Autor Tópico: [Registros de uma experiência psicodélica] Relato Pessoal.  (Lida 18141 vezes)

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blue pill

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[Registros de uma experiência psicodélica] Relato Pessoal.
« Online: 03 de Agosto de 2007, 22:42:28 »
Bem... Sei que este forum é politicamente correto, sei que as regras do forum não permitem nenhum tipo de apologia ou sequer alusão ao uso de drogas.
No entanto, não vejo como esse relato pode influenciar alguem a usar drogas, apenas um relato puramente investigativo (de minha parte) de uma compreensão um pouco maior do que se trata a substância da experiência e seus efeitos...

Que fiz? Resolvi certo dia fazer uma experiência com o uso de uma substância derivada da Ergotamina, substância que tem muitos relatos históricos de "alteração da consciência", transfiguração da personalidade, até mesmo despersonificação, perda do ego, entre outras caraterísticas dentro do reino da mente.

O que me veio em mente foi realizar a administração e me submeter à alguns textes, dos quais futuramente poderia avaliar e comparar, tendo como objetivo compreender o que acontece com a mente de fato, com o contato de tais substâncias nas entranhas do cérebro...

Textes basicamente eram: Ler e compreender alguma idéia, Escrever relato das sesações e impressões mentais do momento, Responder a questões préviamente elaboradas, E realizar qualquer juizo a respeito da mente em geral no momento da alteração.

Iniciei uma leitura do tema, "Aldous Huxley - As Portas da Percepção", julguei ideal esse livro ser o foco da interpretação alterada por tratar exatamente do mesmo tema... Fiz uma pequena introdução ao livro em condições normais, chegando ao primeiro quinto do livro 17/96 paginas, resolvi que a partir dali seria o inicio da experiência...

As questões "préviamente elaboradas" na verdade são exatamente as questões que trata no livro que o entrevistador de Huxley faz a ele no momento da experiência. PS:(A substância usada por Huxley é outra).

Questões:
-Que me diz das relações espaciais ?
-Que me diz das relações humanas ?
-O que passa em sua mente quando fecha os olhos ?

Importante que vou copiar fielmente tudo que relatei no momento da experiência e vou fazer observações em plena "sanidade" (pois é esse o estado que estou agora)

Outra coisa importante é que posso ter sido influênciado pelo livro, mas o que deve valer nessa experiência não é exatamente o que eu "deveria" ter feito, mas a forma como fiz... "Se tentei copiar um devaneio do livro, copiei como ? Qual foi a diferença entre o que tentei fazer e o que fiz de fato ? Que mudou em mim ?"

Eis que preparo todo o meu quarto, faço uma refeição leve, preparo todo o aparato da leitura e o os blocos de nota no computador, então as 22:43 ingerí 200 microgramas da Dietilamida do Ácido Lisergico, Oficialmente o início da experiência.
Entro pra tomar banho as 22:43 logo na sequência, tomo um banho bem relaxante, saio, me troco, e vamos pra parte que interessa... Sento pra ler o livro uns 10 minutos após a ingestão e inicio da experiência!!!

Do que se tratava na pagina do livro em que voltei a ler, agora pouco me lembro, mas me lembro que a sensação de qual Huxley tratava nesta parte, de uma sensação de revelação profunda ao simples fato de olhar algo, uma revelação quase que de "ver vida num objeto de natureza morta", esta sensação não foi relevante naquele momento pra mim em minha experiência (talvez pelo fato das substâncias terem sido diferentes), mas que me marcou foi a sensação de como me concentrei na leitura, de como me empenhava em tentar vivênciar o que Huxley narrava, tentava enxergar o mundo da maneira de Huxley como tratava no livro, mas isso me trazia apenas uma sensação de que era em vão a tentativa, e que Huxley falava não era em absoluto de uma experiência psicodélica ps:(Sinal do começo da perda do ego, onde estava começando fazer julgamentos a respeito da minha capacidade, dos quais eram supra valorizados, julgava meu intelecto muito mais competente que o dele, julgava ser mais capaz de perceber detalhes que ele não havia percebido, enfim tinha uma confiação muito grande na minha mente naquele momento, uma certa megalomania, estava me sentido superior aos homens, como os homens são aos macacos) ps2: (Engraçado que Huxley trata também desta característica megalomaníaca na sua experiência, em trechos onde diz que olhava quadros de artistas renomados e simplismente julgava aquilo como tentativas frustradas de representar um valor, valor do qual apenas ele poderia compreender naquele momento, apenas ele poderia fazer arte pois era tão superior na contemplação da vida e da existência, que podia compreender muito mais as sutís formas de qualquer figura e qualquer arte, e sabia ali o que de errado havia cometido o artista na sua tentativa de fazer arte).

A leitura foi ficando muito vagarosa na minha sensação temporal, parecia demorar muito pra compreender trechos  curtos, voltava várias vezes pra reler uma sentença porque apesar da concentração, parecia que ela estava focada não na leitura em sí, mas uma concentração no ambiente como um todo do meu quarto, julgava ser possível perceber uma agulha caíndo no canto do quarto, julgava ser possível realizar várias atividades mentais ao mesmo tempo com uma eficácia normal que faria uma atividade só quando estava em condições "normais".

A memória foi se encurtando, mas isso parecia não fazer a menor diferença mais, parecia que proporcionalmente a perda da memória curta (Julgava que podia lembrar apenas de 1 ou 2 segundos atrás, e não mais que isto), mesmo assim este fato não tinha relevância, tamanha era a intensificação da atividade mental, pois parecia que era necessário perder a memória pra que tal intensidade fosse alcançada, como se uma balaça entre memória/força do pensamento tivesse estar pendendo para o lado da "força do pensamento", e que cada vez "melhor" poderia contemplar o mundo, melhor no sentido multiplo da palavra, "contemplação melhor" em qualquer coisa do mundo, os problemas mundanos pareciam não importar mais (como qualquer problema filosófico, nem sequer me vinha em mente pois parecia não importar mais..."Pra que os problemas, se tenho ISTO, se tenho o mundo em minhas mãos agora, se estou contemplando o mundo em totalidade agora, nada mais importa, os problemas ja foram rezolvidos, qual a resolução dos problemas? o fato de nem terem aparecidos"

Foi quando no meio da página 20, essa despreocupação com os problemas existênciais dos quais tinha em mente buscar na experiência sumiram totalmente com, a despreocupação foi tão grande a ponto de julgar ali que bastava ter lido 3 páginas após o inínio da experiência, e que nada mais poderia eu me preocupar, não seria justo com a minha vontade continuar ali sentado lendo, pois não via motivos nenhum para fazer absolutamente nada que não fosse a pura contemplação e a vivência daquele momento, foi então que resolvi me concentrar nesta tarefa e deitar na cama mesmo sabendo que não iria dormir, mas pelo simples fato de sossegar daquele problema que me tinha proposto, de realizar experiência, mas relaxar profundamente e aguçar puramente a sensibilidade do espetáculo do mundo que se me apresentava pelos sentidos...

Antes de me deitar, por um impulso, resolvi ao menos responder as 3 questões... Foi isto, sem edição...

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Que me diz das relações espaciais ?

23:35 - Vejo minha cama aterrorizantemente, parece que carrega consigo uma maldade (talvez seja indicio de uma viagem ruim) mas não ligo e suporto, porque posso me lembrar de como superei experiências mais aterrorizantes e isso me poe um pouco de realismo em mente e tira a sensação de psicóse.

24:00 - Agora lendo a resposta que dei para a pergunta das relações espaciais, vejo que nada respondi a respeito de relações espaciais, mas respondi sobre um objeto espacial, a minha cama, que foi o único objeto que me veio em mente ao virar a cabeça.
Sinto-me agora sem a capacidade de calcular os angulos aos quais os objetos que vejo se me apresentam pela perspectiva de meus olhos, parece que a profundidade de um objeto ocila entre profundidade e superficialidade....(continua)
Parece que a pergunta não produzia o mesmo "efeito", quando li "que me diz das relações espaciais", respondi que a cama era aterrorizante (na verdade estava com indícios de psicóse), qual relação tem esta resposta com a pergunta? Que a cama é um objeto espacial evidentemente... Quando me fiz a pergunta, não produziu em minha mente "que estou percebendo das relações espaciais, o que tenho a dizer", mas "objetos espaciais, mire algum e descreva-o"


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(continuação)Que me diz das relações humanas ?

Nada me vem em mente porque julgo ser necessário contemplar seres humanos neste momento pra ser capaz de responder qualquer coisa das relações humanas, no entanto estou só em meu quarto, vejo só o prolongamento do meu corpo abaixo... Me passou rapidamente a idéia de que poderia estar com medo de olhar no espelho, medo esse que também posso superar facilmente ao lembrar do quanto consigo remeter ao verdadeiro julgamento do que é aterrorizante de fato, numa situação de sanidade, pois sei que este mundo em que minha mente se encontra agora não é o que representa a única verdade, mas que ha uma verdade bem menos aterrorizante do fato de olhar-se no espelho do que julgo agora...(continua)

Porque simplismente resolvi ignorar esta pergunta? Não é porque não tinha alguem ao meu lado pra eu poder observar, pois era simplismente resgatar algum pensamento de pessoas e efetuar um juizo, mas talvez ignorei isto justamente pela perda do ego que estava tendo, somado também com a megalomania (que são correlativas), talvez estivesse achando aquela pergunta "desnecessária", como qualquer outro problema... E porque não achei as outras perguntas desnecessárias? Talvez porque esta se trata das relações humanas, relações essas, que a analize da mesma envolveria uma maior riqueza de pensamentos a respeito de trapaças, falsidades, mentiras, enfim todos tipos de atos que no momento de uma perda de ego se tornam densamente "feios", talvez por isso dessa pergunta achei desnecessário, por tratar exatamente de relações horrendas... Talvez estivesse querendo evitar isto, talvez tivesse querendo um contato com as verdades do mundo, e não com tudo aquilo que se demonstra prejudicial pra encontrar a verdade.

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(continuação)...O que passa em sua mente quando fecha os olhos ?

Vejo a linda Gê e me lembro de sua graça... Os ombros finos, cabelo liso, rosto delicado e angelical, me lembro do seu tom de voz inocente e vejo um convite muito intenso pra que eu entre em sua vida, vejo nela um olhar de admiração por mim mesmo que me conhecendo pouco. Parece que consigo me ver com os olhos dela me admirando um pouco, mas com um pouco de receio por ser um desconhecido figurante que acabara de entrar em sua vida...(continua)

Aqui não nega meus instintos, pois senti muita atração por essa mulher, e sinto até hoje... Naquele momento não estava tendo prazer carnal, não senti vontade de me masturbar, mas o prazer era apenas pensar nela... Era suficiente só pensar nela, pensar em uma vida com ela, casar, ter filhos, (essas convenções humanas...hahah)

Porque disse que sentia um convite dela? Talvez tenha tido algum movimento que denunciasse ? Não sei, isto é um mistério também, existe N fatores que uma mulher faz que produzam esse tipo de impressão, mas será que este julgamento foi correto? Será que ela realmente gostou de mim? Penso que sim agora em condições normais, portanto teria eu tido um juizo exatamente, ou parcialmente igual, em condições de alteração ? Isto é um bom sinal de que havia um pé na realidade...



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(continuação)...Me lembro que ingerí uma porção média do LSD as 22:43

Agora são 23:43, exatamente uma hora após a ingestão, sinto minha memória falhar, não posso lembrar em qual pagina do livro iniciei a leitura após a ingestão da droga (Acho que é a 17, estou na 20 agora) O livro é "As Portas da Percepção" de Aldous Huxley, livro que trata exatamente sobre o uso de substâncias que alteram a consciência e o funcionamento do cerebro.


PS> Pesquisar Pintor: Vermeer


Nota: Apesar de estar dizendo que vejo a profundidade ocilar com a superficialidade em minha visõe, penso que tudo que estou pensando, a maneira como uma idéia se transforma e vai para outra, é um tanto quanto "dadaísta". Portanto ao dizer que a profundidade ocila com a superficialidade, posso estar apenas dando um formato dadaísta para a idéia de observação do mundo sensível pelos olhos.
Me parece que sob a influência dessa subsTãncia - o LSD - a conexão de idéias se torna ainda mais randômica do que o comum.
Digo AINDA, pois agora vejo que, lendo o livro As Portas da Percepção e o relato de Aldous Huxley sobre suas experiências, vejo que a conexão das idéias deste livro, o formato do pensamento, mesmo em "sanidade", mesmo estando sóbrio, ja é randômica.
Como se a razão ficasse vagando e "caminhando" dentro de uma esféra do conhecimento sem nenhum sentido.
Parece que vejo agora o que Niet. queria dizer com o Niilismo, o vazio de sentido nas coisas.
Apesar de tudo parecer vazio de sentido, ainda contemplo o mundo sensível e me espanto, óras porque isso acontece? Esse mundo sensível não deveria me afetar de maneira alguma, pois não ha sentido nenhum em nenhuma das coisas que contem no mundo.
Percebo agora também que estou tendo uma forma de pensar da qual eu não tenho normalmente, definitivamente eu não sou quem era antes da ingestão do LSD, essa substância é realmente poderosa...

Esta útima nota foi feita durante a experiência.

Nota: "Gê" foi uma menina que conheci a 2 semanas num festival que fui (onde tive experiência com a mesma substância, talvez por isso a associação??) , que ví apenas 2 dias e nada tive com ela, apenas tróca de olhares e um contato virtual na sequencia, no qual ela pareceu reciproca no aféto, apesar de estar a 4 horas de avião de distância alimento um sentimento muito forte por ela e é a principal mulher que penso quando almejo o futuro (apesar de ser precipitado este juizo, pois nem a conheco direito, mas os seres humanos tem dessas.....)


Agora vem a parte mais intensa da experiência...

Deitado na cama eu simplismente tive uma sensação de orgasmo interminavel... Qualquer movimento era agradavel, o simples balançar de cabeça pra cima e pra baixo era agradável, qualquer coisa da qual eu pensasse naquele momento, via por um lado incrivelmente bom, de uma forma que eu julgava não ser capaz em condições normais...
Pensei 90% do tempo na "Gê" e como poderia mudar meu destino pra nossas vidas se cruzarem, apesar de não achar uma solução definida, era agradavel pensar nela, e sentia muita confiança de que no futuro minha vida iria cruzar com a dela, mesmo que fosse por optar de largar tudo que tenho exclusivamente em função disso, era muito convicto que nada mais que o amor importava, apenas amor, apenas momentos mágicos como aquele que eu estava vivendo importavam, apenas mesmo que fosse por viver uma vida toda esperando por 1 segundo daquela sensação do amor verdadeiro por ela, sabia que aquilo era suficientemente pra eu abandonar tudo, definitivamente um ato de LOUCURA era totalmente cabivel, era suficiente, era apenas o que importava, ser diferente de todo o mundo, cometer um ato que ninguem jamais cometeu, "fazer diferente.."

Levantei muitas vezes pra ir ao banheiro, o que me incomodava um pouco pois tirava minha concentração daqueles pensamentos prazerosos, mas nada que afetasse significativamente o prazer, apenas gostaria de estar mais enchuto... (A substância tem um poderoso efeito neste sentido da desidratação, naquele momento parecia entender claramente que a desidratação tinha uma relação proporcional a "velocidade" com a qual meu corpo e minha mente trabalhavam)

Ao passar das horas, me via na mais incrível excursão pela mente, nunca havia me sentido daquela forma antes, senti que deitado na cama naquele momento, adormecia, meu corpo adormecia mas INCRIVELMENTE eu não estava dormindo, minha percepção estava mais aguçada do que nunca, como alguem que esta prestes a saltar de bungee jump e com a taxa de adrenalina elevadissima, eu era estava muito ágil na percepção como nunca estive, porem o relaxamente do corpo lembrava o sono, o corpo totalmente "solto" na cama, ao passo que podia realizar movimentos extremamente bruscos mesmo assim (Falo isso pois me mexi e senti desta maneira, inclusive num momento em que ouvi um barulho de fora me assustei e tive um pulo pra vigílha e atenção aos movimentos responsaveis por aquilo)...Existe uma faculdade da mente que é responsavel por "criar" uma projeção do corpo, quer dizer, simula a forma geométrica, a forma espacial, que seu corpo ocupa, mesmo de olhos fechados temos a famosa "noção de espaço" (Expeculação, talvez esta característica da mente tenha sido moldado por pura seleção natural, onde aquele que melhor domina o corpo tem maior chance de sobreviver)
Esta noção de espaço era incrivelmente nítida, podia saber exatamente onde é que estava a divisão entre o meu dedo mindinho do pé e o dedo ao lado (Nome???), estava com a sensibilidade extraordinária, estava com o tato, visão, audição... todos sentidos podiam definir sutis alterações e diferenças...
E estava exatamente como se acorda no meio da madrugada, com a consciência "la no fundo", parecia que olhava meus braços e via la longe eles, no entanto a consciência "la do fundo" era intensa de tal maneira que podia suprir essa distância, era um paradoxo de estar consciênte do mundo a minha volta com estar totalmente fora do mundo e adentrado no reino da mente por completo, este é um paradoxo, mas é o que via e vivia, via tanto uma como outras sensações, ambas juntas, e ambas tinham motivos suficientes pra acreditar que não era puro engano, pois tinha a todo momento provas disto, como as reações que tinha aos barulhos, a velocidade com que ainda podia me mexer, provavam pra mim que estava totalmente "consciênte", ao passo que deitava-me na cama e me desligava do mundo e podia criar sonhos facilmente, parecia poder moldar qualquer objeto geométrico naquilo que chamamos de visão, podia criar cores no pretume da escuridão... (é facil perceber este paradoxo, ao fechar os olhos vemos cores e o preto fundidos (que teóricamente teria de ser ausência de cor)... Era assim que se fundiam os dois mundos, o mundo sensível, o espetáculo que se me apresentavam pelos sentidos, com o reino da mente, o reino onde surge os sonhos, reino do qual alguns céticos extremistas julgam não existir... (a qual mundo mais poderia pertencer os sonhos? É exatamente desta distinção entre o mundo que nós "assistimos"  os sonhos e o mundo que assistimos os sentidos que chamo de mundos diferentes, e ambos se fundiam de maneira espetacular naquele momento...

Nota: Talvez esta projeção que a mente cria do corpo, esta "noção de espaço" que temos de olhos fechados, talvez seja ISTO, quando estamos neste estado em que a noção se torna muito boa, talvez seja isto a que os misticos chamem de "terceiro olho", pois foi a sensação que tive no momento é de poder "enxergar" com a noção de espaço que estava, da maneira como era nítida a noção, e não "aproximada" como a percebemos em estados normais...

A partir disto até o momento em que decidi levantar novamente, acho que nada mais posso relatar, tamanha foi a intensidade de prazer que senti e o poder com que cada pensamento adquiria em mim, pareciam ser de grandeza infinita, em momentos simplismente todos os pensamentos sumiam, semelhante a meditação, "pensava que não estava pensando", um estranho paradoxo que parecia real naquele momento...

Foi então que, pelos motivos ja citados acima, da alteração brusca nos estados de sono com o estado de vigílha aguçada, foi que resolvi pular da cama pra escrever novamente, independente do que escrevesse, julguei que seria ideal relatar quaisquer palavras que saiam da minha mente, pra que eu pudesse compreender depois melhor o funcionamento da mente naquele momento, como as idéias iam de umas pras outras, segundo qual "lei" as idéias se transformavam em outras.... Então a obra mais psicodélica que ja concebí (Psicodélica no sentido de estar num estado de profunda alteração no momento de escrita, alteração tão grande que nem sequer parecia eu, julgava ali estar encarnado em outra pessoa, parecia que tinha mudado de personalidade, mudado a maneira de pensar, tudo era de uma forma que nunca tinha sido antes, tanto o mundo como os pensamentos, a dualidade continuava a reinar "corpo e mente" pareciam extramente numa comunhão irresoluta e insoluvel, e não poderiam ser decompostos jamais pra efeito de estudos )

 PS: Talvez esta comunhão tenha sido o principal motivo pelo qual deixei de viver e ser uma mente "realista", somado também com o fato de que adquiri conhecimentos a respeito do idealismo filosófico, o que mudou totalmente minha concepção da realidade, do mundo, da mente e de todas as coisas...


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Acabo de abrir o bloco de notas... Não sei o que escrever, mas apesar disso eu continuo com a razão...

Agora são 3:19, sinto muito bem star, e quase não consigo raciocinar mais, estou escrevendo muito lentamente, parece haver uns momentos ocilantes de sanidade, uns picos de sanidade e que trazem consigo um bem star junto.

Acabo de ler o paragrafo acima e não compreendo mais o que ele significa e só passaram 2 minutos. ... (continua)

NOTA: Detalhe importante agora, onde no meio do escrito mais psicodélico que ja registrei, fiz uma indagação que remetia a filosofia de Nietzsche, da tese do eterno retorno, onde Nietzsche propoê que a vida deve ser encarada a cada momento como se as escolhas que voCê faz, gostaria realmente de faze-las  e mais infinitas vezes.

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(Continuação)... Será que eu quero isso, mesmo sabendo que isso vai acontecer infinitas vezes no futuro ?

Estou muito confuso... 3:23

de dois em dois minutos!!

O extase vence a guerra entre a razão e o ...


Não consigo completar a frase... 3:25

Meus dedos tremem em cima do teclado, minha respiração é meio lenta  ...

Posso sentir muito vivamente.... (continua)
Aqui talvez estivesse fazendo uma alusão a sensação de sentir o mundo sensível de forma muito distinta e definida com os sentidos aguçados....


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(continuação)... não consigo completar outra frase...

Parece que vejo as palavras andando de um lado para o outro e se encaixando em outras frases... COmo se tivessem se organizando do caos que estavam antes....

Minha visão ta distorcendo as imagens..
Quadrados virando retangulos horizontais e verticais ocilantemente...

Mas vejo partes difíceis de ser identificadas como objeto.(continua)...

Aqui a parte mais misteriosa do escrito.. O que estaria eu tentando expressar ao dizer que as palavras estavam se organizando do caos ? Ou "Vejo partes dificeis de ser identificadas como objeto" ?
Isto permanece misterioso pra mim até em sanidade, talvez estivesse tentando expressar a dificuldade com que o mundo sensível se apresentasse pra mim, em algum momento em que estivesse muito profundamente adentrado na abstração do reino da mente, onde os sentidos do mundo sensível poderiam estar me enganando a todo momento e que os objetos dos quais me referia eram os objetos sensíveis aos olhos (e não objetos em geral, como pensamentos também, mas objetos apenas do mundo sensível aos olhos) Talvez estivesse muito profundamente adentrado numa abstração, que mal podia enxergar com os olhos o mundo mesmo, mas apenas alguns objetos, e outros não, como se eu pudesse ver o teclado mas não o monitor...

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(continuação)...Não sei o que vou fazer agora... se vou me deitar agora ou se vou daqui 5 horas, eu não sei quase absolutamente nada...

Sinto que ja foi escrito bastante pela experiência, e que mais, talvez não seria tão beneficio.

3:33... vou dormir
Se por acaso achar que posso criar algo interessante, eu volto pro computador...

Essa ultima parte não parece apresentar muita revelação do que eu pensava naquele momento, mas sim que estava satisfeito com o que tinha feito até ali, sabia de alguma forma que o pouco que escrevi poderia me auxiliar bastante na investigação da experiência posteriormente...

Gostaria de algumas opiniõs a respeito, tem muita gente aqui que gostaria que opinasse... Sei que também tem muita gente vai dar risada... Só peço para que se não acha interessante este relato, é só não opinião, pra evitar desvirtuação do tópico...
« Última modificação: 03 de Agosto de 2007, 23:08:28 por Blue Pill »

blue pill

  • Visitante
Re: [Registros de uma experiência psicodélica] Relato Pessoal.
« Resposta #1 Online: 04 de Agosto de 2007, 20:01:02 »
Mais uma nota...

O que percebi de mais abrangente pelo uso de tais agentes alteradores da consciência, o que percebi de mais abrangente observando a mim e aos outros sob efeito de tais substâncias?

Arrisco-me a propor uma solução bem intricada pra problemática da filosofia, ligada a esses alteradores de consciência...

Uma vez que me ví saltar do realismo (portanto, acreditava apenas no mundo), para o idealismo, e com isto, passar "mirar" ou focalizar a atenção de minhas cogitações para além do mundo sensível, mas para o mundo dos pensamentos, percebí que o que poderia ter me levado a esta mudança na concepção do mundo, talvez fosse justamente pelo fato de estar mudando também com a minha consciência.
Talvez (digo talvez), algumas substâncias associadas ao sistema nervoso central, fazem com que o funcionamento do cerebro mudar de tal forma, que o reflexo disto é justamente deixar as concepções realistas e passar a ter concepções idealistas, vou tentar explicar mais específicamente...
Não que as substâncias em sí, as moléculas em sí, venham escrito em letras minúsculas "poção do idealismo filosófico", mas que tais substâncias poderiam dar à consciência, um carater "infinitezimal" (pelas palavras de Leibiniz)(o que nos remete para o infinitizmo da capacidade dos pensamentos), talvez pela estrutura diferenciada de tais substâncias, façam com que a informação que transitava de acordo com um tráfico determinado pela geometria de substâncias "comuns", passem a "catapultar" a informação pela geometria dessas substâncias, de forma que parte da informação se perca(ou toda informação em alguns casos), o que seria convertido para o ser pensante, para a razão daquele ser, que a informação é de carater infinitezimal, ou de problemática infinitezimal, de forma que aquele ser, a razão daquele ser, extraia um juizo daquele computo onde a informação se perdeu numa imensidão tão grande de universo(onde uma microparticula seria catapultada para qualquer direção, e portanto se perderia no meio do universo como um todo, até "sairia de dentro do cerebro talvez", e que passe extrair juizos de tal mecanismo como tendo o carater igualmente grande, tal grandeza parece ser infinita.

Talvez por isso algumas das substâncias tenham este efeito "misticóide", pois aquele que vivencia tal experiência, começa a achar que tudo deve remeter toda problematica para soluções infinitezimais, pois ele não pode extrair uma solução ou conclusão de um problema, com aquela substância agindo de tal forma, mudando o mecanismo do cerebro de tal forma....

Outro ponto que acho que deveria ser melhor investigado, talvez por semelhante mecanismo haja tanta diversidade de pensamentos, onde cada cerebro de cada uma das pessoas, é correlativo ao pensamento de cada uma dessas pessoas, e como sabemos, na escala microscópica, todos os cerebros devem ter diferenças...

As substâncias podem também fazer uma modificação dessas, num destes mecanismos, de certa forma que estes mecanismos fiquem assim diferentes mais tempo do que a suposta duração de tais agentes alteradores, mas de uma forma mais sutil quase imperceptível, faz com que o conjunto do cerebro funcione de maneira diferenciada por toda uma posteridade, talvez isto seja o responsavel por diferenciação de pensamentos ao decorrer de uma vida e em funções de experiências como estas.

Sobre esses agentes alteradores, podemos agora também extender este entendimento dos agentes alteradores, para muito mais coisas, como por exemplo a falta de vitaminas no cerebro (Cita Aldous Huxley em As Portas da Percepção), falta de oxigênio no cerebro, entre outro N fatores, fatores físicos estes que devem se submeter também à influência do outro polo da bivalência (corpo influenciando na mente e vice-versa), o pensamento, onde o pensamento também poderia ser um fator que faça a própria estrutura do cerebro mudar também, por outras palavras "Pensar faz com que eu mude a forma de pensar".

O dessa maneira, Ser e Pensar são bivalentes, não se pode dissociar o que você É, do que você Pensa, ambos interferem-se, ambos ajudam-se, ambos dão ao mundo a riqueza do conhecimento da qual conhecemos hoje.

É... Isto é a loucura gente, um pouco de real, um pouco de ideal (no sentido filosófico do idealismo)...

Ja dizia um velho sábio...


 "Controlando a minha maluquez, misturada com minha lucidez, vou ficar, ficar com certeza maluco beleza"
« Última modificação: 04 de Agosto de 2007, 20:08:53 por Blue Pill »

Offline Nightstalker

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Re: [Registros de uma experiência psicodélica] Relato Pessoal.
« Resposta #2 Online: 04 de Agosto de 2007, 21:16:00 »
Prefiro a psicodelia da realidade.
Conselheiro do Fórum Realidade.

"Sunrise in Sodoma, people wake with the fear in their eyes.
There's no time to run because the Lord is casting fire in the sky.
When you make sin, hope you realize all the sinners gotta die.
Sunrise in Sodoma, all the people see the Truth and Final Light."

Nigh†mare

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Re: [Registros de uma experiência psicodélica] Relato Pessoal.
« Resposta #3 Online: 04 de Agosto de 2007, 22:33:20 »
"Você é o que você pensa"?

Seja feliz!

(Espero que haja volta para seu caminho...)

blue pill

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Re: [Registros de uma experiência psicodélica] Relato Pessoal.
« Resposta #4 Online: 04 de Agosto de 2007, 23:09:01 »
"Você é o que você pensa"?

Seja feliz!

(Espero que haja volta para seu caminho...)

Citou apenas uma parte da idéia porque ? Não compreendeu ?

Eu disse que a relação do corpo e mente é indissolúvel, que você pensa o que teu cerebro computou naquele momento, e que o que cerebro é no momento é o que você está pensando.

Haja explicação.....................

Tarcísio

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Re: [Registros de uma experiência psicodélica] Relato Pessoal.
« Resposta #5 Online: 05 de Agosto de 2007, 00:00:46 »
Eu li tudo, não entendi nada, mas se você gosta de viajar, seja feliz sem fazer ninguém sofrer se possível ;)

Offline HSette

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Re: [Registros de uma experiência psicodélica] Relato Pessoal.
« Resposta #6 Online: 05 de Agosto de 2007, 00:35:50 »
E as viagens não diferem dos sintomas já relatados e analisados exaustivamente em funçao do uso dessas substâncias.
"Eu sei que o Homem Invisível está aqui!"
"Por quê?"
"Porque não estou vendo ele!"

Chaves

blue pill

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Re: [Registros de uma experiência psicodélica] Relato Pessoal.
« Resposta #7 Online: 05 de Agosto de 2007, 08:01:37 »
Eu li tudo, não entendi nada, mas se você gosta de viajar, seja feliz sem fazer ninguém sofrer se possível ;)

Talvez isso seja exatamente pelo motivo citado por mim, que a alteração faz com que os mecanismos do pensamento mude de tal forma que até minhas explicações viram devaneios para uma suposta razão consensual.

Mas lembre-se que tal razão consensual não pode existir sem que haja uma crença nela, apenas a razão de cada individuo em sí.

E as viagens não diferem dos sintomas já relatados e analisados exaustivamente em funçao do uso dessas substâncias.

Talvez a questão não seja esta (de ter um sintoma "novo" dessas substâncias), mas viver estes sintomas, viver aquilo que se chama alterar a consciência e ver como é, viver a "loucura", pra poder entender melhor o que é a loucura e a sanidade também...
Como eu ja disse, a minha parte realista, a parte de mim da qual compreende o mundo da maneira mais clássica do intelectualismo cético, continua idêntica de quando me lembro por ser um cético radical, posso argumentar de forma convincente muitas idéias científicas. No entanto, com esse novo caminho do conhecimento que segui, posso também devanear no idealismo, e uma e outras formas de conhecimento são totalmente validas.
 
E também é claro embasar as experiências em uma compreensão relevante e não banal, de forma suficientemente boa e distinta, VER as experiências de uma ótica otimista,  para que eu as possa continuar realizando elas.
« Última modificação: 05 de Agosto de 2007, 08:31:40 por Blue Pill »

Nigh†mare

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Re: [Registros de uma experiência psicodélica] Relato Pessoal.
« Resposta #8 Online: 05 de Agosto de 2007, 17:51:02 »
Para que possa continuar realizando? Achei que fosse uma experiência só...

Boa a sua desculpa para se drogar.

Offline Oceanos

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Re: [Registros de uma experiência psicodélica] Relato Pessoal.
« Resposta #9 Online: 05 de Agosto de 2007, 18:33:05 »
Boa a sua desculpa para se drogar.
E depois sou eu que tenho uma doença existencial...

Isso me lembrou o álbum "Operation: Mindcrime" do Queensryche. O protagonista achava que tinha a gnose; uma doença e que o Dr. X tinha a cura. Mas no fim, só era um viciado em heroína que era chantageado por um figurão qualquer...

Seu cérebro é uma máquina, Blue Pill. E funciona como tal. Se drogando você só faz seu cérebro funcionar anormalmente. Nada além do que é explicado pela ciência, como o HSette disse. Você pode achar que encontrou a gnose, pode chorar, bater o pé, correr pra mamãe ou contar as mágoas para outros amigos drogados. Mas a verdade é que você está delirando porque seu cérebro não está funcionando direito. E só isso. :)
« Última modificação: 05 de Agosto de 2007, 18:40:12 por El Chiquito »

Offline Nightstalker

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Re: [Registros de uma experiência psicodélica] Relato Pessoal.
« Resposta #10 Online: 05 de Agosto de 2007, 18:36:16 »
Mas isso é que é o bom dos fóruns, a diversidade de pessoas... comunistas, crentes, drogados...
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"Sunrise in Sodoma, people wake with the fear in their eyes.
There's no time to run because the Lord is casting fire in the sky.
When you make sin, hope you realize all the sinners gotta die.
Sunrise in Sodoma, all the people see the Truth and Final Light."

Tarcísio

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Re: [Registros de uma experiência psicodélica] Relato Pessoal.
« Resposta #11 Online: 05 de Agosto de 2007, 19:41:00 »
O CC não é um exemplo de diversidade ainda, Night, mas disso o tempo cuida.

blue pill

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Re: [Registros de uma experiência psicodélica] Relato Pessoal.
« Resposta #12 Online: 05 de Agosto de 2007, 22:24:48 »
Para que possa continuar realizando? Achei que fosse uma experiência só...

Boa a sua desculpa para se drogar.

Você quer dar motivos para as coisas, então vamos filosofar a respeito...
Porque motivos você entra neste tópico? Porque motivos voCê é ateu? Porque motivos você vive? Porque motivos você pensa?...
Você é muito apegado à uma formalização de pensamento da qual supostamente teria de seguir uma sequência lógica, uma sequência que  responderia cada ato seu por uma causa antecessora lógica, no entanto, se parar para se aprofundar, se parar pra investigar esta arvore genealógica, quando chegar na raiz irá desabar num penhasco vazio, onde algum conhecimento passou a se embasar em absolutamente nada, este é o principal tema de um dos livros mais modernos e influêntes da filosofia - A Genealogia da Moral...
A tese do livro é a ausência de sentido para todas as coisas, onde o conhecimento é apenas um acúmulo de zeros, este é o niilismo, a ausência de sentido.... Resumo prático, minha desculpa, se voCê não compreendeu é apenas um sarcasmo, pois eu não preciso dar desculpas pra fundamentar meus atos, ainda mais pra quem nem conheco.

A questão é que alguns, ou não sabem onde é este limite inferior da arvore genealógica de seu conhecimento, ou simplismente ignoram o conhecimento de tal arvora, onde isto se torna uma simples crença e a defesa de qualquer idéia baseada num conhecimento fundamental a respeito de qualquer coisa passa ser um simples culto à ignorância.

Eu não nego que não tenho absolutamente motivos nenhum para fazer isto, pois ja superei esta etapa onde o conhecimento parece estar interligado de uma forma concreta e verdadeira... Eu não tenho motivos pra fazer absolutamente nada, no entanto eu faço, eu vivo, eu respiro, eu como.

E você, acha que tem algum motivo sequer, que possa fundamentar qualquer atitude sua? Diga-me qual é então, gostaria de aprender...

Boa a sua desculpa para se drogar.
E depois sou eu que tenho uma doença existencial...

Isso me lembrou o álbum "Operation: Mindcrime" do Queensryche. O protagonista achava que tinha a gnose; uma doença e que o Dr. X tinha a cura. Mas no fim, só era um viciado em heroína que era chantageado por um figurão qualquer...

Seu cérebro é uma máquina, Blue Pill. E funciona como tal. Se drogando você só faz seu cérebro funcionar anormalmente. Nada além do que é explicado pela ciência, como o HSette disse. Você pode achar que encontrou a gnose, pode chorar, bater o pé, correr pra mamãe ou contar as mágoas para outros amigos drogados. Mas a verdade é que você está delirando porque seu cérebro não está funcionando direito. E só isso. :)

Isto só pode ser bom pra mim, adoro ser diferente, adoro a experimentação dessa anormalidade, porque sigo uma instrução lógica bem simples, diversidade da perspectiva gera uma melhor representação do objeto a ser observado.

Qual mal disto? Nenhum mal, porque não ha um consenso do que seja mal em qualquer coisa da vida...
A maneira como eu vejo o destino da minha vida não é a de multiplas possibilidades, vejo apenas a vida como ela é, porque eu deveria mudar?

Este tipo de crítica à minhas atitudes, eu não quero saber, não quero que tentem realizar nenhum tipo de juizo de moralidade a respeito da minha vida de uma vez por todas.

Toda vez que falo desse assunto, a mesma atitude ignorante se repete, como um vício mental, que é uma tentativa de julgar moralmente estes atos, NÃO PERCEBEM ISTO ?

Queria discutir a respeito do que aconteceu, e não do que deveria acontecer ou do que acontecerá num futuro, qual importancia disso?

Acho que o pessoal desse forum precisa se aprofundar mais no niilismo... Ja seria um grande passo pra essas discussões...

Sem querer acabo tendo que me defender da mesma maneira...
« Última modificação: 05 de Agosto de 2007, 22:38:01 por Blue Pill »

blue pill

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Re: [Registros de uma experiência psicodélica] Relato Pessoal.
« Resposta #13 Online: 05 de Agosto de 2007, 22:41:00 »
O CC não é um exemplo de diversidade ainda, Night, mas disso o tempo cuida.

Não mesmo.. Aqui encontra-se muitas mentes parecidas, isto é altamente prejudicial para o desenvolvimento do conhecimento.

Na ordem de importância...
Realismo, Cientificismo, Ateísmo e só...


rizk

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Re: [Registros de uma experiência psicodélica] Relato Pessoal.
« Resposta #14 Online: 06 de Agosto de 2007, 00:36:41 »
Ah, eu não fico pensando nessas coisas não, muito menos ANOTANDO. Não sei se isso é muito mente estreita nos parâmetros do BluePill, mas substâncias entorpecentes têm o fim de entorpecer, hm. Ou, como foi fantasticamente colocado por um guia espiritual: "eu quero é tomar doce e ver os coqueiro fazer pfuw pfuw pfuw".

Parece-me, também, que essa aura de "estudo" é tentativa de dar legitimidade a uma prática proscrita.

De resto. Cada forista tem direito a dar o feedback que achar melhor. Se você posta no fórum, vai ser discutido. Deal with it. Ou abra um blog.

Nigh†mare

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Re: [Registros de uma experiência psicodélica] Relato Pessoal.
« Resposta #15 Online: 06 de Agosto de 2007, 00:56:28 »
O grande ponto, Blue Pill, é que tudo o que você vivencia nesses seus estados alterados de consciência só acontece na sua cabeça... Você não está dando nenhum passo a mais para lugar nenhum, você está apenas fechando sua mente para a atuação de uma substância. Você pode achar que está abrindo "portas da percepção", mas não está, é um mero sonho.

Você pode experimentar o barato mais louco num sonho lúcido sem utilizar substância alguma, viajar daqui para Marte e fazer aparecer coisas com a mágica do sonho... Tudo está restrito ao universo de pensamento da sua cabeça.

rizk

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Re: [Registros de uma experiência psicodélica] Relato Pessoal.
« Resposta #16 Online: 06 de Agosto de 2007, 01:31:18 »
(não é porque acontece só na mente da pessoa que o fenômeno deixa de ser válido, hein.)

blue pill

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Re: [Registros de uma experiência psicodélica] Relato Pessoal.
« Resposta #17 Online: 06 de Agosto de 2007, 08:13:09 »
Ah, eu não fico pensando nessas coisas não, muito menos ANOTANDO. Não sei se isso é muito mente estreita nos parâmetros do BluePill, mas substâncias entorpecentes têm o fim de entorpecer, hm. Ou, como foi fantasticamente colocado por um guia espiritual: "eu quero é tomar doce e ver os coqueiro fazer pfuw pfuw pfuw".

Parece-me, também, que essa aura de "estudo" é tentativa de dar legitimidade a uma prática proscrita.

De resto. Cada forista tem direito a dar o feedback que achar melhor. Se você posta no fórum, vai ser discutido. Deal with it. Ou abra um blog.

O grande ponto, Blue Pill, é que tudo o que você vivencia nesses seus estados alterados de consciência só acontece na sua cabeça... Você não está dando nenhum passo a mais para lugar nenhum, você está apenas fechando sua mente para a atuação de uma substância. Você pode achar que está abrindo "portas da percepção", mas não está, é um mero sonho.

Você pode experimentar o barato mais louco num sonho lúcido sem utilizar substância alguma, viajar daqui para Marte e fazer aparecer coisas com a mágica do sonho... Tudo está restrito ao universo de pensamento da sua cabeça.

Apenas uma confirmação do que eu havia falado, neste forum existe uma onda de Realismo muito prejudicial para a filosofia.

A filosofia resulta ja, pela vivência histórica, ja é de conhecimento histórico que ao decorrer dos anos na filosofia o que se viu foi quando a mudança na concepção das pessoas foram as principais formas de evoluir o conhecimento, e volto a repetir, o CC é impregnado da doutrina que chama-se na filosofia o Realismo.

Existiu um grande pensador, Decartes, que propos uma inversão radical no foco de onde se deve olhar e investigar, pra efeito de investigação, onde deixou de olhar para o mundo sensível das coisas e passou a observar apenas o pensamento, decidiu pensar apenas sobre o pensamento, pois concluiu ele num célebre ensaio conhecido por muitos - O Discurso do Metodo - que poderia-se duvidar de todas as coisas e todos os objetos do mundo que chamavamos "real" até então, fez isto usando dois argumentos chamado "O erro dos sentidos" e "Argumento dos sonhos".

Nesse ensaio, Decartes faz uma série de passagens lógicas onde demonstra que o mundo é provavel, e não existente, e o que é existente de fato é o pensamento, a única existência de fato é o pensamento, e todo o resto do conhecimento é a partir (ou a posteriori como viria chamar Kant), é a partir do eu pensante, foi o que demonstrou Decartes. (Detalhe que este fragmento do pensamento de Decartes nada tem a ver com a existência de deus, só se tomarmos deus no sentido do deus criativo dentro de cada um)

Isso foi o inicio de uma corrente filosófica seguinda a partir dele e erguida num maior altar por Kant, que é chamada Idealismo (de idéia) como o centro das atenções, queiram ou não esta idéia contrapoe históricamente ao Realismo, do qual surge este Cientificismo também, maneiras das quais a maioria daqui pensa.


Offline Diegojaf

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Re: [Registros de uma experiência psicodélica] Relato Pessoal.
« Resposta #18 Online: 06 de Agosto de 2007, 09:43:25 »
(não é porque acontece só na mente da pessoa que o fenômeno deixa de ser válido, hein.)

Esqueceu de citar a fonte...

DUMBLEDORE, Albus Percival Wulfric BriaN... :lol:
"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto." - Rui Barbosa

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blue pill

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Re: [Registros de uma experiência psicodélica] Relato Pessoal.
« Resposta #19 Online: 06 de Agosto de 2007, 11:21:00 »
(não é porque acontece só na mente da pessoa que o fenômeno deixa de ser válido, hein.)

Não só é valido, como existênte e real.

O que o Realismo do qual as pessoas daqui tem faz com a idéia do pensamento?

Tira do pensamento o carater existêncial, como se o pensamento não existisse, e o que eu proponho é justamente ver o pensamento como uma existência dentro do conjunto de todas existências, da maneira como Decartes propoe uma revolução, iniciando toda extensão do mundo a partir do eu pensante, e não iniciar o conhecimento a partir do mundo lá fora.

O que Decartes fez foi criar aquilo que chamamos de pensamento, antes dele não havia essa denominação "pensamento", as pessoas em suas rotinas diarias, de estudos ou não, contemplavam o mundo, faziam proposições sobre o mundo, mas ninguem sequer havia refletido naquilo que faz possível contemplar o mundo, aquilo que torna o mundo para mim existênte, que é o pensamento, só Decartes foi criar a denominação para isso, para o que torna o mundo existênte, que é o pensamento, a condição do pensamento.
Parafraseando "O mundo só É, se pensamos que ele É"

Bom, depois de toda esse embasamento idealista, agora gostaria que entendessem os motivos pelo qual realizei essa experiência de uma forma mais adequada.
Eu gostaria não só de experimentar esta subjetividade do meu Eu, mas alterar ela, em relação a contemplar o mundo, gostaria de mudar a perspectiva dessa contemplação, pra justamente saber em que isso acarreta, tanto no mundo como em mim depois dessa experiência, que mudou? Se eu mudei, o mundo todo mundou, porque o mundo só existe, o mundo só é possível depois dessa condição - de ser um mundo para mim.

O qual foi a mudança, resumidamente ?

O objeto "realidade" foi muito mais compreendido por mim depois dessas experiências, eu percebo isso claramente pela forma como eu relaciono as minhas idéias antes e depois das experiências, oras, é só remeter a minha memória em como via o mundo antes e como o vejo agora, e considero que evoluí no sentido do conhecimento, agora tenho mais conhecimento do que antes tinha, e é isso que me importou até agora, pois foi por isso que fiz todas as experiências.
« Última modificação: 06 de Agosto de 2007, 11:25:33 por Blue Pill »

Offline Adriano

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Re: [Registros de uma experiência psicodélica] Relato Pessoal.
« Resposta #20 Online: 06 de Agosto de 2007, 12:10:12 »
Sobre a teoria dualista de Descartes, Daniel Dennett, um dos mais famosos filósofos da mente atual a denomina esse dualismo como teatro cartesiano. A teoria de Dennett é monista, o que fundamenta a filosofia naturalista dos  brights, os neo-ateus. Com uma certa influência do pragmatismo.

Donald Davison com o monismo anômalo, e David Chalmes com o conceito da como epifenômeno, são as alternativas ao monismo de Dennett, sendo que este considera que é possível produzir um robô com as mesmas características humanas.
Princípio da descrença.        Nem o idealismo de Goswami e nem o relativismo de Vieira. Realismo monista.

Offline Oceanos

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Re: [Registros de uma experiência psicodélica] Relato Pessoal.
« Resposta #21 Online: 06 de Agosto de 2007, 12:29:21 »
Isto só pode ser bom pra mim, adoro ser diferente, adoro a experimentação dessa anormalidade, porque sigo uma instrução lógica bem simples, diversidade da perspectiva gera uma melhor representação do objeto a ser observado.

Qual mal disto? Nenhum mal, porque não ha um consenso do que seja mal em qualquer coisa da vida...
A maneira como eu vejo o destino da minha vida não é a de multiplas possibilidades, vejo apenas a vida como ela é, porque eu deveria mudar?
Boa desculpa para se drogar...²

Como já cansaram de dizer: você não está tendo a gnose ou um segundo ponto de vista, só está "pensando" com seu cérebro entorpecido... Se você acha que a verdade pode estar em um entorpecente... Good Luck. :)

Este tipo de crítica à minhas atitudes, eu não quero saber, não quero que tentem realizar nenhum tipo de juizo de moralidade a respeito da minha vida de uma vez por todas.

Toda vez que falo desse assunto, a mesma atitude ignorante se repete, como um vício mental, que é uma tentativa de julgar moralmente estes atos, NÃO PERCEBEM ISTO ?

Queria discutir a respeito do que aconteceu, e não do que deveria acontecer ou do que acontecerá num futuro, qual importancia disso?
Ué. Mas eu critiquei você moralmente?

Anyway, o problema também, é que qualquer pessoa pode ler este fórum e alguém mais fraco de espírito pode querer tentar a mesma "experiência". Por isso as objeções quanto à esse tipo de experiência devem constar.

Não tô nem aí se você não quer ouvir e quer que entremos no seu hype psicodélico, aqui não é seu laboratório ou seu blog. Se alguém quiser discutir sobre suas viagens, sorte sua, isso sim. :)

Acho que o pessoal desse forum precisa se aprofundar mais no niilismo... Ja seria um grande passo pra essas discussões...

Sem querer acabo tendo que me defender da mesma maneira...
Acho que você deveria parar de ignorar o que a medicina fala sobre as drogas e como elas agem no seu cérebro... Já seria um grande passo para sua sanidade mental.

Offline Oceanos

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Re: [Registros de uma experiência psicodélica] Relato Pessoal.
« Resposta #22 Online: 06 de Agosto de 2007, 12:31:38 »
Apenas uma confirmação do que eu havia falado, neste forum existe uma onda de Realismo muito prejudicial para a filosofia.
Essa é boa...

Offline Mauricio Rubio

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Re: [Registros de uma experiência psicodélica] Relato Pessoal.
« Resposta #23 Online: 06 de Agosto de 2007, 12:35:08 »
Eu também sou adepto da psicodelia, mas muito mais do que simplesmente usar drogas, eu procuro o conhecimento em TUDO nessa vida. A alteração da consciência pode ser conseguida de muitas maneiras, e eu prefiro desenvolver técnicas que me permitam alcançar esses estados por mim mesmo, mas isso não quer dizer que eu nunca tenha utilizado nada.

Fumo maconha e já tomei LSD algumas vezes, tenho vontade de experimentar muita coisa, Mescalina ( Que é usada no livro citado pelo Blue pill ) Psilocibina ( Cogumelos ) DMT ( Ayahuasca ), etc etc, mas tudo isso visando um desenvolvimento interior correndo paralelo ao desenvolvimento exterior.

O uso de "drogas", no MINIMO faz vc perceber a realidade sob outra perpectiva e como o Blue Pill já disse, quando temos varias perspectivas de uma mesma coisa podemos chegar a um consenso melhor do que considerar como certa uma ideia isolada.

Mas eu nem me preocupo muito em discutir experiências desse tipo pois são TODAS ABSOLUTAMENTE SUBJETIVAS, e só quem percebe sabe o que acontece, as palavras não servem para descrever o que se passa nesses estados alterados.

Infelizmente aqui no forum falta muita informação para quem não é adepto de certas praticas e alguns desses insistem em querer opniar sobre o que não sabem, como em outro tópico em que o pessoal insistia que meditar servia somente como "relaxamento muscular" e qualquer outra coisa que fosse atingida num estado alterado de consciência eram somente "devaneios".

Na minha vida já tive muitos "devaneios" que foram insights incriveis que me fizeram mudar minha postura e perspectiva diante da existência, mas cada um é cada um, então se não quiserem dar credito a isso, foda-se :)
« Última modificação: 06 de Agosto de 2007, 12:51:00 por Mauricio Rubio »
"Para quem a agitação não existe,
e para quem ser/existir e não ser/existir
    estão superados,
ele é alguém – que está além do medo,
        feliz,
       sem angústia,
a quem os devas não podem ver"

Buda Sakyamuni

Offline Oceanos

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Re: [Registros de uma experiência psicodélica] Relato Pessoal.
« Resposta #24 Online: 06 de Agosto de 2007, 12:53:55 »
Ver a realidade sob outra perspectiva? Eu diria diferente, eu diria que você estava delirando porque estava drogado...

 

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