mas vem cá, é gostoso chamar alguém de "aidético" ???
ser chamado não é não...isso eu garanto !!! hehe...
Não é "gostoso", não é nem uma questão de "chamar alguém", como você está colocando e é colocado na explicação, implicando que a intenção é de ofender; é simplesmente o termo aparentemente lógico, conveniente e que etimologicamente não tem nada de ofensivo, como eu já exemplifiquei, é como se referir às pessoas com sintomas de Influenza infectadas pelo vírus, de "gripados". Imagine as perguntas da primeira mensagem, se referindo ao influenza e usando o termo "gripado", por exemplo, não teria nada de ofensivo. Não é porque o vírus é o HIV que a coisa vira ofensiva.
NÃO PARA A PALAVRA AIDÉTICO
É sempre importante reforçar essa informação. Sendo a aids uma sigla de língua inglesa (Acquired Immune Dificiency Syndrome) não justifica a derivação em palavra de língua portuguesa.
Mas se usa, tanto AIDS, tanto quanto DNA, RNA, também derivados do inglês...
É preciso entender também que a aids não é uma doença, mas sim uma síndrome (conjunto de sinais e sintomas). Além disso, o termo adota a intenção subjetiva de estigmatizar as pessoas que vivem com HIV, o vírus da aids, tornando-as sinônimas da doença.
(não seria tornar as pessoas "sinônimas" da
síndrome?)
Isso é como uma "generalização psicanalítica". Simplesmente não há como afirmar esse desejo velado de ofender/estigmatizar e tornar as pessoas sinônimas da doença. Não é assim para diversos outros adjetivos que são aplicados a pessoas, tanto de doenças, quanto de qualquer outra coisa, sejam estados de saúde ou outras coisas: homem, mulher, gordo, magro, rico, pobre, jovem, novo, branco, preto, brasileiro, japonês, gripado, manco, poliomelítico, estrábico, afônico, gago, cego, míope, hipermétrope, diabético, para/tetraplégico, obeso, desnutrido, raquítico, doente, saudável...
Dizer que alguém é aidético significa dizer que essa pessoa é a própria doença, que tem uma nova identidade relacionada ao HIV. Destitui-se o cidadão de seus direitos individuais, passando a ser visto como uma pessoa com a morte anunciada.
Isso é meio como dizer que, ao usar o termo "brasileiro", está sempre - veladamente, ou inconscientemente - se dizendo que alguém é como o Zé Carioca, só quer saber de carnaval, festa, malandragem; se é japonês, que só come sushi e não consegue nunca se adequar a outro país para o qual possa ter migrado, nunca fará parte de outro povo, será sempre um japonês; se é diabético, também alguém com morte anunciada, que não pode, não tem o direito, de saborear o açúcar como um "ser humano normal" - porque não é um, mas sim um diabético. Se o termpo é "mulher", não é uma simples pessoa, mas especificamente uma mulher, quando em muitos casos essa diferença não importa, mas o termo "sinonimiza" a mulher com a vagina numa visão machista e sexista que quer deixar a mulher sempre presa às tarefas domésticas e ao papel de mãe/incubadora. Etc... em todos os casos o substantivo/adjetivo não tem todos esses significados implícitos ou intenções inerentes aos termos...
Eu acho que até entendo uma outra forma que o termo pode ser "ofensivo", mesmo sem intenção, mesmo sem nada a ver com aquele lance de ter sido usado de forma ofensiva.... não é exatamente ofensivo.... mas algo que não saberia bem definir.... simplesmente por ser realmente direto, duro, a realidade nua e crua, que não é agradável. De forma similar talvez à "inválido" para um tetra ou paraplégico, que, teoricamente também não tem nada de ofensivo imputado, mas apenas denotaria alguém sem capacidade para trabalho braçal, ainda que de certa forma "aidético" seria mais análogo aos termos "paraplégico" e "tetraplégico" do que a "inválido".
Assim, mais do que uma espécie de ofensa implícita/velada/inconsciente é uma palavra que incomoda, meio até no sentido que foi falado, como de reduzir a pessoa à condição... meio como poderia ser por exemplo, estar enquadrado como "pobre" segundo os critérios de alguma estatística.... para a pessoa mesmo, não é legal pensar sobre si mesma como alguém que "é pobre", mas como "alguém que por alguma razão, no momento não tem uam situação financeira muito favorável"... hummm não é um "enquadramento" positivo da situação....