Danniel,
No sentido de que não existe alma imaterial faz sentido. Mas como provavelmente não é isso que defende, mas que na verdade existam consciências flutuantes, que realizam ao flutuar todas as funções como pensamento, emoção, percepção sensorial e locomoção, independentemente do cérebro, órgãos sensoriais e locomoção física, pergunto:
Por que um macaco, ou mesmo pequenos vertebrados como ratos, tem um cérebro muito menor que o humano, e ainda assim, tem o mesmo controle motor que o nosso? Para usar o corpo ou ou cérebro como veículo, tudo que o espírito precisaria é de um "volante". Outros animais com cérebros já tem "volantes" cerebrais que os capacitam de toda nossa movimentação.
Se fosse a alma que realizasse as funções que os materialistas atribuem ao cérebro, não precisariamos de ter um cérebro tão grande. Pois um cérebro para simples controle motor bastaria, se é a alma que pensa, se emociona, vê, etc. Bastaria transmitir as instruções de como o corpo deve se mover se baseando nessas operações que supostamente ela já faria quando flutuando por aí.
Desculpe-me, intrometer entre a sua troca de mensagens. Gostaria de tecer alguns comentários sobre seus comentários e analogia do espírito de animais e humanos.
Você parece não entender ser do Espírito uma série de expressões subjetivas, a exemplo das emoções, dos sentimentos, da ética, da moral etc. Sob ângulo filosófico, pode reputar-se a consciência de si (autoconsciência) como a sensação do que se é ou do que se está sendo. Nesse ponto, certa análise filosófica sustenta possuir a
consciência 5 elementos constitutivos: a
individualidade, a
subjetividade, a
totalidade, a
intencionalidade e a
prospecção. Não há consciência flutuante nenhuma, no sentido de que não se fixe em um referencial ou de que dela se originem os conteúdos de manifestação dos próprios elementos constitutivos. Desse modo, quando se discriminam ou categorizam as experiências da consciência em sentimentos, emoções, condutas éticas e morais, não se lhe atribui a causa daquelas (experiências), mas tão somente a recepção de um evento passível de, em face da subjetividade da consciência, fazer o
ser consciente interiorizá-las com o significado próprio de cada conteúdo específico. Logo, não são as emoções que se originam da consciência da alma, sendo uma
sensação-interpretação de uma outra causa não situada originariamente no arcabouço da alma. O mundo consciente afigura-se, por definição, totalizado e não fragmentário.
A afirmativa de que "um macaco, ou mesmo pequenos vertebrados como ratos, (...), tem (sic) o mesmo controle motor que o nosso" não é integralmente verdadeira. As habilidades, por exemplo, da mão humana superam em muito as do macaco, de tal molde que tal identidade não se traduz em afirmativa precisa. Ademais, simples habilidade motora não significa ação inteligente, tampouco expressão de habilidades do mundo subjetivo. A complexidade neurológica tende a acompanhar necessariamente a complexidade das funções tributadas ao homem, porquanto cada região do cérebro corresponde a um centro de controle específico, sob comando de um princípio sistêmico. Desse modo, aí não se tem prova capaz de invalidar a existência da alma, em face do argumento de que a cada órgão em si está associada uma função.
Por exemplo, analisando-se como funciona um aparelho de televisão, identificam-se duas dimensões de manifestação de mensagens: a dos componentes eletrônicos em si mesmos, capacitores, transistores, circuitos integrados, resistências ôhmicas e não-ôhmicas, indutores (bobinas) etc; e a das ondas eletromagnéticas responsáveis por conduzir as informações a serem transmitidas. A televisão decodifica os sons e as imagens codificadas na onda eletromagnética, mas não se afigura capaz de gerá-los ou de criá-los, pois corresponde a um receptor cuja estrutura eletrônica separa os dados para transformá-los em mensagens sensíveis e inteligíveis. Da mesma forma, as ondas carregam em si, potencialmente, os sinais sonoros e visuais, que estão aí e que não podem ser percebidos sem o auxílio do aparelho eletrônico. Existem, porém, as ondas distribuídas pelo espaço. Cada componente eletrônico tem a responsabilidade de
interpretar o que lhe caiba no conjunto. Uma simples remoção de um deles implica mau funcionamento ou não funcionamento do aparelho, pois não se tem o componente responsável pela decodificação de um detalhe de mensagem.
Alteração do aparelho eletrônico ou das ondas eletromagnéticas gera mau funcionamento e incompatibilidade. Se o sinal eletromagnético for defeituoso, energeticamente fraco ou perturbado por outro campo eletromagnético, não se captarão as imagens e os sons corretamente, muito embora a televisão possa estar em perfeito estado, sem nenhum componente avariado. O contrário, todavia, também pode ocorrer, estando a mensagem em ordem, mas o aparelho com defeito de captação e de decodificação. Desse modo, pode entender-se o funcionamento do cérebro em relação à mente, pois cada circunvolução, cada região é responsável por um tipo de mensagem, atuando como decodificadora, se a mensagem vem da mente, ou codificadora, quando as informações dos órgãos dos sentidos devem ser transmitidas à mente. Desse modo, no estudo da interação cérebro-mente, pode considerar-se o sistema cerebral como uma interface
codificadora-decodificadora. Ademais, se a expressão subjetiva se devesse à atividade unicamente bioquímica e neurológica, negar-se-ia ao homem o livre-arbítrio, pois, controlado por uma reação química, ele não estaria escolhendo nada, mas apenas exteriorizando os efeitos de uma reação eletroquímica. Onde estaria, então, a vontade? Se a minha vontade provém de uma reação eletroquímica, não sou eu quem deseja, escolhe, decide, mas reação anterior a tais expressões. Os homens seriam não mais do que autômatos.
Abraços,
Douglas