Oi, Lunática.
Encaro como um elogio você me achar, levando em conta o que considera o meu estilo, um professor de filosofia. Eu até gostaria porque, não sei se levado pelo mesmo entusiasmo incontido do Martu por filmes orientais (nosso colega é um fanático pela cinematografia de lá, você viu?), sou um fissurado em filosofia e admiro os que ministram a matéria. Mas na verdade, sou professor de literatura francesa, mesma matéria que minha mãe leciona, e meu pai é professor de italiano. Talvez por isso, pela força familiar, segui a literatura, que também é meu barato. Só que filosofia é uma matéria da porra! Não sei se pela própria essência da disciplina, mas parece, pelo menos para mim, que professor de filosofia sempre sabe mais que os outros, porque vivem sempre em busca do fundamento de tudo. Noto, e isso é um elogio, que os professores de filosofia estão sempre aplicando a nós o método socrático, ou seja, nos encurralam fingindo ignorância, quando eles sabem a resposta daquilo que nos perguntam.
Mas vamos ao cinema, que é disso que aqui se trata, com um pouco de literatura no meio.
Von Trotta é realmente do cacete! Seu filme sobre Rosa Luxemburgo é uma maravilha, assim como três outros de seus filmes, A honra perdida de Katharina Blum (que ela codirige com o marido Volker Schlöndorff), Tempo de chumbo (de temática feminina e que fez minha namorada na época chorar) e O medo e o amor.
A honra perdida ela adaptou do romance homônimo de Heinrich Böll, Nobel de Literatura. Filme do cacete!
Schlöndorff tem paixão por literatura, tendo adaptado dentre outros livros As confusões do jovem Torless, história de veadagem entre moleques de colégio interno. Ele, segundo li, quis adaptar para o cinema Morte em Veneza do Thomas Mann, mas foi vencido pelo Visconti, que realizou um filme belíssimo, com um Dirk Bogarde fazendo tudo aquilo que um grande ator faz e que o José Wilker até hoje não aprendeu.
Abraços, Lunática.