Na minha opinião, o pior desse caso foi que ele expôs de forma clara o despreparo da polícia para lidar com esse tipo de situação. Houve um momento em que o sequestrador simplesmente colocou a cabeça p/ o lado de fora do ônibus, mostrando que não era um criminoso já "experiente". Esse era o momento em que um franco-atirador deveria atirar, e aí acabava-se o sequestro naquele momento, sem que nenhum refém perdesse a vida.
Em outro momento ele pediu água: porque não colocaram um purgante na água ou alguma outra coisa? Existem várias substâncias que não deixam gosto, e o sequestrador não iria saber de nada até que sentisse o efeito da substância em questão. Daí ele não teria muita alternativa senão render-se.
O pior momento foi no qual o sequestrador desceu do ônibus com a refém, um policial veio por trás dele sem que ele percebesse. Estando o sequestrador entre a refém e o policial, o policial atira e um tiro atinge a refém e o outro foi desperdiçado! Isso em uma distância inferior a dois metros, o que é um absurdo, visto que todo policial tem treinamento de tiro antes de se tornar um policial, e o treinamento exige que o policial acerte em distâncias bem maiores que essa. E por causa disso que eu digo que a polícia tem tanta responsabilidade na morte da refém quanto o sequestrador, pois era óbvio que se essa tentativa falhasse, o sequestrador iria atirar na refém. Era um plano muito simples, de fácil execução, e um policial experiente errou um tiro que muitas pessoas sem treinamento não errariam. Daí o sequestrador fez o óbvio - e mais uma vez demonstrou o quanto era um pé-de-chinelo, porque só se preocupou em atirar na refém. Um criminoso mais experiente atiraria nela e, rapidamente a largaria e começaria a atirar nos policiais que estavam próximos a ele. Como ele não fez isso, foi rapidamente capturado e desarmado. E aí já não precisava ser morto.
Agora eu me pergunto: dá p/ acreditar na capacidade da polícia ao ver uma seqüência desastrosa dessas? Que me desculpem os policiais, pois acredito na honestidade da maioria deles, que muitos se esforçam p/ fazer o melhor possível, que o treinamento é bem duro e rigoroso e tudo isso em troca de um salário ridículo e outros problemas, e que nem sempre as coisas dão certo, mas não dá p/ não se preocupar ao ver um falha grosseira dessas. E pensar que, anos antes, a polícia conseguiu evitar uma morte em um caso bem mais difícil, onde um policial se fingiu de cinegrafista para se aproximar do sequestrador e conseguiu desarmá-lo.