Tópico: O que estás lendo?

[Flautista de Hamelin]

Este tópico tornou-se fundamental para os que curtem literatura. As opiniões são inteligentes e fundamentadas. Maravilha!

Li os clássicos de Machado de Assis e em seguida O Cortiço, Memórias de um Sargento de Milícias, Casa de Pensão e voltei a Machado com, A Mão e a Luva e terminando com Helena...
Mas o que eu queria dizer é que Machado é um escritor puro e cândido. Não se vê, pelo menos com a frequência costumeira, crimes e adultérios. Mas pasmem; em quase todos eles há algum tipo de traição. Apenas que, além de raros, ocorrem por amor, romantismo... pouca motivação sexual.

A pergunta que não quer calar: em sua opinião, JungF, a Capitu traiu ou não traiu Bentinho?

[Sergiomgbr]

A Capitu, traindo ou não, certamente capitulou...

[JungF]

Traiu sim.
Se pudermos usar da expressão, o marketing desta obra está nesta eterna dúvida, muito bem arquitetada por Machado.
A aparência da criança, o olhar de Capitu para o morto quando do velório do suposto pai, os encontros  fortuitos e a sós entre ambos, com a aquiescência ou não de Bentinho...
Resta como defesa apenas a atitude de Capitu, como mártir, silenciosa e sofredora de grande injustiça.
Foi assim que entendi.

Aproveitando queria dizer que, no post anterior estava terminando Helena. Grande decepção.
O final do romance frustra a tudo que se almeja numa boa história.   

[FZapp]

(Achei que a mensagem estava aqui mas não achei)

Li "A invenção de Morel" de Antonio Bioy Casares
Estou lendo "Mr Mercedes" de Stephen King

[Flautista de Hamelin]

Traiu sim.
Se pudermos usar da expressão, o marketing desta obra está nesta eterna dúvida, muito bem arquitetada por Machado.
A aparência da criança, o olhar de Capitu para o morto quando do velório do suposto pai, os encontros  fortuitos e a sós entre ambos, com a aquiescência ou não de Bentinho...
Resta como defesa apenas a atitude de Capitu, como mártir, silenciosa e sofredora de grande injustiça.
Foi assim que entendi.

Aproveitando queria dizer que, no post anterior estava terminando Helena. Grande decepção.
O final do romance frustra a tudo que se almeja numa boa história.

Caro JungF, depois que você acabar essa árdua e admirável empresa, que é ler quase a obra completa de Machado, gostaria de lhe propor outra tarefa não menos nobre e intelectual:

A obra completa de outro grande autor brasileiro (na verdade, luso-brasileiro): Tomás António Gonzaga

Desconfio que talvez você já conheça uma famosa obra referente a esse autor que circula no meio espírita.

Quiça a gente poderia trocar algumas ideias a respeito caso você se interesse, uma vez que aprecio muito a obra de Gonzaga.

[Brienne of Tarth]

"O Universo Numa Casca de Noz", do Hawking.

Muito bom, mas engraçado que quando estou no metrô os evangélicos me olham como se eu fosse o Anticristo. 

Se eles me vissem com o

iriam tentar me queimar viva...

[Flautista de Hamelin]

"O Universo Numa Casca de Noz", do Hawking.

Muito bom, mas engraçado que quando estou no metrô os evangélicos me olham como se eu fosse o Anticristo. 

Se eles me vissem com o

iriam tentar me queimar viva...

Pegando o gancho...

Se quer mesmo causar no metrô com os evangélicos, melhor ainda seria portar um exemplar do CODEX GIGAS...

A Bíblia do Diabo



 

[Brienne of Tarth]

Como diz o Gorducho, in veritas eu não quero "causar" no metrô com os evangélicos, aliás I don't really give them a shit, mas acho o comportamento "Homo evangelensis" interessante do ponto de vista clínico...

Belíssimo encapamento, em, Hamelin? O problema aí, caso eu quisesse "causar", é que esse livro pesa mais do que uma Bíblia normal...

Eu tenho uma edição do Martelo das Feiticeiras que é uma réplica boa do original:

Li este livro quando estudava sobre Wicca. É praticamente um livro de terror...

[Flautista de Hamelin]

Belíssimo encapamento, em, Hamelin? O problema aí, caso eu quisesse "causar", é que esse livro pesa mais do que uma Bíblia normal...

Tem razão, o Codex Gigas é mesmo um fardo pesado de se carregar...

Mas tem o romance de Richard Dubell que dá pra transportar numa boa e causaria a mesma sensação nos evangélicos:

[Flautista de Hamelin]

Eu tenho uma edição do Martelo das Feiticeiras que é uma réplica boa do original:

Li este livro quando estudava sobre Wicca. É praticamente um livro de terror...

O Malleus Maleficarum é um best-seller até hoje.

Já li que uma das culturas pré-colombianas tinha um antecessor dele.

Se não me engano eram os Maias, que o usavam em seus ritos quando sacrificavam pobres donzelas em seus cenotes sagrados.

[Brienne of Tarth]

Se não me engano eram os Maias, que o usavam em seus ritos quando sacrificavam pobres donzelas em seus cenotes sagrados.

Existe sim um Códice, chamado de Códice de Dresde, que hoje está na Alemanha, e que deve datar de uns 800 anos...mas não li, então não posso dizer que esse livro trazia algo sobre sacrifícios humanos.
E quanto às virgens, não sei não, mas todas as ilustrações maias que eu vi tinham homens...será que eles eram virgens?

[JungF]

Traiu sim.
Se pudermos usar da expressão, o marketing desta obra está nesta eterna dúvida, muito bem arquitetada por Machado.
A aparência da criança, o olhar de Capitu para o morto quando do velório do suposto pai, os encontros  fortuitos e a sós entre ambos, com a aquiescência ou não de Bentinho...
Resta como defesa apenas a atitude de Capitu, como mártir, silenciosa e sofredora de grande injustiça.
Foi assim que entendi.

Aproveitando queria dizer que, no post anterior estava terminando Helena. Grande decepção.
O final do romance frustra a tudo que se almeja numa boa história.

Caro JungF, depois que você acabar essa árdua e admirável empresa, que é ler quase a obra completa de Machado, gostaria de lhe propor outra tarefa não menos nobre e intelectual:

A obra completa de outro grande autor brasileiro (na verdade, luso-brasileiro): Tomás António Gonzaga

Desconfio que talvez você já conheça uma famosa obra referente a esse autor que circula no meio espírita.

Quiça a gente poderia trocar algumas ideias a respeito caso você se interesse, uma vez que aprecio muito a obra de Gonzaga.

Topo a agradável empreitada e vou começar por  Confidencias de um Inconfidente, que ainda não li.

[Flautista de Hamelin]

Se não me engano eram os Maias, que o usavam em seus ritos quando sacrificavam pobres donzelas em seus cenotes sagrados.

Existe sim um Códice, chamado de Códice de Dresde, que hoje está na Alemanha, e que deve datar de uns 800 anos...mas não li, então não posso dizer que esse livro trazia algo sobre sacrifícios humanos.
E quanto às virgens, não sei não, mas todas as ilustrações maias que eu vi tinham homens...será que eles eram virgens?

O Dresden é um dos quatro livros Maias que sobreviveram à destruição de Diego de Landa e fala de rituais e também de astronomia e do ciclo de Vênus que os Maias já conheciam bem.

Muito do que sabemos sobre os costumes Maias e dos sacrifícios nos cenotes vem de relatos de espanhóis.

[Flautista de Hamelin]

Traiu sim.
Se pudermos usar da expressão, o marketing desta obra está nesta eterna dúvida, muito bem arquitetada por Machado.
A aparência da criança, o olhar de Capitu para o morto quando do velório do suposto pai, os encontros  fortuitos e a sós entre ambos, com a aquiescência ou não de Bentinho...
Resta como defesa apenas a atitude de Capitu, como mártir, silenciosa e sofredora de grande injustiça.
Foi assim que entendi.

Aproveitando queria dizer que, no post anterior estava terminando Helena. Grande decepção.
O final do romance frustra a tudo que se almeja numa boa história.

Caro JungF, depois que você acabar essa árdua e admirável empresa, que é ler quase a obra completa de Machado, gostaria de lhe propor outra tarefa não menos nobre e intelectual:

A obra completa de outro grande autor brasileiro (na verdade, luso-brasileiro): Tomás António Gonzaga

Desconfio que talvez você já conheça uma famosa obra referente a esse autor que circula no meio espírita.

Quiça a gente poderia trocar algumas ideias a respeito caso você se interesse, uma vez que aprecio muito a obra de Gonzaga.

Topo a agradável empreitada e vou começar por  Confidencias de um Inconfidente, que ainda não li.

É justamente essa obra que eu disse que é famosa no meio espírita.

Leia também, se possível, Cartas Chilenas que é uma obra-prima bem ousada e atual.

[Fenrir]

"O Universo Numa Casca de Noz", do Hawking.
Muito bom, mas engraçado que quando estou no metrô os evangélicos me olham como se eu fosse o Anticristo. 
...

Crentelhos são realmente muito esquisitos. O que tem de mais nesse livro?
Que horrorizem com qualquer livro que tenha "Diabo" ou termo correlato na capa não é de se espantar - espera-se justamente isso deles.
Mas o livro do Hawking? Será que tem alguma coisa a ver com "noz satânica ameaçadora" que parece se fechar sobre o planetinha indefeso de jezuis?
Ou talvez o pastor deles tenha dito que Hawking era ateu e o livro se encontre no index de obras proibidas dos crentelhos.

Eu to as voltas com outro livro técnico (ainda incompleto, em beta): Programming WebAssembly with Rust
Tem engrenagens enferrujadas na capa dele. Não acho impossível verem satanás no meio delas tambem.
Esses crentes devem enxergar o capeta até na própria sombra.

[Sergiomgbr]

Eu sempre acho que não pode ser verdade essa coisa de crente adorar deuses e temer capeta, por mais coisas que façam e digam, pra mim sempre parece que tão de sacanagem.

[Fenrir]

Eu sempre acho que não pode ser verdade essa coisa de crente adorar deuses e temer capeta, por mais coisas que façam e digam, pra mim sempre parece que tão de sacanagem.

E quanto ao zoroastrismo e o maniqueísmo?
É que nem no mundo marvel: tem que ter o mocinho e o vilão tambem.
O que seria dos Thundercats sem o Mumm-Rá e os mutantes? ou da sociedade do anel sem o Sauron?
Inclusive o LaVey disse muito acertadamente:
'Satan has been the best friend the church has ever had, as he has kept it in business all these years!'

[Sergiomgbr]

Pois é mas a não existência na verdade é que conta. Bom, talvez tudo não passe de representação.

[Brienne of Tarth]

Muito do que sabemos sobre os costumes Maias e dos sacrifícios nos cenotes vem de relatos de espanhóis.

O que, diga-se de passagem, não seria uma fonte muito confiável...os vencedores escrevem a História, e pobres de nós historiadores que tentam separar o joio do trigo.

Um dos meus grandes interesses são os "quipus", para alguns indecifráveis ainda...mas alguma luz está aos poucos se desenhando.

http://www.scielo.br/pdf/rbgn/v19n66/1806-4892-rbgn-19-66-613.pdf

[Flautista de Hamelin]

Eu sempre acho que não pode ser verdade essa coisa de crente adorar deuses e temer capeta, por mais coisas que façam e digam, pra mim sempre parece que tão de sacanagem.

E quanto ao zoroastrismo e o maniqueísmo?
É que nem no mundo marvel: tem que ter o mocinho e o vilão tambem.
O que seria dos Thundercats sem o Mumm-Rá e os mutantes? ou da sociedade do anel sem o Sauron?
Inclusive o LaVey disse muito acertadamente:
'Satan has been the best friend the church has ever had, as he has kept it in business all these years!'

O que seria dos pupilos do Mestre dos Magos sem o Vingador? Certamente eles teriam voltado para seu mundo.
O que seria dos Thundercats sem o Mumm-Rá? Certamente teriam um pouco de paz...

Claro, mas por que os vilões fazem as estórias serem mais interessantes?

Não tem nada a ver com zoroastrismo e o maniqueísmo. O que está por trás nesses casos é o Efeito Zeigarnik, ou seja, a tarefa nunca pode ser completada: isso gera tensão e expectativa, faz o telespectador ver o episódio até o final, é um forte pretexto para que a atração tenha continuações e até mesmo temporadas, e ainda segura a audiência muito bem.

[Flautista de Hamelin]

O que, diga-se de passagem, não seria uma fonte muito confiável...os vencedores escrevem a História, e pobres de nós historiadores que tentam separar o joio do trigo.

Um grande exemplo foi os espanhóis relatarem que em apenas 4 dias os Astecas sacrificaram e desmembraram mais de 80 mil vítimas! Claro que tal megaespectáculo de carnificina humana é impossível e não passa de exagero.

Um espanhol que contou o número de crânios no Altar dos Crânios também exagerou: segundo o número que ele contou, o altar deveria ter a altura do Empire State Building!


Agora quanto os cenotes maias, muitos estudiosos achavam que também era exagero dos espanhóis até Edward Thompson drenar um cenote sagrado e encontrar várias ossadas humanas comprovando assim que os relatos de sacrifícios humanos nestes poços sagrados eram mesmo reais.

[Brienne of Tarth]

Agora quanto os cenotes maias, muitos estudiosos achavam que também era exagero dos espanhóis até Edward Thompson drenar um cenote sagrado e encontrar várias ossadas humanas comprovando assim que os relatos de sacrifícios humanos nestes poços sagrados eram mesmo reais.

Do jeito que existem cenotes no México acho que se procurar bem, tem...

[Fenrir]

...
Do jeito que existem cenotes no México acho que se procurar bem, tem...

É historiadora, Brienne?
Caso afirmativo, em qual época/região se especializou? Nos povos pre-colombianos?

[Flautista de Hamelin]

Agora quanto os cenotes maias, muitos estudiosos achavam que também era exagero dos espanhóis até Edward Thompson drenar um cenote sagrado e encontrar várias ossadas humanas comprovando assim que os relatos de sacrifícios humanos nestes poços sagrados eram mesmo reais.

Do jeito que existem cenotes no México acho que se procurar bem, tem...

Mas Edward Thompson explorou um em particular, o de Chichén Itzá, que era um cenote sagrado, e ele, além de achar ossadas, achou também vários artefatos de sacrifícios exatamente como Diego de Landa havia descrito, comprovando-se assim a veracidade daqueles rituais.   

[Brienne of Tarth]

É historiadora, Brienne?
Caso afirmativo, em qual época/região se especializou? Nos povos pre-colombianos?

Tive que parar no 5º semestre por "n" motivos, mas tá no sangue...
E, realmente, se eu fosse me especializar, seria nos povos aqui das Américas, eu penso que ainda há muito a ser descoberto, afinal, até hoje o Egito e áreas ao redor ainda revelam seus segredos enterrados na areia...