só pode ser por interesse pessoal em preservar meus privilégios, de perpetuar a hegemonia cultural, “tal como Marx e Gramsci propunham”. Ou seja, vale tudo. De um lado, critico o relativismo e a pós-modernidade, de outro me autorizo a falar qualquer coisa porque a verdade virou uma questão de maioria de opinião e de número de adeptos. As ciências humanas comportam uma variedade de tradições e entendimentos, o que dá margem para as posições mais heterodoxas.

Examinemos o problema de um ponto de vista muito tosco e elementar, mas não obstante objetivo. Há um sistema imparcial que agrega e compara essa variedade de posições própria ao campo da ciência, validando o valor e a legitimidade do conhecimento que se produz, a partir da própria comunidade de cientistas. Este sistema vale para qualquer um que publique qualquer coisa em ciência, em qualquer lugar do mundo. Trata-se do Google Scholar (“Google Acadêmico”, no Brasil), ou seja, uma forma de quantificar quantas vezes e por que qualidade de revista científica seus livros ou artigos são citados por outros autores. Todo pesquisador tem um i-10 que é o índice de citações que seus textos têm na comunidade internacional e que vale como medida de reconhecimento da relevância de seu trabalho. Portanto, não vale dizer que o sistema universitário ou que a filosofia brasileira não reconheceu ou persegue as ideias inovadoras e incompreendidas de nosso autor.

O sistema tem várias críticas, mas ele serve como uma espécie de peneira genérica para falar sobre quem é quem quando se trata de ciência. A vantagem é que qualquer um pode entrar neste sistema e verificar a quantidade e qualidade de citações que um autor tem5. Por exemplo, um pesquisador de esquerda como Vladimir Safatle, com 45 anos, tem um i-10 de 40, que corresponde a 282 citações de sua principal obra6. Um reconhecido autor de direita, como José Guilherme Merquior, tem 331 citações em sua obra mais conhecida. Olavo de Carvalho tem 30 em sua obra magna O que você precisa saber para não ser um idiota, sendo que, destas, 28 são referências de pesquisas sobre a emergência do pensamento conservador no Brasil, discursos contra a corrupção e pesquisas sobre jornalismo político. Ou seja, citam o texto como índice de fenômeno social, a emergência de uma nova direita, e não por suas ideias em si. Sua obra mais “técnica”, Teoria dos discursos em Aristóteles, tem apenas três citações na área da filosofia, todas desabonando seu trabalho.

Isso significa que não é que suas ideias são rejeitadas, mas que seu pensamento é irrelevante para a área na qual ele se situa. Mostrar seus erros técnicos, suas ilações inconsequentes e outras fragilidades de alguém que não sabe pensar com rigor é como colocar um time amador em comparação com um profissional. Uma seleta das afirmações erráticas de Olavo de Carvalho incluem: a ONU apoia o terrorismo, Pepsi é feita com fetos abortados, há uma conspiração comunista global e o movimento gay é parte dela, a Lei da Inércia é falsa e Isaac Newton era burro, há livros ensinando crianças fazer sexo oral com elefantes, o Brasil hoje é uma ditadura comunista, a mídia apoia os gays para promover o controle populacional, o marxismo nasceu do satanismo, Darwin é o pai do nazismo, a web foi criada para combater o ateísmo, o ser humano não precisa de cérebro pra viver, o nazismo e FMI são de esquerda, Bill Clinton era um agente de Pequim, os EUA entraram no Vietnã para perder, há 40 milhões de comunistas no Brasil, cigarro não dá câncer (ele é um fumante inveterado), não há diferença genética entre humanos e chimpanzés na gestação, o empresariado nunca se organizou politicamente, a ditadura foi branda e tinha eleições democráticas, o General Geisel era comunista.

Os títulos de seus livros incluem coisas como O dever de insultar e O imbecil coletivo II. Sua Teoria das doze camadas da personalidade é um resumo ridículo e pretensioso das concepções psicológicas mais correntes em psicologia. Algo assim como se eu pedisse a um aluno de terceiro ano que me contasse em 19 páginas tudo o que se disse até aqui sobre o conceito de personalidade. Tipo: conheça 13 capitais da Europa em quatro dias e descubra a verdade da milenar cultura ocidental, rápido e barato. São textos que fazem vergonha alheia e denunciam o provincianismo indefeso do brasileiro médio em matérias não escolares.

Como vimos, ideólogos servem principalmente para serem usados na desqualificação de saberes e autoridades simbólicas ou estrategicamente importantes. Por isso, não adianta dizer que eles não são sérios, pois isso só confirma, na língua da alienação, que eles são outsiders e “antissistema”. Fernando Haddad, pode ser criticado como um mau prefeito, como membro de um partido corrupto ou como alguém que toca violão muito mal, mas o seu i-10 é de 15, contra “nem entra em campo” de Olavo de Carvalho. Sua obra Plano de desenvolvimento da educação7 foi citada 127 vezes, sempre em contexto técnico ou científico. Haddad conclui o curso de direito na USP, depois fez mestrado em economia e doutorado em filosofia na mesma universidade.

Mas o que são títulos? Tantas pessoas têm títulos e não sabem nada, não é mesmo? Haddad estudou em McGill, a melhor universidade canadense, o Carvalhão não terminou seu mestrado, mas para quê estudar fora? Durante mais de dez anos Haddad fez o que faltou decisivamente na formação de Olavo de Carvalho: deu aulas para alunos reais de um curso de graduação. Mas qual é o valor disso? Afinal a USP nunca teve um filósofo que se preze (afirmação textual do próprio). Haddad deu aulas com notas, frequência, alunos inquietos ou indolentes, aulas de verdade. Aulas públicas, abertas e gratuitas e não cursos pagos pela internet. É neste contexto de desigualdade maiúscula, que testemunha a ignorância de muitos em reconhecer a diferença entre um verdadeiro professor e pesquisador e um “bundão” que fica atrás da mesa falando e caçando patos nos EUA (no sentido literal e metafórico), que podemos examinar as afirmações de Olavo de Carvalho sobre o livro de Haddad8:

1. “O PT quebra imagens, esfrega o crucifixo nos órgãos genitais, urinam [sic] na Bíblia e agora quer apoio católico”. A afirmação é grotescamente falsa. A pergunta de fundo é: para quem esta mensagem pode ser persuasiva, a ponto de ser retuitada pelo filho do deputado Jair Bolsonaro? Para alguém que jamais lerá este texto, que não compreende o que é pesquisa, que só entende que devemos dar crédito a pessoas famosas. Quanto mais espetacular a chamada mais ela tem efeito. Realmente, qual é a diferença disto e de mentir para ser eleito?

2. Como disse Caetano Veloso: “Considero o texto de Olavo incitação à violência. Convoco meus concidadãos a repudiá-lo. Ou vamos fingir que o candidato dele já venceu a eleição e, por isso, pode mandar matar quem não votou nele?”9 Ou seja, a conspiração comunista, a hegemonia cultural da esquerda universitária e tudo o mais que o caçador de patos denuncia é exatamente o que ele está imediatamente disposto a praticar. Um intelectual que defende a violência como método perde imediatamente o direito ao uso desta qualificação, tornando-se imediatamente um “idiota”, cumprindo assim o lema de que as pessoas transformam-se naquilo que elas mais odeiam.

3. Todavia, o campeão da inconsequência e o prêmio maior de Tolice do Ano, e que me leva a escrever este texto, vai para sua afirmação de que Haddad queria vencer o “tabu do incesto” para implantar o socialismo no Brasil. Haddad faria “apologia do incesto”, provavelmente como extensão do “kit gay” (que nunca existiu) e da “ideologia de gênero” (que é outra invenção brasileira para traduzir, em idioma de má fé, os “estudos de gênero”, disciplina universitária presente em Harvard, Cambridge e Yale). Depois da repercussão imediata de tamanho erro, facilmente verificado pela imprensa, Olavo de Carvalho retirou o post e o substituiu por outro dizendo que Haddad “subscrevia integralmente a sociedade erótica, advogado pela Escola de Frankfurt que advoga a erotização da relação entre mães e filhos”10.

Ora, o tabu do incesto é uma expressão usada por Freud em seu texto de 1913, Totem e tabu, para designar o fato de que em todas as culturas humanas conhecidas há uma restrição para o casamento dentro da própria família. Desta regularidade Freud inferiu a existência de um potencial desejo da criança pela mãe, que deu origem à hipótese do complexo de Édipo. Este desejo é reprimido dando origem ao processo de socialização como reconhecimento de uma lei maior que nos impede de realizar tudo o que queremos. Muitas culturas e alguns padrões de família exageram essa repressão, criando crianças demasiadamente proibidas em seus desejos e em suas vidas eróticas. Por isso uma transformação social deveria atentar para padrões menos rígidos de repressão e de implantação da lei. Ora, essa tese simples e difundida amplamente, tanto entre pensadores de direita quanto de esquerda, foi deformada para justificar a “erotização da infância” e a “apologia do incesto”. É assim que opera um fake thinker, um falso pensador caçador de patos. Ele toma uma ideia, a deforma sem rigor, e depois a usa para causar medo nas pessoas. Isso não é uma questão de “interpretação” ou “ponto de vista”, as ciências humanas podem admitir variações e variedades, mas elas têm um critério, que é o do rigor. Neste caso é claro e cristalino que nem a psicanálise, nem a Escola de Frankfurt, nem Haddad defendem a “apologia do incesto” ou a “erotização da infância”.

Essa inconsequência com os conceitos está longe de ser apenas um vale tudo acadêmico, ela é uma prática específica de relação com a palavra. Olavo critica o pós-modernismo, o multiculturalismo e o politicamente correto porque ele é seu maior praticante, no sentido corrompido do termo. Chegamos assim ao termo correto para o tipo de pensamento cultivado por Olavo de Carvalho: não é só falta de rigor ou pirotecnia retórica, é a corrupção como irresponsabilidade intelectual. Neste dia do professor é preciso agradecer e saudar os docentes, mas também perceber que há os traidores da classe. Não são aqueles que informal mal, ou que transmitem no limite de suas possibilidades e de sua formação, mas os que propositalmente dizem mentiras. Desinformar as pessoas em um país tão carente de professores e de ensino, fazê-lo de forma proposital e com fins políticos (lembremos das adesões diretas de Bolsonaro e seus filhos à Olavo de Carvalho), usar palavrões e praticar falta de decoro acadêmico só merece um juízo, como diria o Capitão Nascimento: pede para sair!

Notas

1 Christian Ingrao, Crer e destruir: os intelectuais na máquina de guerra nazista da SS (Rio de Janeiro, Zahar: 2017).
2 Olavo de Carvalho, A imagem do homem na astrologia (1980).
3 https://pt.wikipedia.org/wiki/Olavo_de_Carvalho
4 Exemplo de um tuite de 17 de setembro de 2018: “Quer o chamem de ‘Bolsominion’ por ser eleito do Bolsonaro, ou de ‘falso direitista’ por preferir outro candidato, a resposta oficial, nós dois casos, deve ser: — É o cu da mãe.”
5 https://scholar.google.com.br/scholar?hl=pt-BR&as_sdt=0%2C5&q=fernando+haddad+&btnG=
6 https://scholar.google.com.br/citations?user=fw3hwBYAAAAJ&hl=pt-BR
7 Fernando Haddad, O Plano de Desenvolvimento da Educação: razões, princípios e programas, Brasília, Inep/MEC: 2008.
8 Fernando Haddad, Em Defesa do Socialismo. Petrópolis, Vozes: 1998.
9 Caetano Veloso, “Olavo faz incitação à violência; convoco meus concidadãos a repudiá-lo“, Folha de S.Paulo, 14 de outubro de 2018.
10 Gilmar Lopes, “FALSO: Fernando Haddad defende incesto entre pais e filhos em seu livro?“, E-farsas, 14 de outubro de 2018.



https://blogdaboitempo.com.br/2018/10/15/olavo-de-carvalho-o-ideologo-de-bolsonaro-contra-o-professor-haddad/

Offline JJ

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Re:Bolsonaro
« Resposta #2482 Online: 30 de Outubro de 2018, 08:46:43 »


Quem quiser entender os atuais comportamentos do Bolsonaro (e até prever os futuros com razoável grau de acerto)  terá um grande subsídio se estudar os livros e vídeos  (principalmente os relacionados à política) de  Olavo de Carvalho.  Pois, ele é um dos maiores guias e mestres de Bolsonaro  (e de filhos do Bolsonaro).


« Última modificação: 30 de Outubro de 2018, 09:53:03 por JJ »

Offline JJ

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Re:Bolsonaro
« Resposta #2483 Online: 30 de Outubro de 2018, 08:47:48 »


Atualmente    as atitudes e palavras de Bolsonaro são muito bem pensadas. Tola será a pessoa que achar que  atualmente    ele é um tosco que fala  sem pensar,  sem premeditar .


 8-)
« Última modificação: 30 de Outubro de 2018, 09:52:26 por JJ »

Offline Gigaview

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Re:Bolsonaro
« Resposta #2484 Online: 30 de Outubro de 2018, 09:58:58 »
Estamos aguardando que o mestre Olavo divulgue logo o mapa astral do Presidente.
Brandolini's Bullshit Asymmetry Principle: "The amount of effort necessary to refute bullshit is an order of magnitude bigger than to produce it".

Pavlov probably thought about feeding his dogs every time someone rang a bell.

Offline JJ

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Re:Bolsonaro
« Resposta #2485 Online: 30 de Outubro de 2018, 12:42:28 »






Eduardo Bolsonaro conversa com Olavo de Carvalho. | 2017



Olavo de Carvalho TV


Publicado em 15 de jan de 2017



Offline JJ

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Re:Bolsonaro
« Resposta #2486 Online: 30 de Outubro de 2018, 12:49:13 »




No plenário da Câmara, Eduardo Bolsonaro cita Olavo de Carvalho



VOLTEMOS À DIREITA

Publicado em 26 de mai de 2016


O Dep. Federal Eduardo Bolsonaro, citou o filósofo brasileiro Olavo de Carvalho em sua fala no plenário da Câmara. O deputado apresentou ainda, Projeto de Lei de sua autoria que pede a proibição do comunismo no Brasil http://www.voltemosadireita.com.br/pe...


« Última modificação: 30 de Outubro de 2018, 12:58:31 por JJ »

Offline Agnoscetico

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Re:Bolsonaro
« Resposta #2487 Online: 30 de Outubro de 2018, 12:52:04 »


<a href="https://www.youtube.com/v/C-p8-HPWoB8" target="_blank" class="new_win">https://www.youtube.com/v/C-p8-HPWoB8</a>



Offline JJ

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Re:Bolsonaro
« Resposta #2488 Online: 30 de Outubro de 2018, 13:00:38 »
Bolsonaro não é liberal



Bolsonaro é liberal na parte econômica,   até certo ponto,   afinal de contas  ser 100% liberal econômico implica em ser anarco capitalista, e isso só uma minoria é.




Offline Buckaroo Banzai

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Re:Bolsonaro
« Resposta #2489 Online: 30 de Outubro de 2018, 15:53:45 »
Ele é mais liberal que boa parte do petismo, mas acha que vender empresas estatais para estrangeiros é "vender o Brasil" e etc, então o nacionalismo ganha do liberalismo econômico ao menos nesse ponto.

Os encontros com empresários também terão sido com estes demandando maior protecionismo. Os interesses dos capitalistas não são o ideal ao capitalismo/mercado e a população geral.

Offline ROP

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Re:Bolsonaro
« Resposta #2490 Online: 30 de Outubro de 2018, 17:41:29 »
Esse negócio de privatização e soberania nacional é um trem complicado... Veja a Budweiser, a maior cervejaria do mundo, é comandada por empresa belgo-brasileira InBev! 142 anos, um símbolo Americano! Mas o mesmo não aconteceu com outros símbolos americanos Ford, Chevrolet, Jeep, chrysler onde todas essas empresas foram salvas pelo Governo Americano....
"Não é possível convencer um crente de coisa alguma, pois suas crenças não se baseiam em evidências;
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Carl Sagan

Offline ROP

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Re:Bolsonaro
« Resposta #2491 Online: 30 de Outubro de 2018, 18:21:16 »
Correção: Governo dos EUA salvou a Chevrolet e a Chrylser (hoje associada a Fiat, detentora da marca Jeep... estão vendendo o Jeep Renegade que nem água aqui no Brasil)
"Não é possível convencer um crente de coisa alguma, pois suas crenças não se baseiam em evidências;
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Offline Buckaroo Banzai

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Re:Bolsonaro
« Resposta #2492 Online: 30 de Outubro de 2018, 22:02:55 »
Esse negócio de privatização e soberania nacional é um trem complicado... Veja a Budweiser, a maior cervejaria do mundo, é comandada por empresa belgo-brasileira InBev! 142 anos, um símbolo Americano! Mas o mesmo não aconteceu com outros símbolos americanos Ford, Chevrolet, Jeep, chrysler onde todas essas empresas foram salvas pelo Governo Americano....

Ao mesmo tempo, empresas automotoras de outros países têm carros produzidos lá nos EUA mesmo, empregando lá, como a BMW. Apesar das implicâncias do Trump, que parece ignorar isso.

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Re:Bolsonaro
« Resposta #2493 Online: 31 de Outubro de 2018, 03:01:27 »
Bolsonaro não é liberal



Bolsonaro é liberal na parte econômica,   até certo ponto,   afinal de contas  ser 100% liberal econômico implica em ser anarco capitalista, e isso só uma minoria é.


Reclama com o Idéias Radicais. Só pus vídeo pra mostrar ancaps q não vê ele como liberal.








Offline JJ

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Re:Bolsonaro
« Resposta #2494 Online: 31 de Outubro de 2018, 14:04:50 »

O filósofo americano Jason Stanley, professor da Universidade de Yale,

Sobre a relação do fascismo com a propaganda, ele diz: "acho que Platão, em 'A República', está respondendo a algo similar ao fascismo quando diz que é "tudo se trata de poder". O fascismo moderno envolve outros elementos, como nacionalismo, mas o cerne ainda é aquele a que Platão se refere, a noção de que tudo é poder e forçaA verdade e o conhecimento são fraquezas".




o cerne ainda é aquele a que Platão se refere, a noção de que tudo é   Poder  e força


Eis a prova que eu precisava sobre viagens no tempo com os astronautas da antiguidade,  pois,  com certeza, Platão só poderia ter adquirido este elevado conhecimento, se tivesse viajado para o futuro,  e lido os meus vários posts sobre  Poder aqui no CC. Deste modo, depois de ler os meus posts, ele voltou ao passado e ensinou para os outros  a grande verdade.


 :biglol:

« Última modificação: 31 de Outubro de 2018, 14:09:19 por JJ »

Offline JJ

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Re:Bolsonaro
« Resposta #2495 Online: 31 de Outubro de 2018, 15:16:55 »


O messianismo antiliberal em torno de Jair Bolsonaro


 18 SET '18   INSTITUTO LIBERAL


Jair Messias Bolsonaro é seguramente um fenômeno eleitoral marcante na história brasileira desde a redemocratização. O capitão da reserva deixou o relativo desconhecimento em que exercia a atividade parlamentar para ascender ao posto de líder nas pesquisas de intenção de votos para a presidência da República. Deixou o Congresso e assumiu a liderança na corrida […]


 
Jair Messias Bolsonaro é seguramente um fenômeno eleitoral marcante na história brasileira desde a redemocratização. O capitão da reserva deixou o relativo desconhecimento em que exercia a atividade parlamentar para ascender ao posto de líder nas pesquisas de intenção de votos para a presidência da República. Deixou o Congresso e assumiu a liderança na corrida ao Palácio do Planalto, tomando a frente na defesa de pautas conservadoras do gosto popular: a defesa irrestrita da família, o combate às ideologias do petismo, o tom de tolerância zero com criminosos e de valorização dos profissionais da segurança pública. Com veemência e firmeza, o discurso de Bolsonaro atraiu a atenção do cidadão comum e gradualmente conquistou a simpatia de expressiva parcela da sociedade. O resultado está aí: sua participação nas eleições pode decidir o futuro do Brasil.


Como explicar o sucesso do capitão? Vários fatores contribuíram para tornar Bolsonaro um fenômeno eleitoral, e entre eles está o seu carisma particular. O “mito” caiu nas graças do povo, é o novo herói nacional, o ícone cotado para livrar o Brasil das garras da corrupção e do socialismo. A fala simples e sem floreios retóricos, os trejeitos de tiozão e a pinta carrancuda de militar fizeram de Bolsonaro uma personalidade carismática que logo seduziu o eleitorado comum. É claro que a pessoa de Jair Bolsonaro é certamente mais sedutora que seus projetos e suas ideias. Mas será que esse personalismo é condizente com uma autêntica democracia liberal? Esta é uma pergunta importante a que o país, se quiser progredir politicamente, deve responder com atenção.


Enquanto crescia na aprovação popular, Bolsonaro enfrentou a resistência cerrada de setores da nova direita brasileira. Os liberais de última hora viram-no com desconfiança, pois seu histórico estatizante e militar acenava para um Estado autoritário e intervencionista, nada parecido com os ideais de liberdade e de limitação da atuação do governo. Somente os reacionários, antiliberais de estirpe como os simpatizantes da intervenção militar, apoiaram-no sem reservas. Ao longo do tempo, porém, o capitão abrandou o discurso intervencionista e buscou se aproximar do liberalismo econômico, apaziguando os ânimos do mercado e conquistando o voto do restante da direita. Muito já se discutiu, portanto, sobre em que medida Bolsonaro seria um liberal ou apenas um reacionário saudoso da ditadura militar. Acontece que ele já é uma realidade da qual não podemos fugir, e então essa discussão teórica é posta de escanteio. Não interessa perder tempo com rótulos ideológicos, se Bolsonaro pode vestir a faixa presidencial em breve. Mas um elemento central do liberalismo clássico é a afirmação da autonomia individual, o que envolve não idolatrar político nenhum, não ter fé em nenhum Messias. E é isso que nos interessa aqui.


O personalismo em torno do presidenciável é preocupante. Formou-se um culto messiânico à personalidade de Jair Bolsonaro, homem honesto e destemido que, com a graça de Deus, irá salvar o Brasil. Se é verdade que candidatos a cargos executivos precisam conquistar o apoio pessoal dos eleitores, sobretudo nas democracias modernas, também é verdade que toda política baseada fortemente no personalismo tende a degenerar em servidão ou populismo. Seduzidos pela pessoa de Jair Bolsonaro, seus eleitores fecham os olhos a aspectos fundamentais que envolvem o ato de votar em alguém para ser presidente da nação. Ignoram os projetos de governo e as ideias e os argumentos enfeixados no discurso do capitão, defendem-no nervosa e apaixonadamente, como se não estivessem tratando de um burocrata que eventualmente pode adquirir poderes maiores se sentar na cadeira presidencial. E afinal, Bolsonaro é isto: mais um político que vai disputar as eleições, interessado em conquistar o poder e permanecer nele. Não há nenhuma substância divina no capitão que o diferencie naturalmente de outros homens, e, como todo ser humano, o presidenciável é falho e sujeito a cometer erros irreparáveis e desastrosos, ainda mais ocupando a presidência da República.



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John Locke, em seu clássico Segundo tratado sobre o governo civil, se esforçou em separar claramente os domínios da sociedade civil e do Estado, entendendo que os homens associados livremente não dependem de governantes para subsistirem, pois o governo é um mal necessário e não um agente encarregado de prover a felicidade geral dos homens. Desde então, a tradição liberal reforça a autonomia da sociedade civil em relação ao Estado, no que está implícita a ideia de que um povo politicamente desenvolvido não depende das graças de um presidente para progredir e prosperar. James Madison, pai fundador da república dos Estados Unidos, concordou com Locke ao afirmar que “se os homens fossem anjos, não seria necessário haver governos”. Se o governo é necessário porque as leis devem arbitrar os conflitos que eventualmente existam entre os homens, ele não é necessário para salvar as pessoas do que quer que seja. O governo não é o lugar do Messias.


Porém, todos sabemos que esses são princípios ignorados por sociedades politicamente incultas como é a brasileira. Infelizmente, o brasileiro médio confia demasiadamente no Estado, deposita esperanças desmedidas em personalidades carismáticas que, de posse do poder, podem se revelar ditadores de marca maior, prejudicando a vida da multidão que o ergueu ao posto de comando do governo. É claro que não queremos aqui dizer que Bolsonaro seja um embrião de ditador. Não devemos acreditar nisso, a despeito do alarde que a esquerda faz em chamá-lo de tirano opressor et caterva. Se é verdade que Bolsonaro tem um longo passado estatizante e autoritário, as forças políticas que se aglutinam em torno de sua candidatura não representam nenhuma ameaça substancial às liberdades individuais consagradas na democracia liberal. O Bolsonaro que daria um golpe de Estado assim que assumisse o poder naufragou nas ondas do tempo e não ameaça mais ninguém.


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Mas, se o capitão não deve ser visto como tirano, isto não torna menos perigoso o messianismo em torno de sua candidatura. Acontece que a devoção a presidentes-messias é prejudicial à saúde da democracia porque obscurece as prioridades do país como um Estado nacional, porque imbeciliza o eleitor e o torna vulnerável à sedução de populistas, porque corrobora a tradição autoritária e estatizante do Brasil, porque personaliza relações institucionais que devem ser impessoais, porque alimenta a servidão política e escraviza homens livres aos encantos de uma personalidade qualquer. Em outras palavras, a política concerne à proteção dos direitos naturais do homem e não ao endeusamento de líderes que, munidos dos poderes do Estado, podem desgraçar uma nação pelo despotismo ou pela inépcia. Se Bolsonaro não é um tirano, ele ainda pode causar danos irreversíveis à política ou à economia do país, e seus eleitores devem ser os primeiros a fiscalizar criticamente suas ações.


A história política do Brasil, segundo historiadores e cientistas sociais, é marcada pelo personalismo desde a transição atrapalhada da monarquia para a república. O povo comum do Brasil se acostumou a admirar a figura venerável de dois imperadores e, com a instalação da república, passou a enxergar nos presidentes as mesmas figuras carismáticas e magnéticas dos monarcas. É claro que é difícil nos desembaraçarmos das teias do personalismo, mas é uma tarefa urgente para o Brasil: fugir do messianismo e encarar a política como uma disputa mundana por poder, não como uma arena de lutas entre forças do bem e do mal. Pois está claro que burocratas da pior espécie souberam explorar a carência afetiva queo  povo sente por grandes lideranças, como escreve Bruno Garschagen em seu livro de estreia, a respeito do segundo presidente de nossa combalida República:


A presidência de Floriano Peixoto passou a operar com base no culto à personalidade (depois repetido por diversos políticos, de Vargas a Lula) e numa política claramente autoritária, com deposição de governos estaduais, prisões, deportações, decretação de estado de sítio, fortalecimento do poder público, que englobava uma política estatal de desenvolvimento econômico com um pacote de medidas protecionistas.


É fundamental que o povo brasileiro amadureça politicamente, e essa evolução só pode se dar individualmente, na medida em que cada um observar a política com sobriedade e sem grandes paixões. Todo liberal deve se lembrar que o caminho para a servidão começa com o falseamento do mundanismo da política: ela é tão somente a atividade de disputa por poder legítimo na sociedade, nada além disso. Não por acaso, os políticos populistas e os genocidas socialistas usaram e abusaram do culto à personalidade para seduzir seu povo e consagrar seus líderes no altar da adoração pública. O teólogo calvinista Franklin Ferreira analisou a tendência do socialismo em incentivar a adoração a políticos como estratégia de sedução e de supressão das liberdades individuais e democráticas; ele constatou que todo regime totalitário estimula a veneração de seus líderes e idealiza o Estado como a síntese espiritual de um povo. Uma sociedade de homens livres não se dobra jamais diante do Estado, ainda que seu presidente seja um Jair Messias Bolsonaro.


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No atual cenário, o capitão é a melhor saída para décadas de populismo econômico e de ideologias nefastas, mas seu eventual governo deve ser um governo e não um pontificado ou um reinado. É absolutamente indispensável, para o futuro da democracia nacional, que o eleitor não idolatre cegamente nenhum político, pois se todo profissional da política é funcionário do pagador de impostos, por que devemos tratá-los como seres iluminados e superiores? Vimos até onde chegou a devoção insana dos petistas a Lula: negaram os crimes do patriarca petista e até agora dizem que seu líder é inocente das acusações que o levaram à cadeia. Cabe perguntar, apenas hipoteticamente: se, nesse momento de expectativa sobre as eleições, Bolsonaro fosse acusado e julgado culpado dos mesmos crimes cometidos por Lula, será que seus eleitores o defenderiam cegamente ou será que acatariam a decisão da Justiça? Será que atribuiriam as acusações a uma conspiração comunista, exatamente como os petistas que acusam a CIA e os EUA de prender Lula? Sabemos que o petismo se tornou uma seita fechada, mas o que será do bolsonarismo no futuro?



Como diria o próprio Bolsonaro, em sua simplicidade característica, “tem que votar no presidente e só isso, tá ok?”.

Nota: Texto escrito por Rafael Valladão Rocha.

 

Referências

LOCKE, John. Segundo tratado sobre o governo civil. Coleção Os Pensadores, Editora Abril.

GARSCHAGEN, Bruno. Pare de acreditar no governo: por que os brasileiros desconfiam dos políticos e amam o Estado. Editora Record.

FERREIRA, Franklin. Contra a idolatria do Estado. Editora Vida Nova.

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Re:Bolsonaro
« Resposta #2496 Online: 13 de Novembro de 2018, 01:46:02 »








“Contradições e bate-cabeça da campanha de Bolsonaro são intencionais”

Para o especialista em estratégia militar Piero Leirner, capitão usa tática militar em sua comunicação


https://brasil.elpais.com/brasil/2018/10/24/politica/1540408647_371089.amp.html


Esqueça a propaganda eleitoral tradicional na TV e no rádio. Deixe de lado também qualquer necessidade de discursos coerentes e sem contradições. Ao contrário, estimule seus aliados a levantar uma série de polêmicas apenas para que você possa em seguida desmenti-los e desempenhar o papel de apaziguador, paladino "da ordem". Na sequência, apresente mais desinformação. Repasse para dezenas de grupos fechados de Whatsapp, que espalharão para mais centenas, até que a verdade seja uma questão de ponto de vista sem nenhum lastro na realidade. Essa é a estratégia que, segundo o antropólogo Piero Leirner, professor da Universidade Federal de São Carlos e especialista em estratégia militar, foi colocada em marcha pela campanha do presidenciável Jair Bolsonaro e pode levá-lo ao Planalto nas eleições de domingo. Em entrevista por email ao EL PAÍS ele detalha os passos que fizeram com que o capitão da reserva deixasse seus adversários se perguntando o que os atingiu.


Pergunta. A campanha de Bolsonaro frequentemente aparenta bater cabeça, com o capitão tendo que rebater colocações de sua equipe, como no caso da afirmação de um de seus filhos sobre o fechamento do Supremo Tribunal Federal. Isso é uma estratégia eleitoral?

Resposta. Tenho a impressão que no primeiro turno isso foi feito muito mais de cabeça pensada do que agora. A estratégia visava a criação de um ambiente de dissonância cognitiva [no qual uma pessoa apresenta simultaneamente opiniões contraditórias entre si], para em um segundo momento Bolsonaro aparecer com um discurso de restauração da ordem. Este é um passo clássico de operações psicológicas [militares], algo que está colocado em manuais de informação e contrainformação, propaganda de guerra e estratégias de dissuasão do inimigo há muito tempo.

P. Qual o sentido de usar esta estratégia?

R. O que se podia fazer com oito segundos de TV? Nada. Então houve a apropriação bastante eficaz desse tipo de instrumento de guerra semiótica. Falar e desdizer, e, como você disse antes, "bater cabeça" com os cabeças de ponte, os subordinados que ocupam uma posição de contato no terreno inimigo. Com isso ele mostrava o seguinte: "a confusão está fora de mim, mas eu restauro a autoridade aqui". Todo o tempo esse foi o discurso, de que ele é a autoridade. E assim ele multiplicou o carisma, jogando para o plano que oscilava entre uma autoridade carismática e tradicional.

Tenho a impressão que depois isso se tornou um padrão, basta ligar no piloto automático. O que foi repreender o filho [Eduardo Bolsonaro, que falou na possibilidade de fechar o STF] senão a repetição do discurso de que "tem que levar umas palmadinhas"? Ou seja, mais uma vez ele capitalizou com o erro.

P. Em que medida esta estratégia ajuda o candidato? É possível dizer que, neste cenário, confundir ajuda?

O padrão é sempre aparecer com uma ordem semanticamente paralela à desordem anterior

R. O padrão é sempre aparecer com uma ordem semanticamente paralela à desordem anterior. Se há uma desordem, digamos hipoteticamente, lançada por meio de uma contradição em um assunto econômico, como por exemplo Paulo Guedes dizendo "vou privatizar tudo", Bolsonaro reage com um "não vamos privatizar as empresas estratégicas" e, posteriormente, a questão é resolvida com um "vou acabar com o problema da violência". Isso é tão eficaz que até os donos de corretoras, o tal mercado, releva as informações que deveriam realmente interessar e passam a apostar nele.

Outro dia assisti em um programa de TV uma mesa com dois donos de corretoras, e um deles disse: "não é preciso ter plano algum para a economia, isso a gente vê depois. O que interessa mesmo é acabar com o privilégio das minorias que se instalou nesse país". Acho que nem Wall Street chegaria nesse ponto, de onde se vê que até gente que sabe como a engrenagem funciona caiu em processo de dissonância cognitiva.

P. Estas polêmicas provocadas pelo círculo íntimo do candidato ficam dias repercutindo na mídia. Isso é positivo para ele?

R. Claro. Ainda mais considerando que ele conseguiu colar a versão de que a mídia é, ela própria, uma fake news. Então toda a polêmica que fica exposta ele capitaliza depois mostrando que é o anti sistema lutando contra o establishment. E fez isso de uma maneira muito simples, pois depois de anos da mídia manobrando à vontade para bater no PT, eis que Bolsonaro bate na mídia e o PT assume a defesa dela! O que a campanha do PT fez? Jogou fora sua narrativa anterior, deixando esse vácuo, que é um tesouro semiótico, pronto para o Bolsonaro pegar e inverter a pauta: agora o PT é o "partido da Globo". Passei dias ouvindo isso, que na Globonews são todos petistas de carteirinha. Agora, minha sensação é que quanto mais a mídia bater, mais ele capitaliza.

Depois de anos da mídia manobrando à vontade para bater no PT, eis que Bolsonaro bate na mídia e o PT assume a defesa dela!

P. Qual o conceito de guerra híbrida que o senhor trabalha, e como se aplica à política?

R. O conceito foi inventado por um norte-americano que reside na Rússia, o Andre Korybko. Ele fala, sobretudo, em movimentos que se utilizam de pautas identitárias que são articuladas por agentes externos para provocar conflitos e desestabilizar regimes. Foi assim nas chamadas primaveras árabes e, penso, aqui também em 2013. Para ele há um claro envolvimento do assim chamado deep state [nome dado a uma mistura de interesses de agentes estatais com investidores e setores industriais] norte-americano.

P. A manipulação de pautas identitárias são a única maneira de usar a guerra híbrida?

R. Eu penso que não, ainda que os meios sejam os mesmos: basicamente uma guerra no campo da informação e contrainformação, cujo objetivo é dissuadir o inimigo sem precisar levantar a espada. Isso é Sun-Tzu [estrategista militar chinês autor do livro A Arte da Guerra]. Isso é a base das PsyOps, ou operações psicológicas. O ponto todo é sempre desnortear o inimigo, deixando praticamente impossível para ele uma avaliação real sobre o tamanho, o posicionamento, a coesão e o estado de suas forças. Toda informação deve ser criptografada, e sempre é preciso adicionar uma quantidade de camadas de informação diante dos fatos de modo que as pessoas não saibam mais se estão olhando para as distrações ou para a mão que realiza a manobra. Com essa parafernália conceitual, me parece plausível que existe aplicação em qualquer campo. Por que a política ficaria isenta dela?

P. Como reagir a um ataque híbrido?

R. O que você acha que é essa quantidade incrível de vídeos que circulam agora via Facebook e Whatsapp? Contra-ataques híbridos. Estão certos? Falam a verdade? É bem possível, mas sua origem é tão obscura quanto a da matéria ele pretende desmentir. E o problema disso tudo é que nada parece ter lado, todas essas verdades parecem surgir do nada e se fiar em checagem de fatos. Mas então me diga uma coisa: qual é a agência que vai determinar, em última instância, a checagem? A mesma imprensa que até 20 dias atrás manobrou os fatos à sua vontade? O problema é que quando eles iam só em uma direção, estava tudo bem. Agora que o resultado saiu do controle, fica todo mundo desesperado com a quantidade de notícias falsas e mentiras. Quem olhou para o que estava acontecendo desde 2013 viu que tudo estava seguindo um padrão.

O problema é que quando as fake news iam só em uma direção, estava tudo bem. Agora que o resultado saiu do controle, fica todo mundo desesperado com a quantidade de notícias falsas e mentiras.

P. Existe algum outro país onde esta estratégia tenha sido utilizada?

R. Desta maneira, que eu saiba, não. Você deve estar pensando no caso norte-americano, no escândalo da Cambridge Analytica e dos contatos do filho de Bolsonaro com Steve Bannon [ex-estrategista de Donald Trump]. É uma parte do processo, mas não explica tudo. A estratégia tem que ser vista de forma aprofundada, recuando alguns anos. Agora parece que todo mundo acordou, no susto. Não se trata só da campanha que começou este ano, mas de passos mais largos que foram sendo realizados por outros agentes, como o Judiciário e a própria mídia.

A entourage de Bolsonaro certamente mapeou esses movimentos e foi se posicionando, sempre no segundo plano. Quando chegou a sua vez, aí foi o movimento de morde e foge, lançou o ataque semiótico e depois viu como o campo se desorganizou, para aí se reposicionar de novo. E assim foi indo, sempre lá de trás, observando como no front os outros ficavam como baratas tontas. Veja o PSDB [que focou sua artilharia em Bolsonaro, mas sequer foi ao segundo turno da disputa], mais claro impossível.

Isso que você está chamando de propaganda clássica chega a dar dó, não convence mais ninguém

P. O que mudou no papel da propaganda eleitoral clássica, na TV e no rádio? Os adversários de Bolsonaro conseguiram fazer bom uso dela?

R. Isso que você está chamando de propaganda clássica chega a dar dó. Os minutos que são fatiados em críticas, propostas e aqueles clipes ridículos mostrando gente sorrindo, o brasileiro típico, não devem convencer mais ninguém. Compare com o que produziu Bolsonaro: vídeos de baixa qualidade, feitos com celular. Todo mundo espalhou, não consumia a banda larga de ninguém! Pareciam selfies que se manda para o amigo ali da esquina. Essa estratégia o colocou em linha direta com as pessoas. E elas espalharam este conteúdo como se fossem agentes de campanha. Funcionaram como estações repetidoras. Delas para os grupos, e desses para outros. Hoje também já suspeitamos que houve uma ajuda extra. Mas, como disse, esse jogo está com a regra alterada circunstancialmente. Então essa propaganda tradicional, do jeito que está sendo feita, é inócua.

P. Algum outro candidato além de Bolsonaro fez uso da guerra híbrida com eficiência?

R. Claro que não. Basta ver onde eles estão.

P. Bolsonaro diz não ter controle sobre a disseminação de fake news. Qual sua avaliação?

R. Há dois pontos aí: ele não tem controle de como as fake news se espalham, pois as células atuam de maneira semi-independente. Mas ele, ou alguém da equipe dele, tem controle sobre a própria boca e como as coisas saem dela. Então ele tem segurança na fórmula, a equipe tem as chaves da criptografia das mensagens passadas. Então é claro que ele poderia dar um cavalo-de-pau e tentar mudar a chave, e é evidente que ele não fez isso. O discurso de domingo [21 de outubro, quando Bolsonaro falou em varrer a oposição] intensificou mais ainda essa estratégia. Tudo feito como sempre, e ninguém consegue reagir.











Offline JJ

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Re:Bolsonaro
« Resposta #2497 Online: 13 de Novembro de 2018, 08:36:33 »

O messianismo antiliberal em torno de Jair Bolsonaro


 18 SET '18   INSTITUTO LIBERAL

[...]

A história política do Brasil, segundo historiadores e cientistas sociais, é marcada pelo personalismo desde a transição atrapalhada da monarquia para a república. O povo comum do Brasil se acostumou a admirar a figura venerável de dois imperadores e, com a instalação da república, passou a enxergar nos presidentes as mesmas figuras carismáticas e magnéticas dos monarcas. É claro que é difícil nos desembaraçarmos das teias do personalismo, mas é uma tarefa urgente para o Brasil: fugir do messianismo e encarar a política como uma disputa mundana por poder, não como uma arena de lutas entre forças do bem e do mal. Pois está claro que burocratas da pior espécie souberam explorar a carência afetiva que o  povo sente por grandes lideranças, como escreve Bruno Garschagen em seu livro de estreia, a respeito do segundo presidente de nossa combalida República:


[...]

Offline JJ

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Re:Bolsonaro
« Resposta #2498 Online: 13 de Novembro de 2018, 08:41:09 »


Aqui em Goiás  (e em rede social) tenho vistos muitos defensores do Bolsonaro  que tem justamente encarado a política como uma uma arena de lutas entre forças do bem e do mal e o Messias  como o líder dessa luta maniqueísta.


E não como uma disputa mundana por poder, que é o que realmente é.

Offline Agnoscetico

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Re:Bolsonaro
« Resposta #2499 Online: 15 de Novembro de 2018, 21:23:15 »


https://www.dw.com/pt-br/bolsonaro-fez-declara%C3%A7%C3%B5es-desagrad%C3%A1veis-diz-marine-le-pen/a-45848117

"Bolsonaro fez declarações desagradáveis", diz Marine Le Pen


Líder populista francesa afirma não ver presidenciável brasileiro como um candidato de extrema direita e diz que declarações dele são intransferíveis para a França porque a "cultura é diferente".


Le Pen: "Basta alguém dizer algo desagradável para ser de extrema direita para as mídias francesas"

A líder do partido francês Rassemblement National (Agrupamento ou Comício Nacional), Marine Le Pen, afirmou nesta quinta-feira (11/10) "não ver o que" possa fazer do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) um candidato de extrema direita, argumentando que a cultura brasileira é diferente e que é difícil transpor as propostas dele para a França.

"De qualquer forma, basta alguém dizer algo desagradável para ser de extrema direita para as mídias francesas", comentou Le Pen em entrevista à emissora France 2, quando questionada sobre declarações de Bolsonaro sobre as mulheres e os homossexuais.

"Mas ele certamente fez declarações que são extremamente desagradáveis, que não são de forma alguma transferível para o nosso país, é uma cultura diferente", ressalvou a líder populista de direita.

Na avaliação dela, a liderança de Bolsonaro no primeiro turno "é uma reação diante de uma situação de insegurança assustadora" e da "pobreza" que afeta milhões de pessoas no Brasil.

Para Le Pen, "a criminalidade endêmica afeta a liberdade dos brasileiros", que lançaram um sinal de que o tema é prioritário para eles com a opção por Bolsonaro.

AS/afp/ots

 

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