Você tem uma pesquisa pré-lei maria da penha sobre violência homem x mulher?
Porque na prática, muitos dos caras que apanham hoje apanham porque se levantarem o braço pra se defender, vão presos. Eles chamam a polícia e a primeira coisa que dizem é: Olha só. Eu não encostei nela... nem me defendi.
Mas até que ponto a lei segurou os homens e estimulou as mulheres a partirem para a"desforra"?
Jaf... as duas pesquisas nacionais mencionadas foram produzidas logo após a promulgação da lei Maria da Penha, e provavelmente os dados foram coletados até anteriormente, e quanto às duzentas internacionais eu não sei se em outros países há alguma legislação semelhantemente desigual (e um dos estudos nacionais foi realizado entre adolescentes, entre os quais a lei Maria da Penha não faz a menor diferença, mesmo entre estes a violẽncia mulher
homem era prevalente).
De qualquer modo eu concordo, em certa medida, com a essência da sua abordagem: realmente e de fato muitos caras apanham de mulher mesmo sendo
na maioria das vezes fisicamente mais fortes por receio do que lhes possa acontecer caso exerçam tal força: sejam as penas mais severas e os trâmites processuais mais rígidos associados à Lei Maria da Penha, seja porque o risco de um linchamento promovido por vizsinhos ou parentes ou transeuntes por conta do ato é muito mais alto do que se fosse em um caso de agressão envolvendo, por exemplo, indivíduos do mesmo gênero. Acho que esta variável não explica todos os casos, mas tenho certeza de que explica muitos.
Mas eu acho que esta constatação só é importante para a gente lembrar que ser "mais forte" ou ser "indefeso", mais violento ou menos violento, é circunstancial e não pode ser limitado a quem tem bíceps mais ou menos desenvolvidos. Se você admite que existe uma legislação que é de tal modo desigual que contribui fortemente para que as estatísticas apontem dados como estes, é óbvio que a esta legislação só fez inverter o polo de agressores covardes e vítimas indefesas.
Luiz Otávio, as referências estão nos links embutidos. Os textos completos podem eventualmente encontrados no Google Scholar ou na Biblioteca de cada faculdade apresentada como produtora
Dos dois estudos nacionais mencionados achei com certa dificuldade o produzido pela Unifesp entretanto, estranhamente, não encontrei menção a violência física, isto pode ter ocorrido porque tais estudos eventualmente são publicados em volumes (como aliás aconteceu com o da Fiocruz) ou porque o enfoque da pesquisa era diverso do achado (entretanto a matéria diz que o conhecimento dos dados foi dado a partir da publicação da pesquisa, então a primeira hipótese deve ser a certa: "não consegui achar o volume correto", inda mais que as fontes que encontrei e que apontam para tais dados são fiáveis... como Abril e Estadão)
Quanto ao estudo da Fiocruz encontrei dois volumes: um que trata de definir os aspectos emocionais/sentimentais/semânticos/psicológicos da relação amorosa na adolescência e outro que aborda exatamente o ponto que estamos discutindo e que, a partir da página 69 demonstra que entre os estudantes investigados no Recife tanto a ocorrência de atos violentos não-físicos (xingamentos et cetera) quanto físicos (socos, tapas, estupros) atinge mais os meninos que as meninas. Os links estão aqui:
http://scholar.google.com/scholar?hl=pt-BR&q=%22Viol%C3%AAncia+entre+namorados+adolescentes%22+fiocruz&btnG=Pesquisar&lr=&as_ylo=&as_vis=0