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pobreza  leva à criminalidade?

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Autor Tópico: "pobres são propensos ao crime / pobreza gera crime"  (Lida 10711 vezes)

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Offline Herf

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Re: "pobres são propensos ao crime / pobreza gera crime"
« Resposta #25 Online: 28 de Setembro de 2006, 14:38:46 »
Procedure, todo mundo, independente de classe social, esquece esses valores. Quem aqui nunca roubou uma caneta de escritório? Baixou livro, filme ou música de internet? É o mesmo princípio.

É claro que independentemente de classe social todos esquecem estes valores quando diante de uma necessidade realmente grande. Mas a questão é quem está mais propenso a ter grandes necessidades? O rico ou o pobre?

E quanto aos exemplos de pegar caneta do escritório e baixar músicas, acho que não têm nada a ver com o que estamos discutindo. Aí entra o que você considera errado ou não. Eu não acho moralmente condenável baixar músicas da internet.

E não digo isso por que me convém, já que gosto de música e não tenho dinheiro para comprar todos os CDs que queria. Poderia ter furtado inúmeros livros das bibliotecas da minha universidade, mas não o faço porque considero isso moralmente condenável. E não pense que eu não faço isso porque teria grandes chances de ser pego, é realmente fácil para algum mal intecionado pegar livros aqui (até me pergunto como eles não fazem alguma melhoria neste sentido).

Offline Dbohr

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Re: "pobres são propensos ao crime / pobreza gera crime"
« Resposta #26 Online: 28 de Setembro de 2006, 14:59:48 »
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Ricos cometem crimes por inveja, visto que não têm necessidades vitais, justamente por serem ricos, podem bancá-las todas.

Não concordo. Um deputado ou senador tipicamente já são endinheirados quando conseguem se eleger e mesmo assim se corrompem. Empresários inescrupulosos também.

Offline Buckaroo Banzai

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Re: "pobres são propensos ao crime / pobreza gera crime"
« Resposta #27 Online: 28 de Setembro de 2006, 15:16:00 »
Talvez nós estejamos falando sobre coisas diferentes. Enquanto eu interpreto a questão de um modo mais restrito, você o faz de uma forma mais generalizada.

Parece que estamos falando sobre dois tipos de crimes principais: crimes motivados por necessidades vitais do ser humano e crimes motivados apenas por inveja.

Ricos cometem crimes por inveja, visto que não têm necessidades vitais, justamente por serem ricos, podem bancá-las todas.

Também há pobres que cometem crimes por inveja, crimes que não tem no fundo uma causa de necessidade vital, mas neste grupo também há os crimes motivados por necesidade, o que não há entre os ricos.

Por isso, pobres são mais propensos a cometer crimes, visto que podem o fazer por duas causas principais (inveja e necessidade vital) enquanto ricos apenas o fazem por uma (inveja).

Eu não nego que hajam crimes cometidos por necessidade mesmo, mas acho que isso é uma parte ínfima da criminalidade e das pessoas que estão nas cadeias; só se ouve de vez em quando que uma ou outra pessoa roubou um pão ou remédio e foi para a cadeia, e isso geralmente causa bastante revolta inclusive.

Acho que maioria está por ter cometido crimes ou mais graves, e/ou furtos/roubos de coisas que não são necessidades básicas - enquanto a maioria das pessoas da mesma classe social delas não rouba essas mesmas coisas.


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Acho que a desigualdade social em si, não é problema algum. Se é, a Suzane é vítima da desigualdade social porque há os mais ricos que ela, e só teremos paz quando todos ganharem absolutamente igualzinho, a despeito do que quer que façam ou possam fazer para ganhar mais, que teria que ser coibido.

Não entendi este trecho.
Quis dizer que podem haver pobres (que tenham o suficiente para viver bem, se é que a palavra "pobre" pode ter esse significado), classe média, ricos e ricassos, sem que isso provoque criminalidade ou seja um mal em si mesmo. A desigualdade social não é um problema social, o problema é a pobreza extrema, miséria, que não são causadas pela desigualdade.

O Silvio Santos pode faturar uma nota que ele não está me roubando nem a ninguém; os únicos que ficam "mais pobres" para que o Silvio Santos fique mais rico são os que compram as tele-senas e pagam o carnê do Baú, mas o fazem voluntariamente, por acharem que vale a pena. E no processo, outras pessoas empregadas pelo Silvio Santos também se beneficiam. Inversamente, se eu decido não trabalhar ou trabalhar em algo que ganhe pouco, não tem alguém "me roubando", nem o Sílvio Santos, nem o meu patrão ou alguma pessoa que conseguiu uma vaga num emprego melhor.

(também não estou afirmando que todas as condições de trabalho são justas e que todo enriquecimento de todos ricassos é moralmente inquestionável)

Offline Dr. Manhattan

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Re: "pobres são propensos ao crime / pobreza gera crime"
« Resposta #28 Online: 28 de Setembro de 2006, 15:23:28 »
Oi,

Acho que o problema é que muita gente confunde correlação com causação: pelo que a gente vê, a pobreza
(ou desigualdade, como queira) está correlacionada com o crime, mas isso não quer dizer que ela seja a causa.
Por exemplo, um rapaz pobre pode até ter o que comer e o que vestir, mas ele também tem um futuro mais
incerto, e por isso não tem muito o que perder se se envolver com uma gangue.
Eu nunca estudei isso a fundo, mas por uns exemplos que vi a violência está muito associada à desagregação da
família. Li em algum lugar (ô referência boa :-) ) sobre um estudo que indicava que meninos que são criados sem
um pai em casa têm uma tendência maior de se envolver com a violência. Esse estudo foi feito nos EUA, onde boa
parte das crianças mais pobres só vivem com a mãe. Alguem sabe mais detalhes sobre isso?
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Temma

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Re: "pobres são propensos ao crime / pobreza gera crime"
« Resposta #29 Online: 28 de Setembro de 2006, 17:25:26 »
Mas parte da afirmação dos racistas é que a pobreza é geneticamente determinada, que seriam geneticamente incapazes de prosperar na sociedade se não forem favorecidos por cotas e outros sistemas, ou talvez a despeito disso.


completamente offtopic, mas pra você quem defende as cotas o faz porque acha negros geneticamente inferiores, portanto incapazes?  :/



Offline Clara Campos

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Re: "pobres são propensos ao crime / pobreza gera crime"
« Resposta #30 Online: 28 de Setembro de 2006, 17:42:35 »
Eu acho que não, senão os países da África seriam os com maior índice de criminalidade no planeta.O que não é o caso.O que gera criminalidade é má distribuição de renda, onde pessoas pobres convivem com pessoas ricas.
curioso, nunca tinha pensado nisso assim

Temma

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Re: "pobres são propensos ao crime / pobreza gera crime"
« Resposta #31 Online: 28 de Setembro de 2006, 17:50:09 »
Eu acho que não, senão os países da África seriam os com maior índice de criminalidade no planeta.O que não é o caso.O que gera criminalidade é má distribuição de renda, onde pessoas pobres convivem com pessoas ricas.
curioso, nunca tinha pensado nisso assim


Cuidado. Alguns podem querer usar isso para isolar os pobres.  :D

Offline Buckaroo Banzai

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Re: "pobres são propensos ao crime / pobreza gera crime"
« Resposta #32 Online: 28 de Setembro de 2006, 17:53:46 »

Eu acho que não, senão os países da África seriam os com maior índice de criminalidade no planeta.O que não é o caso.O que gera criminalidade é má distribuição de renda, onde pessoas pobres convivem com pessoas ricas.


na verdade nesses casos extremos acho que alguma a desigualdade é pré-requisito para o crime... não pela desigualdade em si, mas porque senão ninguém simplesmente tem qualquer coisa para se roubar :( 

mas essa pode ser uma visão meio caricata da situação... não sei...

Acho que a Índia talvez fosse um exemplo melhor, não sei bem.

Offline Buckaroo Banzai

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Re: "pobres são propensos ao crime / pobreza gera crime"
« Resposta #33 Online: 28 de Setembro de 2006, 18:03:40 »
Mas parte da afirmação dos racistas é que a pobreza é geneticamente determinada, que seriam geneticamente incapazes de prosperar na sociedade se não forem favorecidos por cotas e outros sistemas, ou talvez a despeito disso.


completamente offtopic, mas pra você quem defende as cotas o faz porque acha negros geneticamente inferiores, portanto incapazes?  :/


Acho que não, fazem mais por que é politicamente correto, porque se difundiu muito que é um modo justo de pagar o mal que os brancos fizeram aos negros. Mas isso parece meio implícito ao mesmo tempo. Porque se por exemplo, faculdades avaliam o preparo escolar e não a raça, e negros são tão capazes quanto qualquer outra cor, não faria sentido ter cotas.

Outro ponto é a fixação em negros, em vez de ter que haver cotas proporcionais a distribuição racial local, se o problema é visto como racismo, ou cotas sociais, se o problema que se tenta resolver é o despreparo pela pobreza.

Mas mesmo cotas sociais acho meio erradas; mais correto a meu ver seria cursinhos pré-vestibulares gratuitos e o resto fica sem "dar desconto" para alguém por critérios raciais ou sociais (exceto financeiro, por critérios sociais).

Já a eliminação de alguma tendenciosidade realmente racista não sei exatamente como poderia ser conseguida; acho que primeiramente teria que ser detectada, isso seria feito através da avaliação das avaliações... ver se de alguma forma brancos estão tomando o lugar de negros apesar das notas não justificarem. Daí punir severamente os responsáveis, além de corrigir o que foi feito.

Temma

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Re: "pobres são propensos ao crime / pobreza gera crime"
« Resposta #34 Online: 28 de Setembro de 2006, 18:51:32 »
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Acho que não, fazem mais por que é politicamente correto, porque se difundiu muito que é um modo justo de pagar o mal que os brancos fizeram aos negros. Mas isso parece meio implícito ao mesmo tempo. Porque se por exemplo, faculdades avaliam o preparo escolar e não a raça, e negros são tão capazes quanto qualquer outra cor, não faria sentido ter cotas.


Não cara, quem é a favor das cotas em momento algum entende que um negro seja inferior, do ponto de vista de capacidade. Mas sim que o negro é marginalizado, e a oportunidade de ingressar numa faculdade lhe é tirada antes do vestibular. o Vestibular tratando todos como iguais acaba por aumentar ainda mais essa desigualdade, que se evidencia pela própria distribuição de renda entre negros e brancos, e também proporção destes nas universidades.

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Outro ponto é a fixação em negros, em vez de ter que haver cotas proporcionais a distribuição racial local, se o problema é visto como racismo, ou cotas sociais, se o problema que se tenta resolver é o despreparo pela pobreza.

Isso é realmente muito complexo. E esse ponto é discutível. Acho sim que ao se cogitar as cotas deve-se observar as peculiaridades regionais. num exemplo, A UFSC, em floripa, suponhamos que lá tenha um número bem menor de negros entre a população, se adotadas cotas, e não forem proporcionais, é muito provável que ocorra uma migração de negros de outras regiões para lá, porque a população local não poderia preencher o número de vagas oferecidas. E em geral os negros com condições de mudar para outra cidade, ou mesmo estado, para cursar uma faculdade, no mínimo tem condições de pagar uma particular em suas próprias cidades.


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Mas mesmo cotas sociais acho meio erradas; mais correto a meu ver seria cursinhos pré-vestibulares gratuitos e
o resto fica sem "dar desconto" para alguém por critérios raciais ou sociais (exceto financeiro, por critérios sociais).

Acho que o mais correto mesmo seriam um ensino médio profissionalizante que viesse suprir as necessidades das camadas mais pobres. Sem cotas, sem nada. Mas aí temos um problema, a discussão é sobre o que temos hoje e o que pode-se fazer com as cotas.


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Já a eliminação de alguma tendenciosidade realmente racista não sei exatamente como poderia ser conseguida; acho que primeiramente teria que ser detectada, isso seria feito através da avaliação das avaliações... ver se de alguma forma brancos estão tomando o lugar de negros apesar das notas não justificarem. Daí punir severamente os responsáveis, além de corrigir o que foi feito.


Isso eu acho que não existe. acho, eu disse acho que o preconceito está muito mais imbuído na sociedade do que parece. O simples fato de negros ganharem menos do que brancos, ou melhor, precisarem aceitar trabalhar por menos, já demostra como o racismo além de evidente, é excludente.



PS: arrumei os quotes. mas não vai dar pra tirar os espaços. ajeito isso quando chegar em casa, tou saindo do trampo agora. desculpem pelo leiaute.
« Última modificação: 28 de Setembro de 2006, 20:47:07 por Temma »

Offline Buckaroo Banzai

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Re: "pobres são propensos ao crime / pobreza gera crime"
« Resposta #35 Online: 28 de Setembro de 2006, 19:13:58 »
Acho que isso é mais uma racionalização - desculpa para tornar socialmente e "auto-psicologicamente" aceitável o que seria inaceitável - talvez um tanto popularizada, talvez um tanto em moda, do que "o problema" em si.

Se fosse simplesmente um estado psicológico determinado pelo desnível, as classe média e média baixa por exemplo consideraria difícil viver sem carro, ao lado de vizinhos numa situação um pouco melhor com seus carros econômicos, na maioria usados, que por sua vez invejam os donos de carros zero (econômicos), e todos esses invejam os de um bairro mais adiante quando passam por ele ou pelas ruas das cidades, com seus modelos de carros bem mais caros e casas de luxo.

Não é justificando algo, apenas mostrando um dos motivos.
O fato é que, nas classes acima do nivel de "miséria", ainda existem chances. Emrpegos (mesmo que ruins e dificeis de achar), um salário (mesmo que muito pouco), etc. Mas imagine a situação, você sem ter o que comer e vendo na televisão que os mais pobres da novela tem mais coisa no café da manhã que você tem o dia inteiro. Não vejo como comprar fome e necessidade com carros.
Bem, como eu disse antes, não é que não hajam crimes motivados por necessidade mesmo. Mas acho que isso é uma fração quase despresível, e que nossos presídios não estão abarrotados de ladrões de galinha ou de pão.

Em vez disso, a maior parte dos crimes deve sim, ser motivado por algum ganho, mas mais supérfluo, não algo tão essencial, e não deve ser cometido pela maioria das pessoas daquela classe.

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Ninguém pensa que vai sofrer alguma punição, porque  se fosse assim, ninguém que vive em favelas/periferias iria cometer crimes, pois todo dia morrem vários e outros tantos vão presos.
Mas muitos enxergam o crime como o único caminho pra sair daquela vida miserável. E outros seguem esse caminho mesmo sendo consciente que o crime só leva a 3 coisas: cadeia, morte ou cadeira de rodas.
Eu acho que você essencialmente não me contradisse em nada aí... acho que os criminosos cometem os crimes supondo que há boa chance de sairem impunes, e vêem o crime como modo de subir na vida, obter o que querem de forma mais fácil ou da única forma que parece ser viável... só acho que adicionou o elemento favela/periferia desnecessariamente aí; tanto faz se o criminoso é da favela ou "dos jardins", vale para todos.

Continuo achando que o fato das pessoas serem de um ou de outro lugar não afeta em muito. Teoricamente poderia afetar de modo até meio "matematicamente previsível", porque quanto mais pobre se é, mais a vida poderia melhorar. Mas acho que de modo geral as pessoas não são [tão] inescrupulosas e isso acaba não pesando, e a honestidade não é inversamente proporcional à pobreza.

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Desse jeito, não acho mais "coitado" um que mata por um nike do que a Suzane Htichtofen. Não que o primeiro não pudesse (não necessariamente também) passar necessidades mais sérias, como educação escolar ruim, não ter sempre comida na mesa, poucas roupas e daí para pior. Mas isso acaba sendo irrelevante, e é fundamentalmente diferente de aqueles casos de pessoas que roubam um remédio ou comida.

Acho que crimes por necessidade/falta de opção são até que "aceitáveis", mas isso não passa de uma teoria. É como querer julgar o ruim pelo mal feito.
Também acho.... queria ter deixado isso mais óbvio dese o início e feito melhor essa distinção entre crimes por necessidades vitais e por puta inescrupulosidade.

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Assim não se pode ver tanto os criminosos do crime organizado e aspirantes/admiradores como vítimas da pobreza, e cair naquelas conversas dos advogados deles. Eles até "são" no sentido de que talvez guetos favoreçam alguma presença estratégica da criminalidade e causem uma certa banalização do crime e da violência, que vai sendo introduzida na educação de alguns. Mas essa situação subjetiva poderia ser considerada análoga a qualquer situação de vivência pessoal da Hitchtoffen que tenha lhe dado "falta de estrutura psicológica" ou qualquer coisa do tipo. (não estou defendendo ela!)


Isso eu concordo, existe uma grande diferente entre querer mais do que já tem e querer apenas o que precisa.
Mas é como diz a música, "Quem ta por baixo sonha em ser grande, quem ta por cima quer mais ouro e diamante".

Não entendi bem, a parte da música meio que contradiz o que disse antes, acho, mas aparentemente ficou claro que distingue entre um cara que rouba pães e traficantes.

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Mas enfim, resumindo o que eu quis dizer no outro post. Como convencer um garoto de 15 anos que tem a chance de ter dinheiro e ser respeitado, que isso não vale a pena? Sendo que nem estudo, nem conselhos de pai ou mãe ele teve. É dificil.
Bem, eu acho que boa parte senão a imensa maioria das pessoas da favela tem pai e mãe, e recebem educação moral, incluindo que devem ser honestos. E não vejo as más influências de uma favela como mais "inocentadoras", que sejam mais vítimas do que um garoto de classe média pode ter de um grupinho de playbas marginais que botam fogo num índio por diversão, consomem e/ou vendem extasy. Todos estão passíveis de ter más companhias em qualquer classe social.


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No livro Falcão - Meninos do Tráfico o Celso Athayde eo MV Bill entrevistaram 17 falcões (garotos que vigiam as bocas) e só 1 sobreviveu até o livro ser publicado. Esse que sobreviveu saiu dessa vida com ajuda do MV Bill, começou a trabalhar na CUFA pra sustentar a esposa eo filho. Porém saiu da CUFA e voltou pro crime, porque o dinheiro não era o suficiente, infelizmente.
Não era o suficiente para que? Para viver, ou para manter o nível de vida que tinha quando vivia do crime? A segunda possiblidade não vejo como desculpa, porque acredito que a imensa maioria dos pobres e miseráveis é honesta.

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Mas quase ninguém faz nada por isso, eu vi em um fórum a noticia que o coronel Ubiratam (que comandou o massacre do Carandiru) foi assassinado, tinha comentários como: Ele matou um monte de assaltando e estupradores, deviam existir várias como ele no Brasil, quem sabe iria melhorar alguma coisa.
Eu acho ridiculo isso, querer parar a violência com mais violência, acho que pessoas assim não pensam no próximo e provavelmente não pensariam 2 vezes em roubar quando tivessem fome.
Eu já acho que aí está misturando um monte de coisas... primeiro e mais OT de tudo, eu não sei se o massacre do carandiru foi mesmo um massacre. O livro do Varela só teve depoimentos dos presos, que eu saiba, e talvez seja tendenciosidade minha, mas não confio muito em criminosos :roll:   Dentro das cadeias os presos tem sempre suas desavenças, no meio da confusão de uma rebelião é um momento ideal para quitar algumas situações pendentes, e fora isso, os presidiários nem desarmados estavam, mas tinham armas de fogo e logo de início jogaram um botijão de gás contra a polícia, que explodiu. Eu não culpo policiais por uma reação mais violenta (supondo que pudesse ter sido menos violenta, e ser eficaz - claro, cobrando a não-violência apenas dos policiais, porque isso não é esperado dos presos rebelados, deles não se cobra tratamento digno para com as vítimas) com essas "boas vindas" se o trabalho deles é controlar uma rebelião de pessoas que estão condenadas lá por diversas coisas que podem incluir crimes violentos e não são muito fãs de policiais, que aliás, se conseguissem matar, provavelmente seriam bem vistos entre os seus.

Bem, fim desse OT... continuando:

não sou a favor de violência máxima total e desenfreada contra o crime, mas muitos dos criminosos (possivelmente uma boa parte da maioria, todos outros além dos ladrões de pão ou de galinha) são violentos, e não dá para querer fazer policiamento hippie, o cara está lá com um rifle na mão e você vem saltitando e jogando flores para os lados, o abraça bem forte e fala para vir para a cadeia que isso de crime é o maior baixo astral. Violência é uma necessidade contra a violência. Violência pura não adianta nada, é necessária inteligência e prevenção, e excelência estratégica que pode evitar violência em muitos casos.

Outra pequena mistura que acho que fez foi dizer que "acho que pessoas assim não pensam no próximo e provavelmente não pensariam 2 vezes em roubar quando tivessem fome"... também acho, e não culpo, mas não acho que pessoas que se sentem raiva da violência que os ameaça não pensam no próximo. Elas pensam sim, muitas delas talvez nem tenham sofrido algum assalto, mas alguém próximo a elas pode ter sido assaltado ou até morto. E não acho que esse sentimento de raiva e desejo de justiça olho-por-olho seja injustificado.

Mas principalmente, volta àquilo que é quase o tema principal: essas pessoas não estão comemorando a morte de ladrões de galinha ou de pão, mas de traficantes e outros com motivação menos desculpável para o grau de violência (ou de prejuízo a sociedade de outra forma) que cometem. Repito novamente, é comum ver as pessoas revoltadas quando é presa uma pessoa por roubar remédio, ou uma empregada que rouba uma lata de ervilha da casa do patrão, e acho que isso ocorre até mesmo dentre algumas pessoas (se não for a maioria) que defendem repressão mais violenta ou até pena de morte contra alguns crimes.

Offline Buckaroo Banzai

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Re: "pobres são propensos ao crime / pobreza gera crime"
« Resposta #36 Online: 28 de Setembro de 2006, 19:49:31 »
Não cara, quem é a favor das cotas em

momento algum entende que um negro seja

inferior, do ponto de vista de

capacidade.
Eu sei disso, como eu disse, acho que acreditam que seja um modo de corrigir uma injustiça, ainda que sejam meio cegos quanto ao que está implícito nas cotas.


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Mas sim que o negro é

marginalizado, e a oportunidade de

ingressar numa faculdade lhe é tirada

antes do vestibular. o Vestibular

tratando todos como iguais acaba por

aumentar ainda mais essa desigualdade,

que se evidencia pela própria

distribuição de renda entre negros e

brancos, e também proporção destes nas

universidades.
Não faz sentido cotas especificamente para negros se o problema é que pessoas - não negros inclusos -de baixa renda não teriam a oportunidade. As cotas teriam que ser sociais, acabariam sendo apenas incidentalmente raciais, tal com é a distribuição de renda.

Isso sim faria sentido, tem lógica, cotas raciais não.

Mas cotas para entrada, sociais ou raciais não acho corretas se o vestibular é considerado um processo seletivo, em vez de um sorteio.

Processo seletivo presume averiguar se o candidato está apto ao curso. Burlar isso, é simplesmente ignorar se a pessoa está apta ou não. Se é para não se lixar com a capacitação dos alunos, talvez melhor se fizesse em dar direto os diplomas.

Porque se os pobres não passam no vestibular - que repetindo, presume-se avaliar a aptidão - por não terem tido oportunidade de estudo, não deverão conseguir concluir o curso da mesma forma, por causa desse atraso que vem de mais atrás.

Se o vestibular não é processo seletivo, e todos os candidatáveis são considerados aptos a cursar a faculdade, talvez devesse ser simplesmente sorteio mesmo. Se querem selecionar apenas os melhores, não sei, acho que novamente talvez devesse ter uma cota social, ou (muito) preferivelmente, ensino público de melhor qualidade.

 
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Isso é realmente muito complexo. E esse

ponto é discutível. Acho sim que ao se

cogitar as cotas deve-se observar as

peculiaridades regionais. num exemplo,

A UFSC, em floripa, suponhamos que lá

tenha um número bem menor de negros

entre a população, se adotadas cotas, e

não forem proporcionais, é muito

provável que ocorra uma migração de

negros de outras regiões para lá,

porque a população local não poderia

preencher o número de vagas oferecidas.

E em geral os negros com condições de

mudar para outra cidade, ou mesmo

estado, para cursar uma faculdade, no

mínimo tem condições de pagar uma

particular em suas próprias cidades.



Bem, como eu disse antes, cotas raciais não fazem sentido, teriam que ser sociais, a menos que se julgue pessoas mais ou menos capazes pela raça mesmo, pelos genes. Se não é isso, só faz sentido cotas sociais, se fizer, quando o preferível mesmo é ensino público anterior capacitante, tal como é preferível consertar o telhado em vez de colocar baldes nas goteiras.

Numa situação mais surreal análoga, não se pode cogitar cotas para analfabetos nas faculdades, e querer ensinar desde o primário até o superior para eles lá. Assim, melhor que cotas são cursinhos públicos, que também são um "jeitinho", porque o colegial já deveria capacitar.




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Acho que o mais correto mesmo seriam um

ensino médio profissionalizante que

viesse suprir as necessidades das

camadas mais pobres. Sem cotas, sem

nada.
De acordo, ainda que o foco nem devesse ser tanto no "profissionalizante", mas no ensino médio "básico" mesmo, essa é a prioridade, o adicional é ótimo também, claro.  :ok:


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Mas aí temos um problema, a

discussão é sobre o que temos

hoje e o que pode-se fazer com

as cotas.

Acho que se pode se pensar em ensino profissionalizante associado ao ensino médio, melhor que cotas para ensino superior seriam cursos profissionalizantes dissociados ou uma mistura disso com supletivo/cursinho.


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Isso eu acho que não existe. acho, eu

disse acho que o preconceito

está muito mais imbuído na sociedade do

que parece.
???

Se o racismo está mais imbuído não seria de se esperar esse tipo de crime, em vez de não esperar?  :hein:



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O simples fato de negros

ganharem menos do que brancos, ou

melhor, precisarem aceitar trabalhar

por menos, já demostra como o racismo

além de evidente, é excludente.

Eu não sei bem como são feitas essas contas e se isso realmente reflete racismo. Quer dizer que não há brancos e pessoas de outras raças proporcionalmente ganhando tanto quanto esses negros que ganham menos que alguns brancos? Acho que há, apenas são mais negros (ou mulatos) a ganhar menos que brancos porque são a maioria mesmo. Essencialmente o mesmo problema lógico de se achar que deve se ter medo de pobres porque são criminosos potenciais, correlações mal examinadas.

Offline Dbohr

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Re: "pobres são propensos ao crime / pobreza gera crime"
« Resposta #37 Online: 28 de Setembro de 2006, 21:32:55 »
É claro que independentemente de classe social todos esquecem estes valores quando diante de uma necessidade realmente grande. Mas a questão é quem está mais propenso a ter grandes necessidades? O rico ou o pobre?

Meu ponto é que a ocasião não faz o ladrão. A ocasião mais a vontade de obter alguma vantagem fazem o ladrão, independente de necessidade física ou material. Ou você acha que o político rouba porque precisa?

Trocando em miúdos: quem não quer, não rouba, por mais que se sinta justificado.

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E quanto aos exemplos de pegar caneta do escritório e baixar músicas, acho que não têm nada a ver com o que estamos discutindo. Aí entra o que você considera errado ou não. Eu não acho moralmente condenável baixar músicas da internet.

Tanto tem a ver que você acabou de ilustrar o meu ponto  :)

Você não acha moralmente condenável. Você tem os meios. Você não teme represália. Logo, você baixa música. Entretanto, isso é ilegal, não importa o quanto você justifique para si mesmo.

(Não que eu ache que você seja ladrão, nem nada. Também acho ridícula toda esse celeuma sobre músicas baixadas...)

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Poderia ter furtado inúmeros livros das bibliotecas da minha universidade, mas não o faço porque considero isso moralmente condenável. E não pense que eu não faço isso porque teria grandes chances de ser pego, é realmente fácil para algum mal intecionado pegar livros aqui (até me pergunto como eles não fazem alguma melhoria neste sentido).

Oportunidade + meios + ausência de vontade = ausência de transgressão.

Q. E. D.

Offline Dbohr

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Re: "pobres são propensos ao crime / pobreza gera crime"
« Resposta #38 Online: 28 de Setembro de 2006, 21:47:24 »
Peço desculpas pelo flood, mas considerem as seguintes situações:

1) João mora numa comunidade carente. Não tem pai, a mãe é alcoólatra. Foi criado pela avó, que tenta afastá-lo da criminalidade e fazê-lo freqüentar a escola, que é precária.

Os amigos de João se envolvem com o tráfico de drogas e conseguem algum dinheiro. Além disso, as armas que portam atraem a atenção das garotas da comunidade. João sabe que a vida de traficante é curta e violenta, mas se ressente por não ter um tênis, um celular, um I-pod, uma namorada. Sabe que dificilmente a escola vai lhe dar meio de subir na vida.

João recebe um convite para integrar "o movimento", como se diz. Ele aceita?

2) Pedro estudou Medicina na faculdade e depois de se formar destaca-se em alguns casos e considera se candidatar a um cargo de Deputado. A família de João tem posses, mas não tantas que possam bancar uma candidatura.

Ele faz alguns contatos, pede contribuições a antigos clientes, recebe propostas de lobistas. "Investe" muito dinheiro na candidatura -- nada que o deixe quebrado se perder, mas o suficiente para deixá-lo endividado por muitos anos. Mas sabe que com seu trabalho e com os bens de sua família, não ficará arruinado.

Ocorre que Pedro ganha e vai para Brasília. Ele sabe que no Congresso ocorrem muitas negociatas e não está disposto a se vender. Mas logo depois chegam os lobistas que o apoiaram e pedem favores. Os que lhe deram dinheiro durante a fatura também. Um colega de Congresso o chama para participar de um esquema ilegal.

Pedro sabe que essas propostas são anti-éticas, mas vê todos ao seu redor fazendo coisas semelhantes sem nenhum pudor e sem medo de represálias. Com o dinheiro ele poderia financiar várias outras campanhas e continuar no Congresso, desde que consiga continuar se elegendo.

Pedro se corrompe?

 

Marcelo

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Re: "pobres são propensos ao crime / pobreza gera crime"
« Resposta #39 Online: 29 de Setembro de 2006, 01:58:00 »
Pra mim é claro o fato da pobreza tornar a pessoa mais propensa ao crime. Algo q mostra isto claro pra mim é o fato de q a esmagadora maioria dos criminosos são das classes baixas da sociedade. Isto certamente não se deve a coincidência ou simples má vontade do pobre em trabalhar. Mas também é claro q não é uma regra, mas certamente aumenta em muito a possibilidade de levar alguém ao crime. Roubo, furto e tráfico, principalmente. Mas quando me refiro ao pobre, é ao pobre de verdade, aquele q almoça de tarde sem ter certeza se vai jantar a noite, não o trabalhador assalariado q pega busão pra ir pro serviço e ganha uma miséria no final do mês (apesar de q a tentação do mundo do crime pra estes também é grande). E podem ter certeza, pobre e miserável é o q não falta no Brasil.

Aqueles aqui q afirmam não ter relação entre pobreza e crime, é pq não tem a experiência de presenciar no dia-a-dia a vida sofrida destas pessoas. Quando se está sentado na poltrona confortável de um apartamento em um bairro nobre da cidade, é fácil achar q o mundo se resume a isto e q a vida é tão simples assim pra todo mundo. Imagino q a grande maioria aqui é de classe média pra cima, do tipo q só vê miséria na televisão ou quando passa de carro (com os vidros e portas bem fechados) próximo a alguma periferia ou favela. Eu sei do q falo, pois vivo em um região periférica pobre da minha cidade. Conheço muita gente q mora em barraco, a beira de esgoto nojento a céu aberto, esquecido pela prefeitura. Não q estejam ali pq querem ou pq são preguiçosos ou vagabundos, mas pq são o elo de um ciclo de miséria q começou muito antes deles.

Analisem o cenário: o cara já vem de uma família pobre, onde o pai e a mãe não possuem nem o primário completo. Por isso, além de não ser incentivado pelos pais da importância de adquirir conhecimento, é obrigado a trabalhar desde cedo pra ajudar em casa. Sendo q as únicas alternativas de educação para ele são escolas públicas imundas, abandonadas, sem recursos e com professores desanimados e despreparados (escolas públicas em periferias são hoooorriiiiiiiiveis! Não to exagerando não, é um caos o negócio). Tudo isto culminando no abandono dos estudos antes de completar o segundo grau. O tempo passa, o cara não tem estudo, não tem curso nenhum, não acha emprego, o q sobra pra ele é se subempregar e ganhar um salário de miséria pra poder sustentar a mulher e os filhos, morando em um barraco. Além da família passando necessidade, ainda vê em todo lugar a ladainha consumista de q temos q ter isto, comprar aquilo pra sermos alguém na vida. Isto tudo junto dá um nó no cérebro dele, q já o faz começar a se desesperar e a pensar em besteiras. Já estando numa situação destas, ele olha pro lado e vê no crime (q sempre tem vagas abertas) a tentação de ganhar em um dia, traficando e/ou roubando, o q ele não consegue ganhar em um mês trabalhando de servente de pedreiro ou como empacotador. Some-se a isto o vício em drogas (q na periferia é mais fácil de achar do q pão), q acaba por desgraçar de vez a vida. Daí vê q ninguém ta nem aí pra ele e pras suas dificuldades, q os políticos roubam a torto e a direita, q não tem assistência social nenhuma pra ajuda-lo a sair da merda... o q acha q ele faz? Se revolta, mete o foda-se e cai no mundo do crime. Num mundo cão desses, a pessoa tem q ser forte pra sobreviver e não se envolver no mundo do crime. Infelizmente nem todos são fortes o suficiente pra resistir a tentação.

Offline Buckaroo Banzai

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Re: "pobres são propensos ao crime / pobreza gera crime"
« Resposta #40 Online: 29 de Setembro de 2006, 02:44:20 »
Pra mim é claro o fato da pobreza tornar a pessoa mais propensa ao crime. Algo q mostra isto claro pra mim é o fato de q a esmagadora maioria dos criminosos são das classes baixas da sociedade.
Mas a imensa maioria dos criminosos é destro, e não canhoto, e de qualquer classe social. Logo são os destros os que são propensos ao crime, e é com eles que se deve tomar cuidado.





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Aqueles aqui q afirmam não ter relação entre pobreza e crime, é pq não tem a experiência de presenciar no dia-a-dia a vida sofrida destas pessoas. Quando se está sentado na poltrona confortável de um apartamento em um bairro nobre da cidade, é fácil achar q o mundo se resume a isto e q a vida é tão simples assim pra todo mundo. Imagino q a grande maioria aqui é de classe média pra cima, do tipo q só vê miséria na televisão ou quando passa de carro (com os vidros e portas bem fechados) próximo a alguma periferia ou favela. Eu sei do q falo, pois vivo em um região periférica pobre da minha cidade. Conheço muita gente q mora em barraco, a beira de esgoto nojento a céu aberto, esquecido pela prefeitura. Não q estejam ali pq querem ou pq são preguiçosos ou vagabundos, mas pq são o elo de um ciclo de miséria q começou muito antes deles.

E a maioria dessas pessoas são criminosas?

Das pessoas que eu conheço, não. Aliás, das pessoas que já conheci mais direta ou indiretamente se envolveram com crimes de roubo e assassinato eram de classe no mínimo média ou "média-baixa".

Claro que, nem o meu caso de pessoas não tão pobres cometerem crimes enquanto as pessoas mais pobres que conheço não cometerem, nem o seu caso das pessoas mais pobres serem na maioria criminosas, valem de alguma coisa, seria tudo evidência anedota.

O que contaria mesmo seriam estatísticas demonstrando que a proporção de criminosos é maior entre as classes mais baixas - o que é gritantemente diferente de haver uma maioria de criminosos de classes mais baixas. Só isso demonstraria que o pobre é mais propenso ao crime, que a honestidade é inversamente proporcional à pobreza.




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Analisem o cenário: o cara já vem de uma família pobre, onde o pai e a mãe não possuem nem o primário completo. Por isso, além de não ser incentivado pelos pais da importância de adquirir conhecimento, é obrigado a trabalhar desde cedo pra ajudar em casa. Sendo q as únicas alternativas de educação para ele são escolas públicas imundas, abandonadas, sem recursos e com professores desanimados e despreparados (escolas públicas em periferias são hoooorriiiiiiiiveis! Não to exagerando não, é um caos o negócio). Tudo isto culminando no abandono dos estudos antes de completar o segundo grau. O tempo passa, o cara não tem estudo, não tem curso nenhum, não acha emprego, o q sobra pra ele é se subempregar e ganhar um salário de miséria pra poder sustentar a mulher e os filhos, morando em um barraco. Além da família passando necessidade, ainda vê em todo lugar a ladainha consumista de q temos q ter isto, comprar aquilo pra sermos alguém na vida. Isto tudo junto dá um nó no cérebro dele, q já o faz começar a se desesperar e a pensar em besteiras. Já estando numa situação destas, ele olha pro lado e vê no crime (q sempre tem vagas abertas) a tentação de ganhar em um dia, traficando e/ou roubando, o q ele não consegue ganhar em um mês trabalhando de servente de pedreiro ou como empacotador. Some-se a isto o vício em drogas (q na periferia é mais fácil de achar do q pão), q acaba por desgraçar de vez a vida. Daí vê q ninguém ta nem aí pra ele e pras suas dificuldades, q os políticos roubam a torto e a direita, q não tem assistência social nenhuma pra ajuda-lo a sair da merda... o q acha q ele faz? Se revolta, mete o foda-se e cai no mundo do crime. Num mundo cão desses, a pessoa tem q ser forte pra sobreviver e não se envolver no mundo do crime. Infelizmente nem todos são fortes o suficiente pra resistir a tentação.

Imagine a situação: playboyzinho de classe média-alta, mimado desde cedo, ganhando tudo de bom e do melhor. Mesada sempre no bolso, empregada para limpar a sujeira do quarto, bem no estilo do "sou playboy, filhinho de papai", do "Grabriel o pensador".

Como recebe tudo na maior moleza, não dá importância aos estudos, e as aulas do colégio particular entram por um ouvido e saem pelo outro. Está lá mais para ficar com a turminha, que não é boa coisa. Se enturma com más influências, playboyzinhos desesperados por popularidade e aprovação no seu grupo social, com muito dinheiro para gastar e nada de útil na cabeça. Querem "apavorar" entre os amigos, tentando ser mais malucos quanto puderem, arrumando brigas em danceterias, etc. Um desse grupo não ganha tanto para sustentar o estilo de vida requisitado pelo grupo, os tenis da moda ficam envelhecendo em vez de serem trocados todo mês, o carro do pai nem impressiona... então resolve vender extasy para faturar algo mais e se manter no grupo. Mostra para os amigos, todos adoram uma farra, tomam, e indo de danceteria em danceteria, no intervalo entre duas decidem tocar fogo num índio que dormia numa praça. Exceto um deles, que ficou em casa, teve deliírio paranóico por causa da cocaína e matou a avó com uma espada ninja, e a empregada com uma facada. Uma semana mais tarde, a mãe e o pai da namorada de um deles são assassinados a pauladas na própria cama, e descobre-se mais tarde que foi feito pela herança.

"Conclusão": a classe média-alta produz monstros psicopatas.


... na verdade, nem o meu caso nem o seu são a regra, são exceções, e exceções há em todas as classes sociais. Não deve haver significativamente mais exceções entre os mais pobres, só há mais pobres.

Offline Dbohr

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Re: "pobres são propensos ao crime / pobreza gera crime"
« Resposta #41 Online: 29 de Setembro de 2006, 06:56:15 »
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Aqueles aqui q afirmam não ter relação entre pobreza e crime, é pq não tem a experiência de presenciar no dia-a-dia a vida sofrida destas pessoas

E como é que você pode afirmar um negócio desses, sem conhecer as outras pessoas?

Insisto: a conexão entre pobreza e criminalidade é circunstancial, não causal.

Offline Mussain!

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Re: "pobres são propensos ao crime / pobreza gera crime"
« Resposta #42 Online: 29 de Setembro de 2006, 09:05:24 »
Citação de:  Buckaroo Banzai

Imagine a situação: playboyzinho de classe média-alta, mimado desde cedo, ganhando tudo de bom e do melhor. Mesada sempre no bolso, empregada para limpar a sujeira do quarto, bem no estilo do "sou playboy, filhinho de papai", do "Grabriel o pensador".

Como recebe tudo na maior moleza, não dá importância aos estudos, e as aulas do colégio particular entram por um ouvido e saem pelo outro. Está lá mais para ficar com a turminha, que não é boa coisa. Se enturma com más influências, playboyzinhos desesperados por popularidade e aprovação no seu grupo social, com muito dinheiro para gastar e nada de útil na cabeça. Querem "apavorar" entre os amigos, tentando ser mais malucos quanto puderem, arrumando brigas em danceterias, etc. Um desse grupo não ganha tanto para sustentar o estilo de vida requisitado pelo grupo, os tenis da moda ficam envelhecendo em vez de serem trocados todo mês, o carro do pai nem impressiona... então resolve vender extasy para faturar algo mais e se manter no grupo. Mostra para os amigos, todos adoram uma farra, tomam, e indo de danceteria em danceteria, no intervalo entre duas decidem tocar fogo num índio que dormia numa praça. Exceto um deles, que ficou em casa, teve deliírio paranóico por causa da cocaína e matou a avó com uma espada ninja, e a empregada com uma facada. Uma semana mais tarde, a mãe e o pai da namorada de um deles são assassinados a pauladas na própria cama, e descobre-se mais tarde que foi feito pela herança.

Pergunta:

Isso é especificamente uma culpa dos pais ou responsáveis desta pessoa, não é? (É).

Isso é um problema beeeeeemmm fácil de resolver... :x


Olha a diferença: "O cara entra no crime por não ter o tênis da hora". "O cara entre no crime por nunca na !vida! ter uma assistência significativa para um progresso em sua própria vida. Não teve um incentivo".

Ah, esses "PlayBoyzinhos psicopatas" não representam nada, se falarmos em um modelo geral.
Citação de:  Buckaroo Banzai
"Conclusão": a classe média-alta produz monstros psicopatas.

Essa generalização não foi muito legal não... :?

Offline Dbohr

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Re: "pobres são propensos ao crime / pobreza gera crime"
« Resposta #43 Online: 29 de Setembro de 2006, 10:16:59 »
Daí estar entre parênteses. ;-)

Temma

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Re: "pobres são propensos ao crime / pobreza gera crime"
« Resposta #44 Online: 29 de Setembro de 2006, 10:47:55 »

E a maioria dessas pessoas são criminosas?

Das pessoas que eu conheço, não. Aliás, das pessoas que já conheci mais direta ou indiretamente se envolveram com crimes de roubo e assassinato eram de classe no mínimo média ou "média-baixa".

Agora veja a origem delas. Muito provavelmente ou passaram por dificuldades financeiras, ou a própria familia já é totalmente "torta", corroborando para que essa pessoa veja o crime como a unica saída. O crime é extremamente rentável. e acaba por dar um poder tentacular a pessoa. Claro que atrave´s de atividades criminosas eles conseguem elevar o padrão de vida, senão não teria sentido algum. Veja o tráfico :wink:

A "entrada" na vida de crimes se dá quase sempre por dificuldades financeiras, Buckaroo, e por incrível coincidência os pobres são mais suscetíveis a isso

Agora, continuar na vida de crimes, mesmo após ter saído da situação desfavorável (que acredite, não é só a de estar com a barriga vazia, há muitas outras por quais a maioria da população carente passa), aí são outros quinhentos. A relação que eu vejo entre pobreza e criminalidade está na falta de estrutura e perspectiva. Não só na falta de necessidades básicas como o alimento.


« Última modificação: 29 de Setembro de 2006, 10:52:16 por Temma »

Offline Mussain!

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Re: "pobres são propensos ao crime / pobreza gera crime"
« Resposta #45 Online: 29 de Setembro de 2006, 10:48:16 »
Daí estar entre parênteses. ;-)
??Não entendi??

Isso foi para mim?

Temma

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Re: "pobres são propensos ao crime / pobreza gera crime"
« Resposta #46 Online: 29 de Setembro de 2006, 10:53:06 »
Daí estar entre parênteses. ;-)
??Não entendi??

Isso foi para mim?

acho que ele quis dizer aspas.  :ok:

Offline Mussain!

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Re: "pobres são propensos ao crime / pobreza gera crime"
« Resposta #47 Online: 29 de Setembro de 2006, 10:57:04 »

Offline Herf

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Re: "pobres são propensos ao crime / pobreza gera crime"
« Resposta #48 Online: 29 de Setembro de 2006, 11:01:50 »
Continuo achando que toda a discordância entre os que afirmam que pobreza gera crime e os que pensam o contrário se deve ao modo como cada um interpreta a questão.

Os que dizem que sim entendem que o fato do cidadão ser pobre e não ter o que pôr na mesa, não ter como sustentar filhos e família (necessidades básicas do ser humano) torna a pessoa mais propensa ao crime para suprir estas necessidades. E sinceramente, isso é indiscutível (só alguém sendo muito alienado para discordar).

Os que dizem que não estão vendo a questão toda de um modo mais amplo, analisando também os crimes que são cometidos não só por necessidades básicas do ser humano, mas por inveja (caso do político corrupto, do playboy).

É óbvio que os crimes motivados por inveja não são característicos de uma classe social em específico, todos os seres humanos são propensos a cometê-los.

Mas os crimes por necessidades básicas do ser humano, esses sim, só são cometidos por pobres. Que rico vai roubar alegando não ter o que comer?

*****

Citação de: Buckaroo Banzai
Eu não nego que hajam crimes cometidos por necessidade mesmo, mas acho que isso é uma parte ínfima da criminalidade e das pessoas que estão nas cadeias; só se ouve de vez em quando que uma ou outra pessoa roubou um pão ou remédio e foi para a cadeia, e isso geralmente causa bastante revolta inclusive.

Acho que maioria está por ter cometido crimes ou mais graves, e/ou furtos/roubos de coisas que não são necessidades básicas - enquanto a maioria das pessoas da mesma classe social delas não rouba essas mesmas coisas.

Mas não é certo afirmar que só nos casos onde alguém roubou um remédio ou um alimento é que está presente o crime por necessidade básica. É claro que aí ele fica mais evidente, mas e o homem pobre que tem uma família para sustentar e só consegue emprego como empacotador ou servente de pedreiro (cujos salários são muito baixos) e vê na vida do crime um modo mais fácil de subir na vida e garantir o seu sustento?

Esse cidadão foi preso por assassinato, quando tentava assaltar um bar, o dono reagiu e ele atirou. Quem lê a matéria no jornal não vai sentir deste homem tanta pena quanto da empregada que foi presa por levar uma lata de molho de tomate da casa da patroa, embora na raiz dos dois crimes, a necessidade básica do ser humano estava presente.

É por isso que não concordo principalmente com isto:

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Eu não nego que hajam crimes cometidos por necessidade mesmo, mas acho que isso é uma parte ínfima da criminalidade e das pessoas que estão nas cadeias

Marcelo

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Re: "pobres são propensos ao crime / pobreza gera crime"
« Resposta #49 Online: 29 de Setembro de 2006, 11:02:56 »
Pra mim é claro o fato da pobreza tornar a pessoa mais propensa ao crime. Algo q mostra isto claro pra mim é o fato de q a esmagadora maioria dos criminosos são das classes baixas da sociedade.
Mas a imensa maioria dos criminosos é destro, e não canhoto, e de qualquer classe social. Logo são os destros os que são propensos ao crime, e é com eles que se deve tomar cuidado.
Tava demorando!! :) Sempre q abordo este tipo de tema, sempre tem um pra fazer este tipo de analogia. Veja vem, o fato da esmagadora maioria dos criminosos serem das classes baixas, como fato isolado, também concordo q não demonstra nada, mas somando isto a outros fatores, pra mim demonstra clara e nitidamente o q eu afirmo. Se vc parar pra pensar e analisar mais profundamente a questão, verá q este tipo de comparação q vc fez não tem o menor cabimento. Envolvem situações e particularidades totalmente diferentes. O fato do cara ser destro ou não, não atrapalha nem um pouco em arrumar um emprego q ganhe decentemente. Já o fato do cara não possuir escolaridade tem implicações diretas nisto, e acho q é fato inegável q pobre, mesmo quando possui o segundo grau completo, é bem menos preparado para concorrer uma vaga do q quem teve a oportunidade de cursar faculdade, cursinho disto e daquilo e q sempre estudou em colégios particulares. Além de q escrever com a mão direita ou esquerda, não influi na decisão do avaliador de RH na hora de aprovar alguém para uma vaga, mas o fato de alguém morar em uma periferia distante do local de trabalho (principalmente se não possuir veículo próprio) influi muito. Se o cara for pobre e negro ainda por cima, piora mais ainda a situação na hora de arranjar um emprego decente (já ouviu falar no PPP?).
E sobre a seu exemplo do playboy criminoso, isto sim é exceção. O cara q tem tudo e mesmo assim vai pra vida do crime é pq não lhe foi dado pelos pais ou quem o criou, um senso aprimorado de respeito e limites. Basta ir em um presídio e fazer uma pesquisa, verá q o número de boyzinhos presos é ínfimo comparado ao número de presos originários das classes baixas. E busca por popularidade e emoção não são motivos tão fortes para entrar no crime do q passar necessidades básicas e morar em um barraco xexelento.
Mas concordo com vc quando diz q pobreza não é sinônimo de criminalidade. Só afirmo q os motivos de um pobre para entrar no crime são muito mais fortes e encorajadores do q os motivos de alguém da classe média ou rico. Porém, não que sejam sempre justificáveis.
E esse negócio de dizer q quem comete crime por ser pobre só deveria roubar pão, biscoito, leite... hahahaha... sem ofender, mas é coisa de alienado q não sabe do q ta falando. Entrar na vida do crime pra sobreviver não é igual vc ir no mercado toda semana fazer compras, o cara corre muitos riscos, ele não vai ficar indo roubar todo dia pra pegar só aquilo q precisa no dia e voltar pra casa. Vai logo roubar algo q lhe dê dinheiro pra passar um tempo sem precisar roubar de novo.
« Última modificação: 29 de Setembro de 2006, 11:09:23 por Marcelo »

 

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