Como o cético moderno avaliaria estas aparentes evidências de uma capacidade transcendente do cérebro humano de apreender informações do inconsciente coletivo?
Wishful thinking, auto-ilusão, fraude, ou outras fraquezas inerentes à mente crente.
[...]
Achei bonito o discurso sobre a insignificância, mas o julgamento a priori é uma expressão do preconceito e não do verdadeiro ceticismo.
Então qualquer hipótese que pareça a princípio estranha, diferente, esquisita, que soe como não científica ( seja lá o que isto queira dizer ) deve ser descartada automaticamente - sem consideração das evidências - como fraude, intenção de pensamento, ou qualquer outro pretexto e esta deveria ser a postura de um cético?
Se assim fosse a maioria das teorias científicas hoje mais firmemente estabelecidas sequer
chegariam a ser consideradas.
Até o Huxley postar este último comentário eu ainda não havia concordado com ninguém aqui, e é estranho que no Clube Cético poucos pareçam saber o que é realmente ceticismo científico.
E é algo muito simples, como o Huxley explicou. É uma mera questão de bom senso: trata-se de requerer que a força das evidências seja proporcional à extraordinariedade ( ou improbabilidade ) das alegações. Não é "acreditar na dúvida" nem o óbvio reconhecimento filosófico da impossibilidade da certeza. Mas alguém que é metodologicamente cético estabelece o grau de possibilidade de verdade de uma determinada hipótese balanceando a extraordinariedade da hipótese com a contundência das evidências apresentadas.
A extraordinariedade, por sua vez, é determinada pelo quanto a hipótese parece contrariar aspectos da realidade também aparentemente bem estabelecidos por evidências.
Um exemplo claro:
Em 1620 Francis Bacon propôs pela primeira vez que os continentes da África e América
estiveram unidos no passado. Ninguém levou muito a sério esta maluquice, e com toda razão. A hipótese se apoiava unicamente na observação de que as costas atlânticas desses continentes pareciam mais ou menos se encaixarem. No início do século XVII ninguém poderia imaginar imensas massas de terra se movimentando dessa forma.
No entanto em 1915 Alfred Wegener apresentou evidências fósseis, topográficas e geológicas de que realmente estiveram unidos. O ceticismo foi grande. Apesar das evidências serem impressivas a alegação ainda era muito estranha.
Na década de 40 os cientistas começaram a entender melhor a conformação dos fundos oceânicos e esse conhecimento pareceu corroborar a hipótese, o que levou a muitas pesquisas na década seguinte.
Mas somente no final da década de 60 do século passado surgiu uma teoria consistente propondo explicar o movimento das placas em que se apoiam os continentes.
Enfim, o que o bom senso dizia ser sandice total no século 17 é hoje uma teoria científica
muito bem estabelecida. E o bom senso nos diz que a sandice é duvidar dela.
O cético moderno é como o cético pós-moderno, a mesma coisa que o cético antigo porém não antiquado. Uma pessoa que usa de bom senso para fazer julgamentos sobre o mundo.