Dois filmes do Ingmar Bergman pro pessoal conhecer.
Sonata de Outono - Höstsonaten, 1978/ Ingmar Bergman
Eva (Liv Ullmann) é uma pessoa comum, ela vive com o marido Viktor (Halvar Björk) e cuida da irmã doente, Helena (Lena Nyman).
Charlotte (Ingrid Bergmann) é uma pianista de sucesso.
Eva é filha de Charlotte. Elas não se veêm há sete anos e este filme é sobre o reencontro das duas.
A história apresenta uma tensão crescente entre mãe e filha. Eva é recatada e amorfa, ao passo que Charlotte é arrogante e fria, ao ponto de criticar a filha por cuidar da irmã doente. A tensão cresce até o ponto em que Eva explode com sua mãe. A partir desse momento, acompanhamos quarenta minutos de uma discussão entre mãe e filha. Não há trilha sonora, apenas a voz de Eva lembrando sua mãe de todos os seus erros. Ela mede cada palavra, cada frase, e tudo com o intuito de ferir Charlotte o máximo possível. É uma cena chocante, cruel e perturbadora. Ao invés de tristeza, somos invadidos por uma atmosfera angustiante. É um drama absurdamente real, que pode levar alguns de seus admiradores a encarar o abismo que pode existir entre pais e filhos.
A hora do lobo - Vargtimmen, 1968/ Ingmar Bergman
Johan Borg (Max von Sydon) e sua esposa Alma Borg (Liv Ullmann) mudam-se para uma pequena ilha e lá vivem durante sete anos. Johan é pintor e sua relaçao com Alma é distante, ela o ama enquanto ele parece não se importar com isso. Johan não demonstra sentimentos, sua face é a mesma durante o filme inteiro. O motivo é que nós podemos VER os sentimentos de Johan, eles nada mais são do que os personagens estranhos que povoam a ilha. Nós enxergamos o seu íntimo proque ele faz parte do filme, seus medos e angústias adquirem cada qual uma forma humana e assombram sua vida e a de Alma. Perturbador. Porém, mais perturbador ainda, é descobrirmos que o amor de Alma a torna capaz de enxergar as mesmas coisas que Johan e vivenciar seus medos exatamente como ele. Ao fim ela se pergunta se deveria amá-lo com menos intensidade para tentar compreendê-lo.