toda vez que falo com algum especialista em direito público sinto certa angústia. tendem a desprezar completamente o indivíduo e sua vontade, e é constante a tentação (e a sucumbência a ela) de acharem que podem muito bem nos dizer o que fazer; nos dizer tudo o que fazer e mesmo que querer. eu exijo liberdade; infelizmente, muita gente nunca parou pra pensar nela. sem responsabilidade, também, não faz sentido falar em liberdade.
de qualquer forma, sobre a questão da previdência... seria muito justo que cada um pagasse pelo que faz, e quem sabe em mundo assim as pessoas aprendessem a ser responsáveis. mas não é assim que funciona. por mim, eu aboliria a previdência estatal. por mais irresponsável que eu seja, eu acho que poderia, sim, garantir a minha aposentadoria sem a ajuda de ninguém. e se não conseguisse, espero, engoliria as conseqüências e não sairia por aí a expor minha miséria, cobrando das pessoas uma remediação que a mim elas não devem. mas o país não sou só eu, nem só você. gente imprevidente se ferra, mas não se contenta em se ferrar quieta, procedure. faz barulho, quer lhe fazer se sentir culpado, pragueja, faz questão de exibir toda a miséria que tem. e somos humanos, e somos morais, e não conseguimos fingir que não vemos, não até certo ponto. e acabamos obrigados a ceder ao coitadismo dos imprevidentes e pagar pelo que não fizemos. é isso que estou dizendo. se as pessoas fossem dignas e pagassem sozinhas pelos próprios erros, teriam todo o direito de fazer isto que querem. mas não são. e eu exijo que se garantam antes que me façam pagar.