O erro do teu argumento é considerar a moralidade relativa, e daí decorre todos os teus outros erros. Mas se a moralidade é única, pode-se ter diversos governos com uma única forma jurídica (o que no fundo equivaleria a um Deus único, embora diversamente representado), ainda que as formas políticas divergissem.
A moralidade só se aplica a pessoas e não a coisas. Quando se tenta aplicar a moralidade a coisas (como o fazem os materialistas), a moralidade verte-se em diversas doutrinas de felicidade e utilitárias, e aí sim ela varia de cultura para cultura, de tempo para tempo.
Lembre-se que estamos falando aqui de uma existência livre e suprassensível. E no que se refere a seres livres (dotados da faculdade de liberdade, ou livre-arbítrio), a Lei Moral é a própria condição de exercício dessa liberdade, e sem ela, o exercício da liberdade não é possível (ou pelo menos é grandemente prejudicado).
A Lei Moral basicamente consiste no direito/dever de não se tratar e nem tratar outros seres racionais como se fossem simples objetos materiais (tratá-los com dignidade, e não como se tivessem um "valor" ou "preço"), no direito/dever de ser um membro-legislador no reino dos fins (ou seja, ser um membro-legislador das leis que é obrigado a cumprir e não meramente um cumpridor de leis), e no direito-dever de tratar a si mesmo e os outros seres racionais como iguais, nem acima, nem abaixo (não estabelecer para si privilégios unicamente em decorrência de uma supervalorização pessoal, e nem se colocar em atitude servil e rebaixada perante os outros).
Esses preceitos são aculturais, atemporais e aespaciais. Mesmo que não se os cumpra, não deixa de ser um dever cumprir e a própria moralidade promete consequências para quem descumpre ou fomenta esses preceitos, e Deus deve ser pensado como uma das causas eficientes da Lei Moral, ou seja, aquele que cumpre as promessas da moralidade, pois do contrário a moralidade não seria uma Lei, mas seriam meros conselhos.
Em existindo seres dotados de liberdade, a moralidade a eles se aplica inexoravelmente. Mas se não existirem seres dotados de liberdade, a moralidade é uma palavra vazia, pois não faz sentido falar em uma "Lei de Liberdade" para coisas que não são livres. Por isso que ateus e materialistas (que em geral não creem no livre-arbítrio) disfarçam, sob o nome de moralidade, o que nada mais são do que meras doutrinas de felicidade, e essas últimas sim, são relativas.