Sério? Isso parece piada. São duas vozes narrando, acho que é um casal. E todos os vídeos são só um "show de slides." Só seria produção mais "barata" se fosse um único frame-logo estático em 99% do tempo. Mas é o tipo de coisa que deve dar para fazer com qualquer editor de vídeo grátis sem nem precisar saber mexer muito. E acho que todos trechos de outras coisas são usados em "fair use," não devem comprar stock.
Pra mim não parece piada. Os vídeos do Meteoro têm qualidade profissional. Não parecem coisa de "marinheiro de primeira viagem" (normalmente o caso em um canal novo), mas ao contrário aparentemente existe o dedo de um profissional (ou profissionais) na produção.
Com tantas ferramentas disponíveis, é preciso ser observador para perceber a diferença entre um material produzido por um curioso talentoso e alguém que tem conhecimento sobre o que está fazendo. E essa diferença está sempre nos detalhes, que embora não sejam notados conscientemente pela maioria, fazem muita diferença na forma como o espectador recebe e é impactado pela informação audio-visual. E publicitários por exemplo, sabem disso.
Alguns aspectos do canal que eu identifico como sendo de padrão profissional:
- A vinheta de abertura é muito bem feita. É uma animação, parece simples mas não é coisa que qualquer um faz com um programinha.
- Por falar em animação, o canal usa muito recursos de animação. São desenhos animados simples, mas não toscos. Mesmo isso geralmente demanda um profissional.
- O canal tem uma linguagem audio-visual bem definida, homogênea em todos os vídeos. Quem não estudou pra isso talvez não tenha essa sensibilidade, mas é importante porque cria uma marca, uma identidade, uma espécie de personalidade do produto de comunicação que favorece a credibilidade.
- Por falar nessa identidade audio-visual, um profissional sabe que essa identidade tem que casar com o produto. Quando não combina, quando a imagem e o formato não fala a mesma linguagem do texto, o destinatário não recebe a mensagem com a mesma envolvência. Porque é como se o cérebro estivesse recebendo duas mensagens conflitantes: uma do texto (ou do áudio) e a outra do formato. Por exemplo, se colocarem o Willian Bonner de bermudas o JN perde toda a credibilidade. Mas isso seria um equívoco grosseiro, por mera intuição ninguém faria. No entanto todos os mínimos aspectos de um telejornal são meticulosamente levados em consideração por profissionais que se encarregam disso. O formato e a diagramação de um tabloide nunca é a mesma de um jornal que quer ser levado a sério e até mesmo a tipografia é importante para alcançar o tipo de leitor pretendido. A fonte Times New Roman foi criada especificamente para o London Times, para que seu aspecto sóbrio passasse a ideia de seriedade ao leitor. Nunca uma revista de fofocas usa uma fonte desse tipo, porque nesse caso afasta o leitor que só procura entretenimento. Há toda uma teoria só sobre fontes tipográficas, e sobre linguagem visual em geral. São coisas que os leigos normalmente não percebem, mas os profissionais de Publicidade, Comunicação Social e afins, estudam.
Bom, nesse canal Meteoro, o estilo combina perfeitamente com essa imagem de "ponderado" e meio isentão que o canal quer passar. E quando digo "estilo", me refiro a todo um pacote harmonioso que inclui desde o tipo de fundo musical, a tipografia das legendas, palheta de cores predominante, o padrão áudio-visual, o tipo de locução, etc... No canal estas características de estilo são harmoniosas entre si e ainda combinam com a imagem que o canal quer passar: esta que me referi acima.
É típico de coisa que tem o dedo de um profissional, de alguém que estudou pra isso.
- E sobre a locução, a mulher não é tão competente mas também não é ruim. Mas o cara é muito bom. Parece alguém que trabalha com locução ou ator. A impostação, as inflexões corretas aplicadas nos momentos certos... ele sabe como fazer, tem a técnica.
Mas há outros aspectos peculiares que também me chamaram atenção. Não há nenhuma referência - pelo menos eu nunca vi - às pessoas que produzem o canal. Quem são? É um tanto incomum.
Não é tão amadorístico e esse ano já publicaram um livro: "Tudo Que Você Precisou Desaprender Para Virar um Idiota".
Entra na Amazon e procura por esse título... O livro não tem autor! Quando eles anunciaram o livro, busquei pra ver o autor pra saber quem produzia o canal e vi que o autor aparece simplesmente como "Meteoro". (??)
Acho estranho que alguém escreva um livro e não queira receber os créditos, que produza um canal com essa qualidade e também não queira aparecer. Não é comum.
São aspectos como esse que me levam a suspeitar que possa existir um projeto mais estruturado por trás da criação do Meteoro.doc, cujos fomentadores queiram permanecer incógnitos. Claro, é só uma teoria minha, ou uma suspeita, mas que há um padrão profissional na concepção não só dos vídeos, mas do canal como um todo, isso parece gritante pra mim.
Eu acho que o vídeo tem algum grau de "envenenamento do poço" da tese do Zumbi senhor de escravos, ao ligar isso com a ideologia oposta à da audiência. Ainda assim, acho que eles traziam alguma coisa a mais que isso, embora bastante rasa. Como afirmação de um ou outro historiador questionando o que seria o único propositor da teste, que calhou de ser interessante a direitistas.
Mas ele não é o único propositor da tese. E nem é uma tese que simplesmente calhou de ser útil a direitistas. Não é isso que mostra o vídeo.
Eles citam como autor José de Souza Martins, um historiador de fato. Mas mostram que Martins não apareceu com isso em um livro de História, mas defendeu esse argumento em um livro de vários autores que era uma crítica às políticas públicas do governo PT. O livro é "Divisões Perigosas. Uma Crítica às Políticas Raciais no Brasil Contemporâneo".
Não calhou de ser uma tese acadêmica útil a direitistas, mas foi um argumento publicado em um livro que era uma crítica às políticas sociais do governo petista. Uma obra com posicionamento político, viés e objetivo ideológico. Mais tarde é que um tal de Leandro Narloch, que nem parece ser historiador, é que escreve um livro desenvolvendo essa tese e esse livro é que é citado no artigo da abertura desse tópico. Que é também um artigo panfletário de direita atacando o então governo do PT. Mas o autor , um tal de Janer Cristaldo, afirma que já havia escrito isto 5 anos antes do livro do Leandro Narloch (tá no texto da abertura do tópico),
Quer dizer, o argumento já pairava no ar atrelado a discursos ideológicos e críticas às políticas afirmativas do governo anos antes do Narloch publicar seu livro. Cristaldo afirma que não tinha apenas escravos, mas "um séquito de escravos para uso próprio". Baseado em quê?
Esse é o ponto: o vídeo liga a tese (ou hipótese) diretamente à motivação política da publicação onde ela aparece pela 1ª vez.
https://en.wikipedia.org/wiki/Slavery_in_Haiti
[...] The Haitian Revolution of 1804, the only successful slave revolt in human history, precipitated the end of slavery not only in Saint-Domingue, but in all French colonies. However, several Haitian leaders following the revolution employed forced labor, believing a plantation-style economy was the only way for Haiti to succeed, and building fortifications to safeguard against attack by the French. [...]
After the revolution, newly freed slaves were violently opposed to remaining on plantations, but Dessalines, like Louverture, used military might to keep them there, thinking that plantation labor was the only way to make the economy function.[45] Most ex-slaves viewed Dessalines' rule as more of the same oppression they had known during de jure slavery.[45] Dessalines was killed by a mob of his own officers in 1806.[46] [...]
Also like his predecessors Louverture and Dessalines, Christophe used military might to force former slaves to stay on the plantations.[49] Plantation workers under Louverture and Christophe were not unpaid — they received one quarter of what they produced,[50] paying the rest to plantation owners and the government. [...]
Esse é um fato que certamente contradiz minha suposição de que escravos revoltosos não fariam escravos.
Mas também é verdade que a contradição desta situação fez com que fosse sustentável por muito pouco tempo, resultando em um motim de oficiais. Contudo o quilombo de Palmares existiu por mais de um século.
Teria havido escravidão durante todo esse tempo? Que vantagem e motivação teriam os negros em arriscar a vida para fugir para um lugar onde também se escravizavam negros?: