É um espantalho do ceticismo sobre algo absolutamente desprovido de provas, colocando-o como análogo ao fictício-fantástico ceticismo de um feto sobre uma realidade banal conhecida, e assim "corroborar" a perspectiva crente oposta a primeira.
Sem os enfeites, é tão oco quanto meramente afirmar "a descrença sobre algo que eu acredito, mas não tenho provas, é análoga à descrença de alguém que ignora a existência de algo que indiscutivelmente sabidamente existe."
Petição de princípio e nada mais.
Dá para enfiar todos os outros deuses já imaginados pela humanidade aí, nas inferências do feto super-dotado, como análogos a pai, familiares, médico, outras pessoas. Talvez até deuses zoomorfos, se ele inferir também a existência de animais.
Isso não é assim tão simples. Desprovido de provas não significa desprovido de conhecimento.
Aquilo que o um ateu desconhece pode não ser desconhecido para o outro.
Eu enquanto ateu coloquei minhas convicções em duvida quando passei por uma experiencia que não pude explicar e que é pessoal e intransferível, pois se trata de uma "visão" e não se pode provar uma "visão" a terceiros.
É similar ao problema do "conhecimento revelado".
Eu tive um sonho onde via meu pai em um caixão, ele estava rodeado de flores e com o aspecto muito feito, todo roxo... Esse pesadelo foi muito marcante por conta da aparência dele, eu acordei assustado, levantei e fui tomar um copo de água pra me recuperar.
Pouco tempo depois ele teve um ataque cardíaco fulminante e morreu, durante o funeral eu vi a exata cena com a qual tinha sonhado. Ele envolto em flores, parecendo menor do que era e com um aspecto muito feito, todo roxo.
Eu não vi uma cena "parecida" com a do sonho, ela era IDÊNTICA, era a mesma imagem.
Um relato como esse pra vocês é irrelevante. Vocês não tem como saber se a cena realmente era idêntica.
Pra vocês tudo o que sabem é que prever o futuro é impossível e que isso deve ser algum tipo de coincidência, um relato de alguém que "acha" que sonhou com algo "parecido" com o que veio a ocorrer. Só que pra quem sonhou com um acontecimento tão importante antes dele ocorrer isso é um fato inegável o qual eu pude comprovar pessoalmente e em primeira mão.
Pra mim premonições eram impossíveis e testemunhar o impossível me fez querer rever minhas crenças. Pra quem não viu meu relato continua irrelevante.
Existem basicamente 3 tipos de conhecimento que as pessoas podem ter.
1 - O conhecimento cientifico mais objetivo sobre um objeto ao qual todos tem acesso.
Como comprovar a existência da aguá e que o céu é azul.
2 - O conhecimento mais obscuro que lida com aquilo que pode ser investigado por qualquer um mas que é de desconhecimento da maioria e que não é de fácil acesso por N razões.
Teoricamente qualquer um pode discutir física quântica, mas é preciso estudar anos antes de ver sobre o que aquela galera debate.
É como discutir economia politica com marxista no facebook, você diz que é ciência e que o cara pode estudar e investigar, mas o sujeito diz que economia é uma ciência humana e não é como a física, que ele tem uma opinião diferente pelo que ele pode "ver na prática" vivendo a vida e não em "teorias" de livros.
Ou como um astrônomo em um telescópio de 10 milhões de dólares vendo coisas que "qualquer um" pode ver e comprovar, claro, basta que tenha acesso a um telescópio de 10 milhões de dólares...
Outro exemplo possível disso seria o cara que testemunha um evento raro, como um relâmpago circular vermelho em um pântano. Algumas pessoas investigam e não acham nada, pois o fenômeno é muito esporádico, mas vez ou outra 10% dos moradores da região acabam testemunhando o fenômeno.
Ou ainda um monge que em meditação profunda veja algo que qualquer um em meditação profunda possa ver, mas que pra isso precise ser celibatário há não sei quantos anos e praticar jejuns, etc, etc, etc...
3 - O conhecimento revelado.
Por relevado me refiro a qualquer coisa que por N razões tenha sido revelada a uma unica pessoa de modo intransferível, seja natural ou sobrenatural.
O meu sonho premonitório é um exemplo sobrenatural disso, se Deus aparecer pra alguém e "provar" que ele existe, para o resto de nós esse "conhecimento" não será acessível.
O mesmo vale para coisas naturais, como alguém confidenciar segredos de estado sobre espionagem sem que a pessoa possa provar isso a terceiros.
O caso 1 é o ideal no qual sua frase se baseia, o caso 2 embora seja igual ao caso 1, pode ser tão turvo quanto o caso 3 pela simples razão da dificuldade levar as pessoas a não quererem investigar, eu mesmo poderia te falar sobre coisas verificáveis que você negaria sem ir verificar. Já o ultimo caso simplesmente não tem solução. Um conhecimento intransferível assim permanecerá.
Em fim, existe um grande abismo entre conhecer um fato e poder provar esse fato.