Autor Tópico: A Homo Mania  (Lida 10978 vezes)

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Offline Lua

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Re: A Homo Mania
« Resposta #75 Online: 11 de Junho de 2008, 17:56:20 »

Partindo da idéia de que o serviço de saúde é custeado através do pagamento de impostos, uma parcela da sociedade não teria o direito de dizer que outra parcela não poderia receber determinado tipo de tratamento - já que essa parcela também custeia a saúde pública. Inclusive, caímos na velha polêmica: porque preciso custear a cirurgia de alguém que fumou a vida inteira?

Também defendo a idéia de que o governo deveria estabelecer prioridades no custeio e atendimento de determinados problemas de saúde. O problema é: o que é prioridade para um determinado grupo pode não ser para outro. A demanda por atendimento de um determinado local pode ser diferente daquela ocorrida em outro. Na verdade, sendo o SUS um sistema de atendimento à população como um todo, não dá pra determinar que certos problemas sejam priorizados em detrimento de outros, já que o acesso universal e igualitário abrange qualquer um que se encontre dentro do território brasileiro e que precise de atendimento.

Infelizmente, permitir o custeio desse tipo de cirurgia (de transexuais) soa como mais uma manobra eleitoreira no sentido de defender bandeira de minorias - o que tem sido feito com maestria pelo atual governo federal. De qualquer forma, espero que outra medidas sejam tomadas no sentido de abranger outros tipos de problemas de saúde/distúrbios e que melhorias sejam feitas a fim de melhorar o atendimento e a qualidade da saúde do nosso país.
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Offline Tupac

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Re: A Homo Mania
« Resposta #76 Online: 11 de Junho de 2008, 18:13:44 »
ótimo ponto. acho que começo a ver isso de outra maneira agora.
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Offline Buckaroo Banzai

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Re: A Homo Mania
« Resposta #77 Online: 11 de Junho de 2008, 18:25:36 »

Partindo da idéia de que o serviço de saúde é custeado através do pagamento de impostos, uma parcela da sociedade não teria o direito de dizer que outra parcela não poderia receber determinado tipo de tratamento - já que essa parcela também custeia a saúde pública. Inclusive, caímos na velha polêmica: porque preciso custear a cirurgia de alguém que fumou a vida inteira?

Também defendo a idéia de que o governo deveria estabelecer prioridades no custeio e atendimento de determinados problemas de saúde. O problema é: o que é prioridade para um determinado grupo pode não ser para outro. A demanda por atendimento de um determinado local pode ser diferente daquela ocorrida em outro. Na verdade, sendo o SUS um sistema de atendimento à população como um todo, não dá pra determinar que certos problemas sejam priorizados em detrimento de outros, já que o acesso universal e igualitário abrange qualquer um que se encontre dentro do território brasileiro e que precise de atendimento.

Infelizmente, permitir o custeio desse tipo de cirurgia (de transexuais) soa como mais uma manobra eleitoreira no sentido de defender bandeira de minorias - o que tem sido feito com maestria pelo atual governo federal. De qualquer forma, espero que outra medidas sejam tomadas no sentido de abranger outros tipos de problemas de saúde/distúrbios e que melhorias sejam feitas a fim de melhorar o atendimento e a qualidade da saúde do nosso país.

Não vejo o por que de "não dar" para priorizar uns atendimentos em detrimento de outros; só se escreveram assim na lei (principalmente se pétrea) e por isso assim ficou, mas não há nenhum impedimento meramente lógico em se pensar em sistema de saúde pública que priorize o atendimento de coisas de maior necessidade, mais vitais. Aliás, acho isso até meio indissociável de qualquer tipo de serviço de saúde. Não seguir essa lógica fundamental é colocar mera burocracia/formalidade/idealismo adiante da saúde em si.

Isso seria, sim, uma parcela da população dizendo qual tratamento pode receber e qual não pode, mas não há realmente um problema nisso; é um "acordo"; basta se propor/aceitar que um sistema de saúde pública não é uma cartola mágica que vai fazer cuidar de tudo que envolva médicos ou remédios para todos, mas uma espécie de "plano de saúde", e como qualquer outro, com suas carências, só que com os custos divididos por uma parte maior da população (teoricamente, barateando), em vez de apenas pelos associados a um plano privado. Você pode estar pagando um micropentelhonésimo do tratamento de alguém que fumou e se alimentou mal a vida toda, mas em compensação se eventualmente adoecer ou se acidentar (talvez em alguma atividade questionável, como esporte radical ou andar de carro sem cinto, ou sexo sem segurança) os cuidados médicos que receberá também não sairão só do seu bolso. Se quiser colocar diamante no dente, por outro lado, aí deveria tirar apenas do seu bolso.

Offline Lua

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Re: A Homo Mania
« Resposta #78 Online: 11 de Junho de 2008, 18:44:18 »

Em momento algum disse que prioridades não deveriam se estabelecidas. Se a Constituição foi genérica ao determinar que todos tem acesso universal e igualitário à saúde, isso não significa que todo tipo de tratamento será custeado pelo SUS. É só verificar o histórico de distúrbios/doenças que passaram a ser tratados e custeados pelo sistema de saúde. Assim como tudo na sociedade obedece a leis históricas, não deixa de ser assim na saúde pública: demandas por tratamentos de determinadas doenças surgem, se mantém ou se extinguem (ou mesmo se reduzem).

Como você disse, Banzai, o sistema de saúde não é uma cartola magica que atende a todas as necessidades que vão surgindo. Cabe aos órgãos responsáveis determinar quais doenças/distúrbios terão prioridade diante de outros - isso não precisa estar escrito na CF, pois resulta ímplicito que qualquer sistema complexo de relações precisa estabelecer prioridades como meio de sobrevivência, inclusive. Sim, o SUS funciona como um plano de seguro saúde privado. No entanto, ele é custeado por uma universalidade de pessoas que possuem diferentes doenças ou distúrbios. Não dá pra estipular que, por haver uma maior demanda, um determinado tratamento será priorizado em detrimento de outro. Quem paga imposto e faz parte da sociedade quer sim, ver seus interesses atendidos. No caso dos transexuais, não preciso repetir que se trata de um distúrbio reconhecido pela comunidade médica internacional. Infelizmente (ou não) não consigo visualizar essa cirurgia como algo puramente ideológico - mas como eu disse antes, historicamente os direitos levam tempo para serem reconhecidos.
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Offline Buckaroo Banzai

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Re: A Homo Mania
« Resposta #79 Online: 11 de Junho de 2008, 19:49:48 »
Eu não sei o que seria uma "cirurgia ideológica", mas em todo caso, falando-se de aspectos de saúde propriamente dita, se trata de se modificar um corpo saudável para uma forma talvez não saudável, sem a garantia de que a pessoa irá ter a sua saúde emocional melhorada com isso - como em outros tipos de cirurgia plástica.

Ao mesmo tempo em que acho melhor de modo geral que as pessoas aceitassem melhor como são, dentro do que for saudável ser, não sou "contra" a cirurgia como algo que deveria ser proibido ou algo assim, mas sendo uma modificação de um corpo normal, saudável (como são os sexos das pessoas que não tem disforia de gênero nem problemas do tipo hermafroditismo) vejo isso meio parecido com o estado financiar outras plásticas diversas, como exemplo recorrente, mudança de cor de pele e etc, ou até mesmo algo mais obviamente absurdo como carros esportivos de luxo. Essas coisas todas podem em muitos casos representar melhora da saúde emocional das pessoas afetadas, mas não partem de problemas físicos reais, apenas de insatisfação pessoal com algo que não é intrinsicamente errado.

E não é, como sugeriu, uma questão de que eles pagam impostos e não tem os seus interesses atendidos apesar disso. Ou, de certa forma, também seria esse o caso para qualquer um que quisesse qualquer outra cirurgia plástica ou outro meio para satisfação de algo que pudesse ser considerado sua verdadeira identidade, através da "correção" de algo que não é normalmente tido como um problema de saúde, algo que em si, não é um problema.

Eles pagariam impostos para questões mais universais/consensuais de saúde, mas não é um plano que cobre a qualquer interesse que qualquer um tenha; os transexuais não tem transformação de sexo, e "em compensação", as pessoas que querem ter o nariz do Michael Jackson, ter pele azul ,ou pênis de 30cm também não. Todos, igualmente, tem acesso ao tratamento de saúde para questões mais sérias, mas podem ainda buscar cirurgias plásticas, lipoescultura, academias de musculação e etc, fora do sistema público de saúde.

Offline BetinhOzinhO

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Re: A Homo Mania
« Resposta #80 Online: 11 de Junho de 2008, 20:45:12 »
Eu não entendo muito de transexualidade mas eu li que a psiquiatria diz que a cirurgia é NECESSÁRIA porque a transexualidade é tipo uma disfunção com diagnóstico próprio e tudo, quer dizer, o transexual NÃO é "normal" enquanto viver com seu corpo original porque ele PRECISA da cirurgia pra ser um indivíduo completo e feliz, ele seria uma pessoa de um sexo vivendo em um corpo de outro sexo, ISSO É O QUE DIZEM POR AÍ, eu nunca li nenhum laudo nem nenhuma obra explicando isso. Eu não sei como se diagnostica a transexualidade e não sei como a necessidade da cirurgia é justificada dentro da prática psiquiátrica, só sei que a cirurgia é considerada uma necessidade para a vida do transexual pelos médicos que assim atestam. Você, Buckaroo Banzai, devia procurar saber mais sobre isso antes de digitar tudo isso, como você pode dizer que a operação de mudança de sexo é IGUAL a uma plástica qualquer sem saber que pra que ela seja feita é preciso um laudo confirmando que é necessária? Aliás, você devia saber que o SUS nem atende demandas de plásticas estéticas quaisquer (acho que só aquelas pra corrigir deformações - congênitas ou não - mas não tenho certeza nem sobre essas).

Procure saber mais sobre transexualidade enquanto transtorno devidamente diagnosticável e TRATÁVEL.
O GOOGLE NÃO É SEU AMIGO! HAHAHAHHOHOHOHO! http://www.google-watch.org/

Offline Tupac

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Re: A Homo Mania
« Resposta #81 Online: 11 de Junho de 2008, 20:47:06 »
hehe, estou como uma bolinha de ping-pong.
"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida."
 - Carl Sagan

"O que é afirmado sem argumentos, pode ser descartado sem argumentos." - Navalha de Hitchens

Offline Tupac

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Re: A Homo Mania
« Resposta #82 Online: 11 de Junho de 2008, 20:56:30 »
Citar
operação de mudança de sexo é IGUAL a uma plástica qualquer
Plastica qualquer???
 Por que você (por ser homossexual) acredita que a operação dos transexuais é um transtorno (mesmo não tendo se informado o suficiente para acreditar em tal coisa), e os outros tipos são apenas vontade de fazer uma "plastica qualquer"?
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Offline Donatello

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Re: A Homo Mania
« Resposta #83 Online: 11 de Junho de 2008, 21:02:31 »
Citação de: Tupac
hehe, estou como uma bolinha de ping-pong.
:lol: Seu volúvel!

Citação de: HSette
Citação de: Dionísio van Dijck
Aqui os critérios científicos pesam muito pouco, ao meu ver. (...)

Bem dito. A seu ver.

Mas não para a comunidade médico / científica, e quer você queira ou não, felizmente é ela que pesa sim.

Ok, não sei se faria diferença, mas você entendeu mal a minha frase e, sim, a culpa foi minha. Ao usar a forma verbal “pesam” eu tornei a frase ambígua sendo possível que se lesse “devem(deveriam) pesar” quando na verdade eu queria dizer “têm pesado”.

Então no lugar da frase quotada leia-se  “Aqui os critérios científicos têm pesado muito pouco, ao meu ver (...)

E, se me permitem: parece que há um esforço para não se tocar no ponto crucial da discussão, como já disse o Herf, aí atrás, que é:

Em que termos; baseado em que evidências, trabalhos acadêmicos comparativos, etc e tal... se chegou a conclusão de que a insatisfação com o tamanho dos seios ou o tamanho do pênis são quadros clínicos absolutamente diferentes (e mais desimportantes) em relação ao quadro clínico de quem acredita profundamente que deveria ter pênis no lugar de vagina?

Porque por mais que eu me esforce eu só vejo semelhanças: alega-se que uma pessoa transexual pode sofrer fortes crises depressivas por conta de sua sensação de inadequação física; que pode perder vínculos sociais; que pode desenvolver sintomas como síndromes compulsivas, disturbios endócrinos... e que tudo isto pode acabar resultando em suicídio, comportamento patologicamente agressivo, et cetera... eu, do alto da minha alegada ignorância, só faço concordar; mas (raios!!!!) qual a diferença deste quadro em relação ao de uma mulher com seios tipo pêra (lindos!!!) que se sente extremamente humilhada por não ter as bolas de basquete da “mulher melão” e que por conta disso evita aproximações sexuais (temerosa de ser ridicularizada por um possível parceiro) e que em função disso se torna solitária (pelo menos do ponto de vista erótico-afetivo) e que, conseqüentemente, desenvolve surtos depressivos e sindromes compulsivas e etc e tal?

Como leigo bem abusado que sou eu aposto toda a minha fortuna (com qualquer um) na hipótese de que a diferença – tanto no que diz respeito as causas, quanto no que diz respeito ao desenvolvimento, quanto no que diz respeito às conseqüências de ambos os quadros - é simplesmente NENHUMA! Todavia eu nunca ví ninguém propor cirurgias de aumento de seios gratuitas pelo SUS.

A alegação de que implante de silicone é meramente estética não me convence; é claro que muitas mulheres que gostariam de aumentar os seios mas que não têm condições lidam bem com a impossibilidade. Mas há, sim, as que surtam por terem seios pequenos e que desenvolvem quadros clínicos graves em função disso. Para estas, entretanto, costuma-se indicar acompanhamento psicológico/psiquiátrico, não o implante de silicone gratuito.

Citação de: Lua
Vamos aos fatos: o transexualismo existe, é um distúrbio reconhecido pela OMS. Critérios científicos são essenciais para enquadrar alguém como transexual partindo-se de um estudo de seu histórico de vida e dos problemas ocasionados pelo distúrbio. Não acredito que se trate de um delírio psicótico; admitir isso seria estender o critério e admitir que homossexuais também vivenciam o mesmo tipo de delírio, embora com consequências diversas.

Infelizmente (como o Luiz Souto já mencionou), é impossível separar corpo e mente e dizer que ambos existem independentemente um do outro e não influenciam a vida de um indivíduo. Sinceramente, dizer isso seria desconsiderar os potenciais prejuízos de determinados problemas psicológicos.
Lua, se uma mulher tem seios de determinado formato e simplesmente diz: “Ah, como eu gostaria de ter aqueles “melõesões” da Sabrina Sato... qualquer dia eu compro um pra mim também!” não me parece que haja evidência de nenhum distúrbio, assim também não vejo evidência de nenhuma doença num homossexual satisfeito com seus órgãos genitais de nascença e nem em um homossexual que considere trocar o pinto por um xana (ou vice-versa) quando tiver oportunidade.

Mas se uma mulher ou um homossexual decide se isolar do mundo porque seus seios não correspondem à sua individualidade ou porque seu pinto está no lugar onde deveria estar a vagina(ou vice-versa); e/ou se eles têm surtos depressivos em função disso; e/ou se eles tentam suicídio ou passam a agredir seus parentes alegando que seus “defeitos anatômicos” estão lhes tirando o controle sobre suas ações... aí temos um problema de saúde (aliás, o consenso é este mesmo: problema de saúde só com a ocorrência de tais sintomas). A questão então fica sendo só definir se o problema é exatamente com os seios pequenos ou com a existência de pênis/vagina no lugar de vagina/pênis.

Eu sei que disfunções do corpo podem afetar o psique e , ao contrário, disfunções originadas na mente podem se refletir no corpo, no balanceamento hormonal... a questão é: em uma pessoa que tem um surto que a faz acreditar que só seria completa se tivesse dois litros de seio é mais sensato tratar o surto ou dar a ela um par de seios extra-large? Acho que se o tópico fosse este seríamos unânimes  em declarar correta a primeira opção e absolutamente equivocada a segunda...


« Última modificação: 11 de Junho de 2008, 21:09:44 por Dionísio van Dijck »

Offline HSette

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Re: A Homo Mania
« Resposta #84 Online: 11 de Junho de 2008, 21:07:34 »
Citação de: Tupac
hehe, estou como uma bolinha de ping-pong.
:lol: Seu volúvel!

Citação de: HSette
Citação de: Dionísio van Dijck
Aqui os critérios científicos pesam muito pouco, ao meu ver. (...)

Bem dito. A seu ver.

Mas não para a comunidade médico / científica, e quer você queira ou não, felizmente é ela que pesa sim.

Ok, não sei se faria diferença, mas você entendeu mal a minha frase e, sim, a culpa foi minha. Ao usar a forma verbal “pesam” eu tornei a frase ambígua sendo possível que se lesse “devem(deveriam) pesar” quando na verdade eu queria dizer “têm pesado”.

Então no lugar da frase quotada leia-se  “Aqui os critérios científicos têm pesado muito pouco, ao meu ver (...)


Aí, tá. Para o meu gosto, deveria mesmo pesar muito mais.

Vide o caso de o SUS prover tratamentos de homeopatia.

Simplesmente lamentável.  :no:
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"Por quê?"
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Chaves

Offline Tupac

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Re: A Homo Mania
« Resposta #85 Online: 11 de Junho de 2008, 21:15:14 »
Ponto para o Hugo Hoyama Van Dijck

kkkkkkkkk
"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida."
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Offline Donatello

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Re: A Homo Mania
« Resposta #86 Online: 11 de Junho de 2008, 21:18:15 »
Citação de: HSette
Aí, tá. Para o meu gosto, deveria mesmo pesar muito mais.

Vide o caso de o SUS prover tratamentos de homeopatia.

Simplesmente lamentável. :no:
Eu acho que sem querer você acabou me dando a concordância quanto a idéia de que posições da "comunidade científica" (mesmo as relativamente consensuais) não são inquestionáveis e podem perfeitamente ser criticadas sem que necessariamente o crítico (mesmo um quase absoluto leigo estudante de Biologia) seja um "ignorante que precisa se informar" ou algo do tipo ::)  :ok:

Citação de: Dionísio van Dijck
E, se me permitem: parece que há um esforço para não se tocar no ponto crucial da discussão, como já disse o Herf, aí atrás, que é:

Em que termos; baseado em que evidências, trabalhos acadêmicos comparativos, etc e tal... se chegou a conclusão de que a insatisfação com o tamanho dos seios ou o tamanho do pênis são quadros clínicos absolutamente diferentes (e mais desimportantes) em relação ao quadro clínico de quem acredita profundamente que deveria ter pênis no lugar de vagina?
« Última modificação: 11 de Junho de 2008, 23:15:43 por Dionísio van Dijck »

Offline Donatello

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Re: A Homo Mania
« Resposta #87 Online: 11 de Junho de 2008, 21:25:22 »
Citação de: Tupac
Ponto para o Hugo Hoyama Van Dijck

kkkkkkkkk
Eba :yahoo:

Mas não dê o jogo por encerrado ainda não, fique atento e filtre os melhores argumentos de ambos os lados :ok:

Ps.:acho que vou trocar meu nick de novo :hihi:

Offline HSette

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Re: A Homo Mania
« Resposta #88 Online: 11 de Junho de 2008, 22:04:01 »
Citação de: Tupac
Ponto para o Hugo Hoyama Van Dijck

kkkkkkkkk
Eba :yahoo:

Mas não dê o jogo por encerrado ainda não, fique atento e filtre os melhores argumentos de ambos os lados :ok:

Ps.:acho que vou trocar meu nick de novo :hihi:

É isso aí.  :ok:

Reconheço que meu argumento ficou enfraquecido, mas não invalidado.

Estava pensando aqui exatamente nisso.

E outra, tenho também de reconhecer que uma argumentação da Lua mais acima também não pode deixar de ser considerada, ainda mais que estamos em ano eleitoral.


(...)

Infelizmente, permitir o custeio desse tipo de cirurgia (de transexuais) soa como mais uma manobra eleitoreira no sentido de defender bandeira de minorias (...)
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"Por quê?"
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Chaves

Offline Buckaroo Banzai

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Re: A Homo Mania
« Resposta #89 Online: 11 de Junho de 2008, 22:27:07 »
Eu não entendo muito de transexualidade mas eu li que a psiquiatria diz que a cirurgia é NECESSÁRIA porque a transexualidade é tipo uma disfunção com diagnóstico próprio e tudo, quer dizer, o transexual NÃO é "normal" enquanto viver com seu corpo original porque ele PRECISA da cirurgia pra ser um indivíduo completo e feliz, ele seria uma pessoa de um sexo vivendo em um corpo de outro sexo, ISSO É O QUE DIZEM POR AÍ, eu nunca li nenhum laudo nem nenhuma obra explicando isso. Eu não sei como se diagnostica a transexualidade e não sei como a necessidade da cirurgia é justificada dentro da prática psiquiátrica, só sei que a cirurgia é considerada uma necessidade para a vida do transexual pelos médicos que assim atestam. Você, Buckaroo Banzai, devia procurar saber mais sobre isso antes de digitar tudo isso, como você pode dizer que a operação de mudança de sexo é IGUAL a uma plástica qualquer sem saber que pra que ela seja feita é preciso um laudo confirmando que é necessária? Aliás, você devia saber que o SUS nem atende demandas de plásticas estéticas quaisquer (acho que só aquelas pra corrigir deformações - congênitas ou não - mas não tenho certeza nem sobre essas).

Procure saber mais sobre transexualidade enquanto transtorno devidamente diagnosticável e TRATÁVEL.

A psiquiatria é a área mais controversa da medicina; existe até "fobia de matemática", já existiu "drepanomania" - o distúrbio que os negros/escravos tinham por querer fugir de seus senhores, e mesmo homossexualismo já foi considerado "doença".

O que é de certa forma incontestável é que ter uma genitália ou outra absolutamente não é uma "doença", não causa problema algum. E mesmo que houvesse incontestavelmente algo como "cérebros de sexos errados", esses cérebros não tem realmente dependência fisiológica de uma genitália condizente. Se houvesse "transplante de cérebro", e um homem morresse, e tivesse seu corpo colocado no cérebro de uma mulher, ele ainda iria funcionar, apesar de ser diferente do que estava acostumado antes - o que não se pode dizer de quem nasce já no corpo "errado", que nunca teve realmente a experiência real de estar no corpo do sexo no qual gosta de se imaginar.

O que ocorre é que há pessoas que vêm a ter o que chamam de "disforia de gênero", acham que tem o sexo errado. De certa forma, esse é o problema, tal como é para pessoas que tem um distúrbio similar, que acham que "devem" ser amputados (condição psiquiátrica real), ou anoréxicas que acham que tem que ser só pele e osso. Não há problema realmente na gordura normal, num braço normal, ou numa genitália normal, mas na aceitação dessas condições naturais. Essas pessoas todas, a transexual, a que quer sofrer amputação e a que quer ser pele e osso, provavelmente têm igualmente maior facilidade em conseguirem ser felizes se satisfizerem essa vontade, se tiverem essas transformações. O que não significa que seja o "tratamento" mais adequado. A mudança de sexo é possivelmente o menos arriscado de todos, mas ainda tem riscos envolvidos em se operar algo que não tem problema algum para dar a aperência de algo substancialmente diferente, e das administrações hormonais.

Como para as outras condições que mencionei, a cirurgia para adequar o corpo à identidade não é a única forma de tratamento, mas há terapias visando levar a pessoa a aceitar o sexo "físico" que tem, o que é preferível com relação a uma cirurgia para "corrigir" um órgão em perfeito estado.

Não importa que seja possível defender que é mesmo o caso de uma pessoa de um sexo "vivendo no corpo" do sexo errado - o mesmo talvez pudesse ser defendido para as outras condições e outras mais ainda. Ainda se tem a questão dos riscos implicados em qualquer cirurgia, e a não-garantia de que a cirurgia será satisfatória. Pode inclusive, dar uma imitação da genitália imperfeita e não funcional que dificultará ainda mais a satisfação do que uma genitália "errada" mas funcional.

Em todo caso, como disse, não é que seja "contra" a cirurgia, no sentido de que deveria-se proibir, e etc; cada um sabe os riscos que corre. Só é bastante defensável que não é um problema mais grave que outros problemas de insatisfação psicológica/emocional/psiquiátrica com o próprio corpo que talvez pudessem ser resolvidos com cirurgia plástica, e como esses, de certa forma são "menos" questão de saúde do que muitos outros que deveriam ser prioritários se falando de saúde pública. E se a saúde estivesse às mil maravilhas, todo mundo plenamente saudável e etc, e se tivesse verba a ponto de poder se pensar em cobrir mais tipos de atendimento, não acho possível dissociar essa questão da operação de mudança de sexo da questão de operação para qualquer outro tipo de insatisfação com um corpo saudável.

Offline Lua

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Re: A Homo Mania
« Resposta #90 Online: 12 de Junho de 2008, 10:49:45 »
Quando estava na faculdade, participei de um debate cujo tema era: "Transexualidade: uma abordagem jurídica". Fiz uma série de pesquisas a respeito do distúrbio e as informações que obtive me permitiram concluir que trata-se de um problema sério, com grandes implicações psicológicas e sociais na vida do indivíduo.

Acho que a grande questão aqui é mensurar se o transexualismo é um distúrbio nascido unicamente de uma insatisfação com o próprio corpo, que não é adequado à personalidade do indivíduo. Assim, em que ele diferirá da insatisfação que alguém possui em relação aos seus seios? ou em relação ao seu pênis? Qual o grau de transtorno que um indivíduo apresenta pelo simples fato de sentir-se um estranho em seu próprio corpo? Apreender a potencialidade destrutiva e segregatória desses problemas é algo um tanto quanto subjetivo - uma vez que determinados problemas e distúrbios psicológicos não apresentam sintomas concretos, mensuráveis por aparelhos ou qualquer outro meio eficaz de diagnóstico. Não discordo da opinião dos colegas que afirmam ser algo tecnicamente impossível verificar a amplitude de um fenômeno em detrimento de outro - no caso, transexualismo ou complexo por ter um pênis ou seios pequenos, etc etc.

Num primeiro momento, propor um tratamento psiquiátrico seria a via mais adequada e menos custosa aos cofres públicos. No entanto, existem casos em que o tratamento é insuficiente e ineficaz - é quando abre-se a possibilidade de realização da cirurgia para adequação do corpo à personalidade. É óbvio que a intervenção se dá para alterar ou suprimir um órgão saudável e que, teoricamente, seria um procedimento desnecessário e sem sentido. Partindo da idéia de que o transexualismo é considerado um distúrbio (e que determinados distúrbios podem deixar de sê-lo, como aconteceu com o 'homossexualismo') e que a cirurgia é um dos tipos de tratamento indicado para correção do problema, chegou-se à conclusão de que seria o momento de custear também esse tipo de problema médico. Quem concluiu isso? Com base em que? Qual a potencial demanda que buscará a intervenção? Quanto isso custará aos cofres públicos?

A saúde pública brasileira trabalha com prioridades, é fato. Se assim não fosse, estaríamos diante de um sistema caótico que não se organiza para atender esse ou aquele tipo de problema. Não estou defendendo que o governo custeie toda e qualquer cirurgia de alteração de sexo - acredito que existirão critérios sérios de verificação e escolha daqueles que serão ou não beneficiados pela medida governamental (em se tratando de Brasil, falei 'teoricamente'). Sinceramente, conhecendo o SUS como conheço, acho que poucas cirurgias desse tipo serão realizadas, basta levar em conta o alto custo e a exigência de uma equipe médica especializada. Já vi gente esperar seis meses numa fila pra conseguir marcar uma tomografia computadorizada, que dirá de uma cirurgia desse tipo...

Obviamente, o governo não agiu de forma adequada ao assumir o custeio desse tipo de cirurgia nesse momento histórico. Com uma saúde caótica e milhares de pessoas aguardando tratamento para problemas de saúde potencialmente prejudiciais e que apresentam risco de morte, foi um deslize e tanto. Claro, isso sob a ótica da sociedade em geral. Observando o contexto das minorias e a moda de criar mecanismos de defesa e inserção social destas, o governo não poderia agido em momento melhor. Conquistar minorias ou grupos excluídos é a melhor maneira de arrebanhar fiéis - as classes e grupos oprimidos tendem a defender arduamente os que defendem sua causa. Se o governo é esperto? Imagina... ::)

Curiosidade minha: uma vez realizada a cirurgia e havendo adequação do corpo à mente, o ordenamento jurídico ainda é lacunoso quando à possibilidade de retificação do registro do nome e alteração do sexo.
« Última modificação: 12 de Junho de 2008, 10:57:18 por Lua »
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Offline BetinhOzinhO

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Re: A Homo Mania
« Resposta #92 Online: 12 de Junho de 2008, 12:22:22 »
Plastica qualquer???
 Por que você (por ser homossexual) acredita que a operação dos transexuais é um transtorno (mesmo não tendo se informado o suficiente para acreditar em tal coisa), e os outros tipos são apenas vontade de fazer uma "plastica qualquer"?

Sei lá, estou repetindo o que já ouvi dizer por aí, NÃO BOTE O DEDO NA MINHA CARA!!! Se os médicos recomendam que fazer uma cirurgia invasiva e complexa como a mudança de sexo é um "tratamento" mais indicado que outros tipos de terapias, supõe-se que a transsexualidade NECESSITA de "tratamento" e portanto não é simplesmente mais uma expressão da sexualidade como as outras, que concluiu-se NÃO necessitarem de tratamento nenhum!!!!

O que ocorre é que há pessoas que vêm a ter o que chamam de "disforia de gênero", acham que tem o sexo errado. De certa forma, esse é o problema, tal como é para pessoas que tem um distúrbio similar, que acham que "devem" ser amputados (condição psiquiátrica real), ou anoréxicas que acham que tem que ser só pele e osso. Não há problema realmente na gordura normal, num braço normal, ou numa genitália normal, mas na aceitação dessas condições naturais. Essas pessoas todas, a transexual, a que quer sofrer amputação e a que quer ser pele e osso, provavelmente têm igualmente maior facilidade em conseguirem ser felizes se satisfizerem essa vontade, se tiverem essas transformações. O que não significa que seja o "tratamento" mais adequado. A mudança de sexo é possivelmente o menos arriscado de todos, mas ainda tem riscos envolvidos em se operar algo que não tem problema algum para dar a aperência de algo substancialmente diferente, e das administrações hormonais.

O que eu quero saber são as suas qualificações pra dizer tudo isso, que uma pessoa com "disforia de gênero" (que eu nem sabia que seria o termo técnico pra transexualidade mesmo) ACHA que tem o sexo errado, que uma junta médica iria basear suas conclusões no que um paciente ACHA que está errado com ele. Você é médico? E conhece literatura médica que discorde fundamentadamente da corrente que considera a operação como o tratamento mais adequado, que defenda o uso de outras terapias que não envolvam modificação corporal ou que entenda que a disforia de gênero/transexualidade é na verdade um não-distúrbio?

Aliás, Buckaroo Banzai, você fala um monte de coisas aí sobre um monte de assuntos mas você em si é um enigma, o que você faz? No que você é profissionalmente qualificado? Você escreve várias coisas científicas e tal, são juízos tecnicamente qualificados ou são só opiniões leigas bem escritas?
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Offline Iconoclasta SP

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Re: A Homo Mania
« Resposta #93 Online: 12 de Junho de 2008, 12:49:17 »
Eu querendo que o meu fosse maior e os outros querendo cortar fora!

O ser humano é um animal esquisito mesmo. Quanto ao texto do Constantino, está mal escrito (ele escreve muita coisa e acaba perdendo qualidade) mas ele quer tocar no ponto da elevação da condição sexual a um patamar de uma fonte de criação de direitos civis.

Mesmo que essa operação seja aplicável em pessoas que sofrem de transtorno de personalidade, temos que ver as prioridades. O tramento para câncer, aids, a contenção de doenças como dengue, febre amarela, operações de transplante e demais itens essenciais já estão otimizadas? Certamente não. Quando estiverem ao menos bem encaminhadas, aí vamos discutir os transtornos secundários.

O pessoal não sabe definir prioridades, joga para a platéia e produz este tipo de política bizarra.

Offline Lua

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Re: A Homo Mania
« Resposta #94 Online: 12 de Junho de 2008, 14:10:52 »

Como eu disse antes, o transexualismo é um distúrbio reconhecido pela OMS. Sendo assim, é óbvio que equipes médicas qualificadas estudaram, avaliaram e concluíram que esse transtorno deve figurar na categoria de doenças tecnicamente 'curáveis' através de tratamentos psiquiátricos/psicológicos ou pela adequação corpo-personalidade que se dá através da cirurgia 'corretiva'. Aliás, em muitos acórdãos que li a respeito do assunto, a cirurgia é tratada como corretiva, ou seja, é uma intervenção que visa adequar a personalidade do indivíduo àquilo que biologicamente não lhe foi concedido.

Acredito que o fato do governo ter optado por financiar esse tipo de cirurgia tem razões eleitoreiras também, mas o fato de muitos transexuais ingressarem na justiça pleiteando o custeio da cirurgia pelo SUS é uma realidade inegável.

Mesmo que essa operação seja aplicável em pessoas que sofrem de transtorno de personalidade, temos que ver as prioridades. O tramento para câncer, aids, a contenção de doenças como dengue, febre amarela, operações de transplante e demais itens essenciais já estão otimizadas? Certamente não. Quando estiverem ao menos bem encaminhadas, aí vamos discutir os transtornos secundários.

O pessoal não sabe definir prioridades, joga para a platéia e produz este tipo de política bizarra.

Se estamos falando de prioridades, vale lembrar que o SUS custeia o tratamento da doenças supracitadas bem como empreende campanhas no sentido de conter epidemias de doenças sazonais. A questão não é priorizar um em detrimento de outro, a questão é ter competência e verba para atuar eficazmente no sentido de combater/prevenir/curar doenças. Em se tratando de saúde pública, não podemos falar em otimização quando apenas parte da população tem acesso a um tratamento digno - acredito que estamos bem distantes da otimização da saúde pública, levando em conta a péssima gestão do sistema de saúde, o desvio de verbas destinadas à esta, etc etc.

Quanto ao texto do Constantino, até esqueci de comentar. O grande problema de algumas pessoas é que, por serem lidas e admiradas por um determinado número de pessoas, acham que podem opinar sobre tudo que surge. É lamentável, levando em conta o alcance que determinados intelectuais tem e o quanto é prejudicial a disseminação de idéias preconceituosas e ultrapassadas.
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Offline BetinhOzinhO

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Re: A Homo Mania
« Resposta #95 Online: 12 de Junho de 2008, 16:30:11 »
ele quer tocar no ponto da elevação da condição sexual a um patamar de uma fonte de criação de direitos civis.

O que já é, tóing!
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Offline Donatello

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Re: A Homo Mania
« Resposta #96 Online: 12 de Junho de 2008, 19:56:00 »
Lua, a OMS recomenda também a homeopatia e a medicina tradicional chinesa; então eu acho que este argumento de autoridade é bem questionável (a não ser que tenhamos de concordar que os hospitais públicos tratem câncer, bronquite, epilepsia ou mal de parkinson com chá de sete ervas, agulhadas na orelha e “harmonização de chacras”). É óbvio que uma recomendação da OMS em geral serve como indício de que há algo a se discutir. Ponto.

Mas havemos de convir que não basta dizer que a OMS vê assim para fechar o tópico.



Betinho, eu acho que o Buckaroo é biólogo... o que até o torna maior autoridade neste assunto do que você (bacharel em direito, não?). Mas, de qualquer forma, já imaginou se todos nós aquí no CC só pudessemos opinar sobre as matérias nas quais somos autoridades (leia-se: diplomados)? Ia ser chaaaaaattttttoooo. Haja espaço no fórum “papo furado”!!!! (acho que ninguém esteja querendo que os participantes do papo furado apresentem diploma, né? Einh? :hein:)

Fico imaginando o Luis Souto discutindo os casos de seus próprios pacientes em tópicos abertos por ele e nos quais só ele postaria. O HSette, o DBhor e os outros sei lá quantos físicos até que poderiam ter papos animados entre sí, desde que a discussão fosse sobre cosmologia, teorias geológicas, ou elaboração de games de realidade virtual - neste ponto eles até poderiam trocar figurinhas com os programadores, mas só neste ponto. Discutir sobre igualdade de gêneros, sobre políticas de combate à homofobia ou sobre limites da liberdade de imprensa seria privilégio do pessoal de humanas. Eu, que já comecei três faculdades mas ainda não acabei nenhuma teria que ficar quieto no meu canto, só observando, que conhecimentos pela metade não valem. Mesmo destino teriam todos os que ainda estivessem cursando a primeira graduação. Os que ainda não tivessem iniciado nenhuma não deveriam nem abrir uma conta para não morrerem de ansiedade até que pudessem postar.



Anyway... a questão aquí não é exatamente médica. É muito mais epistemológica do que qualquer outra coisa.

Não se trata de debater se o mais eficiente é tratar o caso com operação corretiva (adeqüante, paliativa ou que nome se queira dar a isto) ou através de um mero acompanhamento psiquiátrico; nem sobre os méritos que os médicos têm para diagnosticar mazelas e prescrever tratamentos. Mas de entender por que raio de feitiço acadêmico se definiu que a intervenção cirúrgica para esta doença (a transexualidade) é tão importante (ao ponto de dever ser coberta pelo SUS),  ao passo que nem se cogita a hipótese de o mesmo sistema público de saúde bancar cirurgias corretivas (ou paliativas ou seja lá o que for) em pacientes vítimas de outros tantos trocentos distúrbios cujas semelhanças com este saltam aos olhos.

A discussão é sobre se os critérios para se enxergar o transexualismo como um mal diferente, que necessite de uma atenção especial em relação ao “descontentamento profundo e doentio com o tamanho dos seios”  são realmente médico-científicos ou efeitos colaterais da preocupação em ser “politicamente correto” aliados a técnicas de “marketing político” e de marketing mesmo, mercadológico, e à má propensão que temos de nos posicionarmos frente a uma questão por conta do partido que defende as idéias e não em função das idéias propriamente discutidas, entre outros.
« Última modificação: 13 de Junho de 2008, 01:20:59 por Dionísio van Dijck »

Offline Herf

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Re: A Homo Mania
« Resposta #97 Online: 13 de Junho de 2008, 02:51:09 »
Lua, a OMS recomenda também a homeopatia e a medicina tradicional chinesa; então eu acho que este argumento de autoridade é bem questionável (a não ser que tenhamos de concordar que os hospitais públicos tratem câncer, bronquite, epilepsia ou mal de parkinson com chá de sete ervas, agulhadas na orelha e “harmonização de chacras”). É óbvio que uma recomendação da OMS em geral serve como indício de que há algo a se discutir. Ponto.

Mas havemos de convir que não basta dizer que a OMS vê assim para fechar o tópico.

[...]

Anyway... a questão aquí não é exatamente médica. É muito mais epistemológica do que qualquer outra coisa.

Não se trata de debater se o mais eficiente é tratar o caso com operação corretiva (adeqüante, paliativa ou que nome se queira dar a isto) ou através de um mero acompanhamento psiquiátrico; nem sobre os méritos que os médicos têm para diagnosticar mazelas e prescrever tratamentos. Mas de entender por que raio de feitiço acadêmico se definiu que a intervenção cirúrgica para esta doença (a transexualidade) é tão importante (ao ponto de dever ser coberta pelo SUS),  ao passo que nem se cogita a hipótese de o mesmo sistema público de saúde bancar cirurgias corretivas (ou paliativas ou seja lá o que for) em pacientes vítimas de outros tantos trocentos distúrbios cujas semelhanças com este saltam aos olhos.

A discussão é sobre se os critérios para se enxergar o transexualismo como um mal diferente, que necessite de uma atenção especial em relação ao “descontentamento profundo e doentio com o tamanho dos seios”  são realmente médico-científicos ou efeitos colaterais da preocupação em ser “politicamente correto” aliados a técnicas de “marketing político” e de marketing mesmo, mercadológico, e à má propensão que temos de nos posicionarmos frente a uma questão por conta do partido que defende as idéias e não em função das idéias propriamente discutidas, entre outros.
Assino embaixo.

Offline Tupac

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Re: A Homo Mania
« Resposta #98 Online: 13 de Junho de 2008, 15:03:00 »
Hugo Van Hoyama Dijck fecha o set. kkk
"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida."
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Offline FZapp

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Re: A Homo Mania
« Resposta #99 Online: 14 de Junho de 2008, 14:52:38 »
Bom, se não contar o que eu já disse e ninguém respondeu ...

Continuo sem entender isso de 'prioridades': eu também vou defender o não transplante de rins nem quimio para sobrevida de até 1 ano.
--
Si hemos de salvar o no,
de esto naides nos responde;
derecho ande el sol se esconde
tierra adentro hay que tirar;
algun día hemos de llegar...
despues sabremos a dónde.

"Why do you necessarily have to be wrong just because a few million people think you are?" Frank Zappa

 

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