É muito lamentável que as coisas tenham se degenerado a ponto de idiotices comumente se abrigarem sob rótulos "bons por definição".
Ficamos sempre na condição desconfortável de ter que tecer críticas que sempre terão o risco de soar um pouco como "não sou racista, mas". E, mesmo quando se consegue evitar isso, os defensores das idiotices ainda tem a vantagem do monopólio da moral/bondade.
Olhando por esse lado, acho que talvez como "estratégia de marketing", fosse melhor não "combater o feminismo", mas, como feministas, combater idiotices que se tentam se passar por feminismo.*
Uma das feministas "do contra" meio que anda por essa linha:
https://en.wikipedia.org/wiki/Who_Stole_Feminism%3F
Who Stole Feminism? How Women Have Betrayed Women is a 1994 book about American feminism by Christina Hoff Sommers, a writer who was at that time a philosophy professor at Clark University. Sommers argues that there is a split within between equity feminism and what she terms "gender feminism".[1] Sommers contends that equity feminists seek equal legal rights for women and men, while gender feminists seek to counteract historical inequalities based on gender. Sommers argues that gender feminists have made false claims about issues such as anorexia and domestic battery and exerted a harmful influence on American college campuses. Who Stole Feminism? received wide attention for its attack on American feminism, and it was given highly polarized reviews divided between conservative and liberal commentators.[2] Some reviewers praised the book, while others found it flawed.
Mas, da mesma forma que idiotices "num sentido" praticamente tomaram conta do feminismo e outros ismos, há sempre o risco de idiotices menores, mas significativas, também virem nas costas de uma crítica mais racional.
* por outro lado, pessoalmente, como não sou "ativista" nem nada, acho de qualquer forma estranho se ter "feminista" como rótulo hoje em dia, em detrimento de coisas como "anti-escravagista", "infantista", ou "geriatrista". São áreas que acho que devem comumente ter tantos problemas ou provavelmente mais do que aqueles que afetam exclusivamente a mulheres, especialmente adultas, especialmente no primeiro mundo (especialmente brancas, também). Então não sei se faz sentido ter um rótulo que
privilegia os indivíduos já mais privilegiados para denotar uma postura que se preocupa com justiça. Mesmo concordando com "mulheres e crianças primeiro" como critério.
"Humanitário" é algo que naturalmente incorporará a oposição a qualquer injustiça, então teoricamente seria um rótulo mais apropriado. No entanto, sem ser eu algum voluntário da ONU ajudando a pessoas em calamidades, não me acho digno de me rotular de qualquer coisa. Também não acharia mesmo se eu fosse um blogueiro ou talvez até jornalista expondo essas coisas. Isso me parece mais uma necessidade de auto-adulação, algo que as pessoas fazem para se sentirem bem consigo mesmas, só por terem valores que se opõem a injustiça e desumanidade, como praticamente todo mundo.