E poderia ser feito um muro, como o de Berlim, para separar os brasileiros capitalistas dos socialistas.
A capital da República Socialista do Brasil poderia ser instalada no centro da floresta amazônica para fortalecer a soberania nacional do novo Estado e afirmar, perante todas as nações do mundo, que seus recursos naturais pertencem exclusivamente ao povo brasileiro do norte. Cada cidadão cuidará de um jatobá que será seu principal patrimônio e terá direito a um boto cor-de-rosa como bichinho de estimação.
A bandeira ostenta, como ícones, um saci brandindo uma foice e um boitatá cuspindo martelos. O país adotará dois idiomas oficiais: o português politicamente correto e o tupi-guarani. Para desenvolver mais rapidamente a nova nação o governo criará vários comitês democraticamente representados por todas as minorias, pobres indubidavelmente. As decisões seriam sancionadas pelo rei -- nessa altura o pleito já estaria abolido -- orientado pelos seus auxiliares especializados. O cargo de rei não exige conhecimento algum, apenas vontade de poder.
A imprensa será extinta, os órgãos de comunicação controlados, para estimular o consenso (principalmente o do rei).
Este absorverá as funções legislativas e judiciárias para que os súditos botocudos não sejam impedidos por prolegômenos infindáveis de debates. O dissidente será suavemente convidado a morrer.
As universidades da nova era darão maior ênfase a brasilidade e a expontaneidade e calor humano do povo. As matérias acadêmicas abolidas por pesadas e ultrapassadas. Será estimulada a contemplação, a compreensão do belo, da beleza selvagem dos pastos maior que as das cruas cidades. O subjetivo (natural) em oposição ao objetivo (capitalismo artificial). O consumo será restrito não por escassez; não, as pessoas entenderão que as privações do regime alimentam a alma e fortalecem o corpo. Entederão que é melhor uma morte saudável do que uma prolongada agonia em um hospital moderno.
Esse será não apenas um novo Estado, altaneiro e sedutor, mas uma nova forma de vida, vindoura civilização!