Autor Tópico: Psicologia é ciência?  (Lida 8876 vezes)

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Offline Cárita Santos

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Psicologia é ciência?
« Online: 01 de Janeiro de 2017, 16:22:28 »
          Sou graduanda, indo para o segundo período do curso de psicologia e atualmente estou tendo uma certa crise de ceticismo sobre este. Isto é, sempre fui bastante cética desde a adolescência, mas comecei o curso com uma mentalidade menos crítica, talvez até por ignorância quanto ao método científico. Agora, no entanto, após conhecer melhor a própria metodologia científica, não consigo mais ver as teorias psicanalíticas como algo empírico ou científico, por mais que os professores afirmem isso o tempo todo.

          Sendo este um fórum composto por uma maioria de pessoas que adotam uma abordagem mais cética sobre as coisas, gostaria de saber a opinião dos membros (e gostaria que esta fosse exposta da forma mais direta e objetiva possível) quanto às seguintes questões:

1. Psicologia é ou não é ciência? Por que?
2. Se não é ciência, seria então uma pseudociência oficializada dentro do campo acadêmico?


          Desde já, agradeço pela participação.

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Psicologia é ciência?
« Resposta #1 Online: 01 de Janeiro de 2017, 16:40:50 »
Coincidentemente teve uns tópicos que abordaram um pouco o assunto, mas acho que não como tema principal.

Acho que um resumão da coisa é que, a princípio, é, embora seja uma das áreas da ciência mais vitimadas por má ciência e mesmo pseudo-ciência propriamenta dita. E essa situação sendo particularmente mais grave em países como o Brasil, onde as "escolas" psicanalíticas têm bastante sucesso apesar de serem/terem meio que análogos de homeopatia, acupuntura, quiropraxia -- pseudociências oficializadas-ou-quase no meio acadêmico.

Talvez não tão grave quanto essas, com mais possibilidade de ter elementos que possam ser salvos, como algumas observações empíricas ou mesmo "entidades" inventadas para explicar como a mente funciona, como "id", "ego", "super-ego", que talvez tenham alguma proximidade a coisas mais aceitas como os "sistemas 1 e 2" ou "processos 1 e 2". Ainda assim, consideravelmente aquém do cientificamente ideal.

(Eu estou inventando isso ou Popper de fato até acabou se "inspirando" no que via de errado com a psicanálise para desenvolver o falsificacionismo?)

Offline JJ

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Re:Psicologia é ciência?
« Resposta #2 Online: 01 de Janeiro de 2017, 16:46:58 »
          Sou graduanda, indo para o segundo período do curso de psicologia e atualmente estou tendo uma certa crise de ceticismo sobre este. Isto é, sempre fui bastante cética desde a adolescência, mas comecei o curso com uma mentalidade menos crítica, talvez até por ignorância quanto ao método científico. Agora, no entanto, após conhecer melhor a própria metodologia científica, não consigo mais ver as teorias psicanalíticas como algo empírico ou científico, por mais que os professores afirmem isso o tempo todo.

          Sendo este um fórum composto por uma maioria de pessoas que adotam uma abordagem mais cética sobre as coisas, gostaria de saber a opinião dos membros (e gostaria que esta fosse exposta da forma mais direta e objetiva possível) quanto às seguintes questões:

1. Psicologia é ou não é ciência? Por que?
2. Se não é ciência, seria então uma pseudociência oficializada dentro do campo acadêmico?


          Desde já, agradeço pela participação.


Seja bem vinda Cárita,


1) Eu considero que a psicologia  seja ciência, pois  certamente atende vários critérios de cientificidade, tais como ser:

Racional;
Metódica;
Sistemática;
Verificável.


Entretanto é bom notar  que  o chamado problema da demarcação  não é algo resolvido, mesmo a abordagem mais conhecida de Karl Popper  tem problemas e já recebeu e recebe críticas.  Tal problema é filosófico, e não existe consenso na filosofia sobre a solução deste problema. Pelo que eu sei há várias abordagens, mas nenhuma solução consensual e final.






« Última modificação: 01 de Janeiro de 2017, 17:59:16 por JJ »

Offline JJ

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Re:Psicologia é ciência?
« Resposta #3 Online: 01 de Janeiro de 2017, 16:49:34 »
Coincidentemente teve uns tópicos que abordaram um pouco o assunto, mas acho que não como tema principal.

Acho que um resumão da coisa é que, a princípio, é, embora seja uma das áreas da ciência mais vitimadas por má ciência e mesmo pseudo-ciência propriamenta dita. E essa situação sendo particularmente mais grave em países como o Brasil, onde as "escolas" psicanalíticas têm bastante sucesso apesar de serem/terem meio que análogos de homeopatia, acupuntura, quiropraxia -- pseudociências oficializadas-ou-quase no meio acadêmico.

Talvez não tão grave quanto essas, com mais possibilidade de ter elementos que possam ser salvos, como algumas observações empíricas ou mesmo "entidades" inventadas para explicar como a mente funciona, como "id", "ego", "super-ego", que talvez tenham alguma proximidade a coisas mais aceitas como os "sistemas 1 e 2" ou "processos 1 e 2". Ainda assim, consideravelmente aquém do cientificamente ideal.

(Eu estou inventando isso ou Popper de fato até acabou se "inspirando" no que via de errado com a psicanálise para desenvolver o falsificacionismo?)


E qual o critério e a definição para "cientificamente ideal " ?


O que exatamente seria isso ?




Offline JJ

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Re:Psicologia é ciência?
« Resposta #4 Online: 01 de Janeiro de 2017, 16:58:20 »
          Sou graduanda, indo para o segundo período do curso de psicologia e atualmente estou tendo uma certa crise de ceticismo sobre este. Isto é, sempre fui bastante cética desde a adolescência, mas comecei o curso com uma mentalidade menos crítica, talvez até por ignorância quanto ao método científico. Agora, no entanto, após conhecer melhor a própria metodologia científica, não consigo mais ver as teorias psicanalíticas como algo empírico ou científico, por mais que os professores afirmem isso o tempo todo.

          Sendo este um fórum composto por uma maioria de pessoas que adotam uma abordagem mais cética sobre as coisas, gostaria de saber a opinião dos membros (e gostaria que esta fosse exposta da forma mais direta e objetiva possível) quanto às seguintes questões:

1. Psicologia é ou não é ciência? Por que?
2. Se não é ciência, seria então uma pseudociência oficializada dentro do campo acadêmico?





E outra observação que considero importante é que  a psicologia  tem  linhas  de atuação que  pelo que sei tem boa eficácia  como  as terapias cognitivo comportamentais.   Já a psicanálise  é considerada por  alguns  como pouco eficaz  e com alguns problemas de cientificidade.  Mas, obviamente a psicologia não se reduz a psicanálise, portanto  não acho aconselhável  deixar de considerar a psicologia como  científica só por causa de uma parte dela que é um pouco duvidosa.







« Última modificação: 01 de Janeiro de 2017, 18:07:19 por JJ »

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Psicologia é ciência?
« Resposta #5 Online: 01 de Janeiro de 2017, 17:11:56 »
Coincidentemente teve uns tópicos que abordaram um pouco o assunto, mas acho que não como tema principal.

Acho que um resumão da coisa é que, a princípio, é, embora seja uma das áreas da ciência mais vitimadas por má ciência e mesmo pseudo-ciência propriamenta dita. E essa situação sendo particularmente mais grave em países como o Brasil, onde as "escolas" psicanalíticas têm bastante sucesso apesar de serem/terem meio que análogos de homeopatia, acupuntura, quiropraxia -- pseudociências oficializadas-ou-quase no meio acadêmico.

Talvez não tão grave quanto essas, com mais possibilidade de ter elementos que possam ser salvos, como algumas observações empíricas ou mesmo "entidades" inventadas para explicar como a mente funciona, como "id", "ego", "super-ego", que talvez tenham alguma proximidade a coisas mais aceitas como os "sistemas 1 e 2" ou "processos 1 e 2". Ainda assim, consideravelmente aquém do cientificamente ideal.

(Eu estou inventando isso ou Popper de fato até acabou se "inspirando" no que via de errado com a psicanálise para desenvolver o falsificacionismo?)


E qual o critério e a definição para "cientificamente ideal " ?


O que exatamente seria isso ?


Produzir hipóteses que possam ser refutadas.

Offline Lorentz

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Re:Psicologia é ciência?
« Resposta #6 Online: 01 de Janeiro de 2017, 17:15:40 »
Coincidentemente teve uns tópicos que abordaram um pouco o assunto, mas acho que não como tema principal.

Acho que um resumão da coisa é que, a princípio, é, embora seja uma das áreas da ciência mais vitimadas por má ciência e mesmo pseudo-ciência propriamenta dita. E essa situação sendo particularmente mais grave em países como o Brasil, onde as "escolas" psicanalíticas têm bastante sucesso apesar de serem/terem meio que análogos de homeopatia, acupuntura, quiropraxia -- pseudociências oficializadas-ou-quase no meio acadêmico.

Talvez não tão grave quanto essas, com mais possibilidade de ter elementos que possam ser salvos, como algumas observações empíricas ou mesmo "entidades" inventadas para explicar como a mente funciona, como "id", "ego", "super-ego", que talvez tenham alguma proximidade a coisas mais aceitas como os "sistemas 1 e 2" ou "processos 1 e 2". Ainda assim, consideravelmente aquém do cientificamente ideal.

(Eu estou inventando isso ou Popper de fato até acabou se "inspirando" no que via de errado com a psicanálise para desenvolver o falsificacionismo?)


E qual o critério e a definição para "cientificamente ideal " ?


O que exatamente seria isso ?


Produzir hipóteses que possam ser refutadas.

Isso me lembra os caras do Anticast.

"Quem disse que essa é única forma de conhecimento?"
"Amy, technology isn't intrinsically good or bad. It's all in how you use it, like the death ray." - Professor Hubert J. Farnsworth

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Psicologia é ciência?
« Resposta #7 Online: 01 de Janeiro de 2017, 17:20:06 »
Até porque esses critérios de "pureza científica" de Popper foram motivados também por sua rejeição fascista ao socialismo científico:

Citar
[...]

In that year he became heavily involved in left-wing politics, joined the Association of Socialist School Students, and became for a time a Marxist. However, he was quickly disillusioned with the doctrinaire character of the latter, and soon abandoned it entirely. He also discovered the psychoanalytic theories of Freud and Adler (he served briefly as a voluntary social worker with deprived children in one of the latter’s clinics in the 1920s), and listened entranced to a lecture which Einstein gave in Vienna on relativity theory. The dominance of the critical spirit in Einstein, and its total absence in Marx, Freud and Adler, struck Popper as being of fundamental importance: the pioneers of psychoanalysis, he came to think, couched their theories in terms which made them amenable only to confirmation, while Einstein’s theory, crucially, had testable implications which, if false, would have falsified the theory itself.

[...]

https://plato.stanford.edu/entries/popper/


Fica claro que o falsificacionismo de Popper nada mais é do que uma legitimação da intolerância ao "outro".

Offline Gigaview

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Re:Psicologia é ciência?
« Resposta #8 Online: 01 de Janeiro de 2017, 17:26:53 »
Citar
Fica claro que o falsificacionismo de Popper nada mais é do que uma legitimação da intolerância ao "outro".

Popper era um elitista preconceituoso adepto de "systematic over-simplifications".
Brandolini's Bullshit Asymmetry Principle: "The amount of effort necessary to refute bullshit is an order of magnitude bigger than to produce it".

Pavlov probably thought about feeding his dogs every time someone rang a bell.

Offline JJ

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Re:Psicologia é ciência?
« Resposta #9 Online: 01 de Janeiro de 2017, 17:53:25 »
Coincidentemente teve uns tópicos que abordaram um pouco o assunto, mas acho que não como tema principal.

Acho que um resumão da coisa é que, a princípio, é, embora seja uma das áreas da ciência mais vitimadas por má ciência e mesmo pseudo-ciência propriamenta dita. E essa situação sendo particularmente mais grave em países como o Brasil, onde as "escolas" psicanalíticas têm bastante sucesso apesar de serem/terem meio que análogos de homeopatia, acupuntura, quiropraxia -- pseudociências oficializadas-ou-quase no meio acadêmico.

Talvez não tão grave quanto essas, com mais possibilidade de ter elementos que possam ser salvos, como algumas observações empíricas ou mesmo "entidades" inventadas para explicar como a mente funciona, como "id", "ego", "super-ego", que talvez tenham alguma proximidade a coisas mais aceitas como os "sistemas 1 e 2" ou "processos 1 e 2". Ainda assim, consideravelmente aquém do cientificamente ideal.

(Eu estou inventando isso ou Popper de fato até acabou se "inspirando" no que via de errado com a psicanálise para desenvolver o falsificacionismo?)


E qual o critério e a definição para "cientificamente ideal " ?


O que exatamente seria isso ?


Produzir hipóteses que possam ser refutadas.



Este é o critério de  Popper . E  como já afirmado  não é aceito como palavra final na filosofia do conhecimento,  não é   consensual  nem final.




Offline JJ

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Re:Psicologia é ciência?
« Resposta #10 Online: 01 de Janeiro de 2017, 17:54:50 »
Citar
Fica claro que o falsificacionismo de Popper nada mais é do que uma legitimação da intolerância ao "outro".

Popper era um elitista preconceituoso adepto de "systematic over-simplifications".



De modo algum,  Popper é o rei da filosofia do conhecimento,   e sua filosofia é perfeita .  A filosofia do conhecimento se divide em AP - Antes de Popper ,   e DP - Depois de Popper.






« Última modificação: 01 de Janeiro de 2017, 17:57:33 por JJ »

Offline JJ

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Re:Psicologia é ciência?
« Resposta #11 Online: 01 de Janeiro de 2017, 18:02:34 »
                  Sendo este um fórum composto por uma maioria de pessoas que adotam uma abordagem mais cética sobre as coisas, gostaria de saber a opinião dos membros (e gostaria que esta fosse exposta da forma mais direta e objetiva possível) quanto às seguintes questões:

1. Psicologia é ou não é ciência? Por que?
2. Se não é ciência, seria então uma pseudociência oficializada dentro do campo acadêmico?




Sobre o problema  "de demarcação da ciência de pseudociência"  aqui tem alguns bons  textos  num tópico  que o Sképtikos  abriu:


../forum/topic=28185.0.html#msg783001


« Última modificação: 01 de Janeiro de 2017, 18:19:12 por JJ »

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Psicologia é ciência?
« Resposta #12 Online: 01 de Janeiro de 2017, 18:10:30 »
Coincidentemente teve uns tópicos que abordaram um pouco o assunto, mas acho que não como tema principal.

Acho que um resumão da coisa é que, a princípio, é, embora seja uma das áreas da ciência mais vitimadas por má ciência e mesmo pseudo-ciência propriamenta dita. E essa situação sendo particularmente mais grave em países como o Brasil, onde as "escolas" psicanalíticas têm bastante sucesso apesar de serem/terem meio que análogos de homeopatia, acupuntura, quiropraxia -- pseudociências oficializadas-ou-quase no meio acadêmico.

Talvez não tão grave quanto essas, com mais possibilidade de ter elementos que possam ser salvos, como algumas observações empíricas ou mesmo "entidades" inventadas para explicar como a mente funciona, como "id", "ego", "super-ego", que talvez tenham alguma proximidade a coisas mais aceitas como os "sistemas 1 e 2" ou "processos 1 e 2". Ainda assim, consideravelmente aquém do cientificamente ideal.

(Eu estou inventando isso ou Popper de fato até acabou se "inspirando" no que via de errado com a psicanálise para desenvolver o falsificacionismo?)


E qual o critério e a definição para "cientificamente ideal " ?


O que exatamente seria isso ?


Produzir hipóteses que possam ser refutadas.



Este é o critério de  Popper . E  como já afirmado  não é aceito como palavra final na filosofia do conhecimento,  não é   consensual  nem final.




Eu não estou exatamente a fim nem sou gabaritado o suficiente para um debate mais profundo sobre epistemologia, mas, de modo geral, é um resumo sim, e bastante consensual -- isso é, desconsiderando a "discórdia" nas linhas de "digam o que quiser, a OVNIlogia é sim ciência para um enorme número de pessoas". As eventuais discordâncias mais refinadas, que não cheguem nesse "vale tudo", ainda deverão ter uma concordância essencial com isso.



Kuhn e Lakatos são os principais (e melhores) críticos do falsificacionismo de Popper. Porém ambos, apesar de detalharem melhor alguns processos metodológicos que ocorrem na ciência, não conseguiram contrapor-se ou refutar o falsificacionismo, nem parcialmente, porque as partes corretas de suas teorias não são incompatíveis com o falsificacionismo popperiano. Na verdade, a argumentação deles se baseia numa interpretação ingênua do falsificacionismo da parte deles. O falsificacionismo ingênuo consiste em se afirmar que uma teoria deve ser automaticamente eliminada quando um experimento não mostra o resultado por ela previsto, quando na verdade o falsificacionismo apenas afirma que uma das hipóteses envolvidas na elaboração do experimento (a teoria em questão, as hipóteses auxiliares sobre os instrumentos, outras teorias estabelecidas que estão envolvidas no experimento, condução correta do experimento etc) está errada e deve ser procurada e eliminada.

O falsificacionismo não especifica o que o cientista deve fazer quando uma "anomalia" surge ou experimento "fracassa". Se ele vai utilizar uma estratégia "normal" ( tentar remodelar a teoria ou criar hipóteses auxiliares que expliquem o fracasso da teoria no experimento) ou "revolucionária" (criar uma teoria nova, abandonando a anterior), isso é com ele. O falsificacionismo (e a filosofia da ciência em geral) não determina onde, em que teoria e como o cientista deve trabalhar, muito menos o conteúdo das teorias que ele vai criar, o falsificacionismo apenas assevera que ele deve trabalhar para eliminar hipóteses falsas (sejas quais forem), e proibe o uso de hipóteses ad-hoc.

Cabe agora explicar quando uma hipótese é ou não ad-hoc. Uma hipótese é ad-hoc quando não faz nenhuma previsão adicional, apenas "explicando" uma determinada anomalia, e só. Um exemplo tosco, que todos aqui conhecem, são as hipóteses utilizadas para defender a existência do Dragão da Garagem de Sagan.
Qualquer hipótese que gere previsões adicionais quando é lançada não é ad-hoc. Segundo Popper, hipóteses ad-hoc são as que reduzem a falseabilidade de uma teoria, enquanto as não-ad hoc são as que aumentam a falseabilidade ou, ao menos, a preserva.

[...]

Offline Gauss

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Re:Psicologia é ciência?
« Resposta #13 Online: 01 de Janeiro de 2017, 19:12:13 »
Acho que a maior parte da Psicologia, como a Psicologia médica ou Psicologia comportamental podem ser consideradas ciências. Acho que o principal problema da Psicologia é a sua subjetividade, o que gera uma forte discussão quanto a sua cientificidade.


Há também matérias pseudocientíficas que tentam se passar como Psicologia, como é o caso da Teoria Psicanalítica.
http://www.universoracionalista.org/psicanalise-uma-pseudociencia-escondida-a-vista-de-todos/
http://www.universoracionalista.org/psicanalise-nao-e-ciencia/
Citação de: Gauss
Bolsonaro é um falastrão conservador e ignorante. Atualmente teria 8% das intenções de votos, ou seja, é o Enéas 2.0. As possibilidades desse ser chegar a presidência são baixíssimas, ele só faz muito barulho mesmo, nada mais que isso. Não tem nenhum apoio popular forte, somente de adolescentes desinformados e velhos com memória curta que acham que a ditadura foi boa só porque "tinha menos crime". Teria que acontecer uma merda muito grande para ele chegar lá.

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Psicologia é ciência?
« Resposta #14 Online: 01 de Janeiro de 2017, 19:45:02 »
Acho que as coisas mais cientificamente "inspiradoras" que já vi de psicologia vieram do Daniel Kahneman, você começa até a achar que talvez ele devesse dar pitaco em outras áreas da ciência, nos aspectos de comprovação estatística e esse tipo de coisa.

Offline JJ

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Re:Psicologia é ciência?
« Resposta #15 Online: 01 de Janeiro de 2017, 20:21:06 »

Eu não estou exatamente a fim nem sou gabaritado o suficiente para um debate mais profundo sobre epistemologia, mas, de modo geral, é um resumo sim, e bastante consensual -- isso é, desconsiderando a "discórdia" [...]



Nem eu sou, mas há pessoas que são e que afirmam isso (que o falsificacionismo não é consenso, que há problemas nesta proposta) ,  como podemos ver no exposto neste texto de Desidério Murcho:


Crítica

18 de maio de 2009

Falsificacionismo e necessidade

Popper usava uma só solução — a falsificabilidade — para resolver dois problemas: o problema da indução e o problema da demarcação entre ciência e pseudociência. Mas tanto num caso como no outro pressupõe que as conjecturas científicas são possivelmente falsas, e nunca necessariamente verdadeiras.


Vejamos no caso da indução. Popper pensa que o problema é nenhuns corvos pretos, por exemplo, poderem confirmar que todos os corvos são pretos, ao passo que basta um corvo branco para refutar a mesma ideia. Trata-se então de fazer conjecturas que possam ser refutadas pela realidade. Se conjecturo que os corvos têm uma alma indetectável a quaisquer testes, isto não é falsificável porque nada poderá acontecer na realidade que refute a conjectura. Ao passo que a conjectura de que os corvos são pretos pode ser refutada.


Pode? Bom, depende de pressupor que realmente é possível haver corvos que não sejam pretos. No caso dos corvos isto é plausível. Mas no caso de leis e identidades científicas mais profundas, isto não é assim tão claro. Saul Kripke e outros filósofos contemporâneos como Alex Bird defendem que muitas das proposições fundamentais da ciência são necessárias (ainda que não sejam logicamente necessárias). Se isto for verdade, tais proposições não são falsificáveis no sentido em que Popper concebia a falsificação, pois não há qualquer possibilidade de descobrir que a água não é H2O, por exemplo, ou que o ouro não tem o peso atómico que tem.


É possível reformular a ideia central de Popper? Sim. Podemos entender a falsificabilidade como um conceito meramente epistémico. Mas não era isso que Popper tinha em mente. Um conceito metafísico de falsificabilidade tem a vantagem de ser possível ter proposições científicas verdadeiras falsificáveis, ainda que nunca saibamos se são realmente verdadeiras; mas tem a desvantagem de pressupor que todas as proposições científicas são contingentes. Um conceito epistémico de falsificabilidade tem a vantagem de não pressupor que todas as proposições científicas são contingentes; mas tem a desvantagem de admitir que falsificar uma proposição não é senão deixar de pensar que uma proposição é verdadeira e passar a pensar que é falsa, sem que nem antes nem depois se trate de descobrir seja o que for quanto ao valor de verdade da proposição científica em si. Ou seja: é uma concepção anémica de falsificação.


Em suma: o falsificacionismo de Popper pressupõe sem argumentos que as proposições científicas são todas contingentes, o que pode ser posto em causa e tem sido posto em causa desde os anos 70 do séc. XX — além de já antes ser rejeitado por filósofos como Aristóteles. Um defensor do falsificacionismo ou argumenta contra a ideia de que há proposições científicas necessárias, ou torna o conceito de falsificacionismo anémico. Não parece haver outras alternativas.


http://blog.criticanarede.com/2009/05/falsificacionismo-e-necessidade.html



« Última modificação: 01 de Janeiro de 2017, 20:30:04 por JJ »

Offline JJ

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Re:Psicologia é ciência?
« Resposta #16 Online: 01 de Janeiro de 2017, 20:43:59 »
Não é algo difícil encontrar críticas (com referências a pessoas da área)  ao falsificacionismo de Popper, só para exemplificar aqui vai mais uma:



Críticas ao falsificacionismo de Karl Popper



As insuficiências da corroboração


É possível que duas hipóteses resistam ao mesmo tempo aos testes experimentais, nesse caso a teoria de Popper não nos permite escolher qual das hipóteses devemos preferir, uma vez que ambas podem estar corroboradas e podem, igualmente, servir de base a previsões que se revelarão boas.
As refutações em ciência são muito mais raras do que as confirmações. Se estiver certo o pressuposto de Popper segundo o qual o conhecimento é precedido de predisposições e expetativas, então se os cientistas estiverem orientados para a verificação das teorias e não para a sua falsificação, é mais provável que na maior parte dos testes experimentais não se assista à refutação da conjeturas. Na verdade nem todos os cientistas concordam com o falsificacionismo (e talvez seja uma pequena minoria o número daqueles que se reivindicariam como falsificacionistas).

Texto 1

"Nos seus termos mais simples, a explicação de Popper para o conhecimento científico envolve generalizações e os seus testes observacionais. Se encontrarmos um contra-exemplo genuíno a uma generalização, podemos dizer que foi dedutivamente refutada. Segundo Popper, os casos negativos fornecem bases racionais para rejeitar generalizações. Se, contudo, fizermos observações e executarmos testes mas não encontrarmos instâncias negativas, tudo o que podemos dizer dedutivamente é que a generalização em questão não foi refutada.


O conceito de corroboração de Popper foi concebido para medir o modo com conjecturas têm resistido a críticas severas, incluindo testes severos. Penso que esta é a tese crucial: que há uma base racional para preferir usar num argumento previsivo uma generalização não refutada em detrimento de outra refutada. Se isso for verdade, então Popper pode legitimamente afirmar que resolveu o problema da previsão racional. É que as teorias científicas são usadas tanto para fins teóricos como práticos - fins esses que incluem a previsão.

Ora esta perspectiva da corroboração contém dificuldades sérias.

Watkins e Popper concordam, penso, que as afirmações corroboradas relatam observações do passado e do presente, e que afirmações deste tipo não têm em si conteúdo previsivo. As conjecturas, hipóteses, teorias é que têm conteúdo previsivo. Para fazer uma previsão, é necessário escolher uma conjectura que tenha conteúdo previsivo para ser usada como premissa num argumento previsivo. Para fazer uma previsão racional, parece-me ser necessário fazer uma escolha racional de uma premissa para tal argumento.

Porém, com base nas nossas provas observacionais e nas afirmações sobre a corroboração de uma dada conjectura não se garante qualquer avaliação previsiva. Assim, parece-me que a corroboração não fornece qualquer base racional para preferir uma conjectura a outra para fins de previsão prática.

Não estou a reclamar por não termos a certeza de que uma delas irá permitir uma previsão correcta e outra não. Estou a reclamar porque não se forneceu qualquer base racional para uma preferência deste tipo."

Wesley C. Salmon, Previsão Racional
(Adaptado)

http://portico-proffil.blogspot.pt/2008/05/uma-crtica-popper.html

Texto 2

"Consideremos a mais conhecida tese de Popper: a ciência não procede por «indução» – isto é, encontrando instâncias confirmativas de uma conjectura, mas antes falsificando conjecturas arriscadas e atrevidas. A confirmação, argu­mentou, é lenta e nunca é certa. Por contraste, uma falsificação pode ser súbita e definitiva. Além do mais, encontra-se no coração do método científico.


Um exemplo familiar de falsificação liga-se à asserção de que todos os cor­vos são pretos. Sempre que se encontra um novo corvo preto confirma-se obviamente a teoria, mas há sempre a possibilidade de que apareça um corvo não preto. Se tal acontece, a conjectura é imediatamente desacreditada. Quanto mais vezes uma conjectura enfrentar os esforços para a falsificar, afir­mou Popper, maior se torna a sua «corroboração», todavia, a corroboração é também incerta e não pode nunca quantificar-se o seu grau de probabilidade. Os críticos de Popper insistem em que «a corroboração» é uma forma de indução, e que Popper simplesmente introduziu à sorrelfa a indução pela porta das traseiras dando-lhe um novo nome. A questão famosa de David Hume era «Como é que a indução pode ser justificada?» Não pode, disse Popper, porque tal coisa como a indução não existe!

Há muitas objecções a esta afirmação assombrosa. Uma é a de que as fal­sificações são muito mais raras em ciência do que a procura de instâncias confirmativas. Os astrónomos procuram por sinais de água em Marte. Não pensam que estão a fazer esforços para falsificar a conjectura de que Marte nunca teve água. […]


Popper reconheceu – mas descartou como não sendo importante – que a falsificação de uma conjectura é simultaneamente a confirmação de uma conjectura oposta e que cada instância confirmativa de uma conjectura é uma falsificação de uma conjectura oposta. [...]
Para os cientistas e filósofos estranhos à confraria popperiana, a ciência opera principalmente por indução (confirmação) e também e menos frequentemente por desconfirmação (falsificação). A sua linguagem é quase sempre a da indução. Se Popper aposta num certo cavalo para ganhar uma corrida e o cavalo ganha, não é de esperar que grite, «Boa, o meu cavalo não conseguiu perder».

Os astrónomos estão agora a encontrar evidência constringente de que planetas mais e mais pequenos orbitam sóis distantes. Seguramente esta é evidência indutiva de que pode haver planetas do tamanho da Terra mais além. Porquê preocupar-se em dizer, cada vez que um novo e mais pequeno planeta é descoberto, que tende a falsificar a conjectura de que não há plane­tas pequenos para além do nosso sistema solar? Porquê arranhar a orelha esquerda com a mão direita? [...]

Ernest Nagel, famoso professor de Filosofia da Ciência da Universidade de Columbia, na sua Teleology Revisited and Other Essays in the Philosophy and History of Science (1979), resumiu o assunto deste modo: «A con­cepção de Popper acerca do papel da falsificação... é uma sobressimplificação que está perto da caricatura dos procedimentos científicos.»
Para Popper, aquilo que o seu principal rival Rudolf Carnap designava por um «grau de confirmação» – uma relação lógica entre uma conjectura e toda a evidência relevante – é um conceito inútil. Em vez disso, como referi' anteriormente, quanto mais testes de falsificação uma teoria passar, mais ela ganha em corroboração. É como se alguém declarasse que a dedução não existe, mas que, certamente, algumas afirmações podem implicar logica­mente outras afirmações. Vamos inventar um novo termo para dedução, tal como «inferência justificada». Popper não discordava assim tanto de Carnap e de outros indutivistas, de modo que reformulou as suas ideias numa termi­nologia bizarra e esotérica."

Martin Gardner, A Sceptical Look at Karl Popper (Traduzido e adaptado).
http://pedromotafiloescola.blogspot.pt/2013/05/uma-critica-ao-falsificacionismo-de.html

Publicada por Paulo Gomes à(s) 09:52   
Etiquetas: Críticas a Popper, falsificacionismo, Karl Popper


http://filosofarliberta.blogspot.com.br/2016/04/criticas-ao-falsificacionismo-de-karl.html

« Última modificação: 01 de Janeiro de 2017, 21:00:17 por JJ »

Offline JJ

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Re:Psicologia é ciência?
« Resposta #17 Online: 01 de Janeiro de 2017, 20:51:07 »
E confirmando minha proposição de que este problema de demarcação e cientificidade não é um problema considerado consensual e resolvido:


[...]
O historiador das ciências Robert Nadeau explica, por seu lado, que é "impossível passar aqui em revista o conjunto dos critérios de demarcação propostos desde cem anos pelos epistemologistas [para se definir ciência] ... [e que] pode-se aparentemente formular um critério que exclui qualquer coisa que se queira excluir, e conserva qualquer coisa que se queira conservar."[Ref. 10]
[...]

https://pt.wikipedia.org/wiki/Ci%C3%AAncia#Defini.C3.A7.C3.A3o_larga






Offline Gigaview

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Re:Psicologia é ciência?
« Resposta #18 Online: 01 de Janeiro de 2017, 21:31:15 »
Penso que algumas áreas da psicologia são mais científicas do que outras dependendo do grau de subjetividade envolvida e da aplicação de ferramental de metodologia científica. Acho que não é possível generalizar dizendo que é totalmente Ciência, talvez algo próximo de uma área que concentra expressivo conhecimento científico acumulado. O mesmo vale para a medicina e demais "ciências" humanas e biológicas.

Brandolini's Bullshit Asymmetry Principle: "The amount of effort necessary to refute bullshit is an order of magnitude bigger than to produce it".

Pavlov probably thought about feeding his dogs every time someone rang a bell.

Online Cinzu

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Re:Psicologia é ciência?
« Resposta #19 Online: 01 de Janeiro de 2017, 22:17:16 »
A pergunta central do tópico deveria ser: "psicanálise é ciência?".

Existem diversos métodos terapêuticos distintos na psicologia. Mesmo em uma mesma área, há várias vertentes diferentes. A psicanálise, sem sombra de dúvidas é uma das mais controversas. Vários pesquisadores já afirmaram que ela não baseia-se em métodos científicos válidos, e portanto, propuseram novas metodologias de tratamento. Temos como grande exemplo, Albert Ellis, que rompeu totalmente com a psicanálise, alegando que tratava-se de "perca de tempo" e desenvolveu a Terapia do Comportamento Emotivo Racional (TCER).

Em um país como o Brasil, onde temos médicos defendendo com seriedade homeopatia e fosfoetanolamina, biólogos que acreditam em criacionismo, climatologistas que negam o aquecimento global e físicos que defendem o moto-perpétuo, não é nada impressionante você ter tantos professores a favor da psicanálise. Minha sugestão é que não se deixe levar apenas pelo consenso de sua faculdade. Valorize sua profissão e os bons profissionais preocupados em tratamentos com embasamentos científicos. Pesquise sempre, não limite-se ao conhecimento da universidade, busque fontes confiáveis, seja cética e tente por conta própria, aprender a diferenciar a boa e a má psicologia no âmbito acadêmico.
« Última modificação: 02 de Janeiro de 2017, 14:29:05 por Cinzu »
"Não é possível convencer um crente de coisa alguma, pois suas crenças não se baseiam em evidências; baseiam-se numa profunda necessidade de acreditar"

Offline Lakatos

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Re:Psicologia é ciência?
« Resposta #20 Online: 01 de Janeiro de 2017, 22:50:06 »
Acho que nesses tópicos com pessoas novas querendo tirar dúvidas a gente deveria dar uma maneirada no sarcasmo. A pessoa sai mais confusa do que chegou.

Offline Geotecton

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Re:Psicologia é ciência?
« Resposta #21 Online: 02 de Janeiro de 2017, 08:27:29 »
Acho que nesses tópicos com pessoas novas querendo tirar dúvidas a gente deveria dar uma maneirada no sarcasmo. A pessoa sai mais confusa do que chegou.

Concordo.

O mais adequado é simplesmente apresentar os argumentos prós e os contras a cientificidade da psicologia (indicando sob qual autor) e se abstendo de dar "opiniões" pessoais.
« Última modificação: 02 de Janeiro de 2017, 08:32:38 por Geotecton »
Foto USGS

Offline Muad'Dib

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Re:Psicologia é ciência?
« Resposta #22 Online: 02 de Janeiro de 2017, 09:10:41 »
Psicologia é uma tentativa de abordar cientificamente um assunto que é altamente complicado de se usar a metodologia científica. Se tem um alto nível de bobagens no meio é justamente por causa desta dificuldade. Fica muito fácil confundir leigos e até entendidos no assunto.

Offline DDV

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Re:Psicologia é ciência?
« Resposta #23 Online: 02 de Janeiro de 2017, 10:04:32 »
Acho que as coisas mais cientificamente "inspiradoras" que já vi de psicologia vieram do Daniel Kahneman, você começa até a achar que talvez ele devesse dar pitaco em outras áreas da ciência, nos aspectos de comprovação estatística e esse tipo de coisa.

O que você acha de Satoshi Kanazawa?


 :hihi:
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Offline DDV

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Re:Psicologia é ciência?
« Resposta #24 Online: 02 de Janeiro de 2017, 10:11:20 »
Focando no tópico:


A Psicologia é muito semelhante à Economia.

Ambas lidam com fenômenos humanos complexos, difíceis de serem isolados em laboratório, ou serem submetidos a condições 'ideais' para testar hipóteses e formular leis. Devido a isso, acabam se dividindo em "escolas", cada uma focando um determinado aspecto ou defendendo uma determinada teoria, considerada a mais fundamental.

Dentro da psicologia, a escola que mais se esforça para enveredar pelo caminho da ciência como a conhecemos é a Behaviorista. A que menos se esforça é a Psicanálise.

(Analogamente, na economia há escolas mais próximas de uma metodologia científica do que outras).

O status de 'ciência' da Psicologia é superior ao da Economia, ao meu ver, porque alguns ramos da mesma são melhor testáveis.

Mas a Psicanálise (que é apenas um ramo, uma escola da psicologia) certamente é pseudociência.



Resumo do post: a psicologia é científica, a psicanálise é uma teoria psicológica pseudocientífica.

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