Autor Tópico: O que é o Eu?  (Lida 17269 vezes)

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Offline Adriano

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Re: O que é o Eu?
« Resposta #125 Online: 09 de Abril de 2008, 07:27:52 »
A experimentação da expanção da consciência é uma realidade para muitos pesquisadores desta linha de pesquisa científica que estou em referindo.

Existe o fenômeno da cosmoconsciência, que se assemelha em muito com a iluminação, e devido a complexidade deste fenômeno, não dá para tecer as análises comparativas por esta ferramenta de comunicação que é o fórum.

A autoexperimentação é você ter as suas próprias experiências e no caso de citar o Buda, está caindo no erro do processo religioso, que é o de projetar em terceiros essas práticas de autoconhecimento. O exemplo dele serve para ilustrar, mas não para provar. A prova é algo pessoal, e só tem valor esse tipo de experiência tida como subjetiva, nesse novo campo de estudo do qual faço parte.

O absoluto já foge da questão do eu, que está sendo abordada. Tem muita coisa que é mateologia, discussões sem um resultado prático, pelo menos momentâneo. Acho que essa pergunta entra nesse caso, já que no meu entender foge muito do assunto.

Mas diga aí qual a relação que vê entre absoluto e o eu.

Sim, eu concordo que a prova é algo pessoal. A diferença que eu estava falando, é que por exemplo o Buda não diz apenas, isso é assim, aquilo é assado, etc etc. O que ele fala é para observarmos as coisas com atenção e sem apego, para descobrirmos por nós mesmos, é isso que no meu ponto de vista difere de um estudo cientifico, esse sim tenta provar ou mostrar para terceiros, algo que é o próprio individuo que tem que perceber.
Difere de um ponto de vista científico tradicional. Já temos uma linha científica que valoriza as questões íntimas e subjetivas do ser humano, no qual a auto-pesquisa tem um imenso valor, assim como na filosofia oriental.

E esta linha de pesquisa científica vem crescendo exponencialmente, pois como você sabe, as experimentações relativas ao universo interior do ser humano são muito ricas e incontestáveis depois de experimentadas e vividas.

Agora o ruim de nós ficarmos nomenado as coisas, é que eu tenho algumas idéias sobre as palavras e você tem outras, então fica realmente dificil a comunicação. Mas pelo que eu expus no tópico dá pra entender +ou- uma linha de raciocinio, o Eu é algo como a essência da Realidade, que fica mascarada e nós não percebemos, mas que está sempre presente. Só que também não adianta muito nós ficarmos expondo as idéias, porque não vamos chegar a lugar nenhum, só experimentando diretamente para ver o que realmente é isso.

Abraços.
A cientificidade da autopesquisa ajuda muito na padronização de termos, através do uso da neologistica, abandonando termos envilecidos pelo uso, com conotações já prostituidas.

Gosto também de abordar o eu como sinônimo de vida, da energia vital, da biologia terreste, já que toda vida biológica é um tipo de eu, um ser existente.
Princípio da descrença.        Nem o idealismo de Goswami e nem o relativismo de Vieira. Realismo monista.

Offline Mauricio Rubio

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Re: O que é o Eu?
« Resposta #126 Online: 09 de Abril de 2008, 09:43:19 »
A idéia de que um ser humano possa entender o estado absoluto da realidade sempre me pareceu engraçada, crenças à parte.  Quem é esse tal absoluto para sentir tanta obrigação para conosco? :)

Eu acho que para entender o Absoluto, o individuo tem que deixar de ser apenas humano.

O que é o ser humano? É um complexo de corpo, mente, sentidos, percepções, ego e consciência, e isso é o não-eu segundo o budismo certo?
Então o que é o Eu? Não é o corpo, nem as sensações, nem as percepções, nem o ego e nem a consciência.
Não é isso que o Buda ensina?

Citar
O Atman, etmologicamente pelo menos, é exatamente o que Anatta / Anatman NÃO é.

Isso, mas o Atman ser diferente do Anatman não nega a existência do Atman.

Citar
A grande diferença entre Atman e Anatman é que um nega a essência pessoal e outro a afirma :) - o que, como qualquer outro dualismo filosófico, é completamente artificial.

Mas que dualismo? O Vedanta afirma que a Realidade é não-dual, o Atman é Brahman, então continuo não vendo contradição alguma entre o budismo e o vedanta.

Exemplo:
The soul or the self (Atman) is identical with Brahman. It is not a part of Brahman that ultimately dissolves into Brahman, but the whole Brahman itself. Now the arguers ask how the individual soul, which is limited and one in each body, can be the same as Brahman? Adi Shankara explains that the Self is not an individual concept. Atman is only one and unique. Indeed Atman alone is {Ekaatma Vaadam}. It is a false concept that there are several Atmans {Anekaatma Vaadam}

O Atman único aparece como múltiplo devido à variedade de seus invólucros exteriores. Quando esses invólucros irreais se dissolvem, só o Atman existe. Que o homem sábio, pois, se devote à realização do nirvikalpa samadhi para que os invólucros possam dissipar-se de sua consciência.


Citar
O que separa uma crença válida de outra inválida não são os conceitos básicos tanto quanto a forma como eles são desenvolvidos, com qual maturidade, lucidez e sabedoria.  Por isso que os literalistas e fundamentalistas são tão nocivos em qualquer religião; eles preservam exatamente o que não faz falta...

Também concordo contigo, é por isso que se afirma que não se deve acreditar, e sim ver por si mesmo, embora eu ache que nós podemos sim, ouvindo os ensinamentos budistas por exemplo, verifica-los e aplica-los a nossa vida para que surja a sabedoria.
« Última modificação: 09 de Abril de 2008, 09:51:55 por Mauricio Rubio »
"Para quem a agitação não existe,
e para quem ser/existir e não ser/existir
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ele é alguém – que está além do medo,
        feliz,
       sem angústia,
a quem os devas não podem ver"

Buda Sakyamuni

Offline Luis Dantas

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Re: O que é o Eu?
« Resposta #127 Online: 11 de Abril de 2008, 23:18:44 »
Esses seus comentários são difíceis de entender, por isso vou me limitar a observar que

Citar
O Vedanta afirma que a Realidade é não-dual, o Atman é Brahman, então continuo não vendo contradição alguma entre o budismo e o vedanta.

rigorosamente falando, essa é uma generalização indevida; há muitas linhas filosóficas distintas dentro do Hinduísmo, e muitas são mutuamente incompatíveis.  Definitivamente nem todas são não-duais; talvez você esteja projetando para o Vedanda como um todo a filosofia do Advaita Vedanta (Advaita significa exatamente "não-dual").

Wiki experimental | http://luisdantas.zip.net
The stanza uttered by a teacher is reborn in the scholar who repeats the word

Em 18 de janeiro de 2010, ainda não vejo motivo para postar aqui. Estou nos fóruns Ateus do Brasil, Realidade, RV.  Se a Moderação reconquistar meu respeito, eu volto.  Questão de coerência.

Offline Mauricio Rubio

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Re: O que é o Eu?
« Resposta #128 Online: 14 de Abril de 2008, 18:30:49 »
rigorosamente falando, essa é uma generalização indevida; há muitas linhas filosóficas distintas dentro do Hinduísmo, e muitas são mutuamente incompatíveis.  Definitivamente nem todas são não-duais; talvez você esteja projetando para o Vedanda como um todo a filosofia do Advaita Vedanta (Advaita significa exatamente "não-dual").

Verdade, mas eu me referia ao Advaita mesmo. Mas isso também não importa muito, o que eu quis dizer é que o budismo não nega a existência do Atman, mas sim diz que todos os fenomenos são Anatman, esse raciocinio é correto?

Abraços.
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Buda Sakyamuni

Offline Sergiomgbr

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Re: O que é o Eu?
« Resposta #129 Online: 09 de Novembro de 2018, 02:59:59 »
Bom, não sei se vcs conseguiram chegar no ponto que eu pretendi colocar em discussão. Visto que nenhum de vcs falou a respeito do que eu disse.

Eu não acho que isso seja uma coisa fácil de compreender. Eu mesmo demorei muito tempo e apliquei esforço e energia nessa direção. Talvez pra quem lê tudo isso pareça um jogo de palavras inutil e sem sentido, até porque a compreensão não vem lendo um tópico no forum de internet.

Mas eu peço pra quem realmente estiver interessado em discutir sobre o que eu propus, que reflita e o faça, senão nem se dêem ao trabalho de postar.
De certa forma uma resposta à seu questionamento, à sua pergunta talvez envolva conjecturar se:

Hipótese 1

uma entidade Fulano de Tal com idade arbitrária de 40 anos representando um Eu, aqui e agora, teria alguma semelhança(e tendo, quais seriam essa semelhanças) com um hipotético Fulano de Tal nesse mesmo aqui e agora, porém, sem os outros tantos bilhões de habitantes do mundo, os quais teriam sido suprimidos da existência um ano antes(ou seja, Fulano de tal teria a história de convivência com outros habitantes suprimidos do mundo uma ao antes).

Hipótese 2

Também incluiria fazer a mesma conjectura com a variante de que Fulano de Tal nunca conviveu com os outros habitantes do planeta(eles nunca existiram).

Esses é um dos experimentos que talvez possam dizer muito sobre o Eu, mas trata-se de uma hipótese  absolutamente não sondável, não aferível, uma vez não sendo posta em prática. Talvez um Fulano de tal que por alguma razão fosse enviado a um outro planeta habitável pudesse dar algum  testemunho , mas só no caso da hipótese 1.

Mas é da hipótese 2 a ironicamente de mais improvável elocubração, que talvez mais esclarecimentos se obtivesse sobre a real composição do Eu.
Até onde eu sei eu não sei.

 

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