(Para entrar no clima...) Os ateus e céticos materialistas defendem a idéia de que a consciência é determinada unicamente pelas interações neuroquímicas do cérebro, e que portanto não há (e não precisa haver) uma alma para explicá-la. Paralelamente às descobertas da ciência moderna, em particular da Física Quântica, que caminham na direção oposta à essa tese, desenvolvo aqui um argumento para demonstrar que é necessário “algo mais” além do cérebro e suas configurações neuronais para explicar a nossa consciência, a consciência do “eu”.
Primeiramente, vamos definir o que é o “eu”: trata-se dessa sensação subjetiva que a pessoa tem de existir, pertencer à um único e determinado corpo e estar em um único e determinado local (há outras sensações além destas, mas essas bastam para o que será desenvolvido).
Dito isto, imagine que em um futuro distante seja possível se fazer uma cópia perfeita do cérebro de alguém, com todas as suas configurações neuronais nos mínimos detalhes, e implantar essa cópia em um corpo adulto, porém sem cérebro, e que esse corpo viva e se torne uma pessoa com um “clone” de um cérebro. Imagine então que VOCÊ vá fazer parte desta experiência e terá seu cérebro copiado, sendo a cópia implantada em um outro corpo, não necessariamente idêntico ao seu.
Imagine que VOCÊ entre na sala de operações e seja sedado, ficando inconsciente a partir das 20 horas. Nesse período, seu cérebro é copiado nos mínimos detalhes e implantado em um outro corpo previamente sem cérebro.
Imagine então que esse outro corpo, com uma cópia rigorosamente idêntica do seu cérebro, seja levado ainda inconsciente para os EUA, enquanto o “original” permanece no Brasil.
Às 20 horas do dia seguinte, ambos os portadores do cérebro (original e cópia) acordam. A pergunta é: VOCÊ, que tinha adormecido às 20 horas do dia anterior, acordará ONDE?
Se o seu “eu” (sua sensação subjetiva de existência e unicidade, de pertencer a 1 determinado corpo e de estar em 1 determinado lugar) for determinado unicamente pelo cérebro, e se o cérebro for duplicado, logo, seu “eu” também será duplicado. Portanto, deverá haver dois “eus”, ou seja, uma sensação de dupla existência, de pertencer a 2 corpos e de estar em 2 lugares diferentes. A resposta à pergunta acima seria: “no Brasil e nos EUA”.
Entretanto, essa possibilidade acima é absurda, visto que não haveria nenhum meio físico que possibilitasse a existência de um “duplo eu”. Para isso, seria necessário uma troca de informações entre os dois corpos, o que não teria como acontecer de nenhuma forma natural. Portanto, a resposta à pergunta nunca poderá ser “no Brasil e nos EUA”.
Logo, a resposta mais adequada e verossímil seria “no Brasil”. Nesse caso, apesar de ter ocorrido a cópia do cérebro, cada corpo se tornará uma pessoa completamente independente uma da outra. Não haveria “dupla existência”, cada um seria cada um.
Logo, o seu “eu” não foi duplicado ou transferido, apesar da duplicação do cérebro. Logo, a duplicação do cérebro não foi suficiente para a duplicação do seu “eu”.
Portanto, o seu “eu” não seria determinado unicamente pelo cérebro. Se o seu “eu” continuou no corpo original apesar da duplicação do cérebro, logo o seu “eu” seria algo “inato” e intransferível. Esse algo não se reduziria às configurações do cérebro. Portanto, seria algo como uma "alma".
Dito isto, gostaria que os céticos materialistas de visão limitada refutassem isso.
NOTA: Para quem não sacou, é uma brincadeira minha, uma contribuição ao projeto “subvertendo o clube cético” e uma pequena ajuda para os religiosos nos debates, já que seus argumentos (Ex: a "alma elétrica" do Pensador) não dão nem gosto de refutar.