Pois bem, por que o estado deve se comprometer com (mais) uma emissora de televisão? Se a TV Cultura tem tanta qualidade, por que não a privatizar? Por que mantê-la estatal, com pessoas que não querem assisti-la tendo que pagar por ela?
Pergunta análoga: Porque não vender os CCBB's da vida para a iniciativa privada, visto que dão tão certo nas mãos do Estado?
Resposta: Porque nas mãos da iniciativa privada eles iriam abrigar (com o máximo de otimismo) um Cinemark da vida, com suas peculiares e inteligentíssimas fitas de ação (Braddock XVI, Rambo VII, Tropa de Elite...) ou de comédias infantís (Xuxa, Renato Aragão...) ou de terror juvenil (Eu sei o que vocês fizeram...) etc...; ou então abrigariam bailes funk exclusivos para
primes; ou salas de leitura cheias de exemplares de Paulo Coelho e da mãe do Gasparetto mas vazias de Foucault e de Literatura Húngara e de Paulo Leminski e de Sartre e de Arnaldo Antunes e de tudo aquilo que a biblioteca do CCBB tem aos montes e que faz dela a melhor biblioteca do Rio... E continuariam fazendo sucesso, mas jamais
o mesmo sucesso que os CCBB's fazem.
Por outro lado, se ela é de uma qualidade que não a permitiria concorrer com as grandes emissoras privadas, por que deveria continuar a existir, já que não faria o menor sentido manter uma emiossora para a qual não há audiência?
Acontece que uma TV publica que fosse bem estruturada com programação de qualidade, existe a possibilidade de se gerar renda e lucro devido a publicidade, venda de criações (documentarios, desenhos, novelas, e etc.) e como seria publica estes lucros, em teoria, seriam revertidos em beneficios da população na area da educação, saude ou qualquer outra, enfim.
Retorno financeiro realmente não parece ser o forte das emissoras públicas, pelo baixíssimo público que têm (embora pareça que este público seja maior nas camadas mais altas, então tem aquele papo de público qualificado, que eu não sei se dá algum peso nas cotas de publicidade [eu acho que publicidade privada também foi vetada nesta nova legislação]). De qualquer forma, não me importa muito... assim como não me importa saber se o CCBB do Rio tá dando lucro ou prejuízo ao Banco do Brasil... se ele for vendido prum Itaú da vida e começar a exibir as marinas de Carlos Alberto Parreira e fitas do seriado adolescentóide
007 eu vou ficar é muito puto.
Quando se fala de investimentos do Estado eu espero que os lucros não sejam prioritariamente em espécie: polícia, tratamento médico para mendigos, presídios e escolas de ensino médio para filhos de assalariados também não dão lucro em espécie (e não imagino uma forma de fazer com que deem) e nem por isso deixam de dar lucro.
Aliás, tem muita gente que acha que o financiamento de cada uma destas coisas deveria ser facultado ao contribuinte, porque não faz sentido (dizem) obrigar o cidadão a pagar pelo que ele não vai usar.