Uíli, simpatizei com esse livro. Valeu por compartilhar essas partes tão boas, quem sabe não o leio!
Tivemos (eu e minha amiga) uma baita discussão. Dá para ver que ela começa a se desesperar quando toco em certas partes, ela mesma repete coisas que são ridículas para ela mesma. Eu não quero que ela deixe de acreditar, eu quero que ela duvide. E pelo visto, ela está meio abalada já....
O livro é realmente maravilhoso
como diz o título, é um tratado sobre as virtudes: a polidez, a fidelidade, a temperança, a prudência, a coragem... ao todo são 18 virtudes, até chegar ao amor (se bem que ele diz que a polidez ainda não é uma virtude e que o amor já é algo além disso). O chato é que, como o próprio Sponville diz, falar sobre elas é fácil, o difícil é por em prática na nossa vida diária
Mas eu estou tentando!
Quanto às suas amigas, vai com calma com elas... uma das virtudes do livro é a doçura
Mas se você aceita um conselho, uma reflexão que fiz é a seguinte: religião é fé, não razão. Não importa quantos argumentos racionais você der, não importa quanto você as estimule a duvidar, você não vai minar a fé delas. A fé é aquela hidra de 12 cabeças que Hércules enfrentou: a cada cabeça que você corta, nascem duas no lugar. A cada golpe que você dá, mais elas se agarram à crença. Hércules derrotou a hidra imobilizando-a jogando uma grande pedra sobre ela. E eu acredito que também há uma maneira de vencer a fé...
Penso assim: a fé é um porto seguro para o crente. É onde ele encontra conforto, é onde encontra a perspectiva da salvação, é um terreno firme onde elas podem pisar e se sentir seguras. É claro que suas amigas ficaram abaladas com seus argumentos! Afinal, você tirou o chão delas, você literalmente puxou o tapete em que elas estavam apoiadas! Você tirou a ordem do mundo que elas estavam acostumadas e ofereceu caos, vazio, você se preocupou em destruir, mas se esqueceu de construir!
Não é isso que vai fazê-las abandonar a fé. Antes de você procurar apelar para a razão de suas colegas, você precisa providenciar um novo porto seguro para elas, você precisa mostrar que há conforto, moral e salvação fora da fé. Ou seja, antes de combater as outras irracionalidades, você precisa combater a primeira irracionalidade, a mãe de todas as outras: o medo. O primeiro passo é minar o medo da morte - delas próprias e das pessoas que elas amam, o que é uma tarefa difícil, mas que cedo ou tarde todos nós devemos enfrentar. O segundo medo é o medo de nós mesmos, de nós fazermos coisas ruins e mostruosas, e para isso você precisa mostrar que existe ética sem Deus. E assim por diante, você não deve arrancar o chão das suas colegas de uma vez, você não pode eliminar tudo o que elas acreditam e estimam sem dar algo em troca.
Só quando elas tiverem esse algo em troca é que elas vão perceber que não precisam necessariamente da fé, que elas podem viver vidas plenas e felizes sem ela. Assim elas vão perder o medo de questionar, assim finalmente a razão vai fazer algum efeito.