Como é que eu perdi durante tanto tempo um tópico tão interessante quanto este?
São dois aspectos a serem analisados nessa questão.
1. Supondo que a teoria exposta por Emmanuel esteja correta, gostaria que me apontassem aonde o evento ocorrido, preparado até, se choca com os nossos conceitos de justiça e bondade divinas.
Um criminoso, especialmente o hediondo, vive bem quando pensa que niguém sabe o que ele fez. Mas uma vez no mundo dos espíritos, os pensamentos e os atos não ficam mais ocultos e a culpa, a vergonha transparecem. As reparações, antes de serem uma imposição divina, são uma necessidade para todos aqueles que têm "vergonha na cara". Então, mesmo que as vítimas fossem ex-criminosas do passado, hoje podemos enxergá-las com o débito quitado, tanto perante Deus como perante si mesmas.
Os flagelos destruidores, que invariavelmente atingem espíritos culpados, têm dupla função perante o progresso. A primeira é proporcionar condições de resgate para almas que se predispuseram a fazê-lo. A segunda é estimular a intelectualidade, pois esses acontecimentos são sempre exemplos que podem ser observados e novos desenvolvimentos são feitos no sentido de evitar.
Mesmo no caso das guerras sangrentas, como na segunda guerra mundial, os avanços científicos nunca foram tão grandes. Tudo para a destruição, é verdade, mas que depois as sociedade puderam aproveitar.
Portanto, os flagelos muitas vezes fazem a humanidade avançar em alguns anos o que seria preciso muitas décadas ou até mesmo séculos. Olhe com bons olhos esse acidente e pense no progresso futuro que ele trará, ao serem investigadas e solucionadas as suas causas.
Além do mais, dá-se muito valor a esse evento. O processo de morte de todos deve ter durado alguns minutos apenas e muitos devem ter perdido a consciência imediatamente após o avião bater contra o prédio. Gênero de morte muito mais suave do que alguém que passa anos com doenças dolorosas, terminais e incuráveis em cima de uma cama. Todos temos que morrer um dia e o gênero de morte está determinado a cada um. Esse é apenas mais um gênero de morte possível.
2. Supondo-se que não temos certeza de nada, até onde seria doloroso para alguém, espírita ou não, ouvir que o acidente possa ser uma espécie de resgate por algum mal anteriormente praticado?
Em primeiro lugar, para quem não é espírita, declarações desse tipo são insignificantes. Mas ainda que significassem algo, o que se pode deduzir? Tudo bem que afirmamos com todas as letras que gêneros de morte dolorosos têm a ver com complexos de culpa passados, onde um crime necessariamente teria sido cometido. Disso conclui-se também que um dos nossos entes queridos era um ex-criminoso em resgate de dívida.
Mas o evento já ocorreu. O sofrimento está no passado e não mais no futuro. Se existia uma dívida, ela agora está quitada. Se os entes queridos eram culpados de algo, agora já não mais carregam culpa. É a essa conseqüência que a DE nos encaminha. Não é uma perspectiva consoladora para quem leva em consideração essa opinião?
A menos da culpa de negligência, ninguém deliberadamente causou o acidente e aos espíritas não pode ser atribuído culpa. Já se alguém pudesse ter preparado os eventos, esse alguém seriam os espíritos ou o próprio Deus. Neste caso, as justificativas morais estão acima expostas e quem eventualmente discordar deve pedir contas somente a eles. O Espiritismo apenas propõe explicações morais para os eventos, e não faz apologia a eles.
"As lutas são necessárias para fortalecer a alma; o contato com o mal faz que melhor se apreciem as vantagens do bem. Sem as lutas, que estimulam as faculdades, o Espírito se entregaria a uma despreocupação funesta ao seu adiantamento. As lutas contra os elementos desenvolvem as forças físicas e a inteligência; as lutas contra o mal desenvolvem as forças morais."
Um abraço.