O problema é o que essa vaia nesse evento representa. Uma coisa é vaiar em público o ditador autoritário no qual todos são reféns, como forma de protesto contra ele, como forma de pedir socorro ao mundo. Outra coisa é vaiar um representante eleito democraticamente. Democraticamente, ele representa a sociedade brasileira. Representa o Brasil. Gostemos ou não dele, é isso que ele representa. Vaiar ele em um evento de confraternização desportiva internacional - o maior das américas - em que ele está lá porque o protocolo manda? Vaiaram a si mesmos.
Oceanos, concordo com você em partes. O maior erro de muitas figuras históricas foi confundir a nação com o partido, Estado com o presidente. Ou seja, também acho que essa divisão exista. Mas para mim ficou claro que as vaias foram para a figura do Lula, não para o país que ele estava representando. Se quem vaiou deixou claro que estava direcionando as vaias para a pessoa do presidente e não ao país dele, como é que podem ter vaiado a si mesmos? Ou não ficou claro que a vaia era para o Lula e não para o Brasil?
Você pode dizer que naquele momento a única função do Lula era representar o Brasil, abandonando o lado político. Eu acho que não há problema algum em aproveitar a situação para criticar a pessoa do presidente. Mesmo que a separação exista, resgatar a parte política do homem naquele momento foi um ato no qual não consigo enxergar problemas. Aconteceria em qualquer lugar do mundo, é natural. Não acho que tenha sido uma vergonha para o Brasil ou qualquer coisa do tipo.
Se ainda estivessem ocorrendo passeatas ou qualquer outra manifestação mais útil contra ele... Mas avacalhação pura. Tal como vaiaram outras delegações que não tinham nada a ver.
Isso novamente acontece no mundo inteiro e novamente não há problema algum. E olhe, eu aplaudiria os EUA e vairia Cuba. Mas as delegações estão lá representando os seus países. No desfile de abertura, não são os atletas individualmente que estão passando, são os países, são as bandeiras. Salvo engano, três anos atrás, em Atenas, os americanos também foram vaiados. Veja, eram os europeus-educados-do-primeiro-mundo fazendo isso.
Vaiem o fato do evento ter atrasado meia hora, oras. Vaiar o presidente em uma ocasião tão fora de contexto?
Oceanos, o contexto necessário para um político ser vaiado é simplesmente a sua presença. Não é como eu ou você, que não temos responsabilidade nenhuma perante os brasileiros maior do que cumprir a lei. O presidente, como você mesmo disse, nos representa. Aqueles que estiverem insatisfeitos com a representação vaiarão, gritarão, reclamarão. Basta saber que o presidente vai ouvir. E é bonito saber que podemos discordar do governo e ainda assim viver em paz.
Deve não, pode. E melhor que vaiar o representante da nação em um evento desses, era não ter votado nele. Ou então é lutar para que ele saia de alguma forma mais efetiva.
Foi falta de educação. Não falo nem pelo presidente, embora só se queira legitimar as vaias pelo presidente, falo das vaias contra os outros países também.
Eu discordo profundamente de que a principal coisa a ser feita pelo cidadão que deseja participar da política do seu país seja votar. Eu sei que não é assim que você pensa, Oceanos, mas muitas vezes a impressão que fica é que se defende um posicionamento em que o eleitor deve votar, dormir por quatro anos sem questionar, e acordar novamente apenas para votar. Democracia é situação e oposição, é elogio e crítica, é aplauso e vaia. Mostrar descontentamento,
em qualquer ocasião, é justo.
E, quanto aos outros países, que oportunidade melhor para as pessoas mostrarem se apreciam ou não as suas políticas do que em um evento internacional? Mas sobre eles eu comentei mais acima.