Gentes, o católico não-praticante é coisa perfeitamente natural. O conceito de "não-praticante", inclusive, só faz sentido se em comparação com denominações religiosas que pregam a predestinação. O católico não precisa ter uma vida regulamentada e completamente pautada nas diretrizes de sua igreja para ser salvo. Em outros casos, o indivíduo precisa viver em estado de graça para ser salvo. Mas com o calvinista esta ordem se inverte, e ele, já salvo, vive em estado de graça e tem uma prática que agrada a Deus, por conseqüência óbvia. É o reconhecimento da sua ação neste mundo como "boa" que prova a ele, e à comunidade a que pertence, que o seu destino pós-morte será positivo.
Sendo assim, ele precisa ter uma atitude que confirme a sua eleição. A vida do calvinista é difícil. Ele não tem nenhum tipo de redenção nesta vida; não se utiliza de nenhum serviço religioso terceirizado; não tem intermediação nem negociação com Deus; não segue as diretrizes da sua igreja mas as de uma razão sua, que faz certo sentido se desconsiderado o seu pressuposto (e voltamos à anedota do homem saudável internado num hospício, que tinha todos os atos normais do cotidiano de uma pessoa normal, tais como escrever e cantar no chuveiro, registrados no seu prontuário como provas indiscutíveis da sua psicose). É uma tortura só finda com a morte, a incerteza quando à vida eterna. O calvinista precisa ter uma conduta sempre correta, por toda a sua vida, para ter esta certeza.
RIZK, M, "ética protestande de cu é espírito do capitalismo de rola", São Paulo, 2005.
Cadê o Maykon?!?!