Os países europeus são muito heterogêneos do ponto de vista econômico e fiscal. Deveriam criar um critério rígido e universal de 'saúde financeira' e 'adequação à zona do euro' antes de admitirem novos países.
Essa cláusula sempre esteve clara antes que um país se candidatasse a fazer parte da UE. É uma das razões pelas quais alguns países (como Portugal e Espanha) levaram anos até serem admitidos. Até mesmo a Inglaterra foi rejeitada primeiramente, justamente por manter essa ideia isolacionista.
Mas o fato de a UE não impôr essas medidas é a principal fraqueza segundo a grande parte dos analistas. O Pagão reclama de uma suposta ingerência administrativa da UE, mas a mitigação da soberania é pressuposto básico de se participar de uma organização desse tipo e fazem parte da equação quando se somam os ônus e bônus de fazer parte de um grupo assim.
A tese libertária de que a circulação irrestrita de bens/serviços/pessoas e uma moeda única são sempre vantajosos pra qualquer país em qualquer circunstância fica um pouco arranhada, mas nem tanto porque os problemas quase sempre se originam em estados gastadores.
O problema é que em crises, a primeira medida que países adotam é o protecionismo e ele nem sempre se dá através de medidas tarifárias. O Brasil sofreu e sofre com esse tipo de medida do tipo "se o tomate não tiver 15,222222cm de diâmetro, não pode ser aceito" ou "se o animal não tiver sido vacinado contra uma doença que só existe no Centro-Oeste da Sibéria, não pode ser exportado para cá".
O que vamos ver na Europa é o mesmo efeito que vemos acontecer nas vacinas. Se toma uma medida que dá certo (a Europa poucas vezes passou por um período tão extenso de paz e estabilidade entre as potências) e depois de algumas gerações, ninguém se lembra da merda que era antes e isso aquece o discurso de saudosismo e nostalgia de "quando a gente não precisava de todos esses imigrantes para trabalhar e uma entrada para o baile custava $5 cents".
O Pagão está pedindo a "volta de um tempo em que a Europa era dos europeus e que a soberania era respeitada". Me ajuda aí, Portugal passou os últimos 500 anos sendo a vadia de Espanha, Inglaterra, França e até o Império Otomano tirou casquinha ali. Quando Portugal teve uma política externa que não pedisse primeiro autorização a alguma grande potência?