No sentido de que não existe alma imaterial faz sentido. Mas como provavelmente não é isso que defende, mas que na verdade existam consciências flutuantes, que realizam ao flutuar todas as funções como pensamento, emoção, percepção sensorial e locomoção, independentemente do cérebro, órgãos sensoriais e locomoção física, pergunto:
Por que um macaco, ou mesmo pequenos vertebrados como ratos, tem um cérebro muito menor que o humano, e ainda assim, tem o mesmo controle motor que o nosso? Para usar o corpo ou ou cérebro como veículo, tudo que o espírito precisaria é de um "volante". Outros animais com cérebros já tem "volantes" cerebrais que os capacitam de toda nossa movimentação.
Se fosse a alma que realizasse as funções que os materialistas atribuem ao cérebro, não precisariamos de ter um cérebro tão grande. Pois um cérebro para simples controle motor bastaria, se é a alma que pensa, se emociona, vê, etc. Bastaria transmitir as instruções de como o corpo deve se mover se baseando nessas operações que supostamente ela já faria quando flutuando por aí.
Desculpe-me, intrometer entre a sua troca de mensagens. Gostaria de tecer alguns comentários sobre seus comentários e analogia do espírito de animais e humanos.
Você parece não entender ser do Espírito uma série de expressões subjetivas, a exemplo das emoções, dos sentimentos, da ética, da moral etc. Sob ângulo filosófico, pode reputar-se a consciência de si (autoconsciência) como a sensação do que se é ou do que se está sendo. Nesse ponto, certa análise filosófica sustenta possuir a consciência 5 elementos constitutivos: a individualidade, a subjetividade, a totalidade, a intencionalidade e a prospecção. Não há consciência flutuante nenhuma, no sentido de que não se fixe em um referencial ou de que dela se originem os conteúdos de manifestação dos próprios elementos constitutivos. Desse modo, quando se discriminam ou categorizam as experiências da consciência em sentimentos, emoções, condutas éticas e morais, não se lhe atribui a causa daquelas (experiências), mas tão somente a recepção de um evento passível de, em face da subjetividade da consciência, fazer o ser consciente interiorizá-las com o significado próprio de cada conteúdo específico. Logo, não são as emoções que se originam da consciência da alma, sendo uma sensação-interpretação de uma outra causa não situada originariamente no arcabouço da alma. O mundo consciente afigura-se, por definição, totalizado e não fragmentário.
Sinta-se a vontade para se "intrometer" quando quiser.
Mas traduzindo tudo que disse: A alma ou(?) espírito, quando desencarnada(o), funciona mais ou menos como uma pessoa sem corpo, isso é, pode andar por aí (na velocidade que quiser, até se transportar pelo universo em velocidades consideradas fisicamente impossíveis), ver, ouvir, pensar, se emocionar, e eventualmente até interagir de formas fantasmagóricas ou poltergeistianas. Sim ou não?
"Sim", parece ser o conceito mais comum que as pessoas tem de "alma", uma "mente flutuante", a persistência da mente e da consciência, mesmo depoisa da morte, e na ausência de um corpo físico-materialista-ortodoxo
Você não entendeu nada o que escrevi e tentou
inventar para não ficar sem resposta. Vamos então a uma última tentaviva de entendimento.
Não dessa maneira simplória e pouco informativa. O Espírito, ao desencarnar, não funciona como uma pessoa sem corpo, porquanto ele próprio detém um organismo especializado a que a
Doutrina Espírita confere o nome de
perispírito, com a diferença de que nele existe uma espécie de '
neguentropia' que o não torna perecível como o organismo denso. No concernente à questão de o Espírito viajar a
velocidades fisicamente impossíveis, a idéia pertence aqui, por autoria sua, quiçá baseado no
2º princípio da Teoria Especial da Relatividade: "
a velocidade da luz é sempre a mesma em quaisquer sistemas referenciais, não importando qualquer movimento da fonte ou do observador (velocidade absoluta)". Ora, há teorias que procuram demonstrar não ser absoluta a velocidade da luz, admitindo a existência de velocidades
superluminares ou
supraluminares. Trata-se, é claro, de teoria, como aquela proposta por
João Magueijo, no livro
MAIS RÁPIDO QUE A VELOCIDADE DA LUZ, e como a de
Jean Charon, na sua
TEORIA DA RELATIVIDADE COMPLEXA, entre outras idéias. Dessa maneira, a impossibilidade entrevista por você se baseia apenas em um princípio da
Teoria da Relavidade Especial, não sendo agora mais do que uma teoria, contestada por muitos, mas válida.
Ademais, o conceito "comum que as pessoas tem (sic)" não equivale ao conceito adotado pelo Espiritismo. A mente flutuante seria uma mente não referenciada, randômica, o que - convenha-se - não compõe a idéia de Espírito adotada pela Doutrina. O Espírito vive e sobrevive em uma multidimensão própria, assim como os encarnados vivem em uma realidade tridimensional. Não se trata de "mente flutuante", adstrita ao espaço tridimensional e nele inserta. Por outro lado, que é um corpo "físico-materialista-ortodoxo"? O corpo orgânico auto-sentido e autopercebido? Perceba-se: não se trata aqui de provar ou desprovar, porque se está discutindo a erronia das bases de seu argumento.
A afirmativa de que "um macaco, ou mesmo pequenos vertebrados como ratos, (...), tem (sic) o mesmo controle motor que o nosso" não é integralmente verdadeira. As habilidades, por exemplo, da mão humana superam em muito as do macaco,
É verdadeira sim, os outros macacos não tem menor capacidade de coordenação motora que nós, determinada pelas partes do cérebro relacionadas diretamente ao controle motor. As diferenças entre as habilidades manuais de outros macacos e as nossas não se devem a "transmissão", por assim dizer, mas ao que controla o controle.
Não, meu caro, não é não. Eu assinalei não ser a tua afirmativa "
integralmente verdadeira",
não a chamando falsa. No instante em que se reconhece um problema de controle, aí não se tem mais a mesma habilidade, porquanto não se pode, em se utilizando o exemplo do macaco, admitir o órgão controlado sem o controlador, a não ser pela ablação do órgão e respectivo controle por eletroestimulação. Em tratados de anatomia e de fisiologia animal, podem encontrar-se diferenças suscetíveis de explicar e de justificar sim "diferenças motoras". Ainda assim, a suposítica ausência de complexidade mental-operacional dos símios, a refletir-se na motilidade manual, aduz a hipótese de que o órgão controlador/controlado tem complexidade proporcional à mente indutora. Em nenhum instante, referi-me a "problemas de transmissão".
Ou seja, não é uma questão tanto de diferença de "veículo", é uma questão de "piloto". Mais ou menos da mesma forma que duas pessoas, um pintor ou um músico, e um não-pintor e um não-músico, não tem suas menores habilidades de pintura ou musicais devido a terem algo de extremamente diferente no cerebelo, ou córtex motor (podem ter, mas de modo geral, não, estou falando do geral, não problemas de má-formação). Tem a ver, ao menos do ponto de vista fisico-materialista-convencional, com diferenças de aprendizado, principalmente das outras áreas do cérebro, e como essas áreas são capazes de comandar as áreas diretamente relacionadas ao controle motor.
Em que as diferenças de aprendizagem elidem a existência da mente controladora? Em sendo correto o teu raciocínio de que existem diferenças de aprendizagem, podem admitir-se, na mesma espécie, como idênticos fisio-anatomicamente dois cérebros normais. Ora, como se admite verdadeira a segunda premissa (identidade neurológica), como se dariam tais diferenças de aprendizagem, aleatoriamente? Assim sendo, se a habilidade se atribui a tais diferenças, é possível,
a priori, submeter dois gêmeos idênticos, com o mesmo cariótipo, ao mesmo referencial de aprendizagem, a fim de se tornarem dois "gênios pictográficos". Ora experiências parecem demonstrar não haver similute subjetiva no caso, isto é, não estão eles fadados a tornar-se dois grandes artistas. Ora, se neles existe capacidade específica de aprendizagem, mesmo possuindo
cérebros idênticos, algo existe passível de os diferenciar. Perceba-se: não estou dizendo ser o Espírito esse algo, mas apenas assinalando haver
algo. Daí, caem por terra as tuas diferenças de aprendizagem, considerando-se a idêntica organologia de cérebros idênticos. Ainda assim, a especiação de regiões próprias do cérebro não solucionam o problema da mente, porque ainda não se encontraram as
bases físicas de registro de informação, mas apenas zonas mnêmicas engramáticas em que se guardariam os dados da experiência existencial. Uma coisa é a base, outra é a informação. O DNA é a base biofísico-química da informação, capaz de autoduplicar-se e de produzir RNA (ribossômico, mensageiro e transportador), em presença de enzimas como a DNA-polimerase, a RNA-polimerase, as DNA-girases, DNA-helicases etc. A síntese de proteínas, para estruturar o corpo, ocorre através do RNA. A biologia, porém, tentando explicar o mecanismo de transmissão de informações pela
teoria do operon, ainda ignora como o organismo materializa essa informação estruturante no espaço tridimensional. Maior problema ainda existe quando se examinam propriedades subjetivas da mente humana. Por exemplo, posso evocar agora a fórmula matemática para cálculo do volume de um cone (V= 1/3 . B . h), mas aí eu tenho uma informação evocada pela vontade. Como a evoquei? Como se armazena no cérebro? Como se relacionam a base física e a informação no plano das operações cognitivas?
Ademais, simples habilidade motora não significa ação inteligente, tampouco expressão de habilidades do mundo subjetivo.
Não afirmei isso, afirmo apenas que se é a algo imaterial e não o cérebro que exerce as funções materialisticamente supostas como cerebrais, com pensamento, percepção, etc, não seria esperado ver grandes diferenças cerebrais nas áreas não diretamente relacionadas ao controle motor, entre espécies que tem essencialmente as mesmas capacidades motoras.
Também não escrevi que tu afirmaste nada. Por que não haveria diferenças neurológicas, se a complexidade mental-operacional da mente ali presente poderia exigir órgão capaz de interpretá-la? Quem afirmou ser o cérebro desprovido de função na interação cérebro-mente? A complexidade das funções cognitivas demanda a complexidade dos órgãos cognoscentes. Assim fosse, a mente não necessitaria de corpo para se manifestar. No atinente ao "imaterial", a carga semântica com que o utilizas depende de como o inseres no contexto. Que é mesmo
imaterial? Imaterial não é bem a expressão a ser utilizada, porquanto o Espírito, no Espiritismo, é alguma coisa.
A complexidade neurológica tende a acompanhar necessariamente a complexidade das funções tributadas ao homem, porquanto cada região do cérebro corresponde a um centro de controle específico, sob comando de um princípio sistêmico. Desse modo, aí não se tem prova capaz de invalidar a existência da alma, em face do argumento de que a cada órgão em si está associada uma função.
A conclusão é justamente o contrário do que se esperaria das premissias. Está fazendo uma argumentação completamente materialista, dizendo que o cérebro, além da parte simplesmente motora, é o que torna um humano diferente de um gorila no seu comportamento e capacidades, em vez da alma.
Não senhor, nada de materialista. Contrário por quê? A complexidade do órgão prende-se à complexidade da função por ele exercida. Não afirmei ser a operação mental gerada
pelo cérebro, mas
com o cérebro. No caso do gorila, há comportamentos e capacidades operacionalmente compossíveis com o grau de complexidade mental da espécie, de tal maneira que o cérebro equivale a um órgão por cuja necessária complexidade a mente operacionaliza as funções mentais, como as cognitivas, perceptivas, emocionais e sentimentais. Não me parece adequado raciocinar aí por exclusão, de tal maneira que um cérebro de alta complexidade eliminaria a noção de independência mental. Uma e outra coisa se complementam, porque receiprocamente necessárias a uma relação organofuncional. O problema é que você raciocina em termos de
paralelismo psicofísico à moda de
Leibniz, mas mente e cérebro interagem includentemente, como disse, à guisa de uma interface
codificadora-decodificadora. Desse modo, não argumentei de modo materialista, mas interacionista.
Por exemplo, analisando-se como funciona um aparelho de televisão, identificam-se duas dimensões de manifestação de mensagens: a dos componentes eletrônicos em si mesmos, capacitores, transistores, circuitos integrados, resistências ôhmicas e não-ôhmicas, indutores (bobinas) etc; e a das ondas eletromagnéticas responsáveis por conduzir as informações a serem transmitidas. A televisão decodifica os sons e as imagens codificadas na onda eletromagnética, mas não se afigura capaz de gerá-los ou de criá-los, pois corresponde a um receptor cuja estrutura eletrônica separa os dados para transformá-los em mensagens sensíveis e inteligíveis. Da mesma forma, as ondas carregam em si, potencialmente, os sinais sonoros e visuais, que estão aí e que não podem ser percebidos sem o auxílio do aparelho eletrônico. Existem, porém, as ondas distribuídas pelo espaço. Cada componente eletrônico tem a responsabilidade de interpretar o que lhe caiba no conjunto. Uma simples remoção de um deles implica mau funcionamento ou não funcionamento do aparelho, pois não se tem o componente responsável pela decodificação de um detalhe de mensagem.
Alteração do aparelho eletrônico ou das ondas eletromagnéticas gera mau funcionamento e incompatibilidade. Se o sinal eletromagnético for defeituoso, energeticamente fraco ou perturbado por outro campo eletromagnético, não se captarão as imagens e os sons corretamente, muito embora a televisão possa estar em perfeito estado, sem nenhum componente avariado. O contrário, todavia, também pode ocorrer, estando a mensagem em ordem, mas o aparelho com defeito de captação e de decodificação. Desse modo, pode entender-se o funcionamento do cérebro em relação à mente, pois cada circunvolução, cada região é responsável por um tipo de mensagem, atuando como decodificadora, se a mensagem vem da mente, ou codificadora, quando as informações dos órgãos dos sentidos devem ser transmitidas à mente. Desse modo, no estudo da interação cérebro-mente, pode considerar-se o sistema cerebral como uma interface codificadora-decodificadora.
A TV não faz um processamento significativo, o que eu colocaria como análogo ao "pensamento"; ela apenas transmite o pensamento já realizado em outro lugar, ao "corpo", à tela. Dessa forma, é mais ou menos análoga apenas a parte do cérebro relacionada diretamente ao controle motor (e ao corpo).
Aqui você não anda bem, pois, na analogia do aparelho televisivo, julga inexistir "processamento significativo". Ora, alguém, por um acaso, enxerga, em pleno ar, as imagens e os sons nele disseminados por ondas codificadas? As informações contidas em ondas eletromagnéticas, por meio de pulsos de freqüência (velocidade, altura, comprimento de onda), não são as imagens e os sons manifestos, mas somente codificados.
Não é mais ou menos análoga não, nem mesmo no controle motor. O fato de a onda estar codificado por uma fonte demanda a existência de um decodificador. Tal fonte codificadora é a própria mente centrifugamente, enquanto o cérebro é a interface que decodifica a mensagem mental e codifica a mensagem centripetamente, de fora para dentro, a partir do órgãos sensoriais.
Se assisto um filme de animação em computador na minha TV, a parte principal dele não está "acontecendo" nela, mesmo que fosse transmitido ao vivo para minha TV. Todos os processamentos relacionados estariam sendo realizados (ou teriam sido, no mundo real) pelos super-computadores que realizam em outro lugar o trabalho duro. Assim, tanto a minha tv quanto praticamente qualquer outra poderia exibir o mesmo filme. Também não importa o teor do filme, se é moral, imoral, se é inteligente ou idiota. Isso nada diz quanto a natureza do sinal.
E da mesma forma, tanto o gorila quanto o ser humano poderiam ter o mesmo comportamento, se ele fosse determinado em outro lugar além do cérebro, apenas transmitido o resultado final, a "imagem" e o "som", análogos a como o corpo deve se mover para realizar o que foi pensado em outro lugar. Não importa que o ser humano é consciente, moral, etc. Assim como não há necessidade de uma TV com sistema de recepção diferente para exibir filmes consideravelmente morais ou de alguma forma qualquer, superiores. Para uma fazer com que um robô de controle remoto se controle moralmente, esse robô só precisa de agir conforme a pessoa mandar; não precisa ele de uma antena qualquer diferente onde movimentos com intenções morais ou superioras sejam recebidos.
Mas o que acontece com os cérebros dos animais, é mais parecido com diferentes tipos de computadores - que realizam eles mesmos o processamento, em vez de apenas receberem o resultado final pronto. A "antena" ou "tv" cerebral - a parte do cérebro diretamente responsável pelo controle motor - pode ser essencialemente a mesma em muitos casos, mas mudanças mais significativas ocorrem em outras partes do cérebro, "coincidentemente" de acordo com as diferentes capacidades comportamentais de cada espécie.
Mais ou menos como diferentes computadores conseguem ou não executar diferentes programas com o mesmo desempenho, ainda que teoricamente, se pudesse usar o mesmo modelo de monitor (ou TV) em todos eles. Assim, dizer que essas partes mais desenvolvidas de nosso cérebro são "antenas" ou algo parecido para coisas específicas que estão acontecendo na alma é mais ou menos como dizer que filmes considerados "morais" precisassem de uma TV diferente para serem exibidos. E também está praticamente no mesmo nível de embasamento que dizer que os processadores não processam coisa nenhuma, mas na verdade há uma alma "imaterial" do computador que faz tudo, e o processador apenas capta esse sinal e transmite para o resto do pc; as diferenças de processamento dos processadores são diferenças na capacidade de recepção dessas cyber-almas.
Você não entendeu a analogia e inseriu a de um computador, também válida, mas não idêntica qual exemplo de uma interface, a qual atribuo ao cérebro. Ademais, a TV não recebe nada pronto, pois, do contrário, não se necessitaria de um sistema eletrônico. O que está pronto é o que está codificado, para ser decodificado em imagens e sons pela televisão. Outra coisa: trata-se de uma analogia apenas, suscetível de fornecer uma visão de como seria a interação cérebro-mente.
Continua...