Você demonstra que não entendeu meu argumento. Você pensa que eu disse "religião e futubol são muito parecidos" e tenta me mostrar uma das diferenças. Essa diferença é óbvia e eu concordo e concedo que religião e futebol são muito diferentes.
Então repetindo: Embora essa propaganda hipotética usasse a paixão do brasileiro pelo futebol como arma pra matar argentinos, perceba que nela não temos nada com "bola", "trave", "juiz", "apito" nem "gol". Foi uma coisa totalmente despida dos propósitos originais.
Futebol e religião tem algo em comum no sentido de criarem grupos de pessoas com um tipo de "fé" (ou apreço) irracional (ou de racionalidade questionavel, sendo principalmente devido à tradição e nacionalidade), que eventualmente acabam linchando uns aos outros.
Futebol em sua forma "pura", não teria violência alguma, e as guerras de torcida são realmente "deturpações" que talvez mostrem que o ser humano é meio pré-disposto a brigar por "razões" bairristas imbecis.
A religião, por outro lado, em muitos casos, acaba institucionalizando, oficializando essa aversão bairrista. Coisas como "não permitirás a uma bruxa viver", deus parando o sol para ajudar um lado a vencer uma guerra, "ódio é um valor bíblico", e etc, apenas com interpretações mais forçosas, em boa parte dos casos, podem ser desvinculados de coisas relacionadas a violência e guerra. (Claro que, apenas por ter narrações de coisas violentas e escabrosas meramente não significa nada, mas sim a aprovação que se daria a essas coisas, bem como outras mais diretas). Aí eu não vejo muito como isentar totalmente a bíblia de culpa das caças às bruxas, escravidão, ou o corão das jihads, vão sempre ter os que são ou foram capazes de justificar teologicamente as atrocidades.
Já em futebol não tem nada disso. Futebol visa ser apenas um esporte, não há gente por aí divulgando o futebol ou um time específico como o guia da Verdadeira Moral e o caminho para a Salvação, nem mesmo os estatutos dos times devem ter instruções incitando a violência contra torcidas adversárias.
Da mesma forma que não vejo as religiões como causas totais da moralidade, mas que a moralidade evolui mais ou menos independentemente na sociedade a a religião apenas reclama os créditos, não digo que as religiões são culpadas totais ou causas inevitáveis de todos os males, mas certamente são terreno fértil ou adubo para isso, se talvez sejam até em boa parte produto deles, uma consolidação.
E inclusive isso pode ser argumentado teologicamente, acho. Se deus, como dizem que diz na bíblia, é responsável por todo o mal, e a bíblia seria a palavra de deus, não há por que se defender que dela ou das religiões nela baseadas não possa provir algum mal
Ao menos para o cristianismo.