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Autor Tópico: progressão continuada  (Lida 7765 vezes)

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Offline Buckaroo Banzai

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Re: "Progressão continuada" não é pior do que a "repetência tradicional"
« Resposta #25 Online: 11 de Março de 2010, 16:05:28 »
Eu ouvi falar de outro(s) artigo(s), acho que brasileiro(s), que também faz(em) comparações mais elaboradas do que essa mencionada no texto que citei. Falaram disso como se inclusive citasse artigos de outros países, ou ao menos tive essa impressão. Qualquer dia vejo se consigo a referência.

Offline Hold the Door

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Re: "Progressão continuada" não é pior do que a "repetência tradicional"
« Resposta #26 Online: 11 de Março de 2010, 17:17:51 »
Citar
Já o estado de São Paulo, onde 65% das escolas adotam o sistema de ciclos, tem a quarta melhor média do Brasil em português, enquanto Alagoas, majoritariamente serial, obteve o segundo pior desempenho.
Mas não dá para comparar o desempenho de São Paulo com Alagoas para dizer que o sistema de ciclos é superior. O correto é comparar o desempenho de São Paulo serial com São Paulo de ciclos.

Qualquer um que tenha parente que tenha dado aulas em SP nos últimos 20 anos pode atestar a deterioração que a implantação do sistema de ciclos trouxe. Talvez não o sistema em si, mas a forma como ele foi implantado, como já foi dito. Pergunte a qualquer professor. Os alunos sabem que não precisam estudar para passar e fazem questão de dizer isso na cara do professor.

Ao mesmo tempo, os alunos tocando o terror na sala de aula e passando tranqüilamente de ano tem um tremendo efeito negativo sobre os poucos que gostam e querem estudar. Não é nada motivante você querer estudar e ao mesmo tempo ver o seu coleguinha do lado que sempre falta, quando vem só faz bagunça, não dá a mínima para a aula, sequer pode ser repreendido para não "traumatizá-lo" e se vê no direito de xingar o professor, mandá-lo tomar naquele lugar e ameaçá-lo de morte, passar direto igual a você.
Hold the door! Hold the door! Ho the door! Ho d-door! Ho door! Hodoor! Hodor! Hodor! Hodor... Hodor...

Offline Unknown

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Re: "Progressão continuada" não é pior do que a "repetência tradicional"
« Resposta #27 Online: 11 de Março de 2010, 18:56:12 »
Há algum tempo atrás eu li uma crítica sobre o atual sistema de progressão continuada, dizendo que ele havia retirado a parte mais importante do sistema original, criado pelo Paulo Freire, que era a avaliação ao longo do período. Quando ele implantou esses sistema nas escolas municipais daqui na gestão Erundina, o sistema de avaliação de provas, bimestre e ano deixou de ser aquele A, A-, B+ e etc e virou NS (não satisfatório), S (satisfatório) e PS (plenamente satisfatório). Caso o aluno passasse de ano com um NS, isso entrava para o histórico dele e a continuação dos estudos ficava condicionada à nota do ano seguinte:
- caso fosse um outro NS, ele teria que refazer os dois anos, pois era considerado que a deficiência dele no primeiro ano o estava impedindo de aprender, portanto era necessário reforçar a base novamente.
-caso ele fechasse o segundo ano com um PS, ele removia o fator condicionante e o ano seguinte iria recomeçar a avaliação.
- caso fosse um S, ambas as notas ficavam no histórico e aguardava-se o resultado do terceiro ano da sequência: outro S limpava o histórico e um NS o reobrigaria a fazer o terceiro ano, recomeçando a avaliação.
Não lembro direito dos detalhes, mas a idéia era essa: olhar os estudos em blocos de no máximo três anos para ver se o aluno conseguia progredir, mesmo tendo deficiências nos estudos dos anos anteriores. Mas esse sistema só durou quatro anos, pois na admistração seguinte ele foi abolido e voltou-se ao método serial.
Voltando ao ponto inicial, sem esse sistema de avaliação não há nenhuma garantia que o sistema de ciclos funcione como esperado, portanto não dá para esperar que ele tenha sucesso.
E o que me deixava mais doido era ver o nosso ex-presidente ir na ONU mostrar os altos índices de aprovação dos estudantes brasileiros e afirmar que o Brasil estava conseguindo erradicar o analfabetismo.
« Última modificação: 11 de Março de 2010, 19:04:29 por Unknown »

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To treat a man like a pig
And when I'm dead and gone
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Offline Buckaroo Banzai

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Re: "Progressão continuada" não é pior do que a "repetência tradicional"
« Resposta #28 Online: 11 de Março de 2010, 23:51:12 »
Ainda vou ficar devendo as referências, mas se não me engano falaram que também não havia diferença dentro de uma mesma região.

Quanto a alguns alunos simplesmente relaxarem e ainda acharem divertido a coisa toda, interpretarem tudo no "mas agora eu nem preciso estudar! Professor otáááário!!!", penso que não deve ser tão diferente do que ocorria e ainda ocorre onde há repetência, com os piores alunos, só que com outro "discurso". Sem contar que os mesmos, E outros, ao repetir, poderiam ir perdendo o interesse, e ou se evadindo, ou também atrapalhando o desempenho das aulas, desestimulando os demais.

Não tenho nenhuma experiência como professor, mas acho que é complicado avaliar apenas por experiência pessoal. Mesmo que tenha havido um decréscimo no desempenho observado por professores individuais ao longo do tempo, talvez ele se deva a um outro fator (diferenças de valores e cultura das novas gerações, por exemplo), e ocorra em ambos os casos.

Mas a própria observação não-metódica é questionável; como passou na tv um dia desses, acho que no fantástico, as pessoas tendem a ficar com a impressão de que "os terremotos estão aumentando", depois de terremotos seguidos no Haiti e no Chile, mas não foi algo significativo. Ondas de criminalidade também tem efeito similar, na época dos ataques daquela gangue às polícias de São Paulo, a criminalidade vinha diminuindo razoavelmente, mas apenas aquela série de atentados, mais os jornalistas caçando toda ocorrência policial e noticiando diariamente, causam uma falsa impressão do crime avançando cada vez mais.

Hoje (e recentemente, acho que mesmo na era FHC), por pior que seja, se não me engano, o Brasil tem os melhores índices de alfabetização da história. No entanto o discurso que se ouve sempre é da qualidade do ensino caindo, alunos cada vez mais ignorantes.



Mas realmente não sei, postei inclusive porque achei bem curioso e contra-intuitivo, pode até ser que esteja errado, que hajam outros estudos refutando isso.

Offline Buckaroo Banzai

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Re: "Progressão continuada" não é pior do que a "repetência tradicional"
« Resposta #29 Online: 16 de Março de 2010, 17:33:16 »
Citar
Políticas de não-repetência e a qualidade da educação:
evidências obtidas a partir da m odelagem dos dados da
4ª série do SAEB-99*


MARIA EUGÊNIA FERRÃO

Departamento de Matemática da Universidade da Beira Interior/Portugal (UBI)

[...]2.2 Os dados do SAEB
O estudo foi realizado pela aplicação de modelos de regressão
multinível aos dados do SAEB (Sistema Nacional de Avaliação da
Educação Básica) coletados em 1999, juntamente com algumas variáveis
extraídas do censo escolar do mesmo ano (nomeadamente a informação
sobre o regime de organização do ensino). O SAEB é um levantamento em
larga escala realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais (INEP/MEC) a cada dois anos. Tem representatividade
estadual e nacional com base numa amostra de alunos das 4ª e 8ª séries do
EF e da 3ª série do ensino médio (EM). Em 1999 o SAEB cumpriu seu
quinto ciclo de avaliação. Nele participaram cerca de 280 mil alunos, 43 mil
professores e 7 mil diretores, em aproximadamente 7 mil escolas de todos
os estados brasileiros e do Distrito Federal. As disciplinas foram Língua
Portuguesa, Matemática, Geografia, História e Ciências nas 4ª e 8ª séries do
Ensino Fundamental. Na 3ª série do Ensino Médio foram testadas as
mesmas disciplinas à exceção de Ciências que foi substituída por Física,
Química e Biologia. A todos os envolvidos – alunos, professores e diretores
– foram aplicados questionários para coletar características de contexto, de
processo e insumos. Aplicadores externos preencheram questionários com
informação da turma e da escola.

Este estudo restringe-se à região Sudeste do Brasil (estados de São
Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Minas Gerais).
Utilizam-se os dados
referentes aos alunos da 4ª série de suas respectivas escolas, estando
envolvidos 16.066 alunos de 514 escolas. Nos dados da subamostra de
Minas Gerais, há 195 escolas, e nos de São Paulo, 88. O percentual de
alunos em turmas com promoção automática é de 35,6% (1862 alunos) em
Minas Gerais e de 62,2% (2276 alunos) em São Paulo6.

[...]

 Tanto na rede pública como na particular, verifica-se que as
estimativas pontuais associadas à adoção da promoção automática são
desfavoráveis (observe que as curvas relativas à promoção automática são
mais negativas). No entanto, tratando-se de estimativas, convém observar o
respectivo intervalo de confiança. A partir dele pode concluir-se que não há
diferença estatisticamente significativa entre o rendimento dos alunos das
escolas públicas (que constituem a amostra) com e sem promoção
automática (observe que há sobreposição dos intervalos de confiança). Já
nas escolas particulares, para os alunos com defasagem menor do que 4
anos, é possível perceber a diferença. O desempenho dos alunos em escolas
particulares sem promoção automática é superior, em média, ao de todos
os outros, diferença esta estatisticamente significativa. Além disso, não há
diferença entre escolas públicas e particulares com promoção automática.

Os alunos com mais de três anos de idade além da adequada, nas escolas
particulares sem promoção automática, atingem resultados que não são
estatisticamente diferenciáveis aos dos estudantes em escolas particulares
com promoção automática e em escolas públicas sem promoção automática
(também existe sobreposição dos intervalos de confiança).

Quanto a Minas Gerais, os resultados da tabela 3.2 sugerem que não
existe efeito substancial da promoção automática sobre a proficiência dos
alunos. Apesar do efeito ser estatisticamente significativo ao nível de 10%
(mas não ao de 5%), a sua magnitude é muito inferior ao efeito marginal da
variável defasagem idade-série.

Em qualquer dos dois estados, a estimativa associada ao termo de
interação entre defasagem idade-série e promoção automática não é
estatisticamente significativa, tal como pode ser constatado pelos
resultados dos modelos 2 e 3 nas tabelas 3.1 e 3.2. Desta forma, não há
evidência de que alunos com defasagem escolar tenham o seu desempenho
acadêmico reduzido face aos colegas por estudar em escolas que
implementem a política de não-repetência. [...]


http://www.fcc.org.br/pesquisa/publicacoes/eae/arquivos/1179/1179.pdf







Citar
A ideia, muitas vezes veiculada, de que tudo piorou com a progressão continuada não tem sido comprovada por meio de estudos e pesquisas, pelo menos até o momento. Um estudo, ainda que limitado, sobre o impacto das políticas de não reprovação no sudeste brasileiro, envolvendo alunos de 4ª série e tendo como referência os dados do SAEB (Brasil, 2004), concluiu que:

[...] relativamente às escolas que constituem a amostra, os modelos apresentados sugerem que nos estados de São Paulo e Minas Gerais o regime de promoção automática, pelo menos nas escolas públicas, pode contribuir para a correção da defasagem idade-série sem perda da qualidade na educação vis-à-vis as escolas públicas com sistema seriado. Não foi encontrada evidência de que o desempenho acadêmico dos alunos com defasagem idade-série seja inferior ao desempenho dos alunos em idade adequada por causa do regime de organização do ensino em vigor na escola que frequenta. Também não foi encontrada evidência de que alunos desfavorecidos socioecono-micamente que estudam em escolas com promoção automática tenham desempenho inferior aos seus colegas. (Ferrão; Beltrão; Santos, 2002, p. 69)

Também analisando dados obtidos no SAEB, Alavarse (2007) concluiu não haver indicadores que mostram queda na qualidade do ensino vinculada às políticas de não reprovação anual.

Como fechamento das problematizações com dados de avaliação, destaco que não há indicadores que sustentam que os ciclos, ou pelo menos a não reprovação, tenham produzido uma erosão da qualidade do ensino.

http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1517-97022009000300010&script=sci_arttext

Offline Buckaroo Banzai

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Re: "Progressão continuada" não é pior do que a "repetência tradicional"
« Resposta #30 Online: 13 de Agosto de 2010, 00:41:05 »
Dando uma eventual olhadela no debate para o governo de SP, acho que todos candidatos que mencionaram o assunto desceram a lenha na progressão continuada.

Acho que mesmo que um desses caras fosse interado no assunto, não teria coragem de defender, e iria também se juntar ao coro, só porque é o que vai de encontro ao senso comum.

Offline Dbohr

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Re: "Progressão continuada" não é pior do que a "repetência tradicional"
« Resposta #31 Online: 13 de Agosto de 2010, 09:46:39 »
O sistema de ciclos virou o espantalho favorito nos debates sobre o Ensino Fundamental. Mas de novo, bundalelê em ciclos não é melhor nem pior que bundalelê seriado.

Offline Buckaroo Banzai

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Re: "Progressão continuada" não é pior do que a "repetência tradicional"
« Resposta #32 Online: 22 de Setembro de 2010, 21:24:51 »

Citar

Ponto de vista: Claudio de Moura Castro
A cultura da repetência

"Precisamos abandonar a discussão
bolorenta da aprovação automática
versus reprovação em massa"


A promoção automática e os chamados ciclos viraram o bode expiatório do que está errado com a educação. Com Cândido Gomes, saí à busca de explicações.

Alguns países desenvolvidos permitem a reprovação. Mas não é em massa, como prática pedagógica para incentivar a aprendizagem. Outros, como o Japão, têm promoção automática. Contudo, há enorme pressão da família, dos colegas e da sociedade. Nos Estados Unidos e no Reino Unido praticamente não há reprovação, porém há possibilidade de agrupar os alunos mais e menos "fortes" em turmas diferentes. A Espanha conseguiu bons resultados não reprovando no interior de cada ciclo e está mantendo a mesma política em seu projeto de reforma. Esses países aprenderam – não sem muito empenho – a fazer com que os alunos se esforcem, sem o terror da reprovação. Comparando os países que adotam e os que não adotam a reprovação, os testes internacionais não mostram nenhuma vantagem para a prática sistemática da reprovação. Uma pesquisa recente, nos Estados Unidos, mostrou que reprovar tende a ser pior do que aprovar quem não sabe. Exceto em casos de aproveitamento muito baixo, o aprovado sem saber aprende mais na série seguinte do que o repetente.
Ilustração Ale Setti




De tempos idos, glorificamos no Brasil a "cultura da repetência", em que a marca do ensino sério era reprovar muitos alunos. Nos últimos anos, houve uma tentativa de erradicar essa prática, seja convencendo os professores de que é uma política equivocada, seja pela criação de ciclos de dois ou mais períodos, dentro dos quais não há reprovação. Obviamente, não há mágica, pois essas experiências não passam da ponta do iceberg de uma solução complexa. Não se trata somente de eliminar a reprovação, por súplica ou decreto. O que fará com que os alunos se dediquem aos estudos? Não devem nos surpreender as reclamações dos pais dos alunos de classe média, pois as ameaças de punições tenebrosas aos reprovados tinham bons resultados.

Portanto, ensaiamos um primeiro passo ao criar os ciclos escolares e frear as reprovações. Mas há que substituir o medo da reprovação por mecanismos mais saudáveis de recompensas e punições. Para haver ganhos de aprendizagem, precisamos mexer na caixa-preta da sala de aula. Mas boas idéias e pregações não resolvem o problema.

O balancete da não-reprovação no Brasil ainda está pouco claro, mas o que sabemos não permite condená-la, a priori. Um estudo cuidadoso do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb), feito por Kaizo Beltrão e Ferrão, mostrou que "a penalização de reter o aluno na série é muito maior que a de ele estudar numa escola com o ensino organizado em ciclos". Todavia, deixar avançar um aluno não completamente alfabetizado pode ser uma péssima idéia.

A maldição de tais medidas é ser uma solução "fácil", pois elas aumentam as conclusões e os custos se reduzem, sem o trabalho árduo de melhorar a sala de aula. Portanto, para mostrar melhores resultados, algumas autoridades "sugerem" que não se reprove. Mas tampouco podemos condenar uma idéia cuja implementação não se completou. Falta construir o sistema que vai substituir o medo da repetência por outros estímulos mais eficazes, sobretudo diante de alunos heterogêneos.

Estamos diante de um dilema. A reprovação em massa é péssima. Para beneficiar os alunos de classe média, em que o medo da reprovação e das punições paternas faz milagres, não podemos voltar a um sistema de conseqüências sinistras para os mais pobres. Mas eliminar a reprovação sem melhorar a sala de aula é quase tão ruim. Escapar do dilema requer condições mínimas para o aprendizado, avaliação contínua e feedback ao aluno, com novos prêmios e sanções. Quem tropeça precisa de oportunidades concretas de recuperação paralela e atenção especial. As exigências e expectativas em relação ao aluno têm de ser realistas e sua auto-estima, tratada com carinho.

Precisamos abandonar a discussão bolorenta da aprovação automática versus reprovação em massa. O desafio é melhorar a sala de aula, de tal forma que os alunos sejam aprovados porque sabem o que precisam saber.

Claudio de Moura Castro é economista
(claudiodmc@attglobal.net)



http://veja.abril.com.br/070104/ponto_de_vista.html

Offline Derfel

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Re: "Progressão continuada" não é pior do que a "repetência tradicional"
« Resposta #33 Online: 22 de Setembro de 2010, 21:39:20 »
Citar
Já o estado de São Paulo, onde 65% das escolas adotam o sistema de ciclos, tem a quarta melhor média do Brasil em português, enquanto Alagoas, majoritariamente serial, obteve o segundo pior desempenho.
Mas não dá para comparar o desempenho de São Paulo com Alagoas para dizer que o sistema de ciclos é superior. O correto é comparar o desempenho de São Paulo serial com São Paulo de ciclos.

Qualquer um que tenha parente que tenha dado aulas em SP nos últimos 20 anos pode atestar a deterioração que a implantação do sistema de ciclos trouxe. Talvez não o sistema em si, mas a forma como ele foi implantado, como já foi dito. Pergunte a qualquer professor. Os alunos sabem que não precisam estudar para passar e fazem questão de dizer isso na cara do professor.

Ao mesmo tempo, os alunos tocando o terror na sala de aula e passando tranqüilamente de ano tem um tremendo efeito negativo sobre os poucos que gostam e querem estudar. Não é nada motivante você querer estudar e ao mesmo tempo ver o seu coleguinha do lado que sempre falta, quando vem só faz bagunça, não dá a mínima para a aula, sequer pode ser repreendido para não "traumatizá-lo" e se vê no direito de xingar o professor, mandá-lo tomar naquele lugar e ameaçá-lo de morte, passar direto igual a você.

É o que acontece aqui, no RN. A diferença é que esses alunos não são minoria, são a maioria. Um dia desses um falou para minha esposa que não precisava estudar: o pai dele trabalha colocando gesso, era analfabeto e ganhava mais que ela. O pior é que tem razão (quanto a ganhar mais)...  :huh:


Offline gilberto

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Re: "Progressão continuada" não é pior do que a "repetência tradicional"
« Resposta #35 Online: 23 de Setembro de 2010, 06:27:26 »
Olá,

eu sempre tive uma opinião pouco "popular" sobre esse assunto, que é a de que os alunos deveriam ser agrupados por seu desempenho escolar, como grifei no trecho que foi postado pelo Buckaroo :

Citar
...
... Nos Estados Unidos e no Reino Unido praticamente não há reprovação, porém há possibilidade de agrupar os alunos mais e menos "fortes" em turmas diferentes.
...
http://veja.abril.com.br/070104/ponto_de_vista.html

Do pouquíssimo que já ouvi dos educadores em geral, a maioria deles são contra esse tipo de agrupamento pq isso pode acentuar as "desigualdades", discriminações, etc.
Mas no ponto de vista puramente pedagógico, não seria mais fácil e eficaz um professor preparar uma aula para uma classe mais homogênea do que uma classe mais heterogênea?
Pois acho que quanto mais heterogênea for a classe, os melhores e os piores serão fatalmente desestimulados por um conteúdo mediano, e tb não serão beneficiados por conteúdos mais específicos as suas características que poderiam ser aplicados em classes mais homogêneas.

Vcs já viram discussões nesse sentido?

Offline Buckaroo Banzai

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Re: "Progressão continuada" não é pior do que a "repetência tradicional"
« Resposta #36 Online: 23 de Setembro de 2010, 13:22:04 »
Penso o mesmo. Da mesma forma que se considera normal agrupar por ano letivo, sub-agrupamentos menores só seguem a mesma lógica. Aliás, esse seria justamente meio que o princípio de uma progressão continuada, blocos menores de avaliação/repetência do que um ano inteiro.

Offline gilberto

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Re: "Progressão continuada" não é pior do que a "repetência tradicional"
« Resposta #37 Online: 23 de Setembro de 2010, 13:54:08 »
Penso o mesmo. Da mesma forma que se considera normal agrupar por ano letivo, sub-agrupamentos menores só seguem a mesma lógica. Aliás, esse seria justamente meio que o princípio de uma progressão continuada, blocos menores de avaliação/repetência do que um ano inteiro.

Mas parece que entre os pedagogos em geral, isso é uma heresia mortal!

Offline Buckaroo Banzai

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Re: "Progressão continuada" não é pior do que a "repetência tradicional"
« Resposta #38 Online: 23 de Setembro de 2010, 15:54:53 »
Acho que depende da área. A maioria dos professores em geral talvez não leia sobre esse tipo de coisas, mas fique apenas mais centrado nas próprias disciplinas. Foi de uma doutora, professora em algo que não lembro o que, mas se não me engano, ligado a pedagogia, que ouvi falar pela primeira vez sobre ser mito isso de progressão continuada ter feito a educação entrar em colapso. Ela não comentou nada disso de separação de alunos mais fortes e fracos, mas sei lá, como o princípio é o mesmo, imagino que não fosse ver contra. O mesmo deve valer para a maioria dos que vêem com bons olhos a progressão continuada, ou seus princípios, e enxergam a analogia entre as duas coisas.

Offline gilberto

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Re: "Progressão continuada" não é pior do que a "repetência tradicional"
« Resposta #39 Online: 23 de Setembro de 2010, 21:12:52 »
Acho que depende da área. A maioria dos professores em geral talvez não leia sobre esse tipo de coisas, mas fique apenas mais centrado nas próprias disciplinas. Foi de uma doutora, professora em algo que não lembro o que, mas se não me engano, ligado a pedagogia, que ouvi falar pela primeira vez sobre ser mito isso de progressão continuada ter feito a educação entrar em colapso. Ela não comentou nada disso de separação de alunos mais fortes e fracos, mas sei lá, como o princípio é o mesmo, imagino que não fosse ver contra. O mesmo deve valer para a maioria dos que vêem com bons olhos a progressão continuada, ou seus princípios, e enxergam a analogia entre as duas coisas.
Eu acho a progressão continuada é melhor que a seriada pelo seguinte motivo, se um aluno fosse repetir o ano todo por causa de 2 ou 3 matérias, não é racional que ele tenha que fazer todas as outras matérias da série em que ele teve um aproveitamento satisfatório.
Seria mais prático, proveitoso, e até mais motivador para o aluno que ele tivesse um reforço nas disciplinas que ele tem dificuldade e deixar ele progredir normalmente nas disciplinas em que o aluno vai bem.

Offline Buckaroo Banzai

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Re: "Progressão continuada" não é pior do que a "repetência tradicional"
« Resposta #40 Online: 23 de Setembro de 2010, 21:22:08 »
E é isso o que alguns estudos mostram. Vi uns gráficos da proficiência de alunos relacionados a isso, e a baixa de proficiência com apenas um ano de repetência é estrondosa. Esses alunos, na maior parte do tempo, não devem estar realmente no mesmo nível que estavam quando puseram o pé na sala de aula no primeiro dia do ano, eles devem ter absorvido bastante coisa. Não tanto quanto os que "realmente" passaram, mas mais próximo disso (não necessariamente sempre, mas ao menos idealmente, e provavelmente, na maior parte do tempo) do que de alguém que acaba de ingressar no ano do qual ele deveria estar saindo.

Essa desvantagem inclusive deve ser o que causa algo da pequena vantagem aparente que tem o sistema seriado-anual. Não é propriamente uma vantagem, os alunos aprendendo mais, mas simplesmente o fato de que aqueles que não estão no topo, estão sendo excluídos, enquanto que na progressão continuada, eles prosseguem, apesar de mais fracos, o que abaixa um pouco a média geral desse sistema. Mas como se vê, não é realmente uma diferença de eficiência, mas uma aparência enganosa resultante desse filtro que é a reprovação, ou até a evasão.

É um pouco como um programa de saúde em massa, que faça uma população inteira de pessoas praticarem atividade física, se alimentar bem, e tomarem outros cuidados com a saúde, comparado a um sistema meio parecido com o que se tem para atletas olímpicos. Obviamente o sistema que seleciona apenas os atletas olímpicos mostrará um resultado devastador comparado ao planejado para uma saúde para o cidadão comum, mas ele não é realmente aplicável para essa finalidade, e tentar fazer isso, simplesmente significa deixar de ter essa política para a saúde pública, e apenas treinar atletas olímpicos ou profissionais, "de elite".

Offline gilberto

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Re: "Progressão continuada" não é pior do que a "repetência tradicional"
« Resposta #41 Online: 24 de Setembro de 2010, 06:21:48 »
É Buckaroo, acho que da mesma forma que no aquecimento global, essa politização eleitoreira sobre a progressão continuada mais atrapalha do que ajuda.

Offline Unknown

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Re: "Progressão continuada" não é pior do que a "repetência tradicional"
« Resposta #42 Online: 05 de Janeiro de 2011, 23:09:17 »
Alunos de São Paulo farão avaliação semestral

Novo secretário de Educação quer reorganizar ensino fundamental e diz que termo progressão continuada será abolido

O novo secretário de Educação do Estado de São Paulo, Herman Voorwald, anunciou nesta quarta-feira, 5, ao tomar posse, que fará uma reorganização do ensino fundamental. Os alunos passarão por avaliações semestrais que nortearão uma recuperação paralela aos que não tiverem aprendido o esperado.

A prova tem a intenção de avaliar o aluno e os conteúdos que ele aprendeu, segundo o secretário. O já existente Sistema de Avaliação de Rendimento do Estado de São Paulo (Saresp), que avalia a rede de ensino a partir de provas e questionários respondidos por pais, alunos e gestores, será mantido uma vez ao ano. “São coisas diferentes, a nova prova serve para identificar se o aluno precisa de recuperação”, explicou.

O ex-reitor da Universidade Estadual do Estado de São Paulo (Unesp) disse que não vai mais usar o termo progressão continuada, instituído pelo próprio governo do PSDB em 1998. Segundo ele, o termo está “abolido” da rede, mas a política de ciclos será mantida. “Guardem o termo recuperação, ele será fundamental”, disse.

“Existe uma leitura de que a progressão continuada é a grande responsável pela má qualidade da educação. No entanto, por si só ela não o é. Em estados com bons resultados também existe progressão continuada. O que se tem de fazer é uma reorganização do ensino fundamental de nove anos”, afirmou o novo chefe da pasta.

O Estado de São Paulo vai continuar a trabalhar com ciclos, mas mudanças podem ocorrer - hoje são dois, um do 1º ao 5º ano e outro do 6º ao 9º ano. Voorwald não quis adiantar qual é a proposta da secretaria antes de discutir o tema com a rede de ensino. Mais cedo, em entrevista à Band News FM, o governador Geraldo Alckmin afirmou que os ciclos passarão a ter três anos.

A troca de nomes de programas já existentes deve marcar o novo governo de Alckmin. O tucano já sinalizou que vai mudar o nome do Sistema Integrado de Licenciamento (SIL) e da Universidade Virtual do Estado de São Paulo (Univesp) como forma de deixar com sua marca ações que vinham do antecessor, também do PSDB, José Serra.

Convite aos professores

Todas as modificações no ensino fundamental devem ocorrer a partir de 2012. Em uma tentativa de se aproximar dos professores, que estão entre os mais descontentes no funcionalismo público paulista, ele convidou sindicatos para uma reunião nesta quinta-feira, em que anunciará os planos e pedirá participação.

“Todas as propostas serão discutidas com a rede, vamos falar da reorganização do ensino fundamental e também do plano de carreira para o professor e do programa de bonificação por mérito”, disse.

Para a presidente do Sindicato dos Professores (Apeoesp), Maria Isabel Noronha, não há problemas na progressão continuada, mas no que chama de desvirtuamento da proposta de ciclos que ocorreu em São Paulo, apelidada pelos professores de “promoção automática”: “todos os alunos são aprovados independente de esforço”.

O sindicato vai apresentar amanhã três reivindicações: reposição de perda salarial, mudanças no processo de atribuição de aulas e contratação dos temporários com estabilidade.

Outro projeto da secretaria para melhorar o desempenho dos estudantes paulistas é aumentar o número de escolas com turno integral.

Creches

Para cumprir a promessa de campanha de Alckmin de construir 200 mil creches, o secretário anunciou que já existe um projeto em estudo de parceria com os municípios, no qual o governo vai fornecer as instalações e o material, e as prefeituras ficarão responsáveis pela mão de obra.

http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/alunos+de+sao+paulo+farao+avaliacao+semestral/n1237917299866.html

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Offline Buckaroo Banzai

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Re:progressão continuada
« Resposta #43 Online: 02 de Janeiro de 2013, 23:44:04 »
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Países com melhores notas usam sistema de ciclos no ensino

Chamado de progressão continuada, modelo é criticado no Brasil sob o argumento de aprovar aluno que não aprende

 

Enquanto o modelo norte-americano em relação a políticas educacionais pode dar sinais para o Brasil, a observação do desempenho de outros países pode ajudar a desmistificar a progressão continuada - duramente criticada por alguns setores que a enxergam como aprovação automática de alunos sem conhecimento, e fortemente defendida por outros, que o encaram como uma pedagogia moderna e que não empurra o aluno para fora da escola.

 

Análise feita por pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) nos resultados de duas avaliações internacionais de desempenho mostrou que os países com melhores notas adotam o sistema de ciclos, e não a repetência por séries. Nesse contexto, a diferença chega a ser de até 20 pontos a mais entre os que adotam a progressão e os que usam a repetência.

 

“A idéia do estudo foi mostrar que a progressão continuada é um modelo adotado internacionalmente e que não há nenhuma contradição com bons resultados em termos de aprendizado”, explica o autor, Sergei Suarez Dillon Soares. Ele escolheu os testes Trends in International Mathematics and Sciency Study (Timms), que analisam matemática e ciência, e Progress in International Reading Literacy Study (Pirls), voltado para leitura.

 

O Brasil não participa de nenhum dos dois testes. “É claro que há muitos fatores envolvidos nisso, mas os dados mostram que a progressão continuada não exerce nenhum efeito negativo na aprendizagem dos alunos”, diz o pesquisador.

 

Os primeiros países no ranking, como Japão, Coréia, Suécia e Noruega, praticam progressão continuada em todo o ensino fundamental e proíbem a reprovação de um aluno em qualquer série desse ciclo - isso pode ocorrer apenas por faltas. Chile, Cingapura e Hong Kong, numa faixa intermediária, adotam o sistema de ciclos, parecido com o de Estados brasileiros, como São Paulo e Minas. Ou seja, pode-se reprovar no fim desses períodos, a cada quatro anos.

 

A repetência seriada é adotada nos países de menor desenvolvimento e com piores desempenhos, como Arábia Saudita, Indonésia, Líbano e Filipinas. A exceção é a Bélgica, uma das melhores no ranking, que se recusou a aplicar a progressão após um grande debate na sociedade. “É preciso desatar a idéia de que o ensino é ruim por causa da progressão. O resultado é ruim porque a gente não oferece condições pedagógicas para o aluno aprender”, afirma o professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) José Francisco Soares, especialista em avaliações. “Repetir não pode ser o único instrumento pedagógico do professor.”

 

O ENSINO PÚBLICO

 

30 milhões de alunos estão matriculados no fundamental

7,9 milhões de estudantes cursam o ensino médio na rede

55% dos alunos da 4.ª série conseguiam apenas ler frases simples, segundo avaliação de 2003

(O Estado de São Paulo, 9,9)

http://www.ufcg.edu.br/prt_ufcg/assessoria_imprensa/mostra_noticia.php?codigo=5856

Offline uiliníli

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Re:progressão continuada
« Resposta #44 Online: 02 de Janeiro de 2013, 23:49:57 »
Ok, esse é um bom ponto. Vou rever minha crítica à progressão continuada, mas creio que não basta empurrar os alunos que teriam sido reprovados para frente, eles precisam de uma atenção especial.

Offline LaraAS

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Re: progressão continuada
« Resposta #45 Online: 03 de Janeiro de 2013, 00:17:12 »
2 professores nada.
o negócio é o seguinte; tem professor público que pode ganhar 10.000 reais mensais que vai continuar acomodado. quem estuda em universidade pública sabe como é.

ao invés de pagar 2 professores, deveriam pagar um só e pagar 300 reais mensais para um aluno espião. o aluno espião informaria ao órgão responsável (cie - central de inteligência educacional) das posturas do professor, claro, poderia gravar a aula ou filmar, pra ninguém ser injustiçado.
hehe

falando sério;
não acredito que o problema com a educação brasileira se resuma a baixo salário de professor. entre as causas, dá pra enumerar a falta de rigor na avaliação escolar, quiçá até seja a deteminante. mas alguns fatores são imensuráveis, como talvez o método pedagógico. será que parte deste péssimo cenário não são décadas de paulo freire?
há de se encarar a realidade; muita gente não estuda porque não quer mesmo. o problema então, é de motivação, algumas vezes .então, se fizéssemos como o apolinário e colocássemos a molecada em período integral, provavelmente uma boa parte iria se revoltar e ficar aprontando na escola, matando aula, dormindo, sei lá. se o rigor na avaliação escolar fosse muito grande, se, além de provas difíceis, tivessem também de realmente passar de ano, quantos não abandonariam a escola? e, se comunicados os pais, quantos se indignariam, quantos têm consciência da enorme importância da educação?
pois então, taí a chave do problema da educação no brasil, que creio poder ser resumido a dois fatores; falta de motivação e falta de avaliação. deve-se exigir da molecada e deve-se fazê-los pensar que a exigência deve ser cumprida.
como? sei lá, que os pedagogos e os gestores da máquina pública cuidem disso. a minha intenção só é apontar que quatruplicar salário de professor, dobrar tempo na escola ou colocar mais professores definitivamente não resolve a questão. pode acabar sendo dinheiro no lixo.


             Quanto ao que você escreveu no primeiro paragrafo, você falou como piada mas a verdade é isso já acontece, alguns alunos se queixam de um bando de coisa do professor na diretoria e há alguns diretores que dão sistematicamente razão a eles e efetivamente alguns desses alunos filmam com celulares e sobretudo gravam as coisas das aulas e usam nas denuncias.
           

Offline Geotecton

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Re:progressão continuada
« Resposta #46 Online: 03 de Janeiro de 2013, 00:24:41 »

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Países com melhores notas usam sistema de ciclos no ensino
[...]
Os primeiros países no ranking, como Japão, Coréia, Suécia e Noruega, praticam progressão continuada em todo o ensino fundamental e proíbem a reprovação de um aluno em qualquer série desse ciclo - isso pode ocorrer apenas por faltas.
[...]

E alguém pode me mostrar a relação direta e inequívoca entre uma qualidade superior de ensino e a progressão continuada?

Porquê até o momento só vi uma correlação e que pode ter muitas outras variáveis influenciando, como o nível médio cultural e as condições sócio-econômicas da população.

Ou seja, a progressão continuada pode não ser a melhor opção para os brasileiros.
Foto USGS

Offline LaraAS

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Re: progressão continuada
« Resposta #47 Online: 03 de Janeiro de 2013, 00:26:18 »
Bruno, jovem vai pra escola também pra aprender a ser disciplinada e viver em sociedade, né? O que fode é: vc entra na escola pública cheio de idéias, aí todo mundo lá sentado deixando eles fazendo o que querem, por preguiça. Tem muita coisa que paga menos ainda que ser professor. Salário é uma merda, não tem incentivo pra formação contínua, mas ou a pessoa gosta do que faz ou sai fora. 
Tenho muito ódio dessas normalistas velhas.

BB, se o sistema fosse competente, os jovens não repetiriam de ano no grau que costumavam, e aí não ia PRECISAR de progressão continuada. Não precisa fazer muito pras crianças passarem nos testes, sabe.

        Você pode dar uma de machão o quanto quiser para com os professores, mas isso não adianta nada. Hoje em dia, já faltam professores nas escolas públicas, efetivamente um bando de professores já fez e está fazendo isso que você está dizendo, mudando de profissão, só que o estilo "ser metido a machão para com os professores" não está atraindo novos professores para a escola pública, hoje as escolas públicas estão com falta de 30% de professores e nem sequer com os OFAS (e mesmo depois de acabar aquela absurda política do Serra quanto aos OFAS de que tinham que ficar 3 meses dentro do ano letivo sem trabalhar e sem nenhum seguro desemprego entre um trabalho e outro) mas mesmo depois do fim dessa política absurda do Serra, ainda assim, os alunos das escolas públicas estão sempre sem um terço de professores por meses, de exatas e biologia então....às vezes, algumas turmas ficam por um semestre letivo sem professor de química ou de matemática. Mas mesmo nas matérias de humanas, frequentemente há turmas em que os alunos ficam um ou dois meses sem aulas de português ou de História, nem OFAs as escolas conseguem na mesma proporção que antes, porque inclusive os OFAs estão em enorme proporção abandonando a profissão.

Offline Barata Tenno

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Re:progressão continuada
« Resposta #48 Online: 03 de Janeiro de 2013, 00:30:01 »

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Países com melhores notas usam sistema de ciclos no ensino
[...]
Os primeiros países no ranking, como Japão, Coréia, Suécia e Noruega, praticam progressão continuada em todo o ensino fundamental e proíbem a reprovação de um aluno em qualquer série desse ciclo - isso pode ocorrer apenas por faltas.
[...]

E alguém pode me mostrar a relação direta e inequívoca entre uma qualidade superior de ensino e a progressão continuada?

Porquê até o momento só vi uma correlação e que pode ter muitas outras variáveis influenciando, como o nível médio cultural e as condições sócio-econômicas da população.

Ou seja, a progressão continuada pode não ser a melhor opção para os brasileiros.

Ou seja, a o problema não é a progressão continuada.
He who fights with monsters should look to it that he himself does not become a monster. And when you gaze long into an abyss the abyss also gazes into you. Friedrich Nietzsche

Offline LaraAS

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Re: progressão continuada
« Resposta #49 Online: 03 de Janeiro de 2013, 00:30:40 »
... mas quanto ao assunto... ninguém acha que uma "unidade curricular repetível" menor que o ano ou semestre fosse algo vantajoso, e de forma modular?


Concordo plenamente. É muito imbecil ter que refazer todas as disciplinas. Seria mais justo um sistema semelhante ao de faculdades, as dependências, que poderiam ser oferecidas nas férias. Se o aluno não reprovar em muitas não perde tempo.

          Não só nas faculdades. No objetivo também há esse sistema de dependências e sem ser progressão continuada absoluta, só que os "pedaloucos" que têm carguinhos públicos para decidir as políticas nas escolas públicas falam que o sistema do objetivo é "tecnicismo", coisa de "escola particular mecanizada", "coisa mercadologia sem sendo crítico e que não incentiva o sendo crítico".
          Já os pedagogos mais sérios estão trabalhando justamente nas escolas particulares.

 

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