Boa noite, cavalheiros,
Não sei se aqui é o lugar indicado para postar isso, não sendo, por favor , moderador, mude-o para o local certo, peço a ajuda de vocês que são pessoas sapientes.
Segue meu preâmbulo:
Sempre tive poucos amigos e sempre fui uma pessoa triste, mas isso são coisas do passado e não quero me vitimizar, mas já faz três anos que isso se acentou, depois do término, quando o namoro acabou não soube lidar com isso, pensava em suícidio a todo momento, depois disso busquei ajuda profissional e espiritual, mas como me considero agnostico, sinto que foi uma perca de tempo, não consigo me encaixar, talvez o fato de procurar a religião fosse para minha ex voltar comigo, mas ela se casou com um religioso da igreja dela. Não consigo usar a religião como muleta.
Enfim, tenho 29 anos, sou uma pessoa que detesta o trabalho por não ter tato social, lido muito mal com os meus colegas, sou paranoico e sempre reprimo muito minha raiva, ou seja, no lugar de ser assertivo na vida, sou passivo perante ela, e isso vem me corroendo por dentro. Além disso, penso demais no passado nos momentos bons que tive com minha ex e também penso nas coisas ruins que já me aconteceram. Já tomei diversos remédios para depressão, já cogitei e estudei deveras meio para encontrar uma cura, pesquisei cirrugias no cérebro, quero morrer , mas não mais de verdade, mas sim meu eu atual e ser outra pessoa...
Enfim, não tenho amigos, e o pior, nem confiança em mim, mas quero mudar isso, quem já passou por esse inferno, gostaria de ouvir conselhos, não sei o que fazer para sair dessa, estou bem melhor que anos atrás, mas sinto como se carregasse uma bola de ferro.
O que fariam no meu lugar?
Agradeço-lhes desde já.
Meu caro,
Você tem alguma paixão, alguma coisa pelo que valha a pena viver?
Você tem algo que ama, que quer estudar, aprender, conhecer?
Você disse que buscou ajuda espiritual mas foi perda de tempo por ser agnóstico. Ora, e desde quando a profundidade das espiritualidades se resume a crenças, a congregações?? A filosofia taoista, que fala tanto sobre a Mudança, sobre aceitar e ir com o Fluxo das coisas, pode te ajudar muito. O budismo, com seus ensinamentos sobre a Impermanência e Interdependência de todas as coisas (e consequentemente percebendo o Apego e o Desejo como causas para o sofrimento) também pode te ajudar bastante a se aprofundar e se curar. Te recomendo muito o livro O ESPÍRITO DO ZEN de Alan Watts. Já Mestre Eckhart, por exemplo, é um místico católico que fala da transcendência através do desprendimento. Pode ser interessante também. Tudo isso sem necessidade de crença religiosa alguma.
Acima de tudo, penso que você deveria interessar-se novamente pela vida. Com certeza tem algo que já passou pela sua cabeça, que você já cogitou lá atrás, que prestou atenção na adolescência ou na infância, e que nunca realmente se aprofundou, que nunca viveu até hoje. Pode ser alguma arte, hobby, tema, estudo, não sei.
Trabalho, amigos, etc, são coisas secundárias. Não no sentido de prioridade, mas porque devem surgir como consequência, não como causa... consequência de uma vida verdadeiramente vivida, de perseguir suas paixões, seus interesses... essa própria Busca vai acabar te levando para pessoas, para circunstâncias, lugares, pessoas, relações... Você vai conhecendo tudo isto conforme essas coisas vão cruzando seu caminho, que é só seu, individual, intransferível.
Você começou a buscar alguma coisa, aqui e ali, mas como não "obteve", tinha desistido.
Amigo, não é questão de obter. Apesar da busca aparentemente nos conduzir a algo, esse algo é apenas uma desculpa para a própria busca. Caro amigo, a Busca é um fim em si! A vida é uma viagem, não é partida e nem chegada. Querer viver não é chegar a algum lugar, porque aí, quando chegasse, faria o quê? Ia acabar? O conselho a seguir eu recebi de um professor da ordem martinista:
"Vá para seu quarto, feche a porta
E leia aquilo que está escrito no seu coração
E volte-se para o tesouro que seu coração escolheu
Só assim o homem pode encontrar felicidade,
ou um objetivo que pertença a ele.
Cada indivíduo deve atravessar seu próprio deserto
e sentar sob sua própria árvore de Bodhi
Viva da maneira que acreditas dever viver, peregrino
A inspiração de sua alma te mostrará o caminho
Se não, o ego te mostrará o caminho
E de uma forma ou de outra
Encontrarás o que te pertence."