Orgulho de ser brasileiro eu nunca tive; vergonha também não seria o caso ( evito o máximo que posso merecer culpa por esta sociedade chinfrim em que dei o azar de nascer: não posso sentir vergonha pelos outros). Na verdade o Brasil sempre me deu o olfato de algo entre o fedido e o não cheiroso, mas desde a semana passada sinto nojo deste pedaço de terra safada entre o Oiapóque e o Chuí. A atitude desta corja brasileira no Pan Rio tá me dando náuseas do país e já me faz equiparar a Tupiniquilândia às duas pátrias mais malditas que eu conhecia: Israel e Índia.
Assisto jogos internacionais desde uns quinze anos atrás. Fico vidrado em frente a telinha e dela ví espetáculos de Judô em Barcelona e de ginástica em Atenas. De esqui em Salt Lake City e de patinação em Torino. De vôlei em Winnipeg e de Futebol em Sidney.
Jamais assistí uma vaia a um medalhista de ouro, inda menos a uma atleta que tenha vencido tão lealmente como Rosário Espinosa, que derrotou, na decisão do TaeKwonDo, a Natália Falavinho (esta sim, extremamente arrogante: comemorou um golpe frouxo antes que os juízes validassem e acabou toda sem graça ao ver que a vitória tinha sido da mexicana [que tinha humildemente esperado a decisão dos juízes para comemorar]).
Tampouco tinha tido o desprazer de assistir (em qualquer uma das dezenas de olimpíadas, olimpíadas de inverno e pans que trago em mente) um estádio inteiro vaiar em uníssono uma ginasta intantes antes de ela saltar, como ocorreu à uma das meninas cubanas. Bastava que ela não fosse bem para que a Jade Barbosa ganhasse o ouro, a torcida não pensou duas vezes em soltar mais um coro vaioso e a cubana se estabacou de cara no chão [um salto de ginástica exige extrema concentração, por isso, nos países minimamente civilizados, antes de cada salto, de qual atleta for e sejam quais forem as circunstâncias, se faz silêncio absoluto]. Bem, por muito menos...pela atitude deprimente de um único idiota e não de milhares como por aquí, Vanderlei Cordeiro virou herói e recebeu a Medalha Pierre de Coubertin. Se for pelo grau da ofensa, a ginasta cubana merece umas dez destas.
Enfim: nesta bosta de país onde tudo é culpa dos políticos (que, pelo papo que ouço nos ônibus e bares nem parecem ser eleitos), onde pipa e balão são consideradas saudáveis brincadeiras infantís, onde a frase que rege todo o conjunto de fenômenos sociais (relações de trabalho, jogos amorosos, decisões político-administrativas e etc...) é a que diz que "se deve sempre encontrar um jeito levar vantagem, em tudo" e onde a figura mais representativa de cada indivíduo é um sujeito trapaceiro, vagabundo e desrespeitoso: o malandro; eu perdí totalmente a esperança, e também a paciência.
Alguém me dê um visto e uma passagem pro Congo peloamordedeus!
Ps.: Não tenho sido um dos maiores fans do Lula: votei nele com muita vontade em 2002 e por falta de algo menos ruim no 2º turno de 2006; mas acho que eu fosse ele eu me sentiria aplaudido por cada vaia recebida. Receber vaia desta gentalha imbecil deve soar como elogio. Os argentinos é que estão certo, não somos mais do que chimpanzés.