Uma sociedade desorganizada e que não prestigia a educação não pode se dar ao luxo de adotar paliativos como a pena de morte. Retirar a vida de alguém (por mais desprezível que esse indíviduo possa ser), é um atentado contra a própria idéia de estado. Afinal, teoricamente nós somos o Estado Democrático de Direito. Nós cedemos nossa liberdade em prol de uma convivência pacifíca e harmônica. Diante disso, não pode o estado interferir a ponto de expurgar um de seus elementos primários.
E não apenas por isso. A concepção de que a adoção da pena de morte inibe a prática de crimes é equivocada e combatida por dados estatísticos. E isso acontece por uma série de razões.
A falta de saúde, educação, lazer, ambiente familiar adequado, entre outras desigualdades sociais, acabam sendo um dos fatores que levam alguns indivíduos a ingressarem no mundo do crime. Claro, isso não é um fato determinante, mas deve ser considerado. Uma sociedade que nega aos cidadãos o direito à uma vida digna não pode simplesmente retirar suas vidas quando praticamente nada é feito para dar dignidade e evitar que muitos se percam no caminho da marginalidade.
Discordo de paliativos emergenciais, e a pena de morte é um deles. Não acredito que ela iniba a prática de crimes, e isso é demonstrado por diversos estudos. Como alguém que não tem nada vai temer pela vida indigna que leva?
Quando o governo cumprir o seu papel, quando investimentos sérios forem feitos nas áreas de educação, saúde, planejamento familiar, etc, talvez a realidade mude. Mas é algo que começa de baixo, que leva tempo, mas que pode trazer resultados a longo prazo. O simples matar por matar é imediatista, resolve hoje, mas não inibe que novos criminosos surjam todos os dias.
E repito: não acredito que a desigualdade social seja a principal causa do ingresso na criminalidade e nem quero defender criminosos. O que acredito é que podar o topo da árvore não inibe o apodrecimento da raiz (nem sei de onde tirei isso, mas a imagem me veio à mente e postei assim mesmo...

).