ja leu o universo holografico de David Bohm?
Acho que há uma pequena confusão aqui.
Sobre o assunto, Bohm escreveu o livro "A totalidade e a ordem implicada" o qual parece ser o que o Fayman está comentando.
Ele foi entrevistado no livro "O paradigma holográfico", organizado por Ken Wilber. O livro possui algumas informações interessantes mas, se perde em especulações místicas.
O livro "O Universo Holográfico" é de autoria de Michael Talbot e dedica bom espaço às idéias de Bohm e de Pribram, as primeiras páginas são muito interessantes e informativa mas, no fim falando em almas, holismo e assuntos congeneres.
Procurei para ver se encontrava um livro "Universo Holográfico" de autoria do Bohm mas não fui capaz de encontra-lo. Se, me enganei e o livro realmente existe, peço que me avisem, teria grande prazer em le-lo.
Sim, eu já li a respeito, assim como já li toda a obra de Bohm; contudo, ele advoga idéias, não Física. Essas idéias podem até ser fascinantes de um ponto de vista, mas não diferem de crença, de uma maneira geral. Inclusive, muita gente confunde esse Universo Holográfico de Bohm, com a teoria hoje chamada de Universo Holográfico.
De fato, tratam-se de teorias com fundamentação completamente distinta.
A teoria do Universo Holográfico, de Bohm, foi influenciada pelos trabalhos e observações de Karl Pribram, ilustre neurologista intrigado com a aparente não-localidade da memória e pelo paradoxo EPR, que foi posteriormente simplificado por Bohm.
Já o Princípio Holográfico, desenvolvido principalmente por Raphael Bousso e por Gerald t' Hooft na questão da entropia de buracos negros. ( Diante da chuva de extrapolações místicas sobre a questão holográfica, é interessante observar que t' Hooft não acredita em qualquer fenômeno paranormal e possui o seu próprio desafio paranorma, de 1.000 euros :
http://www.phys.uu.nl/~thooft/para.html )
Vale lembrar inclusive que a concepção da Totalidade e a Ordem Implicada nada mais é do que o conceito, defendido por Bohm, entre outras, das Variáveis Ocultas, estendido a uma visão universal, estendido à realidade como um todo. O caso é que as VO, e consequentemente seu conceito, se mostraram erradas, o que acaba por invalidar a idéia como um todo.
Neste ponto, tenho uma dúvida que gostaria de compartilhar. Quando lí o livro de Bohm sobre o assunto, acreditei que ele utilizava o conceito de realidade implicada e realidade explicada como uma metáfora para ilustrar a possibilidade de uma relação não-cartesiana entre elementos no espaço.
Ele parece dar uma "dica" neste sentido quando estende a analogia de que a cência observa o mundo através de uma lente para "a ciência observa a realidade através de um holograma"
Ademais, muito do que é escrito na internet, supostamente fundamentado no trabalho de Bohm não é pertinente. Um erro muito recorrente é tratar o holograma como uma forma de armazenagem onde cada parte possui a representação exata do todo, o que não é verdade (e Bohm explica isso no livro). No holograma, cada unidade de informação não possui uma correspondência com um "ponto" específico de uma imagem mas é relevante para a imagem representada , se "cortarmos" um holograma em 2, a imagem que veremos será muito semelhante à anterior, mas estará mais embaçada.
Alias, a "mágica" do holograma em representar em uma chapa bidimensional um objeto tridimensional já foi indiretamente explicada pelo Fayman : A superfície de um objeto tridimensional possui 2 dimensões, sendo perfeitamente possível armazenar suas informações em uma superfície bidimensional, como o holograma. (perceba que o holograma de uma maça não contém nenhuma informação sobre o caroço).
Curiosamente, minha idéia de Totalidade, no sentido de Realidade, é inversa à de Bohm, onde o Indeterminismo Quântico não só é intrínseco à nossa Realidade, mas sim, o próprio existir é fruto de esse flutuar.
Não sei se captei bem a sua idéia. Você está dizendo que ao invés da flutuação quântica ser uma ilusão criada por uma realidade diferente da qual percebemos cognitivamente , a flutuação seria a responsável pela criação da matéria ?