Já percebi que há uma tendência de vocês subestimarem a capacidade do sujeito enquanto ele está na universidade, mas desconsideram todas essas dificuldades enquanto o mesmo está se preparando para o vestibular.
Pelo contrário. Como eu tenho noção das dificuldades é que eu acho que o problema deve ser solucionado na base. É base que os alunos precisam, não cotas para continuar sem saber nada.
Mas a questão pontual disso tudo vocês ainda não perceberam. O problema é que o vestibular é desnecessário e ineficaz.
É necessário. Se é eficaz, é outro assunto. Você acha que qualquer um tem capacidade para ser médico, por exemplo (apelando para a profissão mais valorizada da população em geral)? Você sentiria a mesma confiança em um médico que foi formado pela USP, após ter passado pelo vestibular da FUVEST ou em um que entrou na cota na Universidade Estadual do fim do mundo?
É uma tolice acreditar que um exame poderá avaliar o conhecimento que você adquiriu durante anos de estudo, e olha que eu nem quero tocar no ponto que se refere a qualidade desse ensino.
O vestibular não é perfeito, mas é nossa melhor opção. É necessário haver uma seleção e não vejo opção melhor a não ser selecionar o conhecimento, afinal de contas, o governo investiu dinheiro pagando professores e escolas (por piores que sejam) para dar um conhecimento ao indivíduo.
Só para você ter uma idéia, ainda existem escolas que cobram do aluno o nome das margens do rio Amazonas, e também a data de "comemoração" da Inconfidência Mineira!!!
O vestibular é geral. Algumas pessoas têm mais aptidão para exatas outras para humanas. Por isso muitas vezes ou o vestibular é vocacionado ou há pesos diferentes para cada disciplina, premiando quem acerta mais nas questões mais adequadas a cada curso.
Dito isso, como é que um único padrão de avaliação pode dar conta das disparidades encontradas na metodologia do ensino que se pode verificar numa mesma cidade?
Não importa a metodologia de ensino quando o conteúdo ministrado é o mesmo. Qualquer metodologia de ensino deve visar a aprendizagem. Algumas pessoas tem mais facilidade com determinada metodologia, outras com outra. É impossível em uma turma agradar a todos. Aí entra um pouco da boa vontade do aluno e de sua busca própria. Correr atrás.
Não se pode falar em "méritos" quando se trata de uma realidade tão desigual. Se todos tivessem condições e oportunidades iguais, aí sim, poderia se falar em méritos, mas nos moldes que encontramos hoje, é uma covardia dizer que um cara tem que ficar se matando de "estudar", só para fazer um exame, e depois que ele entrar na faculdade ter que repensar tudo o que ele aprendeu e abandonar boa parte dele... francamente...
O vestibular é padronizado. As provas são abertas, qualquer um pode ter contato com as provas dos vestibulares passados e ver como são. Ou seja, o vestibular é o mesmo para todos, e todos devem cursar um currículo mínimo que contempla a matéria que cai no vestibular. Desculpe, mas não é problema do vestibular se um determinado aluno não estudou. O vestibular está em ordem, cumprindo sua função que é selecionar aqueles que obtiveram melhor conhecimento durante seu ensino fundamental e médio.
Se há problemas na base, por que não corrigir a base? Por que corrigir o que está correto? Medidas populistas de curto prazo (como os políticos adoram, pois as eleições não são daqui a 20 anos, são ano que vem) sempre têm mais efeito, mas não ajustam nada, não servem para nada a não ser gerar mais problemas. Ajustando-se o ensino de base (e isso necessita de inúmeras medidas) resolverá o problema para sempre, mas não garantirá votos no ano que vem. Além disso, é necessário mexer em muita coisa que não vai agradar a maioria. Também, reformas educacionais são silenciosas, não são como obras públicas ou cotas discriminatórias populistas.