Não vou ler os textos todos e vou opinar sobre os comentários que li na primeira página:
Eu até entendo essa idéia de achar absurda a proibição de se dirigir bêbado, por ser uma afronta à liberdade pessoal e tudo mais. É muito bonito e eu gostaria muito que esse tipo de raciocínio funcionasse na prática. O problema é o mesmo do liberalismo radical: as pessoas não são boas, nem bem intencionadas, nem conseguem controlar vícios, nem são inteligentes.
Pensem nos seus filhos. Imagine um pai que gosta de fazer consertos em casa, está sempre bolando uma prateleira nova ou uma nova instalação de encanamento marota, por isso o filho de 5 anos de idade sempre o vê com um martelo, uma chave de fenda ou um serrote na mão. A criança quer imitar o pai e pede o martelo. O pai dá o martelo pra criança brincar (afinal, a criança é um indivíduo e tem direitos indivuiais, inclusive o de brincar com um martelo se quiser) e a criança brinca com o martelo e depois de 15 minutos, maceta-se o dedão. No dia seguinte, pede o martelo de novo e o pai dá. Depois de 15 minutos de brincadeira, a criança abre o berreiro porque rachou o crânio com a ferramenta. O pai pode dar de novo o martelo à criança? Ou se ele disser "não, não vou dar porque todas as vezes que você se machuca é com o martelo"é uma falácia do declive escorregadio?
O popular médio de qualquer país não é muito diferente de uma criança. Só que os brinquedos são mais caros, ou as conseqüências mais sérias que um dedo roxo. O ser humano médio é movido por emoções, por neurotransmissores malucos e por instinto, muito antes de ser movido pelo raciocínio lógico. E dizer que papai do céu fica bravo não cola. Então, para evitar que as pessoas saiam se matando por aí (o problema não seriam as pessoas se matando, mas matando outras que não têm nada a ver com a história e ficaram agüentando piada dos amigos porque ficaram tomando suco de melancia porque sabia que ia voltar dirigindo.), é necessário criar regras e garantir que elas sejam cumpridas e tudo mais. E esse é o papel do Estado.
É por isso que o liberalismão véio sem portera (infelizmente) não funciona. E é por isso que, apesar de bonita a idéia de liberdade individual e tudo mais, ela não serve para fundamentar a defesa do direito de dirigir bêbado. E é por causa do cara que toma suco de melancia, que é alguém que quer fazer algo que preste na vida, não passar para o esquecimento total e completo como o popular médio, que o argumento de "seleção natural" dos motoristas bêbados não se aplica.
E quanto à sua evidência anedota, Rhyan, meus amigos não chapam o côco fora da casa de alguém e nem sem ter combinado antes com o anfitrião para dormir lá.