Recentemente estive conversando com um teísta, e este abriu o diálogo dizendo que o ateísmo era um erro, além de expor motivos para o teísmo ser verdadeiro (segue conversa abaixo):
Crente: http://imgur.com/a/meToc
Eu: http://imgur.com/a/2rv1m
Crente: http://imgur.com/a/ROuTH
Eu: http://imgur.com/a/YH9Kr
Crente: http://imgur.com/a/ySI8g
Pergunto aqui aos ateus do fórum: o que eu poderia responder? Há bastante jargão nos comentários dele, porém me parece que há um sentido.
Só olhei bem por cima, a impressão que passa é serem argumentos de "primeiro motor" etc.
O universo teria uma causa, e daí essa causa teria que ser um cara, ou, um super-cara.
É uma petição de princípio atrás da outra, ou, no que não são, apenas muito tenuamente sustentadas apenas em conjecturas que estão muito longe de ser inquestionáveis.
Particularmente não sei se o universo necessariamente teve um começo absoluto. Tendo, não sei se isso requer uma "causa externa", até porque isso abre também a discussão semi-etimológica de estar-se então falando apenas de um universo "maior" fora do universo observável, já que universo é "tudo que existe".
Ainda há elucubrações nas linhas de que a nossa intuição de causa e conseqüência seria algo enviesada por sermos os organismos que somos, e naturalmente tendermos a pensar sempre em causas como precedendo conseqüências, em vez de apenas em haver a conexão causal, a estrutura, da mesma forma que estruturas a esquerda/abaixo se conectam estruturalmente com estruturas à direita/acima, sem no entanto qualquer delas ser uma "causa"; apenas se encaixam causalmente. Talvez o mesmo pudesse ser o caso com o tempo, com antes e depois. Então o "começo" seria de certa forma "causado" pelo que veio depois, num fraseamento ainda viciado nessa determinação por "condições iniciais" num ponto à esquerda ou a direita, em vez da causalidade estrutural "holista".
Mas eu simplesmente não sei. Mais importante nessa questão, é que esses argumentos a favor de um super-homem criador, sem os floreios, são essencialmente "pessoas fazem coisas, logo, uma super-pessoa fez o universo".
Exposto dessa forma crua se vê que é um raciocínio primitivo não diferente do animismo num "deus vulcão" e coisas assim. Tentam desesperadamente dar sofisticação filosófica ao que na verdade não passa de um viés cognitivo decorrente de sermos animais sociais que intuem que outros indivíduos de nossa espécie ou outros animais são comumente causadores das coisas. É uma intuição verdadeira em uma vasta parte do tempo, de forma que é útil para a sobrevivência, mas não fornecerá sempre base para uma descrição razoável da natureza.
Não só isso, mas nós, pessoas, que somos o "modelo" para esse hipotético organismo criador, somos originados de uma longa história de evolução de sistemas nervosos, que conferem aos organismos a habilidade de reagir agilmente ao ambiente. Para a hipótese de um super-homem criador geralmente a própria origem do mesmo não é algo que suscita necessidade de explicação também análoga, mas supõem arbitrariamente que este homem seria um ente fundamental da natureza. Mas lembrando que nós não somos, não é diferente de supor que o universo tenha como origem última uma "máquina de fazer algodão-doce" divina, mas que não tem origem, diferentemente de máquinas de fazer algodão doce normais.
Quanto a ajuste-fino, ele é simplesmente falso. A virtual totalidade do universo é absolutamente inóspita a nossa existência, e mesmo a superfície desse grão de areia só será habitável por mais alguns instantes.
Mas no fim das contas, a sofisticação/sofisma filosófica dos argumentos monoteístas vai essencialmente dar um jeito de ignorar toda a racionalidade para racionalizar um super-homem que fez tudo, se prendendo sempre a jargões e preciosismos que ajudam a impressionar a alguns, talvez a eles mesmos.