Você poderia passar a fonte de algum artigo científico sobre a tal catástrofe universal? Em tempo, um artigo em que os autores tenham chegado a estas conclusões...?
Provavelmente não há. Mas isto ainda é pouco para afirmar que não houve um dilúvio universal. Certamente seria bem vindo qualquer esforço da Ciência para corroborar (ou não) este suposto episódio da Humanidade.
Acho que o Fernando está certo em citar a relação dos mitos com a geografia da colonização dos povos. Praticamente todos os povos tem mitos sobre enchentes. E geralmente sobra alguém que volta a colonizar a Terra, assim como a historinha semita. Mas o judaísmo é o único que explica os motivos da enchente com a idéia de castigo divino... (ê povo manipulador!). Os mitos indus, por exemplo, não atribuem nada a castigos, e geralmente quem sobra pra colonizar tudo novamente são um casal de crianças... Se sobrou um casal de crianças na Índia, então a bíblia erra ao afirmar que Noé e sua família foram os únicos sobreviventes...
Segundo a mitologia guarani:
"Quando Nhanderuvuçu (nosso grande Pai) resolveu acabar com a terra, devido à maldade dos homens, avisou antecipadamente Guiraypoty, o grande pajé, e mandou que dançasse. Este obedeceu-lhe, passando toda a noite em danças rituais. E quando Guiraypoty terminou de dançar, Nhanderuvuçu retirou um dos esteios que sustenta a terra, provocando um incêndio devastador."
** Novamente o FOGO (explosão nuclear?) **
"Quando alcançaram o litoral, seu primeiro cuidado foi construir uma casa de tábuas, para que quando viessem as águas, ela pudesse resistir. Terminada a construção, retomaram a dança e o canto."
"O perigo tornava-se cada vez mais iminente, pois o mar, como que para apagar o grande incêndio, ia engolindo toda a terra. Quanto mais subiam as águas, mais Guiraypoty e sua família dançavam."
** Ou seja, a figura do dilúvio também na mitologia guarani.**
"E para não serem tragados pela água, subiram no telhado da casa. Guiraypoty chorou, pois teve medo."
"Guiraypoty entoou então o nheegaraí, o canto solene guarani. Quando iam ser tragados pela água, a casa se moveu, girou, flutuou, subiu... subiu até chegar à porta do céu, onde ficaram morando."
** Nem é preciso dizer que o casal sobrevivente repovoou a floresta. **
E o dilúvio dos índios maxakali:
"Anoiteceu. Os Maxakali preocupados, se recolheram em suas cabanas. E o tempo se escureceu. Uma chuva torrencial se abateu sobre a terra. Quando os Maxakali acordaram, as águas tinham apagado as fogueiras e uma enorme escuridão se fez. Desesperados, eles viram que a água chegava debaixo dos giraus (cama de vara). Juntaram seus poucos pertences e suas crianças e correram para cima das árvores. Ali a água os alcançava e eles eram derrubados na correnteza. Buscaram, então, a montanha mais alta. E aí também a água os alcançou... E assim morreram todos os Maxakali daquele tempo!"
E o dilúvio dos índios Zo'é:
"Jurusi uhu, Pa'hi e Tatitu, três membros do povo Zo'é, conversam com uma kirahi ("branca"), a antropóloga Dominique Gallois (aldeia Zawarakiaven, Cuminapanema/ PA - 1992):
Jurusi uhu - Ele fabricou os Zo'é, há muito tempo atrás. Como é que os Kirahi chamam Jipohan?
Dominique Gallois - Jipohan, não sei!
Jurusi uhu - Aquele que nos refez, no passado? Foi quando o dilúvio nos engoliu, quando as grandes águas chegaram e nos engoliram. Foi quando queimou tudo, quando os Zo'é queimaram. Os Zo'é haviam perecido no dilúvio, não existiam mais. Tinham acabado. Foi então que Jipohan nos refez, bem pequenos. Foi pequeninos assim que ele nos fez! Refez os que haviam sido engolidos pelo dilúvio. Ele foi nos fazendo de novo, pequeninos. Você, Kirahi, os de tua espécie não tinham perecido."
** Curiosamente, os zo'és já conheciam o "homem-branco" de seus mitos. Repare também no FOGO que queimou tudo, inclusive os próprios zo'és (explosão atômica?). Os kirahi REFIZERAM os zo'és (tecnologia genética?) **
Este outro mito guarani é ainda mais interessante:
"E a Terra tornou-se novamente um mundo de total corrupção moral. Numa de suas passagens pelo planeta, "Nhanderú etê" concebeu a idéia de que o mundo deveria ser destruído para recolonizá-lo com homens mais puros como "Nhamanduráý" (Filho do Sol). Concebeu a idéia do "Dilúvio".
"Nhamanduráý" acreditava em "Nhanderú etê". Sua fé era persistente. Numa certa noite, "Nhanderú etê" apareceu em sonho, dentro de seu veículo voador "Bairý", para "Nhamanduráý".
** Caramba! Índios falando em 'veículos voadores' ?¿? Show! **
"No sonho, o deus avisou-lhe que iria destruir o mundo com uma chuva torrencial. Descendente de uma mortal com o deus "Kraí Kendá", "Nhamanduráý" foi aconselhado a subir na maior montanha da terra, único lugar em que a água do dilúvio não alcançaria. Com ele e sua mulher "Nhandetchir Ypy", outros dois casais foram avisados para se salvarem no alto da mesma montanha."
"Eis que quando tinha 86 anos de idade, o grande dilúvio começou com uma tempestade nunca antes imaginada. Foi então que a humanidade inteira foi destruída, sobrando os três casais, sob liderança de "Nhamanduráý".
"Antes a Terra era um imenso continente. Após o dilúvio, surgiram os "Para Guatchú" (oceanos) que dividiram a Terra em vários continentes. Foi então que o que hoje conhecemos como América ficou separado da Europa, África e Ásia. Antigos rios transbordaram formando mares. Montanhas viraram ilhas."
"A humanidade voltou à estaca zero com três casais. Logo "Nhamandu Ra'y" ficou viúvo pois sua mulher, que havia perdido a fé em "Nhanderu eté", falecera de "Ikaruguapá" (paralisia). Outras doenças dizimaram os outros dois casais pelo mesmo motivo de não terem fé no verdadeiro deus."
"Eis que "Nhanderú etê" buscou uma mulher para "Nhamandu Ra'y" em outro mundo espiritual chamado "Nhanderu Vutchu" (Onde o Sol nasce)."
** Nem parece um mito indígena, não é mesmo? **
Outra lenda que encanta é a do Noé venezuelano, cuja conservação desta, deve-se ao célebre missionário Pe. Gilli, que viveu muito tempo nas regiões do Orinoco.
Amalivaca, o Pai dos índios Tamanacos, isto é, Criador do gênero humano, chegou certo dia, em uma canoa na época da grande enchente que chamava-se a "Idade das Águas", quando as vagas do oceano jogavam o país contra as montanhas da Encaramada. Quando lhes perguntou o missionário aos Tamanacos, como pode o homem sobreviver a semelhante catástrofe, os índios lhe responderam prontamente: que todos os Tamanacos se afogaram, com exceção de um homem e uma mulher que se refugiaram no cume de uma elevada montanha de Tamacu, perto da margem do rio Asiveru, chamado pelos espanhóis de Cuchúvero e que dali ambos começaram a atirar sobre suas cabeças e para trás os frutos da palmeira "bariti" e que das sementes desta, saíram os homens e mulheres que atualmente povoam a terra.
Os atuais "homens-brancos" deviam dar um pouco mais de atenção às lendas e mitos indígenas...