Escreve-se algo sem o intuito de transmitir uma mensagem?
Estamos falando da Bíblia? Você sabe que ela é uma coleção de livros escritos ao longo de séculos, não sabe?
A Bíblia foi escrita por uma série de autores ao longo do tempo e não tem um verdadeiro eixo central, verdadeira unidade. Tanto que o Concílio de Nicéia teve de ser realizado para definir qual interpretação seria adotada como correta segundo o Imperador Constantino de Roma, que queria promover o Cristianismo.
Hehe, não espere que eu me surpreenda com tua postagem sobre o CN, Luis, eu garanto que já li mais sobre ele do que você… não tenho culpa de que existem pessoas que sustentam a ilusória convicção de que aconteceu a escolha da interpretação (o que é absurdo)
Absurdo por quê?
ao invés da escolha das unidades bíblicas e, mesmo no inverso, o sonho de que Constantino tivesse autoridade canônica pra realizar tal feito, tal teoria é simplesmente especulativa e nem um pouco factual, é mais provável que até algo como o edito da Tessalônica possa ter sido mais constrangedor pra comprometer a fidedignidade na constituição do cânon.
Você parte do princípio de que a Bíblia foi escrita de forma coerente para passar uma mensagem clara. ISSO é bastante especulativo e nada factual.
Além do mais, não pretendo prosseguir com esse tema tão fútil, minhas fontes já me bastam…
Bom para você.
Pra constar uma, nesse livro:
"Philip Schaff and Henry Wace, eds., Nicene and Post-Nicene Fathers (Reprint. Grand Rapids, Eerdmans, 1952),"
Você pode ter uma idéia básica de qual falsa é essa estúpida alegação sobre o concíclio de nicéia…
Num artigo sobre o Código da Vinci (que possívelmente foi o que polemizou a teoria) tem-se a idéia resumida…
O Código da Vinci é uma obra de massa, superficial, que não traz nada de realmente novo. Não faz mais do que raspar a superfície das verdadeiras controvérsias.
http://www.monergismo.com/textos/apologetica/codigo_vinci.htm#ref4
"Constantino Embelezou Nossos Quatro Evangelhos?
Os evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João, que foram mais tarde reconhecidos oficialmente como parte do Cânon (ou “regra de fé”) do Novo Testamento, foram intencionalmente alterados e embelezados no século IV por ordem do Imperador Constantino? Isto é o que Leigh Teabing, o historiador fictício da realeza no O Código Da Vinci, sugere. Num ponto ele declara, “Constantino comissionou e financiou uma nova Bíblia, que omitia aqueles evangelhos que falavam dos traços humanos de Cristo, e embelezou aqueles evangelhos que O faziam parecer com Deus” (página 234). Mas, isto é verdade?
Provavelmente não, aliás nem sei de ninguém que faça essa alegação.
Mas é verdade que houve muitos outros Evangelhos e o cânone teve de ser selecionado arbitrariamente. O Cristianismo é uma religião criada por comitê.
Numa carta ao historiador da igreja primitiva, Eusébio, Constantino realmente ordenou a preparação de “cinqüentas cópias das Sagradas Escrituras”. [4] Porém, em nenhuma parte da carta ordena que algum dos evangelhos seja alterado a fim de fazer com que Jesus pareça mais semelhante a Deus. E, mesmo que se tivesse feito, teria sido praticamente impossível conseguir que os fiéis cristãos aceitassem este tipo de relatos.
Você
realmente esperava encontrar documentação oficial de adulterações de escrituras que se desejava apresentar como canônicas?!?
Em que você ou o autor se baseia para alegar que os fiéis cristãos da época não aceitariam esses relatos?
Antes do reinado de Constantino, a igreja enfrentou uma perseguição generalizada sob o Imperador Diocleciano. É difícil crer que a mesma igreja que tinha suportado esta perseguição, descartasse subitamente seus amados evangelhos e abraçassem relatos embelezados da vida de Jesus!
Você (ou o autor) não entende muito de religião, nem de mitologia, nem de história, pelo visto. Pressupõe uma preocupação obsessiva com exatidão literária em uma população que, para começo de conversa, era em sua maior parte analfabeta.
Além do mais, é totalmente certo que, se Constantino tivesse tentado fazer tal coisa, teríamos abundante evidência nos escritos dos pais da igreja.
E por que seria "totalmente certo"? Por que iriam confessar a própria travessura oficialmente e de forma "abundante"?
Porém, tal evidência falta por completo. E, finalmente, dizer que os líderes da igreja do século IV, muitos dos quais tinham suportado a perseguição de sua fé em Cristo, concordariam em se unir a Constantino numa grande conspiração deste tipo, é completamente fantasioso. Simplesmente, não há nenhuma evidência de que alguma vez tenha ocorrido isso.
O que você acha que foi o Concílio de Nicéia então, senão uma união para definir diretrizes e cânones? Acha que a Igreja do século IV rejeitaria a cumplicidade do Estado por uma questão de princípio, por acaso?
Santa ingenuidade.
Um último ponto. Temos cópias de Mateus, Marcos, Lucas e João que são significativamente anteriores a Constantino e ao Concílio de Nicéia. Embora nenhuma das cópias seja inteira, temos quase cópias completas tanto de Lucas como de João, num código datado entre 175 e 225 d.C. — pelo menos cem anos antes de Nicéia. Outro manuscrito, datando aproximadamente de 200 d.C. ou antes, contém a maior parte do Evangelho de João. [5] Porém, por que isto é importante?
Primeiro, podemos comparar estes manuscritos pré-Nicenos com aqueles que surgiram depois de Nicéia, para ver se algum embelezamento ocorreu. Não houve nenhum. Segundo, as versões pré-nicenas do Evangelho de João inclui algumas das mais fortes declarações da deidade de Jesus em registro (e.g. 1:1-3; 8:58; 10:30-33; etc.)."
O que é completamente irrelevante, já que a questão é como foram escolhidos os livros canônicos e com quais motivações, não se seus textos foram adulterados na época.