Por curiosidade, a que LEMAITRE você se refere? Se for o do Ovo Cósmico ou Átoma Inicial, creio que ele não é levado em conta há muito, muito tempo em Física!
O modelo original de Lemaître não é mais considerado, o modelo a que me refiro é o chamado Friedmann-Lemaître ou Friedmann-Lemaître-Robertson-Walker. Tecnicamente, as soluções da RG em que se supõe um espaço isotrópico e homogêneo pertencem à classe de Robertson-Walker, e dentre estas, as que descrevem o cenário do big-bang são chamadas de Friedmann-Lemaître ou Friedmann-Lemaître-Robertson-Walker.
Todos os principais modelos atuais usam esta classe de soluções, uma vez que elas descrevem tanto o big-bang quanto a aceleração da expansão.
Ok, entendo o que você coloca do ponto de vista estritamente topológico, o que, de fato, está correto, mas me parece que tais modelos de volume infinito não são considerados dentro dos desenvolvimentos atuais. Ou se são, parece que não traz impacto nos resultados dos desenvolvimentos, muito embora, não fiz uma análise detalhada.
A topologia cósmica teve um boom nos últimos anos, pode-se dizer que grande parte da pesquisa cosmológica atual se destina a determinar a topologia do universo por métodos observacionais, se ela é simplesmente conexa, e portanto infinita (com exceção do caso de curvatura positiva), ou se ela é multiplamente conexa, e portanto finita. Entre os pesquisadores que se dedicam a isso pode-se destacar Luminet, que desenvolveu o método de cristalografia cósmica para determinar a topologia, e o brasileiro Hélio Fagundes, do IFT.
Todos os trabalhos atuais que conheço, em teorias Físicas, partem de um início singular, com Volume Zero, ou de uma fase altamente concentrada, de alta temperatura.
Mas veja que, com exceção da curvatura positiva, não é possível existir uma solução das equações da relatividade apenas finita ou infinita sem considerar a topologia. A relatividade geral simplesmente é incapaz de determinar a topologia do universo, a mesma solução que se aplica a um espaço simplesmente conexo infinito também se aplica a um espaço multiplamente conexo finito. Então não pode existir um modelo apenas finito sem impor antes a topologia, o que não pode ser determinado apenas com a relatividade geral.
Você conhece algum trabalho em Física que toma esse tipo de modelo e que foi publicado recentemente, em revistas conceituadas, e que cite ou aponte indícios observacionais que corrobore a escolha?
Como disse, todos os modelos atuais existentes admitem tanto a topologia finita como infinita, e a menos que se imponha desde o início a topologia, não é possível determiná-la só através da relatividade geral. Na verdade, o paradigma atual da cosmologia é a de que o universo é infinito e o maior trabalho é dos defensores do universo finito, que devem provar que o espaço é multiplamente conexo, e não simplesmente conexo.
Alguns trabalhos que explicam melhor os modelos atuais e a busca pela resposta da topologia do universo (como neste momento não estou com acesso ao Web of Science, só vou postar papers do arquivo de Los Álamos, no entanto, nas referências de cada artigo é possível encontrar as citações à artigos indexados).
Uma introdução à topologia cósmica:
http://arxiv.org/pdf/astro-ph/0504365Dois do Luminet, em que ele explica um pouco sobre os modelos cosmológicos e a topologia, e fala dos recentes dados do satélite WMAP, que apoiariam um universo finito com topologia multiplamente conexa:
http://arxiv.org/pdf/astro-ph/0310253http://arxiv.org/pdf/astro-ph/0501189Para os que quiserem conhecer mais sobre o assunto, vou anexar também um artigo de divulgação escrito também pelo Luminet, e que saiu no Ciência-Hoje: