É por isso que o salário mínimo é a legislação mais anti-pobre já concebida.
E qual seria a alternativa? Não é ironia, é curiosidade mesmo...
Como impedir (ou tentar impedir) que, em casos de oferta muito alta de mão de obra, trabalhadores que não tem alternativa, seja por baixa escolaridade ou outro motivo qualquer, não recebam salários de fome?
Isso já acontece, só que esses trabalhadores não recebem nada, pois não conseguem emprego condizente com o que podem produzir. Se o salário mínimo é maior do que um jovem pobre com pouco estudo consegue produzir, ele simplesmente não vai conseguir emprego. Empresário nenhum vai pagar mais do que o seu trabalho produz simplesmente por caridade.
O efeito do salário mínimo é basicamente os empresários excluindo logicamente quem mais precisa de trabalho, que são exatamente quem a legislação do salário mínimo dizia proteger: os pobres sem qualificações.
Como Friedman já falou em uma de suas palestras:
"Aqui você tem um jovem com pouca qualificação querendo entrar no mercado de trabalho. O que o trabalho dele consegue produzir justificaria um salário de R$500,00 mensais, mas a lei diz que o empresário deve pagar R$970,00. O que acontece é que esse jovem não vai conseguir o emprego; sem esse emprego, ele não consegue se aprimorar e ganhar experiência; sem se aprimorar e ganhar experiência, ele não consegue disputar cargos melhores; sem conseguir disputar cargos melhores, ele não consegue sair da sua condição inicial e melhorar de vida."
Não tem mágica, Fabrício. Por mais bem intencionada que seja a legislação do salário mínimo, ela simplesmente falha com quem supostamente deveria ajudar. É basicamente um controle de preços. E se tem algo que aprendemos nos anos 80/90 no Brasil, e vemos agora se repetindo na Venezuela, é que isso não funciona. Da mesma forma que não funciona o governo ditar o preço do quilo do feijão, por motivos de economia básicos, não funciona ele ditar o "preço" mínimo de qualquer trabalho.
Me lembro de uma vez alguém (acho que foi o DDV) comentar aqui no fórum que ele achava o salário mínimo necessário porque a mão de obra não é um recurso como os outros, não dá para baixar a demanda de mão de obra facilmente porque os trabalhadores precisam sobreviver, ou coisa assim.
Sim, precisam sobreviver! E pra sobreviver, eles precisam de emprego!
Como funcionaria sem um salário mínimo estipulado? Vejo os liberais (com os quais normalmente me identifico) defendendo o fim do salário mínimo. Mas como seria na prática?
Em vez de desempregado, você tem um trabalho, que vai lhe dar experiência e oportunidades, mesmo com um salário menor?
Vale eu repetir: os ÚNICOS prejudicados com a legislação do salário mínimo são os pobres com poucas oportunidades e experiência. E como vocês estão os ajudando?
-"Sim, eu sei que você não consegue emprego. Sim, eu sei que aquela empresa estaria disposta em pagar R$600,00 pela sua mão de obra. Sim, eu sei que você estaria interessado nessa oportunidade, que lhe daria experiência, alguma renda e oportunidade de crescimento, mas acredite, estamos pensando no seu bem. Não podemos deixar você sair de casa pra trabalhar por menos de R$970,00. Continue na luta, companheiro!"
Salário mínimo é a legislação mais antipobre já criada. De longe.