Autor Tópico: O mito de Zumbi dos Palmares  (Lida 18491 vezes)

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Offline Herf

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O mito de Zumbi dos Palmares
« Online: 17 de Novembro de 2008, 02:52:09 »
Domingo, Novembro 16, 2008
 
NEGROS CULTUAM UM SENHOR DE ESCRAVOS

Numa atitude eminentemente racista, os ativistas negros conseguiram pespegar mais um feriado a este país tão pródigo em folganças, o dia da Consciência Negra, data que evoca a morte do novel herói nacional, Zumbi dos Palmares, tido como líder da luta contra a escravidão. O objetivo da nova data é claro: relegar ao esquecimento o 13 de maio de 1888, quando a princesa Isabel assinou a Lei Áurea, que extinguiu a escravidão no Brasil. Onde se viu uma branca – e ainda mais européia – ser a responsável pelo fim da escravidão dos negros?

Já em 1823, José Bonifácio de Andrada e Silva propunha que o Brasil, como os Estados Unidos, substituísse os escravos por imigrantes europeus. Sete anos depois, o governo brasileiro assinou tratado imposto pela Inglaterra, transformado em lei que obrigava a extinção do trabalho escravo no prazo de 15 anos. Embora o tráfico negreiro continuasse, em 1851, o chefe do Gabinete Ministerial, senador Euzebio de Queiroz Mattozo da Câmara, ordenou à polícia que localizasse negros importados ilegalmente e prendesse os negreiros e fazendeiros infratores, cessando o tráfico de escravos.

Em 28 de setembro de 1871, o visconde do Rio Branco, do Partido Conservador, promulga uma primeira lei abolicionista, a Lei do Ventre Livre. Tinha poucos efeitos práticos, mas já era mais um passo para o fim da escravatura. Os filhos de escravos nascidos a partir daquela data eram livres, embora permanecessem sob a tutela de seus proprietários até os 21 anos. Ao apresentar a lei, o visconde do Rio Branco considerava a escravidão como uma instituição injuriosa, que prejudicava a imagem externa do país.

A Sociedade Brasileira contra a Escravidão, inaugurada em 7 de setembro de 1880, foi criada não por um negro, mas por um aristocrata da mais pura cepa branca, Joaquim Nabuco. Outro dos fundadores da instituição, José do Patrocínio, era filho de padre – com uma negra alforriada, é verdade – mas passou sua infância como liberto, cursou Faculdade de Medicina, foi jornalista e escritor de prestígio. Castro Alves, outro vigoroso defensor da abolição da escravatura, era branco, filho de médico e freqüentou escolas de elite, tendo sido colega de Rui Barbosa.

A abolição da escravatura no Brasil foi obra de brancos e não de negros. Os negros da época sequer tinham voz para tanto. Ora, nestes dias em que a luta racial substituiu a velha e desprestigiada luta de classes, os negros não conseguem atribuir a brancos o fim da escravidão. Foram então buscar nos confins da História uma figura nebulosa, mais envolta em lenda que na realidade, de cuja existência só se tem oito escassos registros históricos.

O que se sabe, isto sim, é que o suposto herói da libertação dos escravos também tinha seus escravos. Escrevi isto há uns bons cinco anos, em artigo publicado nos Estados Unidos, para escândalo dessa nova raça acadêmica que por lá viceja, os afrobrazilianists. Recebi centenas de mails de protesto. Ora, sempre foi de conhecimento de historiadores que os quilombos reproduziam os modelos de escravidão das tribos africanas e mais ainda: escravizavam brancas raptadas das cidades. Da mesma forma, sempre se soube que se os europeus traficavam escravos, estes escravos eram comprados de chefes tribais na África.

Assim sendo, é com satisfação que leio na Veja desta semana, reportagem intitulada “O Enigma de Zumbi”. Segundo o repórter Leandro Narloch, estudos recentes sobre o herói da luta contra a escravidão mostram que ele próprio pode ter sido dono de escravos no quilombo dos Palmares.

“Os novos estudos sobre Palmares concluem que o quilombo, situado onde hoje é o estado de Alagoas, não era um paraíso de liberdade, não lutava contra o sistema de escravidão nem era tão isolado da sociedade colonial quanto se pensava. O retrato que emerge de Zumbi é o de um rei guerreiro que, como muitos líderes africanos do século XVII, tinha um séquito de escravos para uso próprio. "É uma mistificação dizer que havia igualdade em Palmares", afirma o historiador Ronaldo Vainfas, professor da Universidade Federal Fluminense e autor do Dicionário do Brasil Colonial. "Zumbi e os grandes generais do quilombo lutavam contra a escravidão de si próprios, mas também possuíam escravos", ele completa. Não faz muito sentido falar em igualdade e liberdade numa sociedade do século XVII porque, nessa época, esses conceitos não estavam consolidados entre os europeus. Nas culturas africanas, eram impensáveis. Desde a Antiguidade e principalmente depois da conquista árabe no norte da África, a partir do século VII, os africanos vendiam escravos em grandes caravanas que cruzavam o Deserto do Saara. Na época de Zumbi, a região do Congo e de Angola, de onde veio a maioria dos escravos de Palmares, tinha reis venerados como se fossem divinos. Muitos desses monarcas se aliavam aos portugueses e enriqueciam com a venda de súditos destinados à escravidão.

Brilhante monumento encontraram os agitprops negros para cultuar! É claro que hoje mesmo já devem estar chegando irados e-mails à redação da revista, denunciando-a como racista. As esquerdas costumam manipular a História a seu gosto para transformar celerados em heróis. O mundo comunista internacional já reverenciou como libertadores assassinos tremendos como Lênin, Stalin, Mao, Pol Pot, Fidel Castro, Che Guevara. Este, aliás, já virou santo. Na Bolívia, é cultuado como San Ernesto de la Higuera. Logo após a morte do terrorista, começaram a surgir velas e flores na desativada lavanderia do hospital, onde seu corpo foi apresentado ao público. Hoje, o local é ponto de peregrinação dos devotos de San Ernesto.

Aqui no Brasil, antes mesmo de lembrarem Zumbi, as esquerdas quiseram entronizar como herói um cruel bandoleiro nordestino, o “capitão” Virgulino Ferreira da Silva, mais conhecido como Lampião. Na Europa, hoje, não é raro encontrar-se quem veja em um reles bandido um paladino na luta em favor dos pobres. Outro herói que se tentou criar foi o desastrado e testarudo apparatchik comunista, Luís Carlos Prestes, o assassino de Elza Fernandes e responsável pela Intentona de 35, onde dezenas de oficiais e soldados foram assassinados pelas costas na calada da noite. Diga-se de passagem, o atual ministro da Justiça, Tarso Genro, é um de seus fiéis devotos.

Isto sem falar na recente extração de novos campeões da liberdade, como São Marighella, São Carlos Lamarca, Santa Dilma Roussef. Mas Zumbi tem pernas curtas. Não será fácil, por mais que se minta, coroar com auréola de libertador dos negros quem foi senhor de escravos.


Janer Cristaldo

http://cristaldo.blogspot.com/2008_11_01_archive.html#8194805885091812015

Offline Südenbauer

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Re: O mito de Zumbi dos Palmares
« Resposta #1 Online: 17 de Novembro de 2008, 14:52:26 »
Hahaha... e agora, negros do CC?

Offline Eleitor de Mário Oliveira

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Re: O mito de Zumbi dos Palmares
« Resposta #2 Online: 17 de Novembro de 2008, 15:01:21 »
A esquerda é a maior distorcedora da historiografia.

Offline Dodo

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Re: O mito de Zumbi dos Palmares
« Resposta #3 Online: 17 de Novembro de 2008, 16:45:05 »
Domingo, Novembro 16, 2008
 
NEGROS CULTUAM UM SENHOR DE ESCRAVOS
Ora, nestes dias em que a luta racial substituiu a velha e desprestigiada luta de classes, os negros não conseguem atribuir a brancos o fim da escravidão. Foram então buscar nos confins da História uma figura nebulosa, mais envolta em lenda que na realidade, de cuja existência só se tem oito escassos registros históricos.

O que se sabe, isto sim, é que o suposto herói da libertação dos escravos também tinha seus escravos.

Não existem registros históricos suficientes sobre Zumbi, por outro lado, eles são mais do que suficientes pra colocá-lo na categoria de senhor de escravos.

Sinceramente, não entendi.
Você é único, assim como todos os outros.
Alfred E. Newman

Offline Pregador

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Re: O mito de Zumbi dos Palmares
« Resposta #4 Online: 17 de Novembro de 2008, 17:19:37 »
O povo precisa de mitos e herois... Se algum povo, etnia, etc, não tem, deve-se criar um para uní-los e conseguirem sua independência e liberdade. É assim que é, é assim que sempre foi, é assim que sempre será.
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Offline uiliníli

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Re: O mito de Zumbi dos Palmares
« Resposta #5 Online: 17 de Novembro de 2008, 21:14:41 »
Que história é essa de que os negros cultuam Zumbi? A maioria dos negros dá a Zumbi tanta atenção quanto a Tiradentes, Dom Pedro II, Papai Noel, Boitatá ou qualquer figura mitológica equivalente. Só mesmo os fundamentalistas do movimento negro vão dar bola para essa notícia.

Hahaha... e agora, negros do CC?

Está falando sério ou pegou a mania do Foxes?


Não existem registros históricos suficientes sobre Zumbi, por outro lado, eles são mais do que suficientes pra colocá-lo na categoria de senhor de escravos.

Sinceramente, não entendi.

Na verdade eles não tem provas materiais de que Zumbi fosse senhor de escravos. Eles só presumem que isso seja verdade porque era prática comum entre as sociedades africanas de sua época, os historiadores mencionados estão deduzindo que os quilombos reproduzissem essa organização social, o que até algo bem lógico.

Offline FxF

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Re: O mito de Zumbi dos Palmares
« Resposta #6 Online: 17 de Novembro de 2008, 21:23:31 »
Hahaha... e agora, negros do CC?
Está falando sério ou pegou a mania do Foxes?
Muahuahuahua
« Última modificação: 17 de Novembro de 2008, 21:26:07 por Ilovefoxes »

Offline Andre

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Re: O mito de Zumbi dos Palmares
« Resposta #7 Online: 17 de Novembro de 2008, 21:24:51 »
Hahaha... e agora, negros do CC?
Está falando sério ou pegou a mania do Foxes?
Muahuahuahua
Antes que o Jus apareça: Hehehe.

Voltando ao assunto do tópico, saiu um artigo sobre o mesmo assunto na Veja dessa semana. Ou seria o mesmo texto? Confesso que acabei nem lendo.
Se Jesus era judeu, então por que ele tinha um nome porto-riquenho?

Offline Herf

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Re: O mito de Zumbi dos Palmares
« Resposta #8 Online: 17 de Novembro de 2008, 23:46:19 »
Não é o mesmo texto, mas o autor faz referência à reportagem na Veja.

Offline Gaúcho

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Re: O mito de Zumbi dos Palmares
« Resposta #9 Online: 18 de Novembro de 2008, 12:15:09 »
Temos o Natal e a Páscoa sem documentos nenhum :) 8 ta de bom tamanho pra termos um feriado em nome do cara, mesmo que ele tenha sido um senhor de escravos também :P
"— A democracia em uma sociedade livre exige que os governados saibam o que fazem os governantes, mesmo quando estes buscam agir protegidos pelas sombras." Sérgio Moro

Offline Südenbauer

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Re: O mito de Zumbi dos Palmares
« Resposta #10 Online: 18 de Novembro de 2008, 14:13:47 »
Hahaha... e agora, negros do CC?

Está falando sério ou pegou a mania do Foxes?
Estava expressando meu lado reacionário-nazista.



Mas falando sério agora, eu não conheço o movimento negro, mas nunca vi nenhuma manifestação que representasse o ZUmbi como herói.
« Última modificação: 18 de Novembro de 2008, 14:20:19 por Dr. Merkwürdigliebe »

Offline Herf

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Re: O mito de Zumbi dos Palmares
« Resposta #11 Online: 18 de Novembro de 2008, 14:25:57 »
Mas falando sério agora, eu não conheço o movimento negro, mas nunca vi nenhuma manifestação que representasse o ZUmbi como herói.
A santificação de Zumbi pelos movimentos racialistas é clara, onipresente em todas suas manifestações.

Uma rápida pesquisa no google já revela um site:

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Quem foi Zumbi dos Palmares?
domingo 18 de novembro de 2007

Após muita luta, o movimento negro rememora Zumbi na condição de herói nacional.


Imagem: cartaz na Fundação Palmares/ABr

O 20 de novembro é o Dia Nacional Consciência Negra, data que consagrou o líder negro Zumbi dos Palmares.

Quem foi Zumbi dos Palmares? Líder do Quilombo de Palmares e símbolo da resistência contra a escravidão que foi assassinado em 20 de novembro de 1695.

O Quilombo dos Palmares foi fundado em 1597, nas terras da Serra da Barriga, atual estado de Alagoas. Em pouco tempo, o seu ideal de liberdade e competente organização fez com que o quilombo se tornasse uma verdadeira cidade.

Até que, em 1695, a expedição de Domingos Jorge Velho destruiu o Quilombo dos Palmares e assassinou Zumbi. Destruiu um território livre símbolo da resistência ao regime escravista e da consciência negra de homens e mulheres em busca da liberdade e da construção de uma nação.

Em 1995, depois de 300 anos de seu assassinato, foi realizada no dia 20 de novembro a Marcha Zumbi dos Palmares - contra o Racismo pela Igualdade e a Vida, reunindo em Brasília cerca de 30 mil pessoas. Zumbi dos Palmares foi oficialmente reconhecido pelo governo brasileiro como herói nacional.

Recuperar o ideário de Zumbi não é apenas rememorar Palmares, mas resgatar um importante exemplo de luta e organização pela emancipação do povo brasileiro.

http://www.ciranda.net/spip/article1850.html

Offline Renato T

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Re: O mito de Zumbi dos Palmares
« Resposta #12 Online: 18 de Novembro de 2008, 14:38:18 »
A esquerda é a maior distorcedora da historiografia.

Mesmo?

Citação de: Dodo
Citação de: Herf
Domingo, Novembro 16, 2008
 
NEGROS CULTUAM UM SENHOR DE ESCRAVOS
Ora, nestes dias em que a luta racial substituiu a velha e desprestigiada luta de classes, os negros não conseguem atribuir a brancos o fim da escravidão. Foram então buscar nos confins da História uma figura nebulosa, mais envolta em lenda que na realidade, de cuja existência só se tem oito escassos registros históricos.

O que se sabe, isto sim, é que o suposto herói da libertação dos escravos também tinha seus escravos.

Não existem registros históricos suficientes sobre Zumbi, por outro lado, eles são mais do que suficientes pra colocá-lo na categoria de senhor de escravos.

Sinceramente, não entendi.

Offline Buckaroo Banzai

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Re: O mito de Zumbi dos Palmares
« Resposta #13 Online: 18 de Novembro de 2008, 15:14:19 »
Domingo, Novembro 16, 2008
 
NEGROS CULTUAM UM SENHOR DE ESCRAVOS
Ora, nestes dias em que a luta racial substituiu a velha e desprestigiada luta de classes, os negros não conseguem atribuir a brancos o fim da escravidão. Foram então buscar nos confins da História uma figura nebulosa, mais envolta em lenda que na realidade, de cuja existência só se tem oito escassos registros históricos.

O que se sabe, isto sim, é que o suposto herói da libertação dos escravos também tinha seus escravos.

Não existem registros históricos suficientes sobre Zumbi, por outro lado, eles são mais do que suficientes pra colocá-lo na categoria de senhor de escravos.

Sinceramente, não entendi.

Não sei como era no Brasil, mas nos EUA era mais ou menos comum que negros livres/ex-escravos comprassem "escravos", mas na verdade eram na maior parte do tempo familiares e amigos, não para uso como servos. Alguns (possivelmente racistas) comentam isso como um tipo de acusação meio tu-quoqueóide, omitindo esse detalhe. Não que negros sejam "inerentemente" anti-escravistas, nem nada.

Eu não conheço o suficiente dele para dizer se é "herói" ou não, acho que era só um cara querendo deixar de ser escravo e meio revoltado com essa condição e etc. Ou seja, sofria de drapetomania em estado avançado. Hehe.

Há uns que chamam de herói um bombeiro que morre soterrado sem salvar ninguém, acho que por esses critérios, talvez fosse herói. Já se é necessário para o bombeiro salvar alguém, fazer algo mais efetivo do que só tentar, como sugere o autor, então não. Mas enfim, tanto faz.

Ao mesmo tempo que não gosto de "orgulho racial" branco ou preto, também não vejo com bons olhos essa birra, esse certo ranço que uns demonstram contra esses movimentos negros, que são consideravelmente menos nocivos (e talvez até um pouco saudáveis) e bem diferentes em vários aspectos (mas não necessariamente sempre) que os de "orgulho branco".

A história, de qualquer forma, deve se ater as evidências e não ser moldada/floreada para agradar a quaisquer grupos em particular.

Offline Herf

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Re: O mito de Zumbi dos Palmares
« Resposta #14 Online: 18 de Novembro de 2008, 23:14:38 »
Citar
Ao mesmo tempo que não gosto de "orgulho racial" branco ou preto, também não vejo com bons olhos essa birra, esse certo ranço que uns demonstram contra esses movimentos negros, que são consideravelmente menos nocivos (e talvez até um pouco saudáveis) e bem diferentes em vários aspectos (mas não necessariamente sempre) que os de "orgulho branco".

A história, de qualquer forma, deve se ater as evidências e não ser moldada/floreada para agradar a quaisquer grupos em particular.
Orgulho racial é algo deplorável em qualquer circunstância, a meu ver. E isso inclui a circunstância em que os membros da etnia orgulhosa tenham sido considerados "inferiores" no passado.

A "birra", o "ranço" no momento obviamente não poderia ser com os prosélitos do orgulho branco: ao menos esses ninguém considera levar a sério. Ao menos no que se refere a esse orgulho, é quase unânime que se trata de algo estúpido. Panfletar contra o orgulho branco, para conscientizar as pessoas de que isso é estúpido, é como chover no molhado (ao menos no Brasil).

Já o racialismo negro - e também o indígena - é a moda do momento. (Que na verdade fazem parte de uma tendência maior de considerar todo o tipo de minoria como detentora de direitos especiais). O racialismo negro e indígena pode não ser nocivo no mesmo sentido em que se observa entre os racialistas brancos. Mas é nocivo, de qualquer forma: tais pessoas vêm obtendo uma série se benefícios em cima de todos os demais pelo simples fato de pertencerem aos grupos raciais que pertencem. O exemplo disso mais conhecido é a política de cotas raciais. Como se não bastasse esse tipo de política em ambientes públicos, já há quem queira transferi-la para todos os demais setores da sociedade. Ou também a polícia racial que está para ser criada. Os indígenas com suas próprias leis e seu próprio território, intocáveis bom selvagens que têm licença para depredar livremente e até matar, também ilustram isso.

Sinceramente, não me importaria nem um pouco se todos esses orgulhosos mantivessem seu orgulho só para si próprios, assim como não ligo para os religiosos quando eles mantêm suas religiões na sua esfera privada. Mas o que acontece? Usam de seu orgulho para conquistar privilégios às custas de toda a sociedade, empregando o típico coitadismo e uma propaganda tão canalha que surpeende que tenha tantos adeptos.
« Última modificação: 19 de Novembro de 2008, 12:45:49 por Herf »

Offline Eleitor de Mário Oliveira

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Re: O mito de Zumbi dos Palmares
« Resposta #15 Online: 19 de Novembro de 2008, 09:59:21 »
2, Herf!

Offline Luiz Souto

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Re: O mito de Zumbi dos Palmares
« Resposta #16 Online: 19 de Novembro de 2008, 22:03:49 »
Todo grupo ou nacionalidade cria seus mitos como forma de ter um "modelo" para sua especificidade. É o caso de Zumbi , como o é Tiradentes para a República e o Duque de Caxias para o Exército. Como nenhum indivíduo real se encaixa na forma idealizada , a realidade histórica é a primeira a ser desconsiderada.
A escravidão era disseminada nas comunidades africanas , os escravos que aqui chegavam vinham de sociedades elas própias escravistas ( embora nem sempre a escravidão fosse por motivos econômicos)  , nada mais natural que nos quilombos fosse reproduzida a organização social originária. A luta contra a escravidão em geral ( contraposta à busca da liberdade individual) só adquire peso  quando o conceito de liberdade civil como direito humano se torna significativo na sociedade brasileira  e passa a ser uma das reivindicações das  elites que se contrapõem ao Império.

Sobre a formação dos mitos e ideologias com a deformação da História há um texto interessante do Hobsbawn:

Citar
...Isso remete à segunda questão principal que tem relação muito mais direta com o trabalho de uma universidade , ou pelo menos com aquela parte do tranbalho que me concerne como historiador e professor universitário.Ora, a história é a matéria-prima para as ideologias nacionalistas ou étnicas ou fundamentalistas , tal como as papoulas são a matéria-prima para o vício da heroína.O passado é um elemento essencial , talvez o elemento essencial nestas ideologias.Se não há nenhum passado satisfatório , sempre é possivel inventá-lo.De fato, na natureza das coisas não costuma haver nenhum passado completamente satisfatório , porque o fenômeno que essas ideologias pretendem justificar não é antigo ou eterno mas historicamente novo.Isso é válido tanto para o fundamentalismo religioso em suas versões atuais - a versão do aiatolá Khomeini de um Estado Islâmico não é anterior ao início dos anos 70 - quanto para o nacionalismo contemporâneo.O passado legitima.O passado fornece um pano de fundo mais glorioso a um presente que não tem muito o que comemorar.Eu me lembro de ter visto em algum lugar um estudo sobre a civilização do vale do Indus com o título Cinco Mil Anos de Paquistão. O Paquistão nem mesmo era cogitado antes de 1932-3 , quando o nome foi inventado por alguns militantes estudantis.Apenas se tornou uma demanda política séria a partir de 1940. Não há nenhuma evidência de haver mais conexão entre a civilização de Mohenjo Daro e os atuais governantes de Islamabad que entre a Guerra de Tróia e o governo de Ancara , que no momento reivindica o retorno , ainda que apenas para a primeira exibição pública , do tesouro de Schliemann do rei Príamo de Tróia. Mas , de certo modo , 5 mil anos de Paquistão soam melhor do que 46 anos de Paquistão.
     Nessa situação os historiadores se veêm no inesperado papel de atores políticos. Eu costumava pensar que a profissão de historiador ,ao contrário , digamos , da de físico nuclear , não pudesse , pelo menos , produzir danos.Agora sei que pode.Nossos estudos podem se converter em fábricas de bombas , como os seminários nos quais o IRA aprendeu a transformar fertilizante químico em explosivos.

Dentro e fora da História , in Eric Hobsbawn , Sobre História , Companhia das Letras , 1998
Se não queres que riam de teus argumentos , porque usas argumentos risíveis ?

A liberdade só para os que apóiam o governo,só para os membros de um partido (por mais numeroso que este seja) não é liberdade em absoluto.A liberdade é sempre e exclusivamente liberdade para quem pensa de maneira diferente. - Rosa Luxemburgo

Conheça a seção em português do Marxists Internet Archive

Offline Sr. Alguém

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Re: O mito de Zumbi dos Palmares
« Resposta #17 Online: 21 de Novembro de 2008, 18:35:02 »
Lembrando também que Zumbi deu um golpe de Estado e assassinou o líder do quilombo, seu tio Ganga Zumba, que queria um acordo de paz com o governo colonial.

Também acho abominável a idolatria dada ao cangaço aqui no nordeste.Eles não lutavam em favor dos pobres e sim por dinheiro.Estavam do lado de quem pagasse, fosse coronel ou comerciante.
Se você acha que sua crença é baseada na razão, você a defenderá com argumentos e não pela força e renunciará a ela se seus argumentos se mostrarem inválidos. (Bertrand Russell)
http://pt.wikipedia.org/wiki/Humanismo_secular
http://pt.wikipedia.org/wiki/Liberalismo_social

Offline Buckaroo Banzai

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Re: O mito de Zumbi dos Palmares
« Resposta #18 Online: 23 de Novembro de 2008, 18:23:58 »
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Ao mesmo tempo que não gosto de "orgulho racial" branco ou preto, também não vejo com bons olhos essa birra, esse certo ranço que uns demonstram contra esses movimentos negros, que são consideravelmente menos nocivos (e talvez até um pouco saudáveis) e bem diferentes em vários aspectos (mas não necessariamente sempre) que os de "orgulho branco".

A história, de qualquer forma, deve se ater as evidências e não ser moldada/floreada para agradar a quaisquer grupos em particular.
Orgulho racial é algo deplorável em qualquer circunstância, a meu ver. E isso inclui a circunstância em que os membros da etnia orgulhosa tenham sido considerados "inferiores" no passado.

Sim. Eu só acho que boa parte do que se chama de "orgulho negro" e movimentos parecidos é mais um tipo de coisa auto-ajudóide tentando promover mais uma auto-estima normal, acima da vergonha de ser negro, e não orgulho propriamente.

Não que isso sugira que não se deva ficar de olho, porque me parece que orgulho "de verdade", no sentido de um senso de superioridade exacerbada e desprezo pelos demais sempre tende a vir de uma baixa-auto estima anterior.



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A "birra", o "ranço" no momento obviamente não poderia ser com os prosélitos do orgulho branco: ao menos esses ninguém considera levar a sério. Ao menos no que se refere a esse orgulho, é quase unânime que se trata de algo estúpido. Panfletar contra o orgulho branco, para conscientizar as pessoas de que isso é estúpido, é como chover no molhado (ao menos no Brasil).

Já o racialismo negro - e também o indígena - é a moda do momento. (Que na verdade fazem parte de uma tendência maior de considerar todo o tipo de minoria como detentora de direitos especiais). O racialismo negro e indígena pode não ser nocivo no mesmo sentido em que se observa entre os racialistas brancos. Mas é nocivo, de qualquer forma: tais pessoas vêm obtendo uma série se benefícios em cima de todos os demais pelo simples fato de pertencerem aos grupos raciais que pertencem. O exemplo disso mais conhecido é a política de cotas raciais. Como se não bastasse esse tipo de política em ambientes públicos, já há quem queira transferi-la para todos os demais setores da sociedade. Ou também a polícia racial que está para ser criada.

Eu acho isso mais perigoso na maior parte do tempo não em função das políticas em si, que acho que na maior parte do tempo não chegam a prejudicar ativamente brancos/claros*, como se os negros/índios/gays/etc fossem privilegiados meio como uma casta superior, mas dá possibilidade disso ainda assim ser a imagem que passa e gerar uma tensão racial, revolta por parte dos brancos, coisas que não são exatamente típicas daqui do Brasil ao menos. Esse tipo de texto é algo com ares meio preambulares desse tipo de coisa. Se não me engano, a história tem diversas coisas no mínimo meio "enfeitadas", como Tiradentes, a declaração da independência, e etc, mas é mais difícil ver essas alfinetadas com relação a essas coisas. Ao menos teve um contrabalanço com essa crítica de glamurizarem o Lampião e etc.

Mas não acho que a idéia do feriado seja promover o esquecimento de outras partes da história, e não vejo como extremamente relevante de ser mencionado o fato de que os negros não tinham ainda como atuar legalmente contra e escravidão, quase num tom de zombaria da situação. Acho que é mais uma outra ação populista, simplesmente.

Um texto dizendo essencialmente a mesma coisa, do papel dos brancos no fim da escravidão poderia ser escrito de forma bem menos birrenta, aproveitar esse fato e colocar num tom de "harmonia racial", em vez de algo que soa meio como "esses pretos mal-agradecidos vem querer tomar o nosso crédito". Por outro lado, na verdade o ranço aí é mais especificamente contra a esquerda e esse suposto revisionismo histórico/intenção de abafar a abolição, mas nesse contexto acaba soando um tanto pior do que seria algo mais obviamente dirigido à esquerda, sem vítimas colaterais.




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Os indígenas com suas próprias leis e seu próprio território, intocáveis bom selvagens que têm licença para depredar livremente e até matar, também ilustram isso.

Isso também é complicado, apesar de ser mais antigo, tanto quanto sei.




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Sinceramente, não me importaria nem um pouco se todos esses orgulhosos mantivessem seu orgulho só para si próprios, assim como não ligo para os religiosos quando eles mantêm suas religiões na sua esfera privada. Mas o que acontece? Usam de seu orgulho para conquistar privilégios às custas de toda a sociedade, empregando o típico coitadismo e uma propaganda tão canalha que surpeende que tenha tantos adeptos.

Problemas de falta de instrução, a aceitação desse tipo de coisa é mais correlacionada com baixa instrução do que estar ou não no grupo favorecido. Como soa numa análise bem rasa como algo bom e justo ("justiça" sendo chavão preferido até), não importam tanto os trágicos e ineficientes resultados, mas apenas os votos que os políticos conseguem e números que podem parecer positivos dependendo da análise.



* - não acho que nenhuma dessas políticas de cotas faça algo como pegar uma pessoa totalmente despreparada para a vaga, de qualquer tipo que seja, e enfiar lá a despeito de terem pessoas de fato mais preparadas mas fora dos critérios das cotas. Um ponto que os pró-cota inclusive gostavam de propagandear era que os cotistas de universidades apresentavam desempenho até superior aos não-cotistas ou algo assim; o que não exatamente mostra que as cotas são boas, mas que são desnecessárias, e provavelmente não estão ajudando a quem deveria, no caso das raciais - um dos efeitos nulos de cotas é esse, em vez de por exemplo, ajudar com que um negro pobre entre na faculdade, esses não conseguem de qualquer forma, mas os que têm melhores condições financeiras e preparo suficiente, que já iriam entrar de qualquer jeito, entram, mas servem de propaganda pró-cotas.

Offline Buckaroo Banzai

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Re: O mito de Zumbi dos Palmares
« Resposta #19 Online: 23 de Novembro de 2008, 18:32:01 »
Lembrando também que Zumbi deu um golpe de Estado e assassinou o líder do quilombo, seu tio Ganga Zumba, que queria um acordo de paz com o governo colonial.

Também acho abominável a idolatria dada ao cangaço aqui no nordeste.Eles não lutavam em favor dos pobres e sim por dinheiro.Estavam do lado de quem pagasse, fosse coronel ou comerciante.

Os americanos idolatram os fora-da-lei do velho oeste. Jesse James, e outros. Acho meio parecido, talvez não tão grotesco quanto costumamos imaginar. Por outro lado nesses casos também tem alguma glamurização dos homens da lei. Não lembro disso numa versão nacional, mas não conheço bem.

Offline Dê Jota

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Re: O mito de Zumbi dos Palmares
« Resposta #20 Online: 24 de Novembro de 2008, 00:34:08 »
Texto interessante, mas não dá para confiar nele por causa de sua conotação de extrema-direita. O texto não é imparcial.
Como falar em tantos mitos de heróis nacionais sem falar em Tiradentes? Talvez não tenha sido citado porque, diferente dos falsos heróis citados no texto, Tiradentes foi um  falso herói criado pelo exército positivista da República Velha. E não convém a um direitista difamar um exército nacionalista.

E quanto aos heróis míticos internacionais, só foram citados socialistas, o que evidencia a imparcialidade do texto. Dentre idolatrados como Mao, Stálin, Fidel, esqueceu-se de Hitler? De Mussolini?
Ao invés de citar os nomes desses criminosos que até hoje são idolatrados - inclusive por grupos de extrema-direita neonazistas aqui mesmo, no Brasil -, cita o nome de Lênin?
A Revolução Russa foi, talvez, o único momento na História da humanidade em que as classes excluídas conseguiram chegar ao poder por forças próprias; uma revolução mais difícil e mais revolucionária(sic) do que a própria Revolução Francesa - que só aconteceu pela participação dos burgueses, que tinham seus interesses prejudicados pela monarquia, pela nobreza e pela igreja. Da Revolução de 1917 comandada por Lênin para a ditadura de Stálin, aí é outra história. Mas citar Lênin?

Para mim esse texto foi muito tendencioso.
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Offline Eleitor de Mário Oliveira

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Re: O mito de Zumbi dos Palmares
« Resposta #21 Online: 24 de Novembro de 2008, 01:41:02 »
Não acredito que eu perdi tempo lendo a postagem do Dê Jota.

Offline Renato T

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Re: O mito de Zumbi dos Palmares
« Resposta #22 Online: 24 de Novembro de 2008, 02:57:31 »
Texto interessante, mas não dá para confiar nele por causa de sua conotação de extrema-direita. O texto não é imparcial.
Como falar em tantos mitos de heróis nacionais sem falar em Tiradentes? Talvez não tenha sido citado porque, diferente dos falsos heróis citados no texto, Tiradentes foi um  falso herói criado pelo exército positivista da República Velha. E não convém a um direitista difamar um exército nacionalista.

E quanto aos heróis míticos internacionais, só foram citados socialistas, o que evidencia a imparcialidade do texto. Dentre idolatrados como Mao, Stálin, Fidel, esqueceu-se de Hitler? De Mussolini?
Ao invés de citar os nomes desses criminosos que até hoje são idolatrados - inclusive por grupos de extrema-direita neonazistas aqui mesmo, no Brasil -, cita o nome de Lênin?
A Revolução Russa foi, talvez, o único momento na História da humanidade em que as classes excluídas conseguiram chegar ao poder por forças próprias; uma revolução mais difícil e mais revolucionária(sic) do que a própria Revolução Francesa - que só aconteceu pela participação dos burgueses, que tinham seus interesses prejudicados pela monarquia, pela nobreza e pela igreja. Da Revolução de 1917 comandada por Lênin para a ditadura de Stálin, aí é outra história. Mas citar Lênin?

Para mim esse texto foi muito tendencioso.
:apoiado:

impossível colocar de um jeito melhor.

 :woohoo: :clapping: :woohoo: :dedos::clap:



Offline Südenbauer

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Re: O mito de Zumbi dos Palmares
« Resposta #23 Online: 24 de Novembro de 2008, 03:29:08 »
 ::)

Offline FxF

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Re: O mito de Zumbi dos Palmares
« Resposta #24 Online: 24 de Novembro de 2008, 03:46:26 »
Hitler não era nem de direita nem de esquerda, ficava no meio-termo...

 

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