Com a vossa permissão.
Hawat, eu não consigo admitir essa desconexão entre os universos micro e macro.
A natureza simplesmente não trabalha assim. Tudo o que observamos na natureza mantém a simetria do grande do pequeno e assim vai indo até chegar no campo da mecânica quântica.
Acho que simplesmente falta um arcabouço científico para entender como é que estes fenômenos micros seriam explicáveis segundo o Universo que observamos no macro. Não há motivo para uma quebra de simetria tão grande da realidade só porque estamos indo para a escala do pequeno. Tudo o que fazemos no micro, quando somados, resulta num fenômeno inteligível e correspondente no macro.
Me sinto infeliz por ter nascido numa época em que essa desconexão ainda não foi elucidada.
Sobre a primeira frase grifada: Iconoclasta, saiba que existe uma interpretação da MQ que realmente descarta essa desconexão.
É a chamada Interpretação de Muitos Mundos.
Podemos ter uma idéia de como ela funciona se olharmos novamente para o experimento EPR:
Suponha que você ainda não fez a medição. Então existem duas partículas emaranhadas, se aproximando dos medidores. Segundo essa
interpretação, não só as partículas, mas também os medidores, as pessoas que fazem a medição, enfim, tudo, é passível de sofrer superposições.
Então, APÓS a medição, em vez de termos partículas emaranhadas, temos partículas E detetores emaranhados. Se dissermos que ao
detectar uma partícula com spin up (+) o detector fique num estado A e para o spin down (-), ele fique num estado B,
é como se a superposição de estados de spin up e down se transformasse numa superposição de estados A+ (ou |A>|+>)
e B- (ou |B>|- >). Isso também ocorre para o observador que... observa o detector, e assim por diante, de forma que, numa linguagem
mais popular, passamos a ter dois "mundos": um em que o observador viu um estado + e outro em que ele viu um estado - .
O que é mais atraente nessa interpretação é justamente esse aspecto, digamos assim, democrático dela, onde não existe um colapso
da função de onda. Só que, como você vê, ela leva a umas consequências... curiosas.
Sobre o segundo trecho grifado: isso não é verdade. Acho que você está na verdade se referindo às teorias, e não aos fenômenos.
Sobre o segundo trecho grifado: estritamente falando, isso não é verdade. Só menciono porque isso é algo que se torna importante quando
se estuda, por exemplo, a mecânica estatística.