Eu utilizei o termo "encarnado" apenas para descrever essa sensação que temos de estar "dentro" de um corpo. Não consigo achar termos melhores. Se você conseguir, poderia passá-los para mim?
O melhor termo me parece ser mesmo "sensação de identidade" ou algo similar. Não vejo necessidade ou conveniência de falar em "estar dentro de um corpo", até por uma questão de acurácia.
A sua resposta parece dar a entender que eu estou defendendo a existência do "eu" como uma coisa externa ao corpo. Isso é falso.
Pelo contrário, eu acho que você defende a existência de uma sensação de "eu" bem mais "aderida" ao corpo do que realmente existe. Tanto que você próprio acaba mencionando muitas exceções.
Estávamos em um contexto onde discutíamos se o "eu" é fixo e contínuo, ou não. Tentei dar a definição do que estou querendo dizer quando uso os termos "fixo" e "contínuo" em relação ao eu. E ainda não vejo problemas nas definições que eu dei. Vou repetí-las aqui:
1-O eu é "fixo" - O nosso eu fica sempre "encarnado" em um determinado corpo (o nosso). Não fica "saltando" de corpo em corpo.
Eu já perdi a conta de quantas vezes nesse tópico já defini o que quero dizer com o termo "eu", que é: SENSAÇÃO de existir e de estar "encarnado" (ou "dentro", ou "pertencendo", ou "identificado com") em um determinado corpo.
Acontece que por essa definição que você próprio oferece não parece que o "eu" seja fixo; a sensação de estar "fora do corpo" é tão comum que há movimentos inteiros de cultivo de projeção astral. Não estou dizendo que a projeção astral existe necessariamente, mas certamente é uma sensação que muita gente conhece.
Ao dar essa definição acima sobre o "eu" ser fixo, parti do pressuposto de que você e os demais já sabiam ao que eu estou me referindo quando utilizo o termo "eu", mas ao invés disso, você deu uma resposta de uma forma como se eu estivesse definido "eu" como algo externo ao corpo e/ou ao cérebro.
Não, como uma ilusão mesmo.
Sua resposta:
Não há um "eu" para "encarnar", Dono da Verdade; nem em vários corpos nem em um só. A sensação do self é exatamente isso, uma sensação, nada mais.
Se eu pegar essa sua resposta e trocar "eu" pela definição que eu já cansei de dar nesse tópico, então ela fica assim:
Não há uma sensação de que existirmos e de que estamos "encarnado" em um determinado corpo para "encarnar", Dono da Verdade, A sensação do self ("eu") é exatamente isso, uma sensação, nada mais.
Totalmente sem sentido.
Esse é o ponto, de fato. Não faz sentido falar em "eu encarnado".
(...)
E se o eu for fixo, não poderá ser identificado com coisas transitórias, tais como as configurações cerebrais momentâneas.
Aí é que está; MUITA COISA interfere na sensação do "eu", o que é um forte indício de que ela é uma ilusão funcional, um construto neurológico, e nada mais.
Você acha que realmente perdemos essa sensação de existir e pertencer a um determinado corpo quando divagamos ou nos distraímos?
Acho sim. Propriocepção (a sensação do próprio corpo) está muito longe de ser uma capacidade sólida e estável. Aliás, suspeito que é errática, instável e praticamente vestigial em certas pessoas.
Independentemente disso, aquelas sensações que temos no momento que divagamos ou nos distraímos não "vale" para o propósito que utilizamos o termo "eu" no tópico, que é o de questionar o quê de físico possa ser identificado com as mesmas?
E por que não?
Mudou de idéia sobre o eu ser fixo ou contínuo? Caso não, poderia desenvolver melhor essa sua última afirmação?
Não, não mudei. E acho que já fui bem claro: eu não reconheço sua afirmação de que há um "eu", ou mesmo uma sensação de "eu" fixa no nosso próprio corpo e contínua ao longo do tempo. Os fatos mostram com relativa clareza que isso é, quando muito, algo que acontece em situações específicas e relativamente "normais".
É um modelo razoável para muitas situações, mas não serve para especulações sobre o sentimento de si próprio, exatamente porque passa por cima de fatos importantes sobre esse sentimento.