Sobre traição, eu não cho que seja inevitável, como alguns colocam aqui. Eu acho que uma pessoa que se conhece bem o suficiente sabe quando sua relação está esfriando a ponto de poder ceder a uma tentação. Se isso não é indicativo de que algo está errado, não sei o que seria.
E podem me chamar de moralmente arcaica, eu valorizo muito a sinceridade e lealdade em acordos como é o casamento e amizade, por exemplo. Lealdade, para mim, é tudo. É uma questão de palavra e de índole, a meu ver. Se eu sou correta o suficiente para fazer ciência (que não é minha, é algo que pertence a todos, e portanto não depende de minhas vontades e necessidades próprias), também devo ser correta com os demais compromissos a que me propus, já que outras pessoas estão envolvidas e não apenas eu. É uma questão de escolha. Se eu escolhi conviver intimamente com uma única pessoa, essa decisão deve ter sido bem ponderada. E ainda, como o mundo não é estático e nem as pessoas o são, a sinceridade permanece além do ponto de admitir para si e para o outro que a relação não tem mais sentido e que os compromissos são um impecílio. Casamento, como outras coisas da vida, não devem obrigatoriamente ser para sempre, embora eu acredito que possam ser e trabalho para que o meu seja.
Agora, eu acho que há pessoas que se casam com elas próprias (no sentido de serem totalmente egoístas numa relação que deveria ser de mão dupla), e talvez aí a traição não seja tão errada, uma vez que você não pode se trair... no máximo estaria mudando de idéia e valores.