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Autor Tópico: TV pública  (Lida 7110 vezes)

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Offline Arcanjo Lúcifer

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Re: TV pública
« Resposta #100 Online: 28 de Junho de 2008, 11:47:51 »
Na época  comentei que isso seria a "TV PT", acreditam agora?

Offline Tupac

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Re: TV pública
« Resposta #101 Online: 28 de Junho de 2008, 14:58:38 »
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Retorno financeiro realmente não parece ser o forte das emissoras públicas
No Brasil.
BBC por exemplo é uma TV publica, e muito boa.
"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida."
 - Carl Sagan

"O que é afirmado sem argumentos, pode ser descartado sem argumentos." - Navalha de Hitchens

Offline Buckaroo Banzai

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Re: TV pública
« Resposta #102 Online: 28 de Junho de 2008, 15:11:27 »
Se todas as redes de TV e rádio são concessões, não se poderia como alternativa ter uma programação pública mitigada pelas TVs já existentes, com uma estrutura consideravelmente menor do que uma outra tv inteira? Um tipo de "hora do Brasil", versão TV. E/ou terem algum incentivo para que as TVs privadas fizessem o que quer que "se achar" que está faltando (como cobertura de notícias de países africanos, acho que ouvi isso sendo listado como uma das metas). Ainda mais que com a TV digital, serão (se é que não já são e eu que não sei) 4 canais para cada emissora.

Por outro lado, acho isso talvez meio "arriscado", parecendo uma censura às avessas. Se bem que a TV estatal poderia acabar sendo também meio como aquela Chavez-TV...

Offline Herf

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Re: TV pública
« Resposta #103 Online: 28 de Junho de 2008, 15:46:54 »
Nem precisaria de uma "Hora do Brasil versão TV" ou incentivos. Acho que isso seria até pior que a "TV PT", pois com ela ainda nos resta a opção de simplesmente assistir outro canal em vez de ser obrigado a desligar a TV (se bem que cada emissora poderia transmitir em um horário diferente, mas isso não faz lá muita diferença).

O governo poderia simplesmente se limitar a determinar horários para veicular anúncios de relevância para a população quando isso fosse necessário, como anúncios de vacinações, campanha contra a dengue, etc. Ou, se é para ter uma emissora exclusiva do estado, que ela não tivesse qualquer traço de jornalismo ou entrentenimento, que fosse um emissora dedicada exclusivamente a informar a população sobre atividades do governo, meio como uma versão TV do que é publicado nos Diários Oficiais. Qualquer coisa que passe disso é desnecessária e corre o risco de ser tendenciosa.

Offline Herf

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Re: TV pública
« Resposta #104 Online: 28 de Junho de 2008, 16:11:00 »
[...]
Eu não me lembro de ter dito que empreendimentos do estado devem ter retorno financeiro, do contrário devem ser eliminados. Se disse, então mudo minha opinião. Por mim, nem o ministério da cultura deveria existir, mas não porque empreendimentos culturais bancados pelo estado não tenham retorno financeiro, e sim porque eu acho que não cabe ao estado usar dos recursos públicos e de seu poder para incentivar entrentenimento que ele julgou ser de qualidade. Isso é puro e simples entrentenimento, entrentenimento travestido de "educação" pela elite intelectual do estado que tem o poder de direcionar verbas públicas para empreendimentos que se encaixem em suas preferências particulares.

Offline Donatello

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Re: TV pública
« Resposta #105 Online: 28 de Junho de 2008, 23:04:57 »
Citação de: Herf
Eu não me lembro de ter dito que empreendimentos do estado devem ter retorno financeiro, do contrário devem ser eliminados. Se disse, então mudo minha opinião. Por mim, nem o ministério da cultura deveria existir, mas não porque empreendimentos culturais bancados pelo estado não tenham retorno financeiro, e sim porque eu acho que não cabe ao estado usar dos recursos públicos e de seu poder para incentivar entrentenimento que ele julgou ser de qualidade. Isso é puro e simples entrentenimento, entrentenimento travestido de "educação" pela elite intelectual do estado que tem o poder de direcionar verbas públicas para empreendimentos que se encaixem em suas preferências particulares.

Eu fico tentando dissociar Chico Buarque e Clarice do aprendizado da Língua Portuguesa ou Foucault e Voltaire dos estudos de sociologia e economia ou Adorno e Eco e Balzac do estudo das comunicações sociais (em seus aspectos mais amplos, não só o acadêmico)...

Mais: eu vou ter de fazer um esforço gigantesco para descobrir por que maldição desgracenta, entre os meus conhecidos, as pessoas que ouvem Tati Quebra Barraco e Ivete Sangalo são precisamente aquelas que mais têm dificuldade de compreensão de seja lá o que for, as que tiravam as piores notas (quando eu estudava no ensino básico) e as que passam longe de se classificarem para as universidades públicas... Porque dizer que Drummond, Leminski, Pink Floyd, Kurosawa, Anish Kapoor servem como entretenimento é dizer o óbvio mas dizer que não têm nada a ver com educação é a própria definição do inusitado.
« Última modificação: 29 de Junho de 2008, 00:26:29 por Dionísio van Dijck »

Offline Rodion

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Re: TV pública
« Resposta #106 Online: 28 de Junho de 2008, 23:36:18 »
o estado pode fazer o que quiser. se as pessoas não quiserem se interessar, não se interessam. sei disso pois me lembro muito bem de quando tentei declamar mário quintana de cima de um trio elétrico perante uma multidão enfurecida que urrava "toca créu!", na virada cultural de são paulo. ah, mas coitadinhos, não tiveram boas aulas de literatura ou de filosofia, né? pois mesmo que colocassem o mais inspirado dos professores, ainda ficariam jogando aviõezinhos de papel e mandando mensagens no celular, eu sei bem.

donatello, é de se pensar se o interesse em alto entretenimento vem da aptidão intelectual ou se vice-versa. eu aposto na primeira.
"Notai, vós homens de ação orgulhosos, não sois senão os instrumentos inconscientes dos homens de pensamento, que na quietude humilde traçaram freqüentemente vossos planos de ação mais definidos." heinrich heine

Offline Donatello

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Re: TV pública
« Resposta #107 Online: 29 de Junho de 2008, 00:19:28 »
Rodion, não é um ou outro; é um e outro: aptidão e acesso. Agora, se o Estado não oferecer, muitos aptos (a maioria deles) jamais terão acesso porque a iniciativa privada não demonstra qualquer interesse por causas nobres quando lança um produto. Como já disse o Herf lá atrás: não faz sentido manter uma emissora que ninguém pouca gente assiste (ou montar uma exposição que poucos pagarão para ver ou exibir um filme que não terá filas dando voltas na esquina).

Outra coisa: o gosto pelo que você chamou de alto entretenimento é estimulável sim; ou eu vou ter que acreditar que a maior proporção de ricos que gostam de Eric Clapton e Almodóvar e, por outro lado, a maior ocorrência de pobres que são fãs de MC Marcinho e Steven Spielberg são explicadas apenas pela genética.

Então é um circulo vicioso: o alto entretenimento é inacessível aos não ricos, sendo inacessível ele não é estimulado, não sendo estimulado ele tem um público cada vez menor, tendo um público cada vez menor ele fica cada vez mais artigo de luxo inacessível, sendo menos acessível... aí nós nos reunímos aqui e abrimos tópicos raivosos reclamando da falta de compreensão do que seja viver em sociedade por parte dos brasileiros que dirigem bêbados e estacionam nas calçadas ou dos moradores dos bairros pobres de Curitiba e de São Paulo que não sabem falar o idioma com o mínimo de decência ou de grupos religiosos que bancam medidas teocráticas nas casas legislativas... como se a compreensão sobre as regras de convívio social e o domínio do idioma e et cetera não estivessem relacionados, e intrinsecamente relacionados, com o padrão cultural da população.
« Última modificação: 29 de Junho de 2008, 00:28:22 por Dionísio van Dijck »

Offline Herf

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Re: TV pública
« Resposta #108 Online: 29 de Junho de 2008, 00:20:07 »
donatello, é de se pensar se o interesse em alto entretenimento vem da aptidão intelectual ou se vice-versa. eu aposto na primeira.
Também. O análogo seria distribuir ao povo comida fina e livros de etiqueta esperança de que todos ficassem ricos, hehe.

Offline Herf

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Re: TV pública
« Resposta #109 Online: 29 de Junho de 2008, 00:33:28 »
a iniciativa privada não demonstra qualquer interesse por causas nobres
É muita pretensão pensar que todo o alto entretenimento (artes etc) já produzido só exista porque o estado incentivou. Muito pelo contrário.

Se você fala do Brasil, é óbvio que ninguém tem interesse em produzir isso para o povão, mas isso é apenas reflexo do desinteresse do povão em consumi-lo.

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Então é um circulo vicioso: o alto entretenimento é inacessível aos não ricos, sendo inacessível ele não é estimulado, não sendo estimulado ele tem um público cada vez menor, tendo um público cada vez menor ele fica cada vez mais artigo de luxo inacessível, sendo menos acessível...
Isso não é verdade. O entrenteimento de alto nível está amplamente disponível a qualquer pobre que queira ter acesso a ele. Não se vê pessoas de classes C e D nas bienais e outros locais de entretenimento bancados pelo estado, mostras de filmes patrocinados por estatais, etc. As pessoas não vão porque não querem, não por falta de "incentivo".

Offline Rodion

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Re: TV pública
« Resposta #110 Online: 29 de Junho de 2008, 00:46:57 »
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Rodion, não é um ou outro; é um e outro: aptidão e acesso.
eu discordo em alguma medida, mas não vou me ater a isso pois importa pouco pra discussão.

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Agora se o Estado não oferecer muitos aptos (a maioria deles) jamais terá acesso porque a iniciativa privada não demonstra qualquer interesse por causas nobres quando lança um produto, como já disse o Herf lá atrás: não faz sentido manter uma emissora que pouca gente assiste. (ou montar uma exposição que poucos pagarão para ver ou exibir um filme que não terá filas dando voltas na esquina).

Então é um circulo vicioso: o alto entretenimento é inacessível aos não ricos, sendo inacessível ele não é estimulado, não sendo estimulado ele tem um público cada vez menor, tendo um público cada vez menor ele fica cada vez mais artigo de luxo inacessível, sendo menos acessível... aí nós nos reunímos aqui e abrimos tópicos raivosos reclamando da falta de compreensão do que seja viver em sociedade por parte dos brasileiros que dirigem bêbados e estacionam nas calçadas ou dos moradores dos bairros pobres de Curitiba e de São Paulo que não sabem falar o idioma com o mínimo de decência ou de grupos religiosos que bancam medidas teocráticas nas casas legislativas... como se a compreensão sobre as regras de convívio social e o domínio do idioma e et cetera não estivessem relacionados, e intrinsecamente relacionados, com o padrão cultural da população.

a acessibilidade da cultura adquiriu outro significado na última década. tornou-se acessível em um sentido que não era antes. eu me refiro, claro, à internet, a que hoje quase qualquer um tem acesso. há bibliotecas inteiras disponíveis, gratuitamente, pelo que somente se exige em troca uma coisa: interesse. e aí tenho de concordar com você que a cultura ainda é inacessível a muita gente, que sem esta preciosa chave só se abre o orkut. então temos de um lado toda a cultura, deitada numa mesa como que pronta pra ser comida, e um monte de gente na outra sala que nunca pensou em ver o que tem do outro lado da porta. basta que alguém vá e abra a porta, certo? se fosse tão simples...
a escolha pelo 'caminho intelectual' é individual, mas é claro que há influência do ambiente. entretanto, o professor está longe de ser autoridade (de fato, parece que é algum tipo de autoridade reversa, a que se obedece ao contrário) e os pais cada vez mais perdem a autoridade deles também. boto a culpa em um século de iconoclastia.
jogar a batata pro estado é inócuo; já temos décadas de atividade do "estado cultural" e deu pra ver que não adiantou muita coisa. e por algum motivo dá pra intuir que por mais que a atividade se intensifique em dez vezes, nada vai mudar.


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Offline Donatello

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Re: TV pública
« Resposta #111 Online: 29 de Junho de 2008, 01:05:35 »
Citação de: Herf
Não se vê pessoas de classes C e D nas bienais e outros locais de entretenimento bancados pelo estado, mostras de filmes patrocinados por estatais, etc.
Epa, então eu devo ter mudado de classe social. Eu e uma meia dúzia de amigos próximos meus devemos ter dado um pulo pras classes mais abastadas e não fomos avisados. (quem tem renda familiar per capita de 450 reais por mês é classe A ou B, de acordo com essa Nova Classificação Social Brasileira aí? :P)

Anyway, eu não neguei que haja um predomínio dos mais ricos entre os freqüentadores de museus, leitores de Chico Buarque e fãs de Takeshi Kitano. O que a mim mostra claramente que tais gostos são incentiváveis.

Citação de: Herf
Se você fala do Brasil, é óbvio que ninguém tem interesse em produzir isso para o povão, mas isso é apenas reflexo do desinteresse do povão em consumi-lo.
Aí realmente é a velha questão Tostines. É fresquinho por que vende mais?

Bom, então não falemos mais de Brasil; falemos daquele país teocrático, intolerante e desigual lá em riba e daquele continente laico, transigente e igualitário que fica do outro lado do Atlântico, na parte de riba também.

Será que a Europa têm uma população muito mais alfabetizada e uma sociedade muito melhor estruturada do que os Estados Unidos porque tem uma tradição de três séculos de incentivo aos hábitos culturais ou será que os europeus são mais propensos geneticamente aos bons hábitos de leitura, ao bom gosto musical e (paralelamente) a viver em sociedade? Mesmo se levando em conta que o padrão genético predominante num e noutro cantão de terra é o mesmo? E levando mais em consideração ainda o fato de que os ancentrais destes mesmos europeus há não muito antigos cinco séculos (quando as escolas, os livros e os espetáculos de teatro eram acessíveis apenas aos reis e seus familiares, quando muito) viviam como um bando de chimpanzés falantes ?

Sim, mas admito que a questão continua sendo do tipo Tostines... :hein:

Citação de: Herf
É muita pretensão pensar que todo o alto entretenimento (artes etc) já produzido só exista porque o estado incentivou. Muito pelo contrário.
Eu disse isso? ::)
« Última modificação: 29 de Junho de 2008, 09:03:21 por Donatello van Dijck »

Offline Donatello

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Re: TV pública
« Resposta #112 Online: 29 de Junho de 2008, 08:40:40 »
Citação de: Rodion
a acessibilidade da cultura adquiriu outro significado na última década. tornou-se acessível em um sentido que não era antes. eu me refiro, claro, à internet, a que hoje quase qualquer um tem acesso. há bibliotecas inteiras disponíveis, gratuitamente, pelo que somente se exige em troca uma coisa: interesse. e aí tenho de concordar com você que a cultura ainda é inacessível a muita gente, que sem esta preciosa chave só se abre o orkut. então temos de um lado toda a cultura, deitada numa mesa como que pronta pra ser comida, e um monte de gente na outra sala que nunca pensou em ver o que tem do outro lado da porta. basta que alguém vá e abra a porta, certo? se fosse tão simples...
a escolha pelo 'caminho intelectual' é individual, mas é claro que há influência do ambiente. entretanto, o professor está longe de ser autoridade (de fato, parece que é algum tipo de autoridade reversa, a que se obedece ao contrário) e os pais cada vez mais perdem a autoridade deles também. boto a culpa em um século de iconoclastia.
jogar a batata pro estado é inócuo; já temos décadas de atividade do "estado cultural" e deu pra ver que não adiantou muita coisa. e por algum motivo dá pra intuir que por mais que a atividade se intensifique em dez vezes, nada vai mudar.
Yap, num ponto você tá certo: há também o fator "interesse pessoal". Ele ajuda a explicar, por exemplo, o porquê de algumas pessoas que estudaram no Notre Dame, no PH, no Colégio Militar se amarrarem no pancadão da Furacão 2000 e nos filmecos produzidos em Los Angeles. Ajuda também a entender os motivos que levavam um moleque favelado (moi) que até por volta de dois anos atrás se sustentava vendendo doces e refrigerantes nos ônibus do Rio a se enfurnar em bibliotecas públicas pra ficar lendo Ferreira Gullar e Bertold Brecht (hábito que o ajudou a ser classificado em todos os vestibulares que prestou -e não foram pra Pedagogia nem pra Enfermagem: foram pra Direito na Unirio e Jornalismo na Uerj entre outros- e, no final das contas, em um concurso público que lhe tirou, senão da pobreza, pelo menos da pobreza extrema).

Sim, há outros fatores: ambiente, como você disse, certamente é um deles. Nada disso nega a importância dos fatores estímulo e acesso. Sabe porque eu citei o CCBB lá atrás? Porque além de este ser o patrimônio cultural mais cult, chic, in, da hora e et cetera do Rio de Janeiro foi lá que eu lí quase toda a obra de Ferreira Gullar, foi lá que eu li Sartre pela primeira vez, foi lá que eu assistí palestras sobre comunicação social ministradas por gente como Gabeira e Marcelo Taz... Tudo bancado (ao menos em parte) pelo Estado. Contrariando o que foi dito pelo Herf (sobre não se ver gente das classes C e D) e reforçando o que foi dito por mim (sobre, se o Estado não bancasse, o acesso ficaria muito mais restrito do que já é) : quando eu estava no Ensino Médio íamos sempre em um grupo de três (Eu, Anderson e Rodrigo) para visitar as exposições e gastar umas horas na biblioteca. Ao final do curso três dum universo de 35 alunos tinham conseguido vaga em pelo menos uma pública. Eu e o Anderson éramos dois deles. Se não houvesse um CCBB (e o MNBA, e a Biblioteca Nacional e a Biblioteca Estadual que não são tão bacanas, mas que nós visitávamos de vez em quando também) bancado pelo estado, com serviços gratuitos ou a preços módicos, provavelmente o nosso interesse não teria sido suficiente.

Só para termo de comparação quanto à diferença que patrimônios como este dão à possibilidade de acesso: o ingresso às salas de exposição do CCBB é franco, ao Centro Cultural Caixa também, ao Paço Imperial idem , ao MNBA é de 4 reais inteira, 1 real para estudantes e gratuito para estudantes de escola pública e  para o público em geral aos domingos. O acesso ao MAM (o único grande museu privado daqui) custa 16 reais inteira, 8 reais para grupos agendados e 5 reais aos domingos.

Em relação à internet. Eu acho mesmo que ela deve servir como uma ferramenta de democratização do acesso ao saber (embora ela não substitua por inteiro as outras ferramentas; você há de convir, por exemplo, que ler e-books na tela do computador é uma tarefa quase impossível). Há de convir também que as discussões estéticas e ideológicas numa sala de exposição valem muito mais do que a mera observação da obra exposta, e isso é difícil de obter na internet. Mas a internet realmente facilita o acesso ao saber e muita gente joga no lixo esta facilidade. O único problema é que em nenhum momento eu levei em conta os que poderiam ter acesso e não têm porque não querem ou porque não estão aptos. Eu estou em pé exatamente do outro lado desta linha Rodion. Do lado dos que têm aptidão e/ou interesse mas que não teriam acesso a este produto de luxo (porém nem um pouco supérfluo) que a cultura de qualidade representa.
« Última modificação: 29 de Junho de 2008, 09:09:37 por Donatello van Dijck »

Offline Herf

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Re: TV pública
« Resposta #113 Online: 29 de Junho de 2008, 13:01:56 »
[...]
Você fala da importância que a biblioteca pública teve na sua formação, mas não é dessa cultura que eu me refiro. Uma biblioteca pública está muito mais para educação do que para o "alto entretenimento" (filmes patrocinados por estatais, orquestras públicas, toda sorte de artistas e eventos de arte bancados pelo estado...).

Sobre a presença das classes baixas nos espaços públicos, vocês são a exceção.

Offline Donatello

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Re: TV pública
« Resposta #114 Online: 29 de Junho de 2008, 13:38:45 »
Citação de: Donatello van Dijck
[...]
Off topic: Herf, você não precisa me citar, se achar que o que eu disse foi imbecil demais não precisa nem comentar. Eu geralmente não comento os posts que acho por demais imbecís (quando o faço geralmente me arrependo). Agora, estas reticências estão me parecendo de uma agressividade não estimulada e sem sentido. :hein:

Aliás, eu juro que há muito tempo eu tento entender o porquê de nunca eu conseguir ter um debate ameno com você quando nos colocamos em posições opostas. Quer dizer, há outros com os quais eu nunca tenho debates amenos... mas estes são os que ninguém tem... é o pessoal dos "argumentos" de uma frase só, geralmente na base do "só um imbecil esquerdistazinho de merda para falar uma asneira dessa" pra cá; "só podia ser este defensor de maconheiros" pra lá... e que sempre partem para a agressão contra quem não está do lado deles.

Mas o que me fode é que eu vejo você em outros debates e sei que você não é deste grupo, que você consegue não personalizar a discussão, que você sabe ler e geralmente refuta os pontos de argumentação... juro que isto me deixa encafifado :umm:

Citação de: Herf
Você fala da importância que a biblioteca pública teve na sua formação, mas não é dessa cultura que eu me refiro. Uma biblioteca pública está muito mais para educação do que para o "alto entretenimento" (filmes patrocinados por estatais, orquestras públicas, toda sorte de artistas e eventos de arte bancados pelo estado...).
Literatura não é entretenimento :o ? Agora eu fico é a tentar dissociar cinema de literatura ao ponto de achar que cinema é mero entretenimento e literatura não  :?. Ou o teatro, ou a música... Engraçada esta percepção, até porque o tal CCBB do qual eu me meti a fazer propaganda por aqui não é uma biblioteca pública, estranhamente é um centro cultural com biblioteca, teatro, cinema, salas de exposição, cursos de história da arte, salas de concerto e auditório dedicado a palestras sobre humanidades... quero dizer: ou a tal biblioteca está totalmente deslocada da função do prédio ou ela tem uma relação muito íntima com tudo isso que você classificou como mero entretenimento.

Citação de: Herf
Sobre a presença das classes baixas nos espaços públicos, vocês são a exceção.
Quanto a ser  exceção a presença de pobres em locais como museus e bibliotecas públicas, ou menor a assistência das classes mais baixas aos canais educativos; em nenhum momento eu neguei, várias vezes eu confirmei. A questão a ser discutida seria se x é causa ou consequencia de y ou se x e y são causa e consequencia um do outro num moto-contínuo... mas, ah, deixa pra lá... :stunned:
« Última modificação: 29 de Junho de 2008, 15:37:50 por Donatello van Dijck »

Offline Herf

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Re: TV pública
« Resposta #115 Online: 29 de Junho de 2008, 13:48:45 »
Agressão?? Como assim? Eu só coloquei isso para o post não ficar longo, não citar todo o seu texto.

Pelo menos foi com esse sentido que sempre usei esse sinal. Não entendi...

Offline Donatello

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Re: TV pública
« Resposta #116 Online: 29 de Junho de 2008, 13:52:54 »
Citação de: Herf
Agressão?? Como assim? Eu só coloquei isso para o post não ficar longo, não citar todo o seu texto.

Pelo menos foi com esse sentido que sempre usei esse sinal. Não entendi...
Ok, então passe por cima... é que eu entendi como um tipo de ironia, levando em conta que nunca tinha visto você usar este tipo de recurso em outro tópico e também os nossos embates históricos ainda da época de Procedure e Daniel Reynaldo. Mas se eu entendí mal, peço desculpas :ok:

Offline Herf

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Re: TV pública
« Resposta #117 Online: 29 de Junho de 2008, 13:55:45 »
Até me assutei pensando que o sinal tivesse algum significado desconhecido para mim, que sempre tinha usado esse sinal e sem querer estava desrespeitando alguém... hehe.

Offline FxF

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Re: TV pública
« Resposta #118 Online: 30 de Junho de 2008, 16:50:37 »
Não... não saberia respeitar a audiência, e daria preferência a programas que eles (os políticos) gostam, ao invés do que a população gosta...

 

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